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A CONDENAÇÃO DO BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS PELO CASO HERZOG E A SUA IMPORTÂNCIA PARA O DIREITO INTERNACIONAL

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REPATS - Revista de Estudos e Pesquisas Avançadas do Terceiro Setor

REPATS, Brasília, V. 5, nº 2, p 694-711, Jul-Dez, 2018

A CONDENAÇÃO DO BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS PELO CASO HERZOG E A SUA IMPORTÂNCIA

PARA O DIREITO INTERNACIONAL

THE CONDEMNATION OF BRAZIL IN THE INTER-AMERICAN COURT OF HUMAN RIGHTS BY THE HERZOG CASE AND ITS IMPORTANCE FOR

INTERNATIONAL LAW

Álvaro Ricardo de Souza Cruz* Ana Clara Mansur Carvalho**

RESUMO: De todos os crimes perpetrados durante o período da ditadura militar, os eventos ocorridos no dia 25 de outubro 1975 permanecem como alguns dos mais notórios. Naquele dia, na sede do Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) da rua Tomás Carvalhal em São Paulo, Vladimir Herzog foi torturado e morto. Entretanto, a versão apresentada para o público foi de que apenas um suicídio havia sido cometido. Motivado pela condenação, ocorrida em 2018, do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pela morte de Herzog, o presente trabalho busca apresentar uma análise sobre os eventos que circundam o assassinato do jornalista. Para tanto, foi realizada em um primeiro momento uma pesquisa analítica sobre as condenações do governo brasileiro em âmbito da CIDH por violações aos direitos humanos ocorridas, durante o período militar. Em seguida, foi realizado um levantamento bibliográfico a respeito da morte do jornalista. Buscou-se coletar dados históricos e sociais para que melhor se pudesse compreender os eventos transcorridos entre os muros do DOI-CODI. O segundo momento teve como foco a realização de um estudo sobre os efeitos, e possíveis consequências, de mais uma condenação do governo brasileiro pela CIDH. Verificou-se, por fim, a necessidade de se revisitar os eventos ocorridos pós 1964, de maneira que o assassinado finalmente perca seu estigma de suicida e possa ser reconhecido como a vítima que verdadeiramente é. Objetivando-se em última instância fornecer um parâmetro para que se possa analisar outros crimes políticos ocorridos em solo brasileiro.

Palavras-chave: Vladimir Herzog, Corte Interamericana de Direitos Humanos, Ditadura Militar.

Recebido em: 04/07/2018 Aceito em: 15/07/2018

* Procurador da República em Minas Gerais. Mestre em Direito Econômico e Doutor em

Direito Constitucional pela UFMG. Professor da Graduação e da Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Vice-Presidente do Instituto Mineiro de Direito Constitucional. Membro do Instituto de Hermenêutica Jurídica/MG.

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ABSTRACT: Of all the crimes perpetrated during the period of the military dictatorship in Brazil, the events occurred on the 25 of October in 1975 remained as some of the most notorious. On that day, Vladimir Herzog was tortured and murdered at the headquarters of the Department of Information Operations - Center for Internal Defense Operations (DOI-CODI) on Tomás Carvalhal Street in São Paulo. However, the version presented to the public was that only a suicide had taken place. Motivated by the condemnation, occurred in 2018, of Brazil in the Inter-American Court of Human Rights (IACHR) in Herzog's death, the present work seeks to introduce an analysis of the events surrounding the murder of the journalist. To this end, an analytical research was carried out about the convictions of the Brazilian government, within the IACHR, for human rights violations during the military period. Then, a bibliographical survey was made regarding the death of the journalist. It was sought to collect historical and social data to better understand the events that took place between the DOI-CODI’s walls. The second moment was focused on conducting a study on the effects, and possible consequences, of the Brazilian government being, once more, condemned by the IACHR. Finally, the need to revisit the events that occurred after 1964 was verified, so that the murdered finally loses his stigma of suicidal and can be recognized as the victim that he truly is. In a last instance, this article was written in order to provide a parameter to analyse other political crimes occurred on Brazilian land.

Keywords: Vladimir Herzog, Inter-American Court of Human Rights, Military Dictatorship.

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696 INTRODUÇÃO

A data é o dia 25 de outubro de 1975, um sábado nublado na cidade de São Paulo. Vladimir Herzog consultou o relógio e viu que já eram sete horas da manhã. Do lado de fora a claridade começava a se fazer cada vez mais presente. Sentiu o peso de Clarice ao seu lado no colchão e seu coração encheu-se de compaixão, pois aquela madruga tinha sido particularmente penosa para a sua esposa. Na noite anterior, o seu lugar de trabalho havia sido invadido por dois agentes que queriam levá-lo para prestar esclarecimentos sobre suas supostas ligações com o Partido Comunista Brasileiro. O tom dos oficiais era truculento. Eles queriam acompanhá-lo imediatamente para a sede do DOI-CODI, mas Vlado não estava de acordo. Ele insistiu e prometeu se apresentar espontaneamente na manhã seguinte. Dentro do seu coração, sabia que a única coisa que queria realmente era ir para casa, abraçar Ivo e André, seus filhos de 9 e 7 anos, e beijar Clarice. De repente parecia que mais nada no mundo importava, pelo menos até a manhã seguinte.

E a manhã havia chegado. Vlado se levantou com um suspiro e foi até a sala. Paulo Nunes já o esperava, meio encurvado, do lado da porta. A noite passada no sofá da sala não deve ter sido a melhor de todas. Paulo ficara responsável por levá-lo até a sede do DOI-CODI e foi gentil o suficiente para dormir em sua casa. Vlado não se sentia no melhor dos termos e de fato era um presente dos céus que alguém estivesse disposto a passar por aquela situação com ele. Paulo era a pessoa mais adequada para a tarefa já que Clarice tinha passado a noite em claro se debulhando em lágrimas.

Por falar em céus, aquele formigamento nervoso que sentia no interior dos pulsos era só um alarme falso, certo? Era para ser, tinha que ser. Vlado era um cidadão de bem, tinha mulher, tinha filhos e era o respeitável diretor da TV Cultura. Ele nunca tinha sequer conversado com um daqueles terroristas, jamais se misturaria com gente daquela laia.

Já eram oito horas da manhã quando Vlado cruzou o vão de entrada de um antigo prédio na rua Tomás Carvalhal, no Bairro do Paraíso, em São Paulo.

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697 Um prédio antigo que funcionava como sede do DOI-CODI. Ao chegar na

recepção Paulo foi dispensado, já poderia voltar para casa.

Bastardo sortudo...

Pensou enquanto via Nunes respirar aliviado. Vlado foi encaminhado para interrogatório, passou por alguns corredores e cruzou um lance de escadas antes que tudo tivesse início. Ele foi encapuzado e amarrado a uma cadeira, mas por que? Ele era só um pai de família. Foi sufocado com amoníaco e submetido a espancamentos, mas como? Ele não se envolvia com terroristas. Vieram também os choques elétricos e a única coisa que Vlado conseguia pensar era...

Clarice...1

1. O GOVERNO DE ERNESTO GEISEL (1974/1979)

O desgaste político do governo Geisel (1974/1979), já pela longevidade do arbítrio e pelos claros sinais de reversão econômica, especialmente pela crise do petróleo, permitiu o retorno a cena da ala moderada dos militares. A tônica do governo era uma “distensão lenta, gradual e segura” da ditadura brasileira em direção a um governo democrático. Uma das posturas adotas pelo governo foi de abrandar, sem extinguir, a censura aos jornais. O cerceamento às liberdades individuais já era uma realidade conhecida para a sociedade brasileira.

Durante a década de 1970, dois episódios ocorridos no Estado de São Paulo, no interior do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) abalaram a imagem do governo.2

O primeiro deles, ocorrido em 1975, foi o caso do jornalista judeu Wladimir Herzog, diretor da TV Cultura, que se apresentou espontaneamente no quartel por ter sido intimado a depor para prestar esclarecimentos em relação a uma hipotética ligação com o Partido Comunista Brasileiro. Casado, com mulher, filhos, residência fixa e um emprego estatal, o jornalista se apresentou na sede do 2º Exército, no DOI-CODI, localizado na rua Tutóia em São Paulo, no dia 24

1 Dados para a construção desta narrativa estão disponíveis em: <

http://vladimirherzog.org/>. Acesso em 20 de novembro de 2018,

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698 de outubro de 1975. Relata-se que a sua morte ocorreu no dia seguinte, 25 de

outubro do mesmo ano. Submetido à tortura, Herzog não resistiu, mas a versão divulgada pelos oficiais do regime militar foi que o jornalista teria cometido suicídio ao se enforcar com um cinto, o que seria fisicamente impossível dada a altura da grade da cela. O Comando do II Exército divulgou uma foto do cadáver enforcado de Vlado (cognome de Herzog) e o fato gerou revolta em diversos setores da sociedade civil. As contestações vieram, principalmente, por parte do Sindicato dos Jornalistas, pela Arquidiocese e pela comunidade judaica de São Paulo. No dia 31 de outubro de 1975, cerca de oito mil pessoas compareceram ao ato ecumênico na Catedral da Sé, em São Paulo, dirigido pelo cardeal dom Paulo Evaristo Arns. Ao lado do arcebispo também celebraram o culto o reverendo evangélico Jayme Wright e o rabino Henry Sobel. O Rabino Sobel, em um ato de coragem, e ignorando a versão oficialmente divulgada pelo governo militar, se negou a enterrar Herzog na ala dos suicidas, como é o costume na religião judaica. Para tentar censurar a manifestação, uma força tarefa de aproximadamente quinhentos policiais estava no evento com a intenção de atacar os manifestantes caso houvesse protestos. Em uma entrevista dada por dom Paulo Evaristo ao jornalista Celso Miranda, ele disse que, para evitar represálias, a estratégia adotada pelos militantes foi de chegar à Praça da Sé em pequenos grupos, de maneira a evitar aglomerações.3

Algum tempo depois, no início do ano de 1976, também nas instalações do DOI-CODI, foi encontrado morto o operário Manuel Fiel Filho, em circunstâncias semelhantes àquelas de Herzog. O então Presidente da República, Ernesto Geisel, interveio na estrutura do II Exército e exonerou o militar Ednardo D’Ávila Melo, conhecido como “linha-dura”, para colocar em seu lugar o general Dilermando Gomes Monteiro, com ideias mais aquiescente em relação a uma possível distensão do regime. A mudança de direção buscava acabar com as práticas reiteradas de extrema violência que ocorriam nas dependências do DOI-CODI. O comando militar agora intentava se aproximar da sociedade civil, chocada até o momento com os atos fatais que aconteciam no

3 Disponível em:

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699 interior do órgão, com a tortura institucionalizada e com o desaparecimento

frequente de presos. 4

Ernesto Geisel deixou o poder em um momento delicado da história brasileira, pois a inflação chegava a 40%, o ritmo de crescimento econômico do país era fraco e o endividamento externo era um dos maiores da história fazendo com que o governo necessitasse realizar empréstimos externos cada vez mais voluptuosos para arcar com os compromissos externos assumidos em meio a um cenário de alta no preço do petróleo. Em outubro de 1977, Geisel se viu obrigado a exonerar o ministro do Exército, e pré-candidato à Presidência da República, o general Sylvio Frota, conhecido por suas posições radicais e sua notória intolerância. Todavia, apesar do cenário complicado, o general Geisel ainda assim foi capaz de indicar e nomear o seu sucessor. O escolhido era chefe do Serviço Nacional de Informações, o general João Baptista Figueiredo.

O general Figueiredo assumiu seu mandato e começou a governar em março de 1979, fazendo a promessa de trazer o Brasil para uma democracia. No dia 28 de agosto do mesmo ano, foi promulgada a Lei da Anistia, que concedia uma absolvição ampla, geral e irrestrita. 5 O objetivo da lei era conceder anistia aos que cometeram crimes eleitorais ou políticos assim como os que sofreram com restrições em seus direitos políticos graças as edições, entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, dos Atos Institucionais (AI) e Complementares.

O caráter desses acontecimentos de crime contra a humanidade, e suas respectivas consequências jurídicas para o Direito Internacional fez com que o caso da morte de Herzog fosse levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos. Em sua sentença, emitida em San José da Costa Rica, no dia 4 de julhos de 2018, a Corte deliberou que o Brasil deve atuar, com toda a diligência possível, no sentido de investigar e processar e, caso seja pertinente, punir os responsáveis pela morte e pela tortura de Vladimir Herzog.

Entretanto, havia um problema, pois a lei da anistia não concedia indulto apenas aos adversários da ditadura, mas também a todos que durante o período

4 NETO, José Alves de Freitas. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006. p. 855. 5 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6683.htm>

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700 militar desrespeitaram os direitos humanos. Desta maneira, a situação colocava

um fim aquilo que os militares denominavam “revanchismo”, uma vez que temiam serem indiciados pelos crimes que haviam perpetrado.6

Regimes ditatoriais também foram vivenciados para além do território brasileiro. Na Argentina, no período de 1976 a 1983, foram registrados 30 mil mortos e desaparecidos, enquanto no Brasil, durante o período de 1964 a 1985, o número de desaparecidos chegou a 434 indivíduos. A razão para esta distinção numérica é devida à maneira como o respectivo regime tratou seus cidadãos. O governo argentino foi notório pelo seu uso do “desaparecimento forçado de pessoas”, enquanto o regime militar brasileiro possuía o modus operandi de aplicar tortura aos presos políticos.7

O governo ditatorial da Argentina, assim como o brasileiro, editou uma lei de anistia antes de deixar o poder, a Lei nº 22.924/1983, também conhecida como Lei de Pacificação Nacional. Todavia, as semelhanças entre a experiência argentina e a brasileira se distanciam no que diz respeito ao tratamento conferido a sua própria “lei da anistia”. Durante o governo democrático argentino de Raúl Alfonsín o Congresso sancionou, em 22 de dezembro de 1983, a lei 23.040, que revogou por inconstitucionalidade e declarou a nulidade a lei de fato 22.924.8

Todavia, a sanção dos perpetradores de crimes de lesa-humanidade cometidos no decorrer da ditadura argentina enfrentou resistência por parte dos membros das Forças Armadas. Dessa forma, o Governo, pressionado, escolheu a opção de impedir a continuação da persecução penal por meio das Leis de Ponto Final e de Obediência Devida.9

Em relação ao período militar ocorrido no Chile, é interessante efetuar um estudo sobre a sua maneira de lidar com o seu instrumento da lei da anistia. Durante as comemorações do 41º aniversário do golpe de estado que em 1973

6 NETO, José Alves de Freitas. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006. p. 855. 7 OLIVEIRA, Carla Dóro. A justiça de transição na Argentina e no Brasil, 2016. Disponível

em: <https://canalcienciascriminais.com.br/a-justica-de-transicao-na-argentina-e-no-brasil/>.

8 PEIXOTO, Claudia C. Tomazi. Anistia, memória e direitos humanos: a experiência recente

do Brasil à luz dos casos argentino e uruguaio. Revista Internacional de Direito e Cidadania, Erechim, RS, vol. 4, n. 11, p. 43.

9 YACOBUCCI, Guilhermo J. El juzgamiento de las graves violaciones de los derechos

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701 derrubou o governo democrático de Salvador Allende, a ex-presidente Michelle

Bachelet anunciou a tramitação de um projeto de lei capaz de revogar e anular a lei de anistia. De acordo com dados fornecidos pela Corte Suprema do Estado chileno, em 2014, existiam aproximadamente mil casos abertos em relação as violações de direitos humanos perpetradas no decorrer do regime de Augusto Pinochet. Um dos momentos mais simbólicos sobre o assunto foi o anúncio, por parte da Corte Suprema do Chile, processamento de 15 membros da polícia secreta de Pinochet pelo homicídio do diplomata espanhol Carmelo Soria Espinoza, cometido em 1976. Esta postura da Corte era notável uma vez que o processo em questão também incluía delitos protegidos pela Lei da Anistia.10

A experiência chilena suscita o debate sobre a importância de se anular a Lei de Anistia pois encara a sua própria existência como uma mensagem de que o Chile ainda não é capaz de romper totalmente com seus anos de ditadura e lutar contra os criminosos deste período. A obtenção da nulidade para a Lei de Anistia chilena obrigaria o país a enfrentar a barbárie cometida em seu passado para, enfim, conseguir transmitir a mensagem e que os abusos cometidos no decorrer da época de Pinochet não serão mais tolerados.11

2. O BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

É possível dizer que o sistema interamericano de direitos humanos se fundamenta em dois órgãos distintos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Graças ao seu peculiar desenvolvimento, a Comissão e a Corte trabalham segundo as faculdades outorgadas por dois instrumentos legais: a Carta da Organização dos Estados Americanos e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi criada graças a uma resolução da Quinta Reunião da Consulta dos Ministros das Relações Exteriores, ocorrida em Santiago, Chile, no ano de 1959. Foi formalmente

10 Conforme disponível em: < https://cidh.oas.org/annualrep/2003port/Chile.11725.htm >. 11 Conforme disponível em: <

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702 instalada em 1960, quando o Conselho da Organização dos Estado Americanos

(OEA) formulou seu estatuto. Uma vez estabelecida, a Comissão passou a receber denúncias de violações, em casos individuais, e, em seguida, procedia a informar os outros órgãos políticos da OEA sobre como se encontrava a vigência dos direitos humanos no interior do território dos Estados Membros.12

De acordo com o art.1º de seu próprio estatuto, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) é uma instituição judiciária autônoma que visa aplicar e interpretar a Convenção Americana sobre Direito Humanos.13 A Corte

existe no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA) e admite que apenas que Estados e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos efetuem demandas em seu âmbito.

Durante toda a sua história, o Brasil elegeu dois juízes para integrar a Corte IDH. O primeiro deles foi o professor Cançado Trindade (1995-2006) e o segundo o advogado Roberto Caldas (2013-2018). No âmbito da Corte IDH, o Brasil já foi condenado em cinco casos distintos. As sentenças aconteceram, em sua maior parte, durante a primeira década do século XXI.

O primeiro deles foi o caso Ximenes Lopes, de 2006. que condenou o país a repensar todo o seu sistema público de saúde mental. O segundo foi o caso Escher, de 2009, que penalizou o Brasil a pagar indenizações às pessoas que foram vítimas de escutas telefônicas ilegais. O terceiro foi o caso do assassinato do agricultor Setimo Garibaldi, também de 2009, morto em Querência do Norte, noroeste do Paraná, em uma ação de pistoleiros encapuzados que atacaram um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). 14

A quarta condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos também guarda estreita relação com o período militar. Foi o caso da Guerrilha do Araguaia, de 2010. O Brasil foi condenado a modificar a sua lei da anistia (1979) de maneira a permitir que se julgue os crimes contra a humanidade perpetrados por agentes do regime militar, instaurado em 1964. A Corte

12 Disponível em: < https://direitosp.fgv.br/sites/direitosp.fgv.br/files/narrativa_final_-_ximenes.pdf> p. 7

13 Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/oea/ectidh.htm>

14 RODRIGUES, Gilberto. Organizações Internacionais. São Paulo: Moderna, 2014. pLivro

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703 interamericana entendeu que esta caracterizaria uma oportunidade para

sedimentar a jurisprudência interamericana a respeito das leis de anistia com vínculo aos desaparecimentos forçados, à execução extrajudicial e a consequente obrigação dos Estados de investigar e divulgar a verdade à sociedade, processar e punir os perpetradores de graves violações de direitos humanos.15

A quinta condenação, de 2018, dialoga com esta temática pois trata do caso de Vladimir Herzog. A Corte IDH dispõe que o Brasil deve adotar “as medidas mais idôneas, conforme suas instituições, para que se reconheça, sem exceção, a imprescritibilidade das ações emergentes de crimes contra a humanidade e internacionais, em atenção à presente Sentença e às normas internacionais na matéria em conformidade como o disposto na presente Sentença, nos termos do parágrafo 376”.16

3. O CASO HERZOG NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Audálio Dantas era o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e foi uma das figuras chaves na denúncia da morte de Herzog.

“Denunciamos nos seguintes termos, o que era muito ousado para a época: responsabilizávamos as autoridades militares pela morte do Herzog porque quem tem um preso sob sua guarda — isso é um conceito universal — é responsável pela sua integridade física.”17

O trecho acima registra um pouco da inquietude que o caso deixou na história, uma sorte de problemática que foi reconhecida pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no ano de 2018.

O contato com o marco legal interamericano é crucial para que as vítimas de violações de direitos humanos e seus defensores apresentem suas demandas frente a Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos,

15 Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf> 16 Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_353_esp.pdf> 17 DANTAS, Audálio. Tempos de Reportagem: histórias que marcaram o jornalismo

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704 para que sejam capazes de encontrar soluções que até então não haviam sido

obtidas no âmbito interno dos Estados. Uma das maneiras de se aproximar o contexto social dos países da América Latina com o marco legal é por meio da análise, da discussão e do debate das decisões redigidas pelos 26 órgãos que se encontram dentro deste sistema. 18 Desta forma, o estudo do caso Herzog

versus Brasil pode se mostrar proveitoso.

Para o caso em tela, a Comissão Interamericana designou como delegados o Comissário Francisco Eguiguren, o então Secretário Executivo Emilio Álvarez Icaza L. e o Relator Especial para a Liberdade de Expressão, Edison Lanza e, como assessoras jurídicas, as advogadas da Secretaria Executiva, Silva Serrano Guzmán, Ona Flres e Tatiana Teubner. Posteriormente, foi designado pela Comissão, Paulo Abrão como Secretário Executivo.

Durante o dia 22 de abril de 2016, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos submeteu à Corte o Caso Vladimir Herzog, e outros, contra a República Federativa do Brasil. Conforme informações fornecidas pela Comissão, caso refere à possível responsabilidade do Estado brasileiro pela situação de impunidade em que se encontram as violações aos direitos humanos perpetradas pela detenção arbitrária, tortura e morte do Jornalista Vladimir Herzog, ocorridas durante o período militar. Dentre os fatos que teriam dado causa a esta impunidade, têm-se a Lei da Anistia, Lei nº6.683/79, promulgada durante a ditadura brasileira.

A tramitação do caso começou no dia 10 de julho de 2009, quando a Comissão recebeu a petição inicial à qual foi atribuída o número de caso 12.879. A peça foi apresentada pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL); pela Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (FidDH); pelo Centro Santos Dias, da Arquidiocese de São Paulo; e pelo Grupo Tortura Nunca Mais, também de São Paulo. No dia 8 de novembro de 2012, a Comissão aprovou o Relatório de Admissibilidade nº 80/12 e, no dia 28 de outubro de 2015, foi aprovado o relatório de Mérito nº 71/15, em conformidade com o artigo 50 da Convenção Americana.

18 Disponível em: < https://direitosp.fgv.br/sites/direitosp.fgv.br/files/narrativa_final_-_ximenes.pdf > p. 26

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705 A Comissão chegou à conclusão que o Estado era responsável

internacionalmente pela violação dos direitos consagrados nos artigos I, IV, VII, XVIII, XXII e XXV da Declaração americana. Também se entendeu que os direitos consagrados nos artigos 5.1, 8.1 e 25.1, foram violados pelas condutas do Estado brasileiro. Compreendeu-se que também os artigos 1, 6 e 8 da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, foram violados no caso Herzog.

Por fim, a Comissão estabeleceu uma série de recomendações para o Estado brasileiro. A primeira elas foi de, por meio da jurisdição de direito comum, determinar, mediante uma investigação judicial completa e imparcial dos fatos, a responsabilidade criminal pela detenção arbitrária, a tortura e o assassinato de Vladimir Herzog. O objetivo seria de identificar e punir, penalmente, os responsáveis por essas violações. Para o cumprimento desta obrigação, seria necessário que o Estado brasileiro considerasse os crimes de lesa humanidade, dos quais Herzog foi vítima, como inanistiáveis e imprescritíveis.

No presente cenário, o Estado brasileiro alegou nove exceções preliminares. Por razões de economia processual, a Corte analisou conjuntamente as três exceções interpostas que dizem respeito à uma aparente falta de competência da Corte em razão do tempo, ratione temporis, pelo motivo de estarem relacionadas entre si e necessitarem do exame de alegações de natureza símile. A Corte acatou, de maneira parcial, as exceções preliminares relativas à sua alegada incompetência por razão temporal e dialogou com a jurisprudência já existente sobre o tema. Em um segundo momento, em razão da alegada falta de competência para examinar os fatos propostos pelos representantes, a Corte considerou que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos não realizou nenhuma violação autônoma de direito à verdade ao tentar trazer para análise parte do quadro fático que o Estado brasileiro tentou, de maneira expressa, retirar do capítulo de mérito. A Corte IDH considerou como improcedentes as demais exceções preliminares propostas pelo Brasil.

No dispositivo de sua sentença, a Corte decidiu, por unanimidade, declarar como improcedentes as alegações realizadas pelo Estado brasileiro de que a Corte não teria competência ratione materiae para atuar quanto a

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706 possíveis violações da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir à

Tortura. Atribuiu ao Brasil a responsabilidade pela violação dos direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, previstos nos artigos 8.1 e 25.2 da Convenção Americana e nos artigos 1, 6 e 8 da convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, em prejuízo de Zora, Clarice, André e Ivo Herzog (familiares próximos de Vladimir Herzog). O Brasil também foi considerado culpado pela falta de investigação, bem como da inércia em relação ao julgamento e punição dos responsáveis pela tortura e assassinato de Herzog, todos os atos perpetrados em um contexto de ataques à população civil. Por fim, mencionou-se também a responsabilidade do Estado brasileiro em relação a aplicação da Lei de Anistia nº 6.683/79 e de diversas excludentes de responsabilidade vedadas pelo Direito Internacional em casos de crimes contra a humanidade.

O governo brasileiro foi reconhecido como violador do direito da família de Herzog de conhecer a verdade, em razão de não haver investigado os fatos violadores do caso e não ter esclarecido as responsabilidades individuais pelos crimes de tortura e assassinato ocorridos contra o jornalista. Os fatos não foram apurados por meios de investigação e julgamento na jurisdição ordinária e isto viola, de maneira expressa, os artigos 8 e 25 da Convenção Americana.

O Estado brasileiro também foi considerado responsável pela violação do direito à integridade pessoal, resguardado pelo artigo 5.1 da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, em detrimento de Zora Herzog, Clarice Herzog, Ivo Herzog e André Herzog, respectivamente mãe, cônjuge e filhos de Vladimir. Ivo Herzog chegou a afirmar, em uma entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo19, que a morte do pai lhe infringiu sequelas graves. Na época

com apenas nove anos de idade, Ivo Herzog afirma que contraiu dificuldades inclusive para comer e hoje acredita ter sido vítima de um quadro depressivo que perdurou por mais de trinta anos.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos chegou a entender que a sentença por ela proferida já caracterizava por si só uma forma de reparação. A Corte estabeleceu ainda que seria cabível ao Brasil adotar medidas mais

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707 idôneas, de acordo com suas instituições, de maneira a que se reconheça, sem

exceção, a imprescritibilidade das ações emergentes de crimes contra a humanidade, prestando a devida reverência às normas do Direito Internacional. Em parte do dispositivo da sentença, o Estado brasileiro viu-se condenado a prestar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional pelos fatos ocorridos no interior das dependências do DOI-CODI, em desagravo à memória de Vladimir Herzog e à omissão e investigação, julgamento e punição dos responsáveis individuais por sua tortura e morte. A Corte entendeu que a existência e a difusão da versão do suicídio, ao invés da verdade dos fatos sobre a detenção tortura e execução de Vladimir Herzog, gerou um dano à integridade de todo o seu núcleo familiar. Também seria necessário levar em consideração que os esforços infrutíferos dos familiares do jornalista para reivindicar judicialmente seus direitos gerou angústias, insegurança, frustração e sofrimento.

No contexto econômico, o Brasil foi condenado a pagar uma quantia de U$20.000,00 a título de danos emergente, U$40.000,00 por danos imateriais e um montante de U$25.000,00 por conta de custas e gastos. O Estado deve ainda reembolsar o Fundo de Assistência Jurídica a Vítimas a quantia que foi gasta durante os trâmites do processo. Foi conferido ao Brasil o prazo de um ano para apresentar à Corte um relatório sobre as medidas adotadas em prol do cumprimento da Sentença. Por fim, a Corte ainda se propôs a supervisionar, no exercício de suas atribuições e no cumprimento de seus deveres, de acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, as ações tomadas pelo Brasil se propondo a dar o caso como encerrado apenas quando for integralmente cumprido tudo aquilo disposta no presente instrumento jurídico.

Em suma, a Corte entendeu ser necessário analisar. Em um primeiro momento, se os fatos alegados constituíam um crime contra a humanidade, conforme afirmado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Para realizar este estudo foram consultadas diversas fontes do Direito Internacional e do Direito comparado, que permitiram identificar, que no momento dos fatos cabais para o caso, 25 de outubro de 1975, a interdição da tortura e dos crimes de lesa humanidade já haviam alcançado o status de normas jus cogens do

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708 Direito Internacional.20 A Corte ainda entendeu que, no momento em questão, a

imprescritibilidade dos crimes citados já era norma consuetudinária solidamente estabelecida. Assim sendo, é seguro afirmar que ambas as normas, no momento dos fatos e independente da legislação interna, já eram vinculantes para o Estado brasileiro.

Por fim, entendemos que a condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos foi recebida pela sociedade brasileira como uma justa reparação diante das atrocidades cometidas contra Vladimir Herzog.21

Foi encarada como um momento de ápice em uma história de batalhas judiciais. Em 1978, um juiz, à época futuro presidente do Tribunal Regional Federal de São Paulo, Marcio Mores, condenou a União a indenizar a família de Herzog por danos materiais e morais. Esta sentença também representou um marco na luta contra o jugo das ditaduras e dá sinais de um Judiciário mais adepto a reconhecer o peso do jugo militar.

CONCLUSÃO

Vladimir Herzog foi um jornalista torturado e morto em 25 de outubro de 1968 no DOI – Codi, órgão de repressão da ditadura militar. 40 anos depois, em uma perspectiva um pouco mais contemporânea, o Brasil presenciou, no dia 14 de março de 2018, o assassinato da vereadora de Marielle Franco. Mais de quatro décadas depois do primeiro crime, é possível ver na repercussão do assassinato da socióloga uma esperança de mobilizar as mudanças no País.

É impossível não fazer paralelos entre a morte da vereadora e a do jornalista vítima da repressão militar. O próprio Ivo Herzog22 observou como tanto Vladimir quanto Marielle vieram a óbito na idade de 38 anos, ambos eram pessoas que buscavam justiça, respeito e verdadeira democracia. Vladimir

20 Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/resumen_353_por.pdf>

p. 3

21 Disponível em:

<https://www.conjur.com.br/2018-jul-13/toron-condenacao-brasil-dificuldades-herzog>

22 Disponível em: <

https://g1.globo.com/politica/blog/matheus- leitao/post/2018/03/15/morte-de-marielle-causa-comocao-e-filho-de-herzog-compara-caso-com-o-de-seu-pai.ghtml>. Acesso em 03 de dezembro de 2018.

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709 Herzog foi assassinado por militares, enquanto Marielle devotou sua obra a

denunciar a violência

Em entrevista uma entrevista concedida ao HuffPost Brasil23, Ivo Herzog, diretor-executivo do instituto que leva o nome de seu pai, Vladimir Herzog, comparou o culto ecumênico na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, feito em honra a Marielle Franco, com a homenagem realizada para Vlado. Segundo Ivo, a morte de seu pai representou o começo da derrocada da ditadura e o início da era da redemocratização. Sustenta a esperança de que o óbito de Marielle, como o de Vlado, seja capaz de unir a população para que seja tomada alguma atitude, para que sejam feitos os devidos questionamento, em relação ao cenário de abandono do poder público.

Conforme a leitura de Ivo, o cenário enfrentado pelo Brasil após a morte de Marielle Franco demonstra a necessidade de que o povo brasileiro proteste para mostrar a sua indignação e lute por condições de vida mais dignas. Segundo o filho de Vladimir Herzog o Estado só será capaz de mudar quando o cidadão lambda for capaz de exigir, da maneira mais enérgica possível, a transformação que melhor lhe aprouver.

O ocorrido com Marielle retoma a mensagem que o infortúnio de Herzog deixou para a sociedade brasileira. Escancarou a necessidade de enfrentar cara a cara os abusos cometidos por aqueles que estão no poder e a necessidade de enfrentar o passado, por mais conturbado que este possa parecer. Somente através da investigação, do estudo, e da publicização da atuação estatal é que será possível transmitir a mensagem de que os crimes perpetrados durante o regime militar não voltarão a tolerados.

23 Disponível em: <

https://www.huffpostbrasil.com/2018/03/16/morte-de-marielle-pode-mudar-o-pais-assim-como-a-do-meu-pai-diz-ivo-herzog_a_23387707/>. Acesso em 03 de dezembro de 2018.

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