ANÁLISE
DE
RISCOS
EM
AMBIENTES LABORATORIAIS
cLíN|cosz
'Uma
abordagem
centrada
em
Biossegurança
e
Ergonomia
Maria
de
FátimaMendes
de
Azevedo
Dissertaçao
apresentada ao
Programa de
Pós-Graduação
em
Engenharia de
Produção da
Universidade Federalde
Santa
Catarinacomo
requisito parcial para
obtenção do
títulode
Mestre
em
Engenharia
de
Produção
Florianópolis
A
Maria
de
Fátima
Mendes
de
Azevedo
ANÁLISE
DE
RISCOS
EIVIAMBIENTES
LABORATORIAIS
CLINICOS:
Uma
abordagem
centrada
em
Biossegurança
e
Ergonomia
Esta dissertação foi julgada e
aprovada
para aobtenção
do
títulode Mestre
em
Engenharia
de
Produção
no
Programa
de
Pós
-Graduação
em
Engenharia
de
Produção
da
Universidade Federalde
Santa
CatarinaFlorianópolis,
27 de março
de
2002.C
, Prof. Ricardo ir a =z cia, Ph.D.
Co
denador
do
Curo
BANCA
E~RA
Prof. Ricard *‹ randa ãz cia, Ph.D.
Orient
» rÁ
I \ '_>\_Q
:- 1Profa Silvana Pezzi M.
§,\
xl
A\.5\\
\\
Prof.
Fernando
fgi.
de
Azevedo, Dr.Eng..l
1%'
À
Thays
e
Taty,pelo
amor
que
permitiutanta paciência,
tanta
compreensão
e
tanta cumplicidade.Aos
meios
pais, Celestino e Aida,Agradecimentos
À
Universidade Federalde
Santa
Catarinae
àCoordenação
do
Curso
de
i
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção.Ao
orientador Prof. RicardoMiranda
Barcia, pela confiança depositada.Ao
meu
irmãoFernando,
pelo primeiro incentivo e constante apoio.À
professora Silvana Pezzi, pela dedicaçãoe
competência.Ao
professorEduardo
Concepción,
pelaamizade
e colaboração.À
Direçãoda
Instituiçãoe à
Chefiado
Sen/içode
Análises Clínicas, pelaoportunidade concedida.
À
todos os profissionais envolvidosno
serviço,em
especialàs
bioquímicas Rosemeri, Laura e Elizabeth, pelassugestões e
pela disponibilidadede sempre.
Lista
de
Figuras
... ..p.viiiLista
de Quadros
... _ .p.ixLista
de Reduções
... ..p.xResumo
... _ .p.xiiAbstract
... _. p.xiii 1|NTnoDuçÃo
... _. p.1 1.1Contextualização
do
problema
... _. p.1 1 _2Objetivos
do
trabalho ... _. p.5 1.2.1 Objetivo geral ... ._ p.5 1.2.2 Objetivos específicos ... _. p.51.3 Justificativa
e
relevânciado
trabalho ... _. p.61.4
Limitações
da
pesquisa
... __ p.81.5
Metodologia
... __ p.91.6 Estrutura
do
trabalho ... __p_10~ \
2
REVISAO
BIBLIOGRAFICA
... __ p_112.1
Considerações
geraissobre
riscos profissionais ... _. p_112.2
Categorização de
riscosambientais
... __________________________________________ __ p_132.2.1 Riscos físicos ... _. p_13 0
Ruído
________________________________________________________________________________________________ _. p_13 ø iluminação /Cores
... __ p_14 øTemperatura/
Umidade
... ._ p.16 ø Ventilação ... ._ p.17 2.2.2 Riscos biológicos ___________________________________________________________________________________ _. p.18 2.2.3 Riscos químicos ... __ p_192.3
Ergonomia
... __ p.212.3.1
Uma
abordagem
centradano
conceitohomem
-tarefa ... ._ p.212.4
Biossegurança
... _. p.262.5
A
área
de abordagem:
o
serviço
laboratorial clínico ... _. p.302.5.1
As
organizaçõesde
saúde
... ._ p.312.5.2
O
sen/içode
análises clínicas ... ._ p.320 'Os profissionais
de
laboratório ... _. p.362.5.3
Os
riscos laboratoriais ___________________________________________________________________________ ._ p_392.5.4
A
prevenção e
o controledos
riscos laboratoriais __________________________________ _. p_430
Os
componentes
relativosaos
procedimentos
... ._ p.460
Os
componentes
arquitetônicos _______________________________________________________ _. p.503
PRocED||v|ENTos
|v|EToDo|.Óc;|cos
... ._ p.5ô3.1
A
técnicado
checklist
... _. p_573.2
O
método
da
AnáliseErgonômica
do
Trabalho
-AET
________________________ _. p_624
ESTUDO
DE
CASO
___________________________________________________________________________________ __ p.654.1
Procedimentos
iniciais __________________________________________________________________________ _. p.654.2
Descrição
do
ambiente:
o
serviço
de
análises
clínicasdo HU/
UFSC
p_664.3
Aplicação
do
checklist
... _. p.694.4
Diagnóstico
do
checklist
______________________________________________________________________ ._ p.794.5
Aplicação
da
AnáliseErgonômica
do
Trabalho
-AET
... __ p_81 4.5.1 Análiseda
demanda
elevantamento
da
hipótese ________________________________ ._ p_814.5.2 Análise
da
tarefa ___________________________________________________________________________________ _. p.820
Reconhecimento do ambiente
... ._ p.824.5.3 Análise
das
atividades ___________________________________________________________________________ ._ p.860
Acompanhamento
das
atividades ... _. p.864.6
Diagnóstico
da
AnáliseErgonômica do
Trabalho
-AET
_____________________ ._p_914.7
Discussão
dos
resultados
... _.p.935
CONCLUSÃO
E
RECOMENDAÇÕES
PARA
TRABALHOS FUTUROS
..p.97 5.1Conclusão
... ..p.975.2
Recomendaçoes
para
trabalhos futuros ... ..p.996
nE|=ERÊNc|As
B|B|.|oGRÁ|=|cAs
... ._p.1oo
7
ANEXOS
... __p.105
7.1
Descrição
de
tarefas: bioquímicolfarmac.,biomédico
e técnico ... __p.105
7.2
Substâncias
químicas:
riscose precauções
... ... _.p_107
7.3
Substâncias
químicas:
incompatibilidades ... ._p.108
7.4
Classificação
dos
resíduos
sólidosde
saúde
... __p.108
7.5
Procedimentos
de segurança
estabelecidos
pela Biossegurança____p.109
7.6Soluções
desinfetantes: tipose
características ... __p_11O
7.7
Manipulação e
tratamento
de
resíduos
sólidose
líquidos ... _.p_1107.8
Equipamentos
de
Proteção
Individual-
EPIs: tipose
caract. .... _.p.1127.9
Câmaras
de Segurança
Biológica-
Lab.de
Nível II: classificação... p.113
7.10
Sinalização
de segurança
__________________________________________________________________ __p_1137.11 Critérios
construtivos
________________________________________________________________________ ._p_1147.12 Critérios
ambientais e
ergonômicos
________________________________________________ __p_1167.13
Símbolo
Internacionalde Biossegurança
________________________________________ ._ p.118
7.14
Checklist
____________________________________________________________________________________________ ._p_1187.15
Questionário
da
AET
__________________________________________________________________________ __ p_1217.16
Planta
baixa
-LAC
IHU
IUFSC
________________________________________________________ __p_125
7.17
Layout
atual - Laboratóriode
Bioquímica
Clínica IHU
IUFSC
_____ __p_126
Lista
de
Figuras
Figura 1:
Relação
atividade/ cargade
trabalho/saúde/
acidentes ... .. p.25Figura 2:
Elementos
da
Políticade Biossegurança
... _. ... ._ p.29Figura 3:
Organização
funcionalde
um
laboratório ... _. p.52Figura 4:
Organograma
do
SACL
/HU/ UFSC
... .. p.67Figura 5:
Percepção de
riscodas
atividades ... _. p.90Figura 6:
Percepção da
importânciada
atividade ... ... _. p.91Lista
de
Quadros
Quadro
1:Grupos de
risco ... ._ p.19Quadro
2:Elementos
condicionantesdo
“estadode
Biossegurança” ... _. p.28Quadro
3:Aspectos
relativosà competência
da pessoa
... ._ p.39Quadro
4: Laboratório básicode
nível ll ... ._ p.45Quadro
5:Procedimentos
OperacionaisPadronizados
-POPs
... ._ p.47Quadro
6:Programa de
um
LAC
... ._ p.53Quadro
7:Modelo
propostodo
checklist ... ._ p.60Quadro
8:Elementos
da
análiseda
tarefa ... ._ p.63Quadro
9:Dados
dos
profissionais -LAC/
HU
/UFSC
... _. p.69Quadro
10:Quadro
11Quadro
12:Quadro
13:Quadro
14:Quadro
15
Dados dos
profissionais - Iab. bioq. clínica/HU/
UFSC
... ._ p.83Dinâmica
de
trabalho - Iab. bioq. clínica/HU
/UFSC
... _. p.83Equipamentos
(tipos enúmero)
- Iab. bioq. clínica/HU
/ UFSC... p.84Freqüência
de sintomas
relacionados às atividades ... _. p.89Freqüência
dos agentes de
conforto esegurança
... _. p.89Siglas
ABNT
AET
BPL
BTM
scnl
CDC
CFL
CLT
CONAMA
Css
DssH
DNA
DNssT
EASs
EPC
Em
FAPEU
HEPA
HW
Hu
LAC
LPC
Ms
MT
NBR
Associação
Brasileirade
Normas
Técnicas
Análise
Ergonômica
do
TrabalhoBoas
Práticasde
LaboratórioBoas
Técnicas
MicrobiológicasSen/iço
de
Controlede
Infecção HospitalarCenter
forDesease
ControlCabina
de
FluxoLaminar
Consolidação das
Leisdo Trabalho
Comissão
Nacionalde Meio
Ambiente
Cabina
/Câmara
de
Segurança
BiológicaDepartamento de
Saúde
e ServiçosHumanos
Ácido DesoxirribonucléicoDepartamento
Nacionalde
Segurança
eSaúde
do
Trabalhador
Estabelecimentos Assistenciaisde
Saúde
u
Equipamento de
Proteção ColetivaEquipamento de
Proteção IndividualFundação
de
Amparo
àPesquisa
eExtensão
UniversitáriaHigh Efficiency Particu/ate Air
Human
Immunodeficiency
vírusHospital Universitário
Laboratório
de
Análises ClínicasLaboratório
de
Patologia ClínicaMinistério
da Saúde
_Ministério
do
TrabalhoNU
NR
OGM
OMS
PPRA
PU
RNA
SAC
SUS
UFSC
WOH
Normas
UniversaisNorma
Regulamentadora
Organismos
Geneticamente
ModificadoOrganização
Mundialde
Saúde
Programa de Prevenção de
Riscos AmbientaisPrecauções
UniversaisÁcido Ribonuciéico
Serviço
de
Análises ClínicasSistema Único
de
Saúde
Universidade Federal
de
Santa
CatarinaResumo
DE
AZEVEDO,
Mariade
FátimaMendes. Análise
de
riscosem
ambientes
laboratoriais clínicos:
uma
abordagem
centrada
em
Biossegurança e
Ergonomia.
Florianópolis, 2001. 127f. Dissertação(Mestrado
em
Engenharia
de
Produção)
-
Programa de
Pós-graduação
em
Engenharia
de
Produção,
UFSC,2001.
Esta pesquisa
aborda
riscosem
laboratórios clínicos, principalmenteos de
origem
biológica, representados pelamanipulação
de
materiais infecciososcoletados para análises e
acentuados na presença
de
aspectos
físico/ambientais,organizacionais e operacionais desfavoráveis. Introduz
um
modelo de
identificaçãodestes fatores, responsáveis por
doenças
ocupacionais, incidentes e acidentes,a
partir
da
avaliação integradados
critérios estabelecidosna
legislação referenteà
Higiene e
Segurança do
Trabalho,Qualidade
de
Sistemas,Preservação Ambiental
e Biossegurança. Apresenta-ona forma de
um
check
liste
associaa
este,paralelamente, a análise
ergonômica
do
trabalho, evidenciandoelementos
adicionais
de
risco ligadosaos
aspectos psicossociais, fisiológicos e cognitivosdo
sen/iço,
-em
um
contexto específico. Atravésdo estudo
de
caso centrado
no
Laboratório
de
Análises Clínicasdo
Hospital Universitárioda
Universidade Federalde Santa
Catarina,em
Florianópolis -SC,
define pontos críticos e disponibilizameios
para aadoção de medidas que minimizem
e/ou eliminem efeitossobre
ohomem
e/ou sistema,buscando
asegurança
e asaúde
dos
profissionais,além da
qualidade
dos
sen/iços prestados.DE AZEVEDO,
Mariade
Fátima
Mendes.
Análise
de
riscosem
ambientes
- laboratoriais clínicos:
uma
abordagem
centrada
em
Biossegurança
e
'
Ergonomia.
Florianópolis,2001.
127f. Dissertação (Mestradoem
Engenharia
de Produção)
-
Programa de
Pós-graduação
em
Engenharia
de
Produção,
UFSC.
This research project
comprises
theassessement
of risks in the ClinicalLaboratories, mainly related to the biological ones, represented by the
manipulation of infectious material collected to examination
and
is focusedon
unfavorable physical/environmental, organizational
and
operational aspects. ltintroduces a
model
that identifiesadverse
factors, responsible for occupatíonalillnesses, incidents
and
accidents departing froman
integrated evaluctionabout
the criteria that
were
establishedon
the current Iegislation regarding the hygieneand
safety of workers,systems
quality, environmental presen/ationand
biosafety.lt is presented like a
check
listand
associates, in a parallel way, the jobergonomic
analysis, putting in
evidence
the psico-socialand
cognitive sen/ice aspects ina
specific context.
Through a
case
study, carried out at the Hospital of the FederalUniversity of
Santa
Catarina, in Florianópolis-
SC,
theproposed methodology
was
able to identify critical points
and
toshow
ways
to reduce and/or eliminatethose
efects
on
man
and/or system, looking after the professionals` safetyand
healthand
also the quality of the provided sen/ices.1
|NTRoDuçÃo
1.1
Contextualização
do
problema
O
crescimentodas
cidades,nas
últimas décadas, gerou oaumento na
produção
de bens
e serviços ea
transformaçãodo
conhecimento
em
forçade
trabalho,
favorecendo a
mudança
do
perfildo
trabalhador.Segundo
Dela
Coleta (1991), “ohomem
se distanciade
uma
imagem
de
energizadordo
trabalhoe
volta-se àfunção de
planejamento,processamento
de
informaçãoe
tomada de
decisão
dentrodo
processo produtivo”.Por
outro lado,com
o
aumento da
demanda
edo
desemprego
e oenfraquecimento
do poder
sindical,formam-se
sistemasde
extrema
competitividade
e
flexibilidade, forçando a modificaçãoda
estruturado
trabalho(Castro e
Waissmann;
apud
Teixeira e Valle,1996).Crescem,
também,
os
comprometimentos
com
asaúde
e asegurança
dos
trabalhadores, evidenciados pelo
grande
número
de
incidentes, acidentes eexposições
adoenças,
caracterizandoos
riscos profissionais.No
setorde
saúde,mais
especificamenteem
ambientes
laboratoriaisclínicos, esta realidade
se acentua na presença de
agentes contaminantes.Os
laboratórios clínicos
representam ambientes
hostis,ao agregarem,
nomesmo
espaço,
equipamentos,
reagentes, soluçoes, microorganismos, pessoas, papéis,Baseado
em
experiências vividascomo
profissionalde
arquiteturahospitalar,
com
atuação na área
eem
constante 'contatocom
a
rotinade
estabelecimentos destinadosa
este fim, presencieia
carênciade
posturaprofissional e gerencial
nas questões
relacionadasaos agentes
de
risco,particularmente os biológicos. Esta constatação sustenta-se
na percepção dos
insuficientes
meios
e recursos disponibilizados parao enfrentamento destes e
pelaacomodação
profissional frenteàs
adversidadesdo
processo
de
trabalho.Neste sentido, alguns autores atribuem
ao
desconhecimento
dos
riscosinerentes
aos
agentes biológicos, a responsabilidade pela negligênciada
maioriados
profissionaisna
prevenção
eno
controle desta espéciede
risco(Vendrame,1997).
Porém,
fatores relativosà
organização,aos
meios
operacionais eaos ambientes de
trabalho,devem
ser considerados.Vários estudos
comprovam
os
efeitos desteselementos
sobreo
homem
e
oserviço e levantam
a necessidade de
ações
voltadas àsegurança
profissional,patrimonial e ambiental
(INSERME,
1991; Costa, 2000;Vendrame,
1997; Zurita,1997; Dela Coleta, 1991;Teixeira e Valle, 1996; Oliveira, 1980).
Com
este objetivo, pesquisasdetêm-se na
identificaçãode aspectos
afinsentre as'
abordagens
de Segurança
e Higienedo
Trabalho,Qualidade de
Sistemas
e
Presen/ação
Ambiental, visando àsua
integração e permitindo a criaçãode
um
critério único
de
avaliação-
avaliação integrada -, direcionadaaos estudos
de
Biossegurança
(Chávez, 1994;De
Fex, 1993;MAPFRE
Segurança,
1993;Viña
et al., 1997).Na
atualidade, assiste-se a tendência universalde
considerar estasabordagens
estratégicase fundamentais para
qualquer organização, representando, inclusive, instrumentosde
competitividadena
garantiado
bom
nível
dos
serviços prestados (Concepción,2001).A
partir desta tendência, econsiderando a necessidade
demaiores
explorações sobre
a
interferênciade
fatores adicionais -aspectos
psicossociais, fisiológicose
cognitivos inerentesàs
atividades -na
construçãodas
situaçõesde
risco, torna-se essencial,
na
análise destas,a
formulação
de
novas
conexões
entre disciplinas (estudos multi- disciplinares).
Com
este propósito,pode
ser introduzidaa Ergonomia,
que
fundamenta-se
na
eficáciadas
organizaçoese no
conforto esaúde dos
trabalhadores, resultantesdo
estudodo
homem em
seu ambiente de
trabalho,da
evoluçãoda
tecnologia edas
própriaspessoas
(Falzon, 1996;Santos
et aI.,1997)._
E
a Biossegurança, centradano
avaliaçãodo
risco biológico,reconhecendo
fontes
de
perigo; controlando situações desfavoráveis, atravésde
decisõestécnicas e/ou administrativas; e
promovendo
mudanças
(Costa, 2000).A
associação
destas disciplinasna
avaliaçãodos
riscos presentesem
laboratórios clínicos,
pode
facilitar apercepção
dos
elementos
anteriormentecitados e permitir
um
melhorentendimento
do processo de
trabalho, considerando,dentre outras questoes:
-
Como
os
fatores fisiológicos e psicológicosdos
profissionais envolvidos, relativos à cargade
trabalho, satisfação e motivação, dentre outros, interferem-
Quais as
principais deficiências físicas e funcionaisdo
serviço?-
Qual a
percepção
dos
envolvidos sobre os riscosdo
processode
trabalho?Contudo, a
evolução desta pesquisa e os resultadosalcançados
condicionarãoa
soluçãoda
questão maior deste estudo:-
A
elaboração
de
um
modelo
de
análise integrada direcionada àBiossegurança
-na forma
de
um
checklist - e associadaao
método
da
análiseergonômica
do
trabalho,
pode
representarum
instrumento eficientena
análisedos
fatores1
20bjetivos
do
trabalho1 2.1 Objetivo geral
~
Este trabalho
tem
como
objetivo a construçãode
um
modelo de
avaliaçaoque
permita a identificaçãode agentes de
riscoem
Laboratóriosde
AnálisesClínicas -
LACs,
sustentadoem
conhecimentos,métodos
e
técnicasda
Ergonomia
eda
Biossegurança,provendo meios
paraa
adoção
de
medidas
que
os minimizem
e/ou eiiminem. A1 2.2 Objetivos específicos
Desenvolver
um
modelo
de
avaliaçaode
riscosem
ambientes
laboratoriaisclínicos, partindo
do
levantamento, análise e avaliação integradados
critériosestabelecidos
na
legislação referente à Higiene eSegurança
do
Trabalho,Qualidade
de Sistemas
e Presen/ação Ambiental, direcionadoà Biossegurança
eapresentado na forma
de
um
checklist.Associar
a
estemodelo
uma
AnáliseErgonômica do
Trabalho -AET
-como
ferramenta paralela
de
avaliaçãodos
aspectos físicose
funcionaisdo
sen/içoe
dos
fatores fisiológicos, psicossociais e cognitivos inerentes às atividades,o Testar a eficiência
do
modelo,
aplicando-oem
um
laboratório de análises clínicas.0 Provocar, durante o
desenvolvimento
da
pesquisa, a reflexãode
cada
trabalhador sobre o
seu ambiente
de
trabalho, favorecendo a criaçãode
uma
imagem
geraldas condições
de
trabalho edos
riscos deste.o Colaborar, através
de recomendações,
na
estruturação, análise e decisãodas
questoes
relativasaos
riscos, principalmentede
origem biológica, paraque
possam
se
configurarem
prioridade nestes estabelecimentos, permitindonovas abordagens
na sua
gerência.1.3 Justificativa
e
relevânciado
trabalho
“O
Sen/içode
Análises Clínicas(SACL)
ou
Sen/içode
Patologia Clínica(SPCL)
representaum
potencialde
risco paraseus
funcionários, pela exposiçãoa
agentes
biológicos presentes”(Vendrame,1997).
Na
literatura mundial, alguns registrosfazem
referênciaao
risco ocupacionalno
trabalho laboratorial por infecçõesa agentes
etiológicos e patogênicos e porlesões
ao organismo
(Zurita,1997).Uma
pesquisa,em
especial, realizada porSulkin e Pike
no
períodode
1930 a
1979, analisou 5.000 laboratóriosem
todo omundo
eobsen/ou
4079
infecções,na
maioria bacterianas,sendo
168
fatais (Teixeira e Valle, 1996).Recentemente,
percebe-seuma
preocupação maior
com
o controledos
riscos nestes ambientes, a partir
do
fortalecimentodos conhecimentos
de
Biossegurança.
Esta, inicialmente voltadaaos cuidados
com
amanipulação
profissional, hoje estende-se à análise
dos
fatores periféricos (físicos, químicose
ergonômicos),
ao
controleda
qualidade eà
preservação ambiental (Costa, 2000).Neste
sentido,estudos
têm
sido direcionadosà Biossegurança
em
várioscentros biotecnológicos, sustentados
na
avaliação integradade ambientes
laboratoriais
e
farmacêuticos (Concepción, 1_996; Viña et al., 1994).Porém, no
Brasil, ainda
é
discreta a aplicabilidade desta análiseno
serviçode
análisesclínicas.
Poucos
são,também,
os
registrosque
sedetêm
nos
efeitos, sobreo
serviçoe
os
profissionais,dos
fatores subjetivos - fisiológicos, cognitivos e psicológicos -envolvidos
na condução
das
atividades laboratoriais.j
Partindo
desta
premissa, decidiu-se realizaruma
investigação científicaem
um
laboratório (o laboratóriode
análises clínicasdo
HU/UFSC),
atravésda
aplicaçãode
uma
avaliação integrada-
na forma
de
um
check
list - eda
realizaçao
de
uma
análise ergonômica.~
Com
este propósito, busca-seuma
maior aplicabilidadeda Biossegurança
eda Ergonomia na
melhoriados
serviços,na
garantiada saúde
eda
segurança
ocupacionale
na
produção de
material técnico-científico a ser utilizadocomo
referência
para
futuros trabalhos junto a estabelecimentosde
saúde
que
se
1.4
Limitações
da
pesquisa
Embora
considerando acomplexidade e abrangência
do tema,
este trabalhobusca
a avaliaçãode
um
novo
modelo
de
identificaçãode
agentes de
riscoem
ambientes
laboratoriais clínicos.,
O
modelo
desenvolvido consisteem um
check
list, aplicadoem
um
Laboratório
de
Análises Clínicas -LAC
-,abordando
aspectos
relativos àscondições físico/ambientais, organizacionais
e
operacionaisdo
sen/iço; ecomplementa-se
com uma
avaliaçao paralela, realizadano
setorde
bioquímicaclínica
do
referido laboratório. _Esta última, sustenta-se
na
análiseergonômica do
trabalhodos
bioquímicos,biomédicos
e técnicosdo
setor,consubstanciada nos
dados
coletados a partirda
aplicação
do
check
/ist enas
informações sobreaspectos
psicossociais,fisiológicos e cognitivos
do
serviço.A
aplicaçãodo
modelo
resultaem um
diagnósticosobre
o laboratórioanalisado
-
o laboratóriode
análises clínicasdo
HU/UFSC
-e
em
algumas
recomendações
que
possam
minimizar situações desfavoráveis.Contudo, de
forma mais
específica e detalhada,são apresentadas
recomendações
para o setorde
bioquímica clínicada
referida unidade.Destaca
se a faltade
pretensãode
esgotaras
possibilidadesde
construçaodetalhada,
onde
poderão
ser analisados outros serviçosde
análises clínicase
confirmados, omodelo
propostoe os
argumentos que
lhederam embasamento.
1.5
Metodologia
A
metodologiaadotada
obedece
à
introduçãode
uma
técnicade
análisede
riscos tradicional
em
estudos
de
Biossegurança
-
ocheck
list -, utilizada porprofissionais
de Engenharia
de Segurança e
Qualidade.Esta, apresenta-se
como
ferramentade
apoioem
inspeções direcionadasao
reconhecimento
do
estadode
cumprimento
de
certos dispositivos,normas
erecomendações,
normalmente
relativasà
segurança
e higiene ocupacional; e/oucomo
recursoem
auditorias realizadaspara
avaliação sistemáticade
atividades eresultados.
A
técnica desenvolvida nestapesquisa
encontra-se associadaao
método da
análise
ergonômica do
trabalho,onde
as avaliações sustentam-sena
fundamentação
teóricado
tema
escolhido,consubstanciadas
em
conhecimentos e
-normasde Ergonomia.
A
eficiênciado modelo
propostoé
testada pelasua
aplicação, fazendo-seuso de
obsen/açoes
do
serviço edo
ambiente,de
entrevistas e questionários,que
1.6 Estrutura
do
trabalhoO
trabalho está estruturadoem
cinco capítulos:Capítulol
-
Introduz o trabalho,apresentando
a problemáticaa
serabordada, os
objetivos,
a
importânciado
trabalho esuas
limitações; e detalhadametodologia
utilizada esua
organização.Capítulo ll
-
Contempla
a revisão bibliográfica,abordando
os principais conceitossobre
riscos profissionais,Ergonomia e
Biossegurança; e apresentaa área
de
abordagem
-o
Sen/içode
Saúde
-,mais
especificamente o serviçode
análises clínicas ede
bioquímica clínica (características, profissionais e riscos).Capítulo III
-
Detalha omodelo
propostode
identificaçãode agentes de
riscoem
ambientes
laboratoriais clínicos,baseado
na
técnicado
check
list ena
metodologia
da
análiseergonômica do
trabalho.Capítulo IV
-
Apresenta
o estudode
caso,com
os
resultados coletadosa
partirda
`apicaçao
do
modelo, subsidiando a elaboraçaodo
diagnósticoda
situaçao analisada eas
recomendações
pertinentes.2
REv|sÃo
B|B|.|ocRÁ|=|cA
Este capítulo
detém-se nos
conceitos sobre riscos profissionaise
apresenta-os
segundo
uma
classificaçãoque
envolve fatores condicionantesde
acidentes e/ou favorecedoresde
doenças
ocupacionais,na condução das
atividadesde
trabalho.
São
introduzidas,também,
característicasdo
serviçode
análises clínicas-
atribuições, recursos e profissionais - necessáriasao
desenvolvimento
do
processo de
trabalho, os riscos deste,bem
como
as
medidas
disponíveis para asua prevençao
e controle; esão apresentadas
noçoes
sobre
Ergonomia
e Biossegurança,como
ferramentasde
avaliaçãodestes
elementos.2.1
Considerações
geraissobre
riscos profissionaisNo
setorde
prestaçãode
serviços e/ouno processo
produtivo,a preservação
da saúde
e amanutenção
da segurança
dos
envolvidos constituem fatoresestratégicos, determinantes,
também, da
eficiênciado
sistema
eda
qualidadedos
resultados. Neste contexto,
os
riscos profissionaisapresentam-se
como
elementos
comprometedores
de
tais objetivos, oque
justificaas
iniciativas direcionadasà sua
Neste
contexto,destacam-se,
inicialmente, os fatores presentesnos
ambientes
de
trabalho,de ordem
física e funcional, responsáveis por incidentes,acidentes
e exposições
a doenças
ocupacionais.Um
incidente representa qualquer alteraçãonos procedimentos de
rotinaque
provoquem
perdas
materiais ede
produtos,quebras
de equipamentos e
instrumentos,
vazamentos,
contaminações
eescapes de
substâncias;um
acidentecaracteriza
a
ocorrênciade
lesãoao
trabalhador;e
uma
exposição, a possibilidadede
alterara
saúde de
pessoas,
levando adoenças
ocupacionais (Concepción,2001)
Por esta razão,
a
Comissão
Internade Prevenção de
Acidentes -CIPA
-do
Ministériodo
Trabalho_
(ISEGNET,
2001) entende
os riscosde
acidentes,ergonômicos e
ambientais,como
todos os fatoresadversos
do ambiente
de
trabalho
ou
do
processo
operacionaldas
atividades.Os
riscosde
acidentes estão relacionados a equipamentos, matérias-primase outros que,
se inadequados
ao
serviço,podem
ser responsáveis por alteraçõesna
rotinanormal
do
trabalho (CIPA;apud
lSEGNET,2001);
e os riscosergonômicos,
referem-seaos
fatoresde
ordem
fisiológica, cognitiva e psicológica,inerentes
à
execução das
atividades, ligadosao
conforto, às posturas de trabalho,ao
esforço físicoou
à
fadiga,que
possam
provocar alteraçoesno organismo
eno
estado
emocional
dos
trabalhadores (Santos e Fialho, 1997).- Por outro
lado,
os
riscos ambientaissão
atribuídosaos
agentes presentesno
organismo humano,
classificam-seem
físicos, químicose
biológicos(NR-O9 do
Ministério
do
Trabalho).De modo
geral, todos estes riscos,onde
querque
se
encontrem,devem
epodem
ser analisados apartirde medidas
direcionadasao
seu reconhecimento,
avaliação e controle.O
Ministérioda
Saúde
(BrasiI,1995), atribui:“Reconhecê-los seria identificá-los; avaliá-los seria quantificá-los
ou
analisá-los
segundo sua magnitude
em
comparação
a alguns padrões; econtrolá-los representaria
a
adoção de medidas
diversas, técnicasou
administrativas, preventivas
ou
corretivas,com
o objetivode
eliminá-losou
minimizá-los” _
~
2.2
Categorizaçao
de
riscosambientais
A
Norma
do
Ministériodo
Trabalho (NR-O9:Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais
-PPRA)
define legalmente os riscos ambientaiscomo
todos os
agentes
físicos, químicos e biológicos presentesnos ambientes de
trabalho.Estes,
são
expostos noseguimento
desta pesquisa, precedidos pelaapresentação
daqueles
responsáveis pelo conforto ambiental - condiçõesde
ruído, iluminação,temperatura
e ventilação. 2.2.1 Riscos físicos0
Ruído
Em
ambientes
de trabalho,sao
identificáveissons de
diversas naturezasadvindos dos
equipamentos,das comunicações
edos
sistemasde
informação.Alguns apresentam-se incômodos,
indesejáveisou
até perigosos,denominados
ruídos
e
representadossob
inúmeras
caracterizações desnecessáriasàs
atividades (Concepción,2001). -
Segundo
lida (1992), “o ouvidohumano
percebe
uma
faixade
amplitudessonoras
variáveisde
valoresaproximados
de
0
(zero)a
potências equivalentesà
130dB(A)”.
Acima
desta faixade
valores situa-seo
limiarda
percepção
dolorosaque
pode
gerardanos ao
aparelho auditivo.Estes
danos, temporáriosou
permanentes,
variamem
função
do
tempo
de
exposição do
trabalhadoraos
ruídose
da
freqüência e intensidadedos
mesmos, podendo
ser responsáveis pelaredução
da
sua capacidade
auditiva ou,se a exposição
for intensa e prolongada,pela alteração
do
seu estado
emocional e
comprometimento
do
equilíbriopsicossomático. `
-`
Os
ruídos contínuosnão
devem
exceder o
nívelde
85dB(A), estabelecidopela Portaria n°
3214/78 do
Ministériodo
Trabalho
como
NívelMáximo
Admissível-
NMA
- para jornadasde
8h/dia. Esta Portaria alerta paraconseqüências
ao
organismo
humano,
como
fadiga,perda
da
atenção
e retardamentoda
reação
ante sinais audíveis e visíveis,que
desencadeiam
afetações fisiológicas.o
Iluminação/Cores
Em
sua
rotinade
trabalho, ohomem
está envolvido por luzes e cores,naturais e artificiais,
que
sebem
adequadas,
podem
lhepromover
aumento
de
desempenho
ede
satisfação, eredução
de
fadiga.É
importante,sempre
que
possível, oaproveitamento da
luz natural (luzdo
superior à artificial,
causando
menor
cansaço
para a vista e permi.tindomelhor
percepção
das
cores.Contudo,
deve
ser evitadaa
incidência diretado
sol sobreo
local
de
trabalho,como
forma
de
prevenir o ofuscamento, representado pela“perda
de
visibilidade devidoao
processo de adaptação do
observadora
uma
variação e/ou velocidade muito
grande
de
iluminação incidindo sobreseus
olhos"(Pereira, 1993).
Sistemas
de
iluminação artificiaisprocuram
resguardaruma
iluminaçãoadequada
sobre o
planode
trabalho efundamentam-se
na
escolha criteriosade
lâmpadas
e luminárias,uma
vez
que
fatores determinantes,como
o fluxoluminoso
que
chega ao
postode
trabalho,dependem
do
tipode lâmpada
selecionada.Segundo
Concepción
(2001),pode-se
preverum
sistemade
iluminaçãogeral
(uniformemente
distribuído), localizado esuplementar
(evitandoofuscamentos,
sombras,
contrastes e reflexosinoômodos) ou
acombinação
destes, para
o melhor atendimento das necessidades de
trabalho visual.Já
oestudo das
cores,embora
possa
ser consideradoum
fator ambientalsecundário
na concepção
dos espaços de
trabalho, torna-se fundamental àmedida
que
contribuicom
aadequação
do
seuuso não
só para asegurança
(codificação
de
perigos pelouso
da
cor); para orientação organizacional (princípiode
organização pela aplicaçãoda
cor);mas,
também,
paraa saúde
ebem
estardos
trabalhadores, devidoa sua
influência psicológica.Neste
aspecto, a corpode
ser entendidacomo
uma
resposta subjetiva aum
estímulo
luminoso
que
penetranos
olhos e exerceuma
influência sobre o trabalhotransmitindo
mensagens
às quaispodemos
atribuir significados -aspecto
psicodinâmico -
como
predispondodeterminados estados
de humor,
desencadeando
emoções,
modificandocomportamentos
e, por vezes, alterando ofuncionamento do
organismo.Para
Pereira (1993), “a cortem
influênciasobre
a saúde, obom
humor
e o rendimentodas
tarefas, possibilitando aobtenção
de
reaçoes
psicológicas positivas”.o
Temperatura/Umidade.
A
temperatura ea
umidade
do ambiente
são
questões determinantes
na
manutenção
do
conforto ambiental.Segundo
lida (1992), “ohomem
fazuso
_demecanismos
que favorecem
ocontrole
da
temperatura corporalem
tornode
37°C, jáque
oorganismo
humano,
tal
uma
máquina
exotérmica, gera calor (pelometabolismo)
e elimina calor (porradiação, convecção,
condução
e evaporação)”.A
quantidade
desta energia,recebida ou entregue,
pode
serdeterminada
pela variaçãode temperatura
do
corpoque cedeu
ouque recebeu
calor.O
graude
umidade do
ar e a velocidadedo
ventosão
determinantes,também,
da sensação
termica, pois influenciamna
evaporação.
Assim,
atemperatura efetiva
corresponde
a todas ascombinações
de temperatura
ambiental,
umidade
relativado
ar e velocidadedo
vento,que produzem a
mesma
sensação
térmica.Para
lida (1992):“Temperatura efetiva é aquela
que
produzsensação
equivalentede
calora
uma
temperaturamedida
com
o ar saturado (100%
de
umidade
relativa)correspondem à
faixas estreitasde
variaçãode
temperatura (de20°C
a24°C),
de
umidade
relativa (de 40°/›a
60%)
e
de
velocidadedo
ar'
(aproximadamente
0,2 m/s), paraorganismos adaptados ao
calor”.ç
Um
trabalhador,
ao
suportar altas e baixas temperaturas, teráseu
rendimento alterado.
Em
altastemperaturas (acima
de
30°C),pode
apresentardecaimento no
rendimentodas
atividades,maiores
pausas
emenor
concentração; eem
temperaturas muito baixas (abaixode
15°C), diminuiçãode
concentração eredução
de
habilidades motoras.0 Ventilação
Um
sistemade
ventilaçãopode
ser natural (pelo efeitodo
vento) ou artificial/mecânico
(pelo efeitode
ventiladores). Este últimosistema
pode
classificar-seem
geral,
resguardando
um
efeitohomogêneo
no
ambiente,ou
localizado, direcionadoa
uma
determinada
zona
(por extração:de
dentropara
fora,ou
por injeção:de
forapara dentro).
A
conveniênciade
uso
de
qualquerdestes
sistemasdeve
variarem
função
do
fluxo necessárioao
cumprimento
dos
objetivos.A
presença de
fatores desfavoráveisno
climade
trabalhoou
apresença de
substâncias nocivasao organismo
humano
pode
serminimizada
com
aadoção de
sistemasde
ventilaçãocapazes
de
resguardar oambiente
deodores
desagradáveis, gases,vapores
e outros contaminantes,ou de manter
ointercâmbio térmico entre o
homem
eo
meio
ambiente
(Concepción, 2001).Torna-se
importante destacarque
a
ventilação naturaldeve
ser aproveitada2.2.2 Riscos biológicos
Os
riscos biológicos,no ambiente
de
trabalho, resultamdo
contatodo
homem»
com
agentes
biológicos (Hospitaldas
Clínicasda
FMUSP,
1998).H
Segundo
Norma
do
Ministériodo
Trabalho (NR-O9:Programa de Prevenção
de
RiscosAmbientais
-PPRA),
estes agentes - bactérias, vírus, fungos, bacilos,parasitas
e
protozoários -,na forma
de
macro
e microorganismos,são
normalmente
encontrados nas amostras
de
pacientes enos
ambientes,expondo
os
trabalhadoresàs
mais
diversas contaminações.Algumas
atividades estão vinculadas diretamenteaos agentes
biológicose
sujeitas
a
esta espéciede
risco, principalmente aquelasque
envolvem a
manipulação
de
materiais e resíduos infecciosos. ~A
Organização
Mundialde
Saúde
-OMS
-_(apud Geneva,
1994) adverteque
cada
paísdeve
reconhecer osmicroorganismos do seu
território e classifica- losem
grupos
de
risco (quadro 1, a seguir),uma
vezque
osagentes
biológicos,a
formação
do
pessoal envolvido e os meios/recursos disponíveis para combatê-los,são
variáveis.H
Para
tal, é necessária aobservação das
característicasdo
hospedeiro,da
densidade e
dos movimentos
migratóriosda população
hospedeira; e a avaliaçãodos
modos
de
transmissão,dos
vetores apropriados para combatê-los edas
normas de
higiene ambiental disponíveis.Esta
Organização
considera igualmente importanteas
medidas de
prevenção
(vacinas e soros),de
saneamento
(higienede
alimentos eágua) e
de
tratamento eficaz.O
H
Quadro
1:Grupos
de
riscoGRUPO
DE
RISCO
- I: agentes que não apresentam risco individualnem
coletivo. (ex: bactérias- E. coli, B. subtilis);
GRUPO
DE
RISCO
- ll: agentes que apresentam risco individual moderado e fraco para acomunidade. Risco de propagação limitado, permitindo tratamento preventivo. (ex: bactérias -
Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus - EBV, herpes; fungos
-
Candida albicans; parasitas -, Plasmodium, Schistosoma);
'GRUPO DE
RISCO
- Ill: agentes que apresentam risco individual grave e moderado para acomunidade, podendo representar lesões ou sinais clínicos graves e
nem
sempre permitindotratamento. (ex: bactérias - Bacillus anthracis, Brucella, Chlamydia psittaci, Mycobacterium
tuberculosis; vírus - hepatites B e C,
HTLV
1 e 2, HIV, febre amarela, dengue; fungos -Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; parasitas - Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma
gondii, Trypanosoma cruzi);
GRUPO
DE
RISCO
- IV: agentes que apresentam risco grave individual e para a comunidade,com
possibilidade de propagação, não permitindo tratamento. (ex: vírus de febres hemorrágicas).Fonte: Manual de Bioseguridad en el Laboratorio -
OMS,
1994 (adaptado).2.2.3 Riscos químicos
Os
agentes químicos, representados por poluentesdo
ambiente de
trabalho,exercem
ação
sobre oorganismo
humano
desencadeando,
muitas vezes,doenças
profissionais (Grist, 1995).Estes agentes estão presentes
em
diversas atividades,na forma de produtos
de
limpeza, desinfecção e esterilizaçãoou
no
processamento de
exames
Hoje, os
processos
ecompostos
desenvolvidospodem
ser classificadosem
função
de
suas
características ede
seu estado
físico (naforma
sólida, líquidaou
gasosa),
como
definea
Comissão
Internade Prevenção
de
Acidentes- CIPA
(ISEGNET,
2001):“Os agentes químicos apresentam-se
em
suspensão ou
dispersosno
aratmosférico -
contaminantes
atmosféricos -sob
aforma
de
aerodispersóides (poeira,
fumo,
fumaça
e
névoa),gases
(dispersõesde
moléculas
misturadasao
ar) evapores
(dispersõesde
moléculasno
arque condensam-se
para formar líquidosou
sólidosem
condiçõesnormais
de
temperaturae
pressão)”.O
risco destes produtos parao
organismohumano, segundo
Concepción
(2001), está
associado
ao
fatode
serem
irritantes, asfixiantes, alérgicos,inflamáveis, tóxicos, cáusticos, carcinogênicos -
causadores de
câncer -ou
mutagênicos
- favorecedoresde anomalias
congênitas.O
autor afirmaque
os
níveisde
toxicidade, concentração eabsorção
destesprodutos, o
tempo
de exposição
eas
viasde
ingresso no organismo,determinam
a
forma
como
podem
atuarno
homem.
Outros
fatores, individuais (idade, sexo,enfermidades
e ciclos biológicos)ou
ambientais (temperatura, ventilação e ruído),devem
ser considerados.A
partir destas propriedades, limitesde
tolerância são definidosem
Norma
do
Ministério
do
Trabalho(NR-15:
Atividades eOperações
Insalubres),determinando a concentração ou
a intensidadede uso dos
produtos relacionadosEm
geral,todos
os
riscos aqui evidenciadosganham
uma
dimensão
acentuada
no
serviço laboratorial clínico,em
função, principalmente,da
manipulação
de
materiais infecciosos e contaminantes.O
estabelecimentode
,-
critérios voltados
à
avaliaçao, controle e/ou eliminação destes riscos, a partirdos
conhecimentos
da Ergonomia
eda Biossegurança apresentados a
seguir,são
pertinentes.
2.3
Ergonomia
Os
conceitosda
Ergonomia
direcionam-seao entendimento das questões
relativas
ao
homem
em
seu ambiente de
trabalho, visando àsua segurança
e saúde,bem como
à
qualidadedo
sistema.A
abordagem
apresentada
nestetrabalho centra-se
nas
característicasdo
sistema homem-tarefa,que melhor
representa o serviço
de
análises clínicas.2.3.1
Uma
abordagem
centrada no conceitohomem
-tarefaPesquisas a
respeitodo
homem
no
trabalho,destacam-no
em
seu
desejode
dominar
'oambiente
profissional, por conveniênciaou
limitação,na
busca de
adaptações
ou
modificaçõesque
resultemem
conforto e produtividade. Assim,ao
criar dispositivos
e meios
para atingirseus
objetivos,pode
vercomprometidos a
saúde
e a vida.Dentro
desta questão,Cameron
e Corkindale (1961)fazem
uma
“
O
primeiro período, centradona
preocupação
com
a
máquina
como
componente
físico utilizado pelohomem,
enfatizando a importânciado
treinamento eda
seleção profissional;o
segundo
periodo, voltadoao
contexto
econômico
como
determinantedo
controledas
“falhashumanas”,
evidenciando o
homem
como
centrodas preocupações
ebuscando
oaprimoramento do ambiente
profissional -adaptação da máquina
ao
homem;
e o terceiro período, centradona
idéiade
sistema,em
que
homem
emáquina
devem
ser entendidosde
forma
indissociável - sistemahomem/máquina
- visando à otimizaçãodas
relações entreambos”.
Santos
e Fialho (1997)consideram
que
a Ergonomia,
como
ciência aplicada,surge
basicamente da necessidade
de
estudaro
homem em
seu ambiente de
trabalho. Contudo, para os autores,
em
um
modelo
homem-máquina
pode
sernegligenciado o caráter
penoso
do
trabalho, relativo àcarga
física e mental eaos
riscos
de
acidentes.O
sistemahomem-tarefa
apresenta-semais adequado, ao
compreender
não só
as condições técnicas,mas
as
organizacionais e ambientaisdo
trabalho.'
Com
este propósito, aErgonomia
atribui juízosde
valorsobre
odesempenho
total destes sistemas, a partir
de
análises parciais, jáque cada
situaçãode
trabalho apresenta-se
complexa
e dinâmica. Neles,as
exigências sócio-técnicas eorganizacionais
da
tarefadeterminam os
componentes do
homem
no
trabalho,caracterizando informaçoes e
açoes
necessáriasàs
atividades edeterminando
osComo
definição,a
Ergonomics Research
Society(apud Santos
et al.,1997)considera ser a
Ergonomia
um
“estudodo
relacionamento entrehomem,
ambiente
ocupacional eequipamentos
e, particularmente, a aplicaçãodo conhecimento
de
Anatomia, Fisiologia e Psicologia
aos problemas
daí decorrentes".ç
Pode
ser entendida,também,
comoza
soma
de
conhecimentos
científicosrelativos
ao
homem
e necessáriosà concepção de
instrumentos,máquinas e
dispositivos
que
proporcionem maior
conforto,segurança
e eficiência (Wisner, 1987)._
Considerando
estes conceitos,entende-se
como
doisos
objetivosda
Ergonomia:
o primeiro voltadoà
eficáciadas
organizações,na
busca
de
produtividade e qualidade;
e o segundo,
direcionadoao
conforto e àsaúde dos
trabalhadores,
envolvendo
o controledos
riscosde
acidentes ede
doenças
ocupacionais, e
a
fadigado
trabalhode
músculos
e articulações (Fa|zon,1996).Adverte-se, ainda,
que
osegundo
objetivoda Ergonomia deve
agir sobreo
favorecimento
da
saúde
do
trabalhador enão apenas
sobre asua
degradação,a
partir
de
um
trabalho conjuntoenvolvendo o
homem,
a organização e oambiente
_de trabalho,
acompanhando
os
avanços da
tecnologia e as transformaçõespessoais,
ao
longodo
tempo
(Santos et al.,1997).Dentro desta
abordagem,
Laviile&
Volkoff(apud
Falzon, 1996)argumentam
que
“uma
ação
permitea cada
um
construirsua
própria saúde, seu próprioenvelhecimento, dentro
das melhores condições
possíveis”.A
Organização
Mundialde
Saúde
-OMS
-(apud
Costa, 2000), porsua
vez,enfermidade,
mas
também,
a garantiade
um
estadode
bem
estar físico,mental
e
social,
que
para muitos,assim
como
para aErgonomia,
está ligadoao
dinamismo
de
um
processo
de
construção. Falzon (1996) conclui:“Com
o avanço
da
idade,os processos
biológicosfavorecem
a
modificaçãodas capacidades do
homem,
de forma mais ou
menos
rápida,em
função das suas
condiçõesde
vida ede
trabalho,que
podem
influenciar positivamente
ou negativamente
oprocesso
naturalde
envelhecimento
ou
favorecer estratégiasde
compensação
ou
adaptação”. Assim,uma
análiseergonômica
deve
considerara
diversidadedos
trabalhadores - intra-individual e/ou inter-individual -, os diferentes níveisde
sensibilidade física e psicológica destes e
as
exigências cognitivasdas
tarefas.Portanto, os
mesmos
objetivos emeios de
trabalho alocados a diferentespessoas,
podem
constituir diferentes situaçõesde
trabalho, diferentesdesempenhos
ediferentes efeitos sobre o
organismo.humano
(Santos et al.,1997).A
análisedeve
deter-se,também,
no
estudodas
característicasdo ambiente
de
trabalho, respeitando odimensionamento das
áreas, a disposiçãodos espaços,
o arranjo físico
das
circulações ea prevenção de
efeitosde
barreira arquitetônica;e
deve
prever fundações,paredes
especiais e sistemasde
climatização,ventilação e iluminação, dentre outros
elementos
determinantesdo
confortoambiental (Santos e FiaIho,1997).
Atualmente, a