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Estratégias matrimoniais entre a população livre de Minas Gerais: Catas Altas do Mato Dentro, 1815-1850

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Estratégias matrimoniais entre a população livre de Minas

Gerais: Catas Altas do Mato Dentro, 1815-1850

*

Tarcísio R. Botelho

Palavras-chave: Matrimônio; Mobilidade social; Raça; Brasil.

Resumo

O matrimônio é um momento crucial dentro das estratégias de reprodução social. Entretanto, as escolhas matrimoniais têm sido pouco estudadas para o passado brasileiro. Pretendo contribuir para a compreensão do comportamento da população livre a partir da observação de uma localidade específica de Minas Gerais na primeira metade do século XIX. Observando a raça/cor dos noivos, o local de nascimento dos noivos e a ocupação dos pais dos noivos, fica evidente uma forte tendência à homogamia dentro da população, seja do ponto de vista social, seja do ponto de vista espacial. Quanto à mobilidade ocupacional, é difícil fazer afirmações com os dados disponíveis, embora se deva enfatizar os aspectos interessantes do passado brasileiro que esse tipo de estudo pode evidenciar.

* Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú-

MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004

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Estratégias matrimoniais entre a população livre de Minas

Gerais: Catas Altas do Mato Dentro, 1815-1850

*

Tarcísio R. Botelho

Introdução

O matrimônio é um momento crucial dentro das estratégias de reprodução social. Ao estabelecer laços entre grupos familiares, ele torna-se o garantidor da perpetuidade de tais grupos ao mesmo tempo em que amplia as redes sociais dos indivíduos envolvidos. Em razão dessa sua enorme importância, as decisões em torno da escolha dos nubentes sempre recaíram sobre o grupo familiar mais amplo. Definir o cônjuge de um filho ou uma filha era uma tarefa decisiva para a família, e não podia ser deixada sob responsabilidade dos jovens. No cálculo matrimonial entravam diversas variáveis, ligadas sobretudo às possibilidades de manutenção do status quo ou de ascensão social do grupo.

As transformações sociais introduzidas a partir da revolução industrial na Europa começam a mudar esse panorama no mundo ocidental. Dentro do chamado processo de modernização, ocorre uma paulatina valorização das realizações pessoais em detrimento das posições herdadas pela origem. Progressivamente, a ênfase no indivíduo conduz ao enfraquecimento do poder familiar sobre as decisões pessoais, inclusive quanto ao casamento. Os estudos sobre a família ocidental tendem a convergir quanto às modificações sofridas no processo de reprodução do núcleo familiar, sobretudo nos dois últimos séculos. Há uma tendência a associar ao processo de modernização uma maior mobilidade na escolha dos parceiros. Os indivíduos passariam a levar em conta outros fatores que não apenas as estratégias familiares. Em decorrência, os casamentos nas sociedades ocidentais passariam por um aumento do grau de heterogamia, entendida com a busca de parceiros fora do grupo social de origem.

As explicações sobre esse processo variam. Alguns autores enfatizam as mudanças estruturais, sobretudo econômicas e demográficas (Goode, 1966), enquanto outros vêm as origens desse processo nas transformações culturais iniciadas com o processo de modernização (Shorter, 1995). A própria intensidade do abandono da homogamia ao longo dos séculos XIX e XX na Europa é questionada por alguns estudos empíricos (Van Leeuwen e Maas, 1997, 2002; Van Bavel, Peeters e Mathijs, 1998). Entretanto, reconhece-se uma tendência geral nesse sentido.

No Brasil, existem poucos trabalhos historiográficos sobre as estratégias de escolha dos cônjuges (Marcílio, 1973; Bacellar, 1997). Os estudos de família têm se concentrado na análise das normas e sistemas jurídicos ou, como contraponto, na transgressão e no desvio (Silva, 1984; Vainfas, 1986; Lopes, 1998; Torres-Lodoño, 1999; Almeida, 1999). Os estudos de família a partir de uma abordagem demográfica avançaram pouco desde a década de 1980.

* Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú-

MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004

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Os trabalhos de reconstituição de família foram poucos, localizados sobretudo no sudeste e sul do país (Marcílio, 1986; Queiroz, 1987; Bacellar, 1997, 2001; Nadalin, 2001). Os caminhos abertos pelos trabalhos pioneiros inspirados na metodologia desenvolvida por Peter Laslett não se consolidaram no Brasil.1 Ironicamente, a família escrava acabou sendo mais estudada que a família livre, fazendo com que hoje tenhamos uma bibliografia mais rica nesse campo que era praticamente ignorado a poucas décadas atrás (Slenes, 1999; Motta, 2002).

O propósito desse trabalho é analisar as práticas de constituição de família legítimas entre a população livre a partir dos registros de casamentos. Para tanto, vou me concentra em uma paróquia específica de Minas Gerais, Catas Altas do Mato Dentro, situada na região mineradora central. Analisarei os casamentos registrados entre os anos de 1816 e 1850. As variáveis que observarei serão a raça/cor dos noivos, o local de nascimento dos noivos e a ocupação dos pais dos noivos.

Os registros de casamento

Os registros de casamento foram instituídos a partir do Concílio de Trento, no século XVI, e expandiram-se por toda a cristandade católica. Sua difusão e uniformidade tornaram-nos a fonte principal da técnica de reconstituição de famílias, junto com os registros de batismos e de óbitos (Henry, 1988; Wrigley, 1966; Marcílio, 1974; Costa, 1990). A partir do século XIX, houve a difusão, na Europa, dos registros civis de casamento. Mais completos que os registros católicos, eles puderam ser utilizados em inúmeros estudos que investigavam a mobilidade social ao longo dos séculos XIX e XX (Van Leeuwen e Maas, 1997, 2002; Adler e Svensson, 2002; Van Bavel, 2003; Dribe e Lundh, 2004).

Para o Brasil, os registros de casamentos existem desde o início da colonização, mas apenas a partir do século XIX encontram-se séries mais abundantes e completas. Além disso, apenas a partir da Proclamação da República houve a implantação do registro civil, que permaneceu pouco efetivo até períodos bastante recentes. Portanto, para o estudo do século XIX deve-se recorrer sobretudo aos registros paroquiais de casamentos, que muitas vezes são lacônicos em informações sobre os nubentes e seus pais.

Além disso, estudar a família brasileira a partir dos registros de casamentos implica uma série de limitações. A primeira delas diz respeito às altas taxas de ilegitimidade que se observa dentro da população livre. Enquanto na Europa os índices de ilegitimidade raramente eram superiores a 10%, no Brasil eles chegavam a 25% ou mesmo 50% dos nascimentos da população livre.2 Portanto, o casamento legítimo era algo que fazia parte da experiência de vida de uma parcela limitada da população brasileira.

O segundo problema deriva das falhas apresentadas nas informações dos registros. São conhecidas as dificuldades de se trabalhar com a reconstituição de famílias no Brasil em função da falta de normas de transmissão de sobrenomes. Até mesmo o nome de uma única pessoa pode variar ao longo de sua vida. Acresce a isso a omissão de inúmeras informações por parte de alguns párocos. São raros os que indicam a raça/cor ou a origem dos nubentes. A declaração de ocupação é ainda mais esparsa.

1 Laslett (1972); para um balanço recente da metodologia, ver Rowland (1997). No Brasil, utilizaram-se dessa

metodologia: Samara (1989), Marcílio (2000) e Costa (2000), dentre outros.

2 Sobre os índices europeus, ver uma síntese em Scott (1999, p. 222-223). A autora inclui o caso português, que

apresenta as maiores taxas para a Europa; elas, entretanto, nunca chegam a 20%. Sobre o Brasil, ver o trabalho pioneiro de Marcílio (1973, p. 159) ; em Faria (1998, p. 55-56), há uma comparação dos índices encontrados para diversas regiões brasileiras em momentos diferentes dos séculos XVIII e XIX; Nadalin (2001, p. 135, p.144) oferece um interessante contraponto entre as altas taxas de ilegitimidade dos brasileiros e os valores muito inferiores observados entre imigrantes alemães em Curitiba na passagem do século XIX para o XX. Deve-se lembrar que as taxas de ilegitimidade entre os escravos eram muito maiores que as obDeve-servadas entre os livres.

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A solução para esses problemas é cruzar as fontes de dados. A relativa abundância de listas nominativas de habitantes para algumas regiões brasileiras permite que se complete as informações dos registros paroquiais com o que se encontra nesses documentos de natureza censitária.3 É o que faremos a seguir no estudo do nosso caso específico.

Catas Altas do Mato Dentro

A localidade de Catas Altas do Mato Dentro foi escolhida para esse estudo em função de duas características especiais. Em primeiro lugar, ela tem uma trajetória que é bastante representativa do que aconteceu com a área mineradora de Minas Gerais ao longo dos séculos XVIII e XIX. Em segundo lugar, ela apresenta uma singular abundância de fontes de natureza demográfica, com séries longas de registros paroquiais e algumas listas nominativas de habitantes, sobretudo para a primeira metade do século XIX.

Inicio pela descrição da localidade Ela surgiu das abundantes minas de ouro que foram descobertas nos córregos que cortam a região, situada no centro das Minas Gerais. Além do ouro de aluvião, os mineiros começaram progressivamente a explorar os barrancos dos córregos em escavações cada vez mais altas e profundas, donde originou-se seu topônimo. Relatos orais fixados em documentos datados de meados do século XVIII situam estas primeiras descobertas nos anos de 1702 e 1703 (Códice Costa Matoso, 1999, v. 1, p. 178 e p. 262). Seguindo a tradição portuguesa, o estabelecimento do arraial ocorreu concomitantemente à construção de uma capela, que ao longo das décadas seguintes foi substituída por outras duas construções maiores.4

As minas da região mostraram-se extremamente abundantes, o que atraiu e fixou uma população significativa ainda na primeira metade do século XVIII. Registros de 1725 produzidos para a cobrança dos quintos reais (imposto de 20% sobre a produção aurífera) indicam a presença de 1828 escravos em idade produtiva pertencentes a 213 proprietários.5 Em 1750, o rol de confessados da freguesia apontava uma população total de 3838 pessoas em 450 domicílios (Códice Costa Matoso, 1999, v. 1, p. 266).

Durante a segunda metade do século XVIII, a queda da produção aurífera atingiu a região. Entretanto, desde as décadas anteriores já se observava uma diversificação da economia local, com a presença da agricultura e a produção de derivados de cana-de-açúcar e de milho. A associação precoce entre mineração e agricultura reflete uma tendência comum a diversas áreas de Minas Gerais.6 A transformação de economia mineradora em agrícola voltada para o abastecimento interno é típica de Minas Gerais e é um tema bastante debatido pela historiografia recente (Martins, 1982; Martins e Martins Filho, 1983; Luna e Cano, 1983; Slenes, 1985; Libby, 1988, 2001; Paiva, 1996; Graça Filho, 2002). Este perfil permitiu que diversas regiões conseguissem sobreviver à derrocada da mineração aurífera, abrindo caminho para uma acomodação à nova realidade econômica. No caso de Catas Altas, ela foi sintetizada pelo próprio pároco local quanto, em 1822, afirmou:

“Sendo as freguesias desta Província a princípio pequenos distritos que apenas circulavam as povoações fundadas nos lugares dos serviços minerais, hoje em dia se

3 A presença significativa de listas nominativas de habitantes para o passado brasileiro permitiu, inclusive, a

adaptação do método de reconstituição de famílias; ver Henry (1988). Para exemplos do uso dessa adaptação do método, ver Marcílio (1986) e Bacellar (1997, 2001).

4 Sobre as peculiaridades da formação dos núcleos proto-urbanos em Minas Gerais no século XVIII, ver Mata

(2002).

5 Arquivo da Câmara Municipal de Mariana, Códice 166.

6 Evidências de associação entre agricultura e mineração ainda durante o processo inicial de ocupação do

território mineiro podem ser encontrados em Guimarães e Reis (1986, 1987). Diversos trabalhos recentes têm contribuído para a melhor compreensão deste panorama: Carrara (1997), Almeida (2001), Brugger (2002), Silva (2002).

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não pode com individuação descrever os limites de cada uma, pois passando alguns dos Mineiros a agricultores foram penetrando os Sertões incultos, estabelecendo-se em grandes fazendas, e sem atender às distâncias prestavam obediência ao Pároco, ou Capelão do lugar donde se ausentavam, ficando por este princípio irregular, e tortuosos quase todos os limites das sobreditas Freguesias, por serem estes os próprios de cada um dos Fazendeiros.”7

Em 1832, o juiz de paz assim descreveu as atividades econômicas do distrito:

“se conhece ser baseada sua indústria em criação de gado vacum, cavalar, e muar, e na Agricultura, mui principalmente de café. Existem somente duas Fábricas minerais, a do Bananal e do Pitangui, nas quais são empregados oitenta escravos e cinco pessoas livres com a ocupação de feitores e os Proprietários são nacionais”.8 Ao longo do restante do século XIX, a localidade conheceu algumas experiências de mineração subterrânea com capital estrangeiro que, entretanto, mostraram-se pouco promissoras.9

Foi essa transformação adaptativa que permitiu a Catas Altas seguir uma trajetória de relativa estabilidade ao longo das décadas finais do século XVIII e no século XIX. Em 1804, a sua população escrava chegava a 967 indivíduos distribuídos entre 185 proprietários. Entre 1822 e 1857, as diversas estimativas disponíveis indicam uma população total oscilando entre 2,0 mil e 2,4 mil habitantes. Os escravos, por sua vez, viram sua participação no total da população cair de 41,5% em 1822 para 33,6% em 1838 e 20,2% em 1857 (Tabela 1). As razões de sexos entre os livres estiveram bastante baixas até a década de 1830, alcançando em 1857 o equilíbrio, com certo predomínio de mulheres. Entre os escravos, os altíssimos valores de princípios do século XVIII (mais de sete homens para cada mulher) recuam bastante em princípios do século XIX, embora ainda elevada (quase três homens para cada mulher em 1804), aproximando-se do equilíbrio entre os sexos em 1857 (1,06 homens por mulher) (Tabela 2). Estes valores acompanham o ocorrido em Minas Gerais e no Brasil como um todo, já que a partir de meados do século XIX assiste-se ao declínio progressivo da escravidão.10

A trajetória descrita acima, a meu ver, faz de Catas Altas um local privilegiado para acompanhar as transformações da população cativa em corte de tempo longo. A localidade formou-se no seio da expansão colonial motivada pela mineração, tendo se transformado em uma das principais áreas de produção de ouro da Capitania de Minas Gerais. Desde cedo, parte de seus proprietários passou a dedicar-se também à agricultura, de maneira que o progressivo declínio do rendimento com a mineração não afetou de maneira muito grave a economia local. Ela não apenas sobreviveu à derrocada do ouro na segunda metade do século XVIII como soube adaptar-se e atravessar o século XIX com uma economia relativamente próspera, embora muito mais modesta do que a que vivenciara durante o auge da mineração.

7 Arquivo da Câmara Municipal de Mariana, Códice 154.

8 Arquivo Público Mineiro, Seção Provincial, PP 1/10, Caixa 18, Documento 09.

9 Libby (1988, p. 258-88) cita ao menos uma mina em Catas Altas: Pitangui, de propriedade da Pitangui Gold

Mining Company, em operação entre os anos de 1876 e 1887.

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Tabela 1

População por condição social,

Catas Altas do Mato Dentro, anos selecionados

Ano Livres Escravos Total

N % N % N 1725 1805 1804 - - 967 - - 1822 1275 58,5 904 41,5 2179 1825 1411 61,2 895 38,8 2306 1832 1343 64,3 746 35,7 2089 1838 1607 66,4 814 33,6 2421 1857 1791 79,8 453 20,2 2244

Fonte: Ver texto.

Tabela 2

População por sexo e condição social, Catas Altas do Mato Dentro, anos selecionados

Ano Livres Escravos

Razão Razão Homens Mulheres de Sexos Homens Mulheres de Sexos

1725 1598 207 772

1804 576 203 284

1825 606 805 75 600 295 203

1832 462 285 162

1857 885 906 98 233 220 106

Fonte: Ver texto.

A segunda razão para a escolha de Catas Altas do Mato Dentro como objeto de estudo liga-se à abundância de fontes documentais úteis à demografia histórica. A paróquia dispõe de séries bastante longas, para os padrões brasileiros, de registros de batismos, casamentos e óbitos. Eles existem desde 1712 e seguem com poucas interrupções até os dias atuais. Em função disso, é possível reconstituir diversas características da população local ao longo de cerca de três séculos.11 Os registros de casamentos, junto com outros documentos paroquiais dos séculos XVIII e XIX, encontram-se guardados no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana.12

Esses registros apresentam uma qualidade variável ao longo do tempo. Algumas informações são sistematicamente omitidas em alguns períodos, refletindo o menor cuidado de alguns párocos com a elaboração dos registros. Para solucionar esses problemas, optei por cruzar as informações dos registros de casamentos com as listas nominativas de habitantes disponíveis para a localidade. Utilizei, para esse fim, as listas de 1832 e de 1838.13 Essas listas foram confeccionadas em resposta a solicitações dos presidentes da província, que tentavam realizar censos populacionais. Trazem informações sobre idade, sexo, raça/cor, condição social (livre ou escravo), estado conjugal e profissão de todos os indivíduos,

11 Tenho me concentrado no estudo do período escravista na região; alguns resultados preliminares estão

disponíveis em Botelho (2003a, 2003b).

12 Utilizo os registros do livro G-09 (1742-1854).

13 Esses documentos encontram-se em: Arquivo Público Mineiro, Seção Provincial, Fundo Presidência da

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distribuídos segundo os domicílios (Paiva, 1996; Andrade, 2001). A disponibilidade dessas listas determinou o marco temporal, já que sem elas não seria possível obter as informações que pretendo trabalhar.

Para o cruzamento dos dados, foram reunidos os registros referentes ao primeiro casamento de ambos os cônjuges, que são facilmente identificáveis.14 A partir daí, buscou-se nas listas nominativas de habitantes os nomes dos noivos, anotando-se a raça/cor informada. Em seguida, buscou-se o nome dos pais dos noivos, para os quais copiou-se a raça/cor e a profissão. Para os casos em que não se encontrou o noivo, mas ambos os pais tinham a mesma cor, admitiu-se como a cor do filho aquela informada para os pais.

Com esses procedimentos e as informações já presentes nos registros de casamentos, foi possível formar três conjuntos com os dados de raça/cor dos noivos, local de nascimento dos noivos e profissão dos pais dos noivos. Esses grupos não permitem cruzamentos entre si, mas podem servir como amostra significativa da coorte estudada para cada uma das variáveis escolhidas. Trabalharei, portanto, com a mobilidade total observada em cada uma das variáveis. A mobilidade total reflete a intensidade com a qual ocorrem casamentos fora do grupo de origem dos noivos. Ela pode ser influenciada pelo tamanho do grupo ou por suas características demográficas, mas serve como um parâmetro de como a sociedade encontra-se aberta ou não à mobilidade.15

Os casamentos segundo a raça/cor dos noivos

As categorias de raça/cor das Tabelas 3 e 4 foram construídas a fim de se visualizar o grau de heterogeneidade dos casamentos. São elas: os brancos; os pardos e cabras, descendentes de brancos e negros; e os crioulos, descendentes apenas de africanos. A primeira questão a ser enfatizada é o predomínio de pardos/cabras sobre os demais, característico da população do período. Entretanto, a pequena presença de crioulos contraria o perfil demográfico geral. Ela demonstra, a meu ver, a dificuldade de acesso dessa categoria ao matrimônio formal.

A taxa total de homogamia (Tabela 4) expressa o comportamento extremamente fechado desses grupos. O menor índice é observado entre os brancos, com 80% dos casamentos ocorrendo dentro desse grupo de raça/cor. Esse índice é muito superior ao observado nos estudos europeus. Para a Holanda, Van Leeuwen e Maas (1997, p. 627) encontraram 47% dos casamentos realizados antes de 1901 acontecendo entre noivos de mesma origem sócio-ocupacional. Para a Suécia ao longo do século XIX, observando os grupos ocupacionais, Van Leeuwen e Maas (2002, p. 114) encontram índices sempre inferiores a 51%. Também estudando a Suécia, mas usando uma classificação com base no status social, e não na ocupação, Dribe e Lundh (2004, Tabela 6) não encontram valores superiores a 50%.

14 De um total de 302 registros, 42 tinham um dos noivos como viúvos.

15 Uma medida mais acurada seria a mobilidade relativa, também chamada de abertura ou fluidez social. Nesse

caso, através de modelos log-lineares, consegue-se isolar fatores estruturais (econômicos e demográficos) que poderiam intervir na escolha do cônjuge. Entretanto, essa medida é mais significativa quando se analisa mudanças da mobilidade ao longo do tempo. A esse respeito, ver Klamijn (1998), Van Bavel, Peeters, Matthijs (1998), Van Leeuwen, Maas (1997, 2002).

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Tabela 3

Padrão de homogamia segundo a raça/cor, Catas Altas do Mato Dentro, 1816-1850

Noiva

Noivo Branca Parda/Cabra Crioula Sem Inf. Total

Branco 24 6 0 2 32

Pardo/Cabra 2 71 0 7 80

Crioulo 0 2 10 0 12

Sem Inf. 5 29 3 99 136

Total 31 108 13 108 260

Fonte: Ver texto.

Tabela 4

Padrão de homogamia segundo a raça/cor (%), Catas Altas do Mato Dentro, 1816-1850

Noiva

Noivo Branca Parda/Cabra Crioula Total

Branco 20,9 5,2 0,0 26,1

Pardo/Cabra 1,7 61,7 0,0 63,5

Crioulo 0,0 1,7 8,7 10,4

Total 22,6 68,7 8,7 100,0

Taxa total de homogamia 91,30%

Fonte: Ver texto.

A declaração de raça/cor nos documentos do passado brasileiros é bastante imprecisa. Ela expressa muito mais uma escala social do que uma origem racial, com a cor branca sendo o referencial superior da escala. Em outras palavras, a declaração da cor era muitas vezes influenciada pela posição social do indivíduo. Isso explica as inúmeras variações que às vezes encontramos quanto à cor de um mesmo indivíduo. Conforme o documento, uma pessoa encontra-se classificada como parda e, alguns anos depois, pode aparecer como branca.

Essas considerações levam a um entendimento peculiar do significado da homogamia aqui encontrada. Quando o pároco fazia o registro de casamento ou quando o juiz de paz construía sua lista de habitantes, eles poderiam tender a enxergar os cônjuges com a mesma raça/cor. Essa tendência seria muito mais uma expressão do desejo de harmonização social do que uma expressão da cor “real”, fenotípica, dos cônjuges. A homogamia seria mais uma construção social realizada no momento da constituição do casal do que a expressão de uma “realidade” racial.

A homogamia encontrada poderia não ser “real”, do ponto de vista de uma classificação rigorosa da origem. Entretanto, ela permaneceria como uma classificação social e expressaria uma forma de manutenção de grupos fechados. Em outras palavras, os valores encontrados expressam um desejo, realizado ou não, de manutenção de um padrão fortemente homogâmico na constituição racial dos casamentos.

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Outro componente interessante na compreensão da abertura ou não dessa sociedade seria a observação do padrão de mobilidade geográfica dos noivos. As Tabelas 5 e 6 apresentam os casais distribuídos segundo o local de nascimento dos noivos. Havia uma forte tendência ao casamento entre noivos da própria paróquia, mas é expressivo que 47% dos noivos e 30% das noivas tivessem nascido em outros locais. Devemos nos lembrar que já não vivemos mais o período da mineração e que a economia local agora seguia o ritmo lento da agricultura de abastecimento. Observar essa circulação de noivos diz muito sobre o padrão de ocupação do território mineiro, onde sempre prevaleceu uma forte mobilidade.

Tabela 5

Padrão de homogamia segundo o local de nascimento, Catas Altas do Mato Dentro, 1816-1850

Noivo Noiva

Paróquia de Outra

Residência Paróquia Sem Inf. Total Paróquia de Residência 35 7 2 44 Outra Paróquia 20 17 18 55 Sem Inf. 1 6 154 161 Total 56 30 174 260

Fonte: Ver texto.

Tabela 6

Padrão de homogamia segundo o local de nascimento, Catas Altas do Mato Dentro, 1816-1850

Noivo Noiva

Paróquia de Outra

Residência Paróquia Total

Paróquia de

Residência 44,3 8,9 53,2

Outra

Paróquia 25,3 21,5 46,8

Total 69,6 30,4 100,0

Fonte: Ver texto.

Por outro lado, essa mobilidade apresenta certos padrões. São sobretudo os noivos que circulam. Além de representarem um contingente maior que o das noivas, eles se casam indistintamente com noivas da própria paróquia (25,3% dos casos) ou de outros lugares (21,5%). Quando as noivas são de outra paróquia, elas se casam pouco com noivos nascidos na própria paróquia (8,9%). Talvez isso reflita um padrão uroxilocal, em que o casamento signifique a fixação da nova família no local de origem do noivo. Em outras palavras, muitos desses casamentos poderiam ser resultado não da migração do noivo, mas da busca de uma

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noiva em outra localidade e a volta para o seu local de origem. Esse é um tema, entretanto, que merece aprofundamentos posteriores.

A análise conjunta desse dois padrões (racial/de cor e geográfico) reforça a sensação de um fechamento dos grupos sociais ao elegerem seus parceiros. Além de buscarem se casar com pessoas da mesma raça/cor, que em outros termos pode significar também o status social, elas também tendiam a escolher os futuros esposos dentro do mesmo espaço geográfico. Embora se encontre poucos estudos de mobilidade espacial, pode-se comparar com alguns achados esparsos. Dribe e Lundh (2004) encontram valores bastante inferiores para a Suécia no século XIX. Segundo seus dados, apenas 17,4% dos casamentos observados ocorreram entre noivos nascidos na mesma localidade. 63,3% dos maridos e 65,9% das esposas nasceram em outros locais, demonstrando que a mobilidade atingia igualmente homens e mulheres. Para a França do século XVII, Collins (1991) afirma que a mobilidade social e espacial era considerável, em um patamar superior ao que estamos acostumados a considerar para o período. Bacellar (1997, p. 99-112), tratando dos grandes proprietários do Oeste paulista nos séculos XVIII e XIX, também chega a conclusões semelhantes . 68% dos homens e mulheres que formavam os casais reconstituídos nasceram na própria região. Para algumas localidades, a grande maioria permaneceu casada na vila em que nasceu. É surpreendente, portanto, que no Brasil, onde acredita-se viver uma situação de maior fluidez social e espacial, encontrem-se evidências contrárias.

Os casamentos e a mobilidade ocupacional

A observação da mobilidade ocupacional é muito mais complicada, dada a carência de dados. Os registros de casamento informam a ocupação dos noivos ou de seus pais apenas excepcionalmente. A busca desses dados nas listas nominativas de habitantes revelou-se penosa e pouco frutífera. Apenas para 16 casos foi possível encontrar as ocupações do pai do noivo e do pai da noiva, a partir das quais seria possível perceber a mobilidade conubial.

A Tabela 7 apresenta esses dados distribuídos segundo uma classificação simples das ocupações, determinada em grande medida pela precariedade dos dados encontrados. Não é possível fazer afirmações incisivas sobre o observado, mas é interessante que haja uma tendência do grupo de agricultores e mineradores a casarem entre si, bem como o grupo de trabalhadores especializados.

Chama a atenção, em todo caso, a pouca diversidade ocupacional dessa sociedade. Isso se liga, em primeiro lugar, às pequenas dimensões da localidade em estudo. Não há espaço para um conjunto grande de ocupações especializadas em uma realidade tão modesta. Entretanto, tal característica é um reflexo da precariedade do mercado de trabalho no Brasil da época, e que de certa maneira persiste até hoje.16

16 Sobre as dificuldades de se trabalhar com categorias sócio-profissionais no passado brasileiro, ver Nozoe e

Costa (1987), Libby (1988) e Paiva (1996). Sobre a mesma dificuldade no Brasil recente, ver Preteceille e Queiroz (1999).

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Tabela 7

Padrão de homogamia segundo a ocupação dos pais, Catas Altas do Mato Dentro, 1816-1850

Pai do Pai da Noiva

Noivo I II III IV Total

I 4 1 2 0 7

II 0 0 0 0 0

III 2 0 5 0 7

IV 0 0 2 0 2

Total 6 1 9 0 16

Fonte: Ver texto. Legenda:

I - Agricultura e Mineração II - Comércio

III - Trabalhador especializado VI - Trabalhador não-especializado Considerações Finais

O trabalho pretendeu apresentar evidências sobre as estratégias matrimoniais da população livre, tomando como foco a questão da mobilidade social. Concentrou-se no estudo de uma paróquia específica de Minas Gerais a fim de explorar de modo mais sistemático os registros paroquiais de casamento. Embora essa documentação seja bastante lacunar, ela parece ser a mais conveniente para se empreender uma investigação em escala mais ampla, especialmente porque abre a possibilidade de se comparar diferentes regiões brasileiras. Há, entretanto, a necessidade de se completar as informações com outras fontes de dados demográficos, especialmente as listas nominativas de habitantes.

Embora os dados apresentados sejam escassos, são visíveis alguns pontos interessantes. Há uma forte tendência à homogamia dentro da população, seja do ponto de vista social, seja do ponto de vista espacial. Quanto à mobilidade ocupacional, é difícil fazer afirmações com os dados disponíveis, embora se deva enfatizar os aspectos interessantes do passado brasileiro que esse tipo de estudo pode evidenciar.

Cabe ressaltar que o uso dos registros matrimoniais deixa de fora uma parcela significativa da população brasileira, já que uma característica marcante de nossa formação é a larga disseminação das uniões consensuais. Entretanto, isso não tira o mérito da abordagem, pois o casamento nessa sociedade continuava a ser o meio privilegiado de reprodução social.

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