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Influência do contexto sociocultural familiar na motivação para a prática desportiva

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Academic year: 2021

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INFLUÊNCIA DO CONTEXTO SOCIOCULTURAL FAMILIAR NA

MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DESPORTIVA

- Versão Final -

Relatório Final de Estágio

2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário

Ana Sofia Coelho Ferreira Gomes

Orientador Científico: Jorge Soares

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

INFLUÊNCIA DO CONTEXTO SOCIOCULTURAL FAMILIAR NA

MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DESPORTIVA

Relatório Final de Estágio

2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário

Ana Sofia Coelho Ferreira Gomes

Orientador Científico: Jorge Soares

Composição do Júri:

__________________________________________________________

__________________________________________________________

__________________________________________________________

__________________________________________________________

Vila Real, 2016

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Relatório elaborado com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, na Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, em conformidade com o Artigo 20.º, alínea b) do Decreto-Lei n.º 79/2014 de 14 de maio, sob a orientação do Professor Doutor Jorge Soares.

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Agradecimentos

Este ano de estágio foi sem dúvida o culminar de cinco anos de trabalho e dedicação na realização de um sonho. Esta foi a segunda etapa, concretizada, mais importante da minha vida e sem o apoio incondicional de determinadas pessoas não teria sido possível terminar com sucesso. Um especial agradecimento a todos, por fazerem de mim quem sou hoje.

A todos os Professores e Colegas da UTAD, que ao longo destes cinco anos, através das experiências vividas, permitiram o meu crescimento e enriquecimento pessoal e profissional, ao longo desta caminhada.

Ao meu Orientador Científico, Professor Doutor Jorge Soares, pela disponibilidade demonstrada e pela competente orientação científica deste trabalho. Sem as suas constantes correções e exigências e sem a sua constante presença e preocupação, a concretização deste documento não seria possível.

Ao meu Orientador Cooperante, Professor Carlos Cunha, por todo o incentivo, dedicação e apoio incondicional, pela partilha de conhecimentos e experiências e pela orientação pedagógica e capacidade crítica prestada ao longo do estágio pedagógico.

Aos Alunos, Funcionários e Professores da Escola Básica e Secundária de Arcozelo – Ponte de Lima, por toda a ajuda no processo de integração na escola, pela boa disposição, disponibilidade, conselhos e apoio prestados e pela amizade desenvolvida ao longo de todo o ano letivo.

Aos meus Pais, que são os principais responsáveis na realização deste sonho e sem dúvida que sem eles nada disto seria possível. Agradeço a oportunidade e a confiança que em mim depositaram para me possibilitarem um futuro melhor. Agradeço todos os dias pelo trabalho, esforço e dedicação que fizeram, pois sei que ao longo destes cinco anos nem todas as alturas foram boas e nem sempre o sol brilhou. Agradeço por todo o apoio prestado, pela pessoa que sou e pelo enorme orgulho que sentem por mim. São os pilares da minha vida e sem vocês não teria tido forças para seguir em frente.

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Ao meu Irmão, que apesar de ser mais novo sempre me deu forças para continuar. Esteve sempre presente nas fases mais complicadas, ajudava sempre que precisava e tinha sempre a palavra certa para me dizer, mesmo que fosse um disparate, só para me fazer rir.

Aos meus Avós, que à maneira deles e de forma humilde demonstraram sempre preocupação, prestaram sempre apoio e me deram forças todos os dias. Agradeço especialmente ao Avô António pela preocupação diária incessante, pelas saquinhas semanais que me oferecia, pelo orgulho que sente e por todas as palavras e conselhos que me dava.

Aos meus Amigos, que são a família que podemos escolher e que sem dúvida me apoiaram e estiveram presentes nos bons e nos maus momentos, ao longo deste percurso.

Aos meus Colegas de Estágio Ana Catarina Almeida e José Pita, pela amizade e confiança construídas e pelo espírito de entreajuda e cooperação desenvolvidos neste percurso.

Ao meu Namorado e Amigo Olavo Carneiro, pelo apoio, ajuda, motivação, paciência e carinho demonstrado na concretização desta etapa.

À minha Amiga e vizinha D. Laida, que se tornou uma terceira avó e ganhou uma neta, agradeço as palavras de carinho e a preocupação contínua demonstrada.

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Resumo

O presente relatório foi realizado no âmbito da Unidade Curricular de Estagio I e II, inserida no plano de estudos do 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Este documento é apresentado como um requisito para a obtenção do grau de Mestre, cumprindo o estipulado no artigo 10º, que diz respeito às Normas Regulamentares dos 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Supervisor, Professor Jorge Soares.

Ao longo deste relatório foram abordados todos os procedimentos inerentes ao estágio pedagógico, que realizei na Escola Básica e Secundária de Arcozelo durante o ano letivo 2015/2016. No decorrer de todo este tempo contei com a orientação e supervisão do Orientador Cooperante Carlos Cunha e tive como colegas de estágio a Professora Estagiária Ana Almeida e o Professor Estagiário José Pita.

Este documento encontra-se dividido em dois capítulos. O capítulo I relata a experiência vivida enquanto professora estagiária, através de uma reflexão crítica e de uma descrição minuciosa de todo o percurso realizado. E o capítulo II, de caráter científico, apresenta um estudo elaborado em paralelo com o estágio pedagógico, efetuado com os alunos da Escola Básica e Secundária de Arcozelo – Ponte de Lima.

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Abstract

The present report was made within the subject of Teaching Practice I and II Course, in the plan of studies of the 2nd Cicle of Teaching Physical Education at Basic and Secondary Level, from Tras os montes e Alto Douro University. This document is presented as a requirement to obtain the Masters degree, fulfilling the criteria from article 10 as far as Regulations from 2nd Cicle of Studies at UTAD Teaching Course is concerned, under the supervision of the Professor Jorge Soares.

Along this report we have addressed all the procedures inherent in teaching practice that took place in Basic and Secondary School of Arcozelo during the school year. During all this time i was oriented and supervised by the cooperative Advisor Carlos Cunha and found as my colleagues trainee teachers Ana Almeida and José Pita.

This document is divided in two chapters. Chapter I reports the experience lived as teacher trainee, through a critical reflection and a detailed description of all the path taken. Chapter II has a scientific character and presents the sudy carried out in parallel with the teaching practice that took place with the students at Basic and Secondary School of Arcozelo, Ponte de Lima.

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Índice

Agradecimentos ... V Resumo ... VII Abstract ... VIII Introdução ... 12 Capítulo I ... 14

1. Expectativas em Relação ao Estágio ... 15

2. Descrição das Atividades Desenvolvidas ... 16

2.1. Planeamento Anual ... 16

2.2. Unidades Didáticas ... 18

2.3. Planos de Aula ... 19

2.4. Práticas de Ensino Supervisionadas ... 20

2.5. Desporto Escolar ... 22

2.6. Atividades do Grupo de Educação Física ... 23

3. Dificuldades Sentidas e Formas de Resolução ... 25

4. Conclusões referentes ao Estágio Pedagógico ... 28

4.1. Impacto do Estágio/Núcleo na realidade do contexto Escolar ... 28

4.2. Experiência Pessoal e Profissional ... 29

Capítulo II ... 31 Resumo ... 32 Abstract ... 33 1. Introdução ... 34 2. Metodologia ... 39 2.1. Amostra ... 39 2.2. Instrumentos ... 39 2.3. Procedimentos ... 39 2.4. Análise Estatística ... 40 3. Apresentação de Resultados ... 41 4. Discussão de Resultados ... 48 5. Conclusões ... 53

6. Limitações do Estudo e Perspetivas Futuras ... 55

Referências Bibliográficas ... 56

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Análise descritiva em função dos itens do QMAD ...41

Tabela 2. Análise descritiva em função das dimensões do QMAD ...42

Tabela 3. Análise comparativa das dimensões do QMAD em função do sexo ...43

Tabela 4. Análise comparativa dos itens do QMAD em função do sexo ...43

Tabela 5. Análise comparativa das dimensões do QMAD em função das Habilitações Literárias dos pais ...44

Tabela 6. Análise comparativa dos itens do QMAD em função das Habilitações Literárias dos pais ...44

Tabela 7. Análise comparativa das dimensões do QMAD em função do Nível Socioeconómico ...45

Tabela 8. Análise comparativa dos itens do QMAD em função do Nível Socioeconómico ....45

Tabela 9. Análise comparativa das dimensões do QMAD em função do Passado Desportivo do Pai ...46

Tabela 10. Análise comparativa dos itens do QMAD em função do Passado Desportivo do Pai ...46

Tabela 11. Análise comparativa das dimensões do QMAD em função do Passado Desportivo da Mãe ...47

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Índice de Abreviaturas

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro DEP – Departamento de Educação e Psicologia ECHS – Escola de Ciências Humanas e Sociais PES – Prática de Ensino Supervisionada

DE – Desporto Escolar UD – Unidades Didática

NEE – Necessidades Educativas Especiais AF – Atividade Física

OMS – Organização Mundial de Saúde

QMAD – Questionário de Motivação para as Atividades Desportivas

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Introdução

“A educação é o maior e mais difícil problema imposto ao homem” Immanuel Kant

O estágio pedagógico é parte integrante da formação de professores. Quando se fala em querer ser professor, é necessário refletir intensamente sobre essa opção e se é realmente isso que se quer para o futuro. Segundo Kizilaslan (2010) existem três razões para que os alunos queiram seguir a profissão de docente: razões altruístas, razões intrínsecas e razões extrínsecas. A primeira está relacionada ao desejo de ajudar as crianças e ao facto de ser considerada uma profissão importante e útil para a sociedade. No que concerne às razões intrínsecas, como o próprio nome indica, diz respeito a questões pessoais como o de transmitir conhecimentos adquiridos e ensinar as crianças. Por último, as razões extrínsecas estão associadas aos benefícios da própria profissão incluindo o largo tempo de férias e os salários mensais.

Ser professor tem tanto de maravilhoso e excecional como de custoso e perturbador, pois para além de se interagir diariamente com crianças e adolescentes de diferentes classes sociais, é também necessário saber lidar com os seus encarregados de educação. Assim, os professores exercem uma das influências mais importantes na vida e no desenvolvimento de diversas crianças, desempenhando um papel essencial na formação das gerações futuras (Fullan M. e Hargreaves A., 2000).

São muitas as razões que levam o aluno a querer ser professor e é durante o estágio pedagógico que muitos desses desejos são postos à prova. O estágio pedagógico exige do professor estagiário o máximo esforço, empenho, concentração e dedicação, para que a tarefa a que se propôs seja desempenhada com a máxima eficácia, aplicando tudo aquilo que vivenciou e aprendeu durante o seu percurso académico. Para além disto, é também durante o estágio pedagógico que se adquirem novas e valiosas aprendizagens e experiências, para o desenvolvimento de competências essenciais ao processo de ensino-aprendizagem.

Para Caires e Almeida (1997), o estágio pedagógico pode ser considerado como uma fase de transição. Para além de permitir a mobilização e aplicação de conhecimentos e saberes adquiridos ao longo de toda a formação académica para a prática pedagógica, também vai possibilitar, ao professor estagiário, aumentar e alargar o baú de conhecimentos, a inserção no meio escolar e a identificação das áreas de desempenho a aperfeiçoar.

O estágio pedagógico assume um papel importante e surge como forma de preparar o professor estagiário para o seu futuro profissional. Para Jesus (1996) existem algumas

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para ganhos de confiança de dedicação, a fase de maior necessidade de aprendizagem e fase inicial de prática profissional.

Neste sentido, o presente documento foi realizado no âmbito da unidade curricular de Estágio I e II, inserida no plano de estudos do 2º ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, durante o ano letivo 2015/2016 e encontra-se dividido em dois capítulos.

O capítulo I relata a experiência vivida enquanto professora estagiária na Escola Básica e Secundária de Arcozelo – Ponte de Lima, sob a orientação do orientador cooperante Carlos Cunha. Aqui estão presentes as expectativas iniciais em relação ao estágio, a descrição das atividade desenvolvidas ao longo do ano letivo, as dificuldades sentidas e formas de resolução e as conclusões referentes ao respetivo estágio pedagógico.

O capítulo II, de caráter científico, apresenta um estudo elaborado em paralelo com o estágio pedagógico, cujo tema dá título a este documento.

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Capítulo I

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1. Expectativas em Relação ao Estágio

A oferta educativa do Desporto escolar, na escola que frequentei, era razoável, fazendo com que o interesse pela prática desportiva despertasse muito cedo. Contudo, nessa altura ainda não tinha bem presente qual a profissão que queria exercer no futuro.

Com o passar dos anos, as dúvidas foram surgindo e aquilo que tinha dado como certo já não o era. A área da docência era algo que me cativava e fazia procurar respostas para as minhas curiosidades, principalmente no que dizia respeito ao professor de Educação Física. Fascinava-me a forma como o docente motivava os alunos, como ensinava e partilhava conhecimentos, como interagia com a turma e sobretudo a evolução individual de cada aluno no final de cada período. A dada altura percebi que a profissão que queria exercer no futuro era a de professora de Educação Física. Quando chegou a altura do concurso universitário e mesmo sabendo a atual situação do país face à Educação, a decisão permaneceu intacta, na esperança de que no futuro terei lugar no corpo docente de uma escola.

Ao longo de toda a licenciatura e no primeiro ano do 2º ciclo de estudos, foram adquiridos conhecimentos e competências técnicas que são parte integrante da formação de um professor. As aulas que lecionamos durante este período tinham um tempo reduzido, os alunos eram os nossos colegas de turma, a realidade era aquela a que estávamos habituados e a noção de ambiente de escola estava longe de estar presente. Assim, após quatro anos de muita parte teórica e alguma parte prática chega a altura de lidar com a realidade que tanto esperava e aplicar tudo aquilo que aprendi ao longo do meu percurso académico. Nos meses após saber qual o núcleo de estágio em que estava inserida, as emoções cresciam de dia para dia e aliada a elas estava a curiosidade em saber como ia ser lidar com um mundo novo. Muitas vezes dava por mim a questionar como seria a entrada na escola enquanto professora, o impacto com “verdadeiros alunos”, a relação com os restantes colegas docentes e vivenciar de perto os problemas da escola e familiares dos alunos.

Apesar de não ser natural de Ponte de Lima, já tinha conhecimento de que a escola estava localizada numa zona mais rural, fazendo com que a expectativa e a motivação fossem crescendo à medida que se aproximava a data de início das aulas. Trabalhar de perto com esta população, era algo que me suscitava alguma curiosidade, principalmente que tipo de estratégias é que ia utilizar e como é que o ia fazer. Ao mesmo tempo que pensava que tinha de fazer tudo bem e sem erros, sabia que ia ser impossível porque era uma situação nova, ao qual não estava habituada. Então, estava ciente de que ia errar muitas vezes, mas era com os erros que ia aprender e melhorar a minha intervenção enquanto professora.

O Estágio Pedagógico envolve uma inversão de papéis. Passámos de alunos para professores e carregamos connosco preocupações e responsabilidades perante a população

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com quem vamos trabalhar. O estágio, para além de ser obrigatório para concluir o 2º ciclo de estudos, é também importante para conseguirmos perceber a vida da escola e todos os processos que a envolvem.

No dia 1 de Setembro de 2015, o Núcleo de Estágio da Escola Básica e Secundária de Arcozelo – Ponte de Lima foi apresentado à escola como professores estagiários de Educação Física. Neste dia, senti que era professora e que estava na hora de responder como tal. Sentia-me bastante confiante, motivada e pronta para trabalhar.

Nas primeiras reuniões que tivemos com o orientador cooperante, ficou definido tudo aquilo que ia ser feito ao longo do ano letivo e a tarefa que cada um de nós tinha de desempenhar. A partir daqui, encarei o estágio pedagógico como uma oportunidade em que podia aprender sempre mais e todos os dias, tanto a observar as aulas do orientador cooperante e dos meus colegas, como a lecionar as minhas aulas. Isto porque, iam haver reuniões todos as semanas, onde o orientador cooperante fazia um relato das práticas de ensino supervisionadas, apontando as intervenções boas e menos boas e sugerindo estratégias para sermos sempre melhores.

Para além de sermos um núcleo de estágio, somos todos amigos e temos uma boa relação. Podemos aprender com os erros uns dos outros e dar sugestões para melhorarmos a nossa intervenção. Como um grupo que somos, definimos estratégias e objetivos em conjunto e podíamos contar com o apoio uns dos outros sempre que alguma dúvida surgisse.

Antes de começar a lecionar, o núcleo teve duas semanas a observar as aulas do orientador cooperante. Durante este tempo a ansiedade era cada vez maior e o medo de como me dirigir aos alunos surgiu. Rapidamente percebi que esse era um sentimento comum entre os três e só poderia ser combatido com a entreajuda.

Com tudo isto, iniciei o estágio pedagógico expectante, motivada, confiante e empenhada, com a certeza de que com esforço, dedicação e trabalho diário tudo correria da melhor forma e o sucesso iria surgir no final desta tão grande etapa.

2. Descrição das Atividades Desenvolvidas

2.1. Planeamento Anual

O planeamento é uma reflexão minuciosa e detalhada sobre a direção e o controlo do processo de ensino de uma determinada disciplina, sendo necessária a relação entre a metodologia/didática específica e os respetivos programas (Bento, 1987). Para Martinez e Oliveira (1997) o planeamento é um processo de previsão daquilo que será necessário cumprir e utilizar, tendo em conta o material e recursos humanos disponíveis, a fim de alcançar

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objetivos concretos em prazos determinados e em etapas definidas, a partir do conhecimento e avaliação científica da situação original.

O planeamento escolar é um procedimento de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social (Libâneo, 2001). Para Bossle (2002), planeamento do ensino é uma construção orientadora da ação docente, com o objetivo de organizar e direcionar a prática para que esta se torne coerente e com objetivos definidos.

“A planificação do processo educativo é extremamente complexa, pluridimensional e multiforme, dependendo também de condições diversas” (Bento, 1999). Assim, para que o ensino seja eficaz e para que se obtenham bons resultados, o planeamento tem de ser rigoroso, pormenorizado e sobretudo que vá ao encontro das necessidades dos alunos.

Na primeira reunião com o grupo de Educação Física, ficou definido o documento portador do planeamento anual desta disciplina. Com ele, foram abordadas características envolventes do meio, da escola e das turmas e ficaram definidas estratégias e objetivos que servirão de suporte e orientação para a prática pedagógica deste ano letivo. É importante referir que o Núcleo de Estágio achou curioso e interessante existirem modalidades, não muito comuns, a serem abordadas, como a Dança, a Patinagem e a Canoagem. Para lecionar Dança, a escola tem uma sala de ginástica, devidamente equipada com sistema de som. No caso da Patinagem, a escola possui um número de patins adequado à quantidade de alunos existentes por cada turma. Por último, relativamente à canoagem, há um protocolo existente entre a escola e o Clube Náutico de Ponte de Lima, que permite aos alunos vivências e experiências desta modalidade.

Com o planeamento anual definido, as reuniões do Núcleo de Estágio que se seguiram, serviram para fazer uma análise mais profunda da escola, bem como conhecer os seus objetivos e a forma como estava organizada e estruturada. Para tal, o orientador cooperante fez referência ao Conselho Geral, Conselho Pedagógico e Direção de Agrupamento e fez uma pequena caracterização sobre os documentos estruturantes da escola, como o Projeto Educativo, o Projeto Curricular de Agrupamento e o Regulamento Interno. De seguida, foi necessário definir as datas das observações às aulas do orientador cooperante e calendarizar as PES (Práticas de Ensino Supervisionadas). Neste último, ficaram definidas as matérias de ensino a abordar, a ordem das turmas a lecionar atribuídas a cada professor estagiário e o início e término das PES.

É importante referir que o Planeamento Anual realizado no início do ano letivo é meio caminho percorrido para o sucesso no processo de ensino-aprendizagem. Isto porque conhecemos as modalidades a serem abordadas, eliminando dúvidas existentes

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relativamente a cada uma e podemos definir estratégias gerais adaptando-as, posteriormente, a cada turma.

Segundo Aranha (2004), o planeamento está dividido em três fases: a fase da conceção, a fase da aplicação ou execução e a fase de controlo/avaliação. A primeira fase consiste em selecionar, definir e estruturar objetivos e estratégias; na segunda fase aplica-se aquilo que foi planeado; a terceira e última fase avalia o que se planeou, desde a conceção, consecução e produto final.

É possível concluir que todo o processo de planeamento foi muito importante e respeitou as três fases acima referidas, permitindo definir novas decisões para novos episódios de ensino.

2.2. Unidades Didáticas

“As Unidades Didáticas são partes fundamentais do programa de uma disciplina, na medida que apresentam quer aos professores quer aos alunos, etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem.” (Bento, 2003)

A Unidade Didática é uma forma de planificar e organizar o processo de ensino-aprendizagem, devendo ter sempre em conta todos os conteúdos e objetivos presentes no programa de Educação Física, em função do ano de escolaridade e da turma. Assim, é necessário que a sua elaboração seja cuidadosa e minuciosa e que haja conhecimento dos recursos humanos, materiais e espaciais.

Na construção de uma Unidade Didática, deve-se ter em atenção a sua estrutura e planeamento, devendo ter uma sequência lógia e metodológica dos conteúdos. Cada unidade de ensino representa uma função específica, onde os objetivos têm de ser claros e a abordagem adequada. Assim, o desenvolvimento e elaboração das Unidades Didáticas, durante o estágio, seguiu as orientações da professora Ágata Aranha explicitadas na sebenta “Série Didática 47: Organização, Planeamento e Avaliação em Educação Física”.

As Unidades Didáticas foram realizadas tendo por base a calendarização das PES e respetivas modalidades. Estas eram elaboradas antes da introdução de uma nova modalidade e depois de concluídas eram entregues ao orientador cooperante e submetidas à sua análise e aprovação. O orientador cooperante sempre se demonstrou disponível e com o seu espírito crítico ajudava a perceber se as nossas opções eram as mais acertadas. Para tal, sugeria que mantivéssemos o que estava planeado ou que alterássemos segundo as suas indicações, para que a aula decorresse de forma fluida e sem entraves, para melhor desempenho e aprendizagem dos alunos.

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As Unidades Didáticas que desenvolvi ao longo de todo o ano letivo foram as de Ginástica Acrobática, Atletismo – lançamentos e saltos, Badmínton (9º e 12º ano), Andebol e Atletismo – corridas. De todas, a que sofreu mais alterações e suscitou mais trabalho da minha parte, foi a modalidade de atletismo, que devido às condições meteorológicas teve de ser lecionada em 1/3 do pavilhão polidesportivo.

Em todas as Unidades Didáticas, o objetivo específico da primeira aula era sempre a avaliação diagnóstica. Com esta avaliação conseguia perceber em que nível estavam os alunos e a partir daí definia estratégias para que, de aula para aula, se alcançassem os objetivos e resultados desejados. No caso da última aula de cada Unidade Didática, o objetivo específico era sempre a avaliação sumativa. Este tipo de avaliação, por ser de caráter contínuo permitiu-me controlar todo o processo de ensino-aprendizagem, com a ajuda de uma observação constante e sistemática.

Com a exceção de situações pontuais, nomeadamente em relação à organização, tudo o que estava definido nas Unidades Didáticas foi cumprido durante a realização das aulas. Todas as aulas eram planeadas tendo em conta os objetivos da aula anterior e os objetivos e extensão dos conteúdos, da aula seguinte.

2.3. Planos de Aula

No que diz respeito ao planeamento, o plano de aula é o último passo a ser dado e está diretamente relacionado com o êxito no processo de ensino-aprendizagem. O sucesso de uma aula está intimamente ligado à realização prévia de um plano de aula, pois só assim ela poderá decorrer com organização, fluidez, de forma coerente e segura e sem improvisos.

De um modo geral, o plano de aula tem de ostentar uma estrutura correta, metodológica e pedagógica, apresentando um encandeamento progressivo e sequencial das várias fases da aula, tendo em conta os objetivos e conteúdos previstos. Bento (2003) refere que a boa preparação da aula está associada ao seu sucesso. Assim, é necessário que durante a realização do plano de aula se tenha em atenção o tipo de exercícios a desenvolver e se estão diretamente relacionados com o objetivo, o tempo estipulado para cada exercício, as estratégias a serem utilizadas, a organização da turma no espaço de aula e sobretudo adaptar o plano à população com que se vai trabalhar. O mesmo autor diz que o plano de aula é o verdadeiro ponto de convergência entre o pensamento e a ação do professor.

Tal como o nome indica, o plano de aula é apenas um plano, que a qualquer momento, por razões várias, pode deixar de ser cumprido. Quando o decorrer normal de uma aula é interrompido ou afetado, a capacidade de adaptação e de improviso é essencial, sendo

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necessário tomar decisões de forma a potenciar e manter a aula em condições ‘normais’, visando sempre o melhor para os alunos.

A estrutura dos planos de aula foi sempre a mesma, seguindo as normas da professora Ágata Aranha explicitadas na sebenta “Série Didática 47: Organização, Planeamento e

Avaliação em Educação Física”. Foi na elaboração dos planos de aula que despendi mais

tempo e atenção, sendo que inicialmente a tarefa era mais demorada. Pretendi que as aulas fossem sempre ativas (bom tempo de empenhamento motor), produtivas, agradáveis e sobretudo que potenciassem a evolução na aprendizagem dos alunos. Para tal, evoluía de dia para dia com os erros que cometia, através das intervenções e conselhos do orientador cooperante e reflexões partilhadas com os meus colegas estagiários.

As três turmas que lecionei eram todas diferentes, apesar de duas delas serem do mesmo ano. Sempre que era possível preocupava-me em reformular os exercícios sempre que necessário, acrescentando condicionantes e experimentando diferentes estratégias de ensino de modo a promover a competição, aumentar a motivação e potenciar as capacidades da turma. Tudo isto era feito tendo em conta os alunos, pois o principal objetivo era que eles absorvessem o máximo de aprendizagens.

Este é um processo pelo qual qualquer professor estagiário passa e que nos ajuda a crescer enquanto docentes. Como há matérias que não dominava tão bem, o momento da elaboração dos planos de aula estava sempre acompanhado por trabalho de pesquisa, permitindo aumentar as minhas aprendizagens e conhecimentos. Consegui ultrapassar as minhas dificuldades e ajustar todo o planeamento à realidade da aula, intervindo de forma adequada em função das situações problema que foram surgindo de aula para aula.

É importante referir que todos os planos realizados seguiram o que estava estipulado nas Unidades Didáticas, respeitando a sequência de conteúdos e objetivos específicos. No entanto estavam sempre sujeitos a alterações com o decorrer das aulas e a progressão dos alunos.

A aula, para mim, só termina quando o seu balanço é feito. Este constitui uma reflexão crítica de todas as decisões que tomamos e tudo aquilo que fazemos na aula, tendo em conta o que estava no plano de aula. É uma oportunidade para refletirmos e tomarmos decisões sobre manter ou mudar as nossas estratégias de ensino.

2.4. Práticas de Ensino Supervisionadas

É neste parâmetro que se centra a realidade que tanto ansiava e ao mesmo tempo receava. A prática de ensino supervisionada (PES) tem como principal objetivo analisar e

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avaliar os comportamentos do professor estagiário, em especial as ações e intervenções, através da observação das suas aulas.

Todo o processo de orientação/supervisão da prática pedagógica envolve, neste caso, a colaboração do orientador cooperante e de três professores estagiários, numa dinâmica eficaz e exigente. A PES representa a realidade educativa para a qual nos preparámos e simulamos durante todo o primeiro ano do 2º ciclo de estudos. Assumimos o papel de professor de educação física perante a turma e todas as responsabilidades a ele associadas. Este confronto com a realidade foi atenuando, não só à medida que lecionava as aulas, mas também através das observações e indicações do orientador cooperante e dos meus colegas do núcleo de estágio.

A observação é uma capacidade indispensável a qualquer professor ou treinador sendo, entre outras, importante na análise e avaliação da atividade do professor (Ágata, 2007). Para a mesma autora, observar leva à identificação de prestações mais e menos eficazes, permitindo aperfeiçoar toda a atividade prestada. Como a observação das aulas é utilizada no apoio à formação de professores, é possível obter melhores resultados no processo de ensino-aprendizagem.

Em reunião de núcleo, ficou estipulado que os professores estagiários assumiam as três turmas (duas de 9º ano e uma de 12º ano) do orientador cooperante. Assim, e para que pudéssemos passar pelas três turmas, fomos rodando pelas mesmas, durante o ano letivo.

Nas primeiras duas semanas de aulas procedemos à realização dos vinte relatórios de observação das aulas do orientador cooperante. Este processo inicial permitiu que, a cada aula que observava, me sentisse mais capaz e confiante de assumir uma turma. Isto porque, era possível observar todas as intervenções e estratégias em diferentes momentos e situações, aumentando a minha bagagem de conhecimentos.

Em todas as quarenta e seis PES havia sempre algo novo a aprender e algum erro a corrigir, pois só com os erros é que se aprende. Assim, todas as aulas tinham objetivos pessoais diferentes para se cumprir e o mesmo erro não podia ser cometido duas vezes.

É importante referir que as reuniões semanais de núcleo foram bastante benéficas para o desenvolvimento positivo de todo este processo. O orientador cooperante expunha de forma individual a prestação de cada professor estagiário e realizava uma discussão saudável sobre situações pontuais de cada aula, sugerindo soluções para correção e melhoria das mesmas. Como forma de nos fazer crescer enquanto professores, o orientador cooperante sempre favoreceu a autonomia e a capacidade de reflexão e depositava confiança para assumirmos de forma pessoal a melhor estratégia para lidar com as diferentes situações.

Não menos importantes que os juízos do orientador eram as observações realizadas pelos meus colegas de estágio. A junção dos três pareceres era fundamental para que, de

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aula para aula, a vontade de ser sempre mais e melhor crescesse e o desânimo nunca aparecesse.

Por fim, convém referir que o ano de estágio leva a uma grande proximidade com o orientador cooperante, pois sempre que surgem dúvidas e dificuldades é a ele que nos dirigimos e é com ele que lidamos diariamente. Com o passar do tempo, essa proximidade foi crescendo permitindo que assuntos que não tivéssemos tão à vontade, fossem tratados com a devida seriedade e que sentimentos de incerteza e insegurança fossem extintos, tornando o estágio pedagógico bastante enriquecedor. Com tudo isto, sinto que cresci não só enquanto professora de Educação Física, mas também como pessoa.

2.5. Desporto Escolar

O aluno é a base do sistema educativo e a escola é apenas uma via institucional de acesso à educação e à prática de atividades desportivas. Deste último fazem parte a Educação Física e o Desporto Escolar (DE).

O DE é uma atividade extracurricular destinada a todos os alunos que a queiram praticar e tem vindo a ocupar um espaço cada vez maior e mais importante na vida escolar dos alunos e da escola.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 95/91 de 26 de Fevereiro, secção II, artigo 5º do Regime Jurídico da Educação Física e do Desporto Escolar, DE está definido como “o conjunto das práticas lúdico-desportivas e de formação com objeto desportivo desenvolvidas como complemento curricular e ocupação dos tempos livres, num regime de liberdade de participação e de escolha, integradas no plano de atividade da escola e coordenadas no âmbito do sistema educativo”. Ainda de acordo com este documento “o Desporto Escolar deve basear-se num sistema aberto de modalidades e de práticas desportivas que serão organizadas de modo a integrar harmoniosamente as dimensões próprias desta atividade, designadamente o ensino, o treino, a recreação e a competição”.

Bento (1989) considera que através do DE são abertas e criadas oportunidades para uma ação orientada e organizada, para atividades autónomas e espontâneas, para competições intra e inter escolas e fomento e desenvolvimento de talentos.

Nas primeiras reuniões de início do ano letivo o orientador cooperante apresentou e forneceu informações sobre os grupos/equipa que fazem parte do DE da escola e explicou de forma sucinta como o mesmo estava organizado. Ao longo do ano, semanalmente, eram recebidas atualizações dos diversos grupos/equipa e respetivas competições.

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fim-assumisse um grupo/equipa, visto termos os sábados ocupados com outras tarefas extraescola. Contudo, esta incompatibilidade de horários não foi levada em consideração quando as competições eram realizadas durante a semana.

Foram várias as atividades do DE em que tivemos uma participação ativa, tanto na sua organização como realização. Delas fizeram parte o Corta-Mato na escola, para apuramento para a fase distrital; o Corta-Mato distrital; o Mega Sprint distrital; o Encontro Regional de Desporto Escolar Adaptado; e o Encerramento do Desporto Escolar da escola. Em algumas destas atividades foi necessária a deslocação de autocarro para o local da competição, que requeria o máximo de cuidado com os alunos e o máximo de atenção e responsabilidade da nossa parte.

Todas estas vivências foram marcantes e essenciais para absorver o máximo de aprendizagens possíveis, aumentar a minha bagagem de conhecimentos e crescer enquanto pessoa e como profissional da educação física, nomeadamente em atividades extra curriculares.

2.6. Atividades do Grupo de Educação Física

As atividades realizadas ao longo do ano foram várias e estavam inseridas no planeamento anual de atividades. Em algumas delas o núcleo de estágio teve uma participação principal e noutras um papel mais secundário. Independentemente destas duas situações, o máximo empenho e atitude eram tidos sempre em consideração para que tudo decorresse pelo melhor e como planeado, tendo sempre como um dos principais objetivos o bem-estar dos alunos.

A participação nestas atividades foi, pessoalmente, um dos pontos altos da nossa passagem pela Escola Básica e Secundária de Arcozelo, enquanto professores estagiários. Isto porque, para além de permitir o desenvolvimento e promoção de atividades de raiz para toda a comunidade educativa, fomentou a interação, cooperação e trabalho em conjunto com os restantes professores de educação física da escola.

A participação do núcleo de estágio nestas atividades começou pela organização do Corta-Mato escolar, juntamente com as festividades do dia de São Martinho. No que diz respeito à parte da manhã (corta-mato) a nossa função passou pela logística do evento, preparação do pódio, organização e distribuição dos dorsais, sinalização do percurso, aquecimento dos alunos, registo das chegadas à meta e distribuição de lanches e águas. Relativamente à parte da tarde (festividades do dia de São Martinho – Magusto) foi-nos atribuída a função de dinamizar algumas das estações dos jogos tradicionais, no campo exterior.

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O orientador cooperante propôs-nos, em reunião, a organização integral do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, a 3 de Dezembro de 2015. Esta proposta foi abraçada com entusiasmo e o núcleo estava ciente que esta tarefa iria exigir grande empenho e dedicação. Primeiramente foi realizado um projeto da atividade, seguido da elaboração de cartazes e pedido de material à AAPEL (Associação dos Amigos da Pessoa Especial Limiana). O evento decorreu no pavilhão polidesportivo da escola e destinava-se às turmas que tivessem educação física entre as 10h15 e as 11h55 desse dia, a alunos interessados em participar e a toda a comunidade educativa. A atividade estava dividida em duas partes, sendo uma teórica e outra prática. A parte teórica foi abordada pelo professor Fernando Agostinho, através da visualização de um filme e seguidamente o núcleo de estágio fez uma apresentação em power point, explicando de forma sucinta as modalidades a serem executadas. Após o esclarecimento daquilo que era pretendido, os alunos foram encaminhados para a parte prática, em que podiam experimentar as modalidades de Goalball, Boccia, Ténis de Mesa Sentado e Voleibol Sentado. Esta tarefa foi totalmente organizada pelo núcleo de estágio, mas pode contar com toda a ajuda e colaboração dos restantes professores do grupo de educação física.

Na penúltima semana de estágio, o orientador cooperante propôs-nos a lecionação de uma aula de educação física a alunos do 4º ano de escolaridade pertencentes ao Centro Educativo das Lagoas. A proposta foi aceite de imediato, pois era uma boa oportunidade de lecionar junto dos mais novos e ter uma noção de como lidar com essas idades.

Para além das atividades acima mencionadas, o núcleo de estágio esteve presente no Mega Sprint e Corta-Mato distrital, na Atividade da Semana da Saúde e no Encontro Regional de Desporto Escolar Adaptado. Em todas elas, cada elemento do grupo de educação física estava encarregue de uma função, tendo de ser desempenhada com o máximo de rigor, uma vez que acima de tudo estava o bem-estar dos alunos.

Por fim, as duas últimas atividades em que o núcleo de estágio esteve presente, foram o Encerramento do Desporto Escolar e o Arraial de Final de Aulas. Na primeira atividade cada professor estava encarregue por um grupo de alunos, sendo responsável por todas as suas decisões. Na segunda tarefa, o grupo de educação física estava responsável pelo serviço de bar, neste que foi um evento aberto a toda a comunidade, tanto escolar como da vila.

Todas estas experiências foram valiosas para o meu futuro profissional e pessoal, pois permitiram desenvolver competências e capacidades fora do contexto de aula.

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3. Dificuldades Sentidas e Formas de Resolução

O estágio pedagógico é determinante no processo de formação e evolução de qualquer professor estagiário e confere a possibilidade de nos tornarmos profissionais da educação física, de uma forma progressiva e acompanhada. O estágio pedagógico é o melhor meio para “aprender a ensinar” e é durante esta fase que cometemos erros, tendo a oportunidade de aprender com eles. Para Andrade (2005) “o estágio é uma importante parte integradora do currículo, a parte em que o estagiário vai assumir pela primeira vez a sua identidade profissional e sentir na pele o compromisso com o aluno, com a sua família, com a sua comunidade e com a instituição escolar”.

Ao longo de todo o ano letivo foram encontrados muitos obstáculos e sentidas diversas dificuldades, principalmente quando iniciei esta caminhada enquanto professora estagiária. De acordo com Caires (2006) o estágio pedagógico é um processo rico e complexo onde os estagiários enfrentam várias dificuldades, especialmente na fase inicial do mesmo. Contudo, estas adversidades foram ultrapassadas com a ajuda dos meus colegas do núcleo de estágio e sobretudo com a ajuda do orientador cooperante, pois sem ele a maioria das dúvidas não tinham sido esclarecidas e os erros continuavam a ser cometidos. Segundo Onofre (1996) “através da supervisão, os professores menos experientes podem aumentar a sua capacidade de análise, reflexão e compreensão do ensino”.

A primeira turma que lecionei foi o 9ºA, composta por 19 alunos. Esta era uma turma pautada por alunos com necessidades educativas especiais (NEE), algum défice de atenção e sobretudo com comportamentos irrequietos, agitados e barulhentos. Quando lecionei a UD de Ginástica Acrobática percebi que a estratégia que estava a utilizar na organização estava a resultar, mas a minha postura tinha de mudar, de forma a reduzir o barulho na aula. Assim, tinha de manter uma postura assertiva e estar em supervisão constante de forma a não dar espaço a abusos, por parte dos alunos.

A segunda grande dificuldade prendeu-se com a lecionação da UD de Atletismo – Saltos e Lançamentos, à turma do 9ºA. No planeamento da UD estava definido que as aulas iriam ser lecionadas no campo exterior, mas devido às condições meteorológicas, lecionei todas as aulas em 1/3 do pavilhão polidesportivo. Esta alteração interferiu de forma significativa em todas as estratégias que tinham sido previamente definidas no planeamento. Assim, as dificuldades prenderam-se em organizar a aula com todo o material em apenas 1/3 do pavilhão, controlar os grupos que realizavam tarefas diferentes e controlar o tempo de empenhamento motor dos alunos. Para resolver estes contratempos, tive de criar novas estratégias durante o planeamento das aulas e na realização das mesmas, para que os alunos direcionassem a sua atenção para aquilo que eu pretendia. Optei por, logo na instrução,

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cativar a atenção dos alunos, não permitindo desatenções nem brincadeiras, procurei fazer instruções curtas e concisas e transições ligeiras e suaves, tentei manter sempre uma postura assertiva, direcionei constantes feedbacks positivos, de forma a não desmotivar os alunos e optei por organizar a turma em grupos/equipas homogéneas. Com o passar do tempo e com todas estas estratégias, a turma foi melhorando o seu comportamento.

O Atletismo – Lançamentos e Saltos, é uma modalidade que requer a utilização de muito material didático e muita atenção com a segurança. Assim, o primeiro completa o segundo, ou seja, para que esteja garantida a segurança dos alunos é necessária a utilização de mais material do que o mínimo para a execução dos gestos técnicos. Aliada a esta segurança está também a preservação do material, que para que tal aconteça é necessário que o espaço esteja bem protegido para que o material não se danifique. Para além de tudo isto, o mais importante é garantir a segurança dos alunos e para que isso se verifique é necessário estar sempre em alerta e a alertá-los, pois sendo uma turma imatura e irresponsável, não pensam na consequência dos seus atos.

Quando lecionei a turma do 12º ano deparei-me com duas situações que não posso designar de dificuldades, mas sim de grandes diferenças, em relação à turma anterior. A primeira reside na diferença de comportamento. Ao contrário do 9º ano, a turma de 12º ano fez-se acompanhar de alunos mais maduros e responsáveis, falhando apenas no facto de, principalmente as meninas serem muito demoradas no balneário e chegarem sempre mais tarde no início da aula. À medida que o tempo ia passando fui chamando-os à atenção, pedindo-lhes para terem cuidado com as horas, visto que dez minutos para se equiparem era suficiente. A segunda diferença incidiu nos exercícios que utilizava para atingir os objetivos, ou seja, nesta turma os exercícios analíticos não resultavam, pois os alunos desmotivavam muito rapidamente, tornando a aula mais enfadonha e pouco dinâmica. Assim, tive de mudar a minha estratégia, optando por retirar as situações analíticas e introduzir formas jogadas, situações de jogo e objetivos a cumprir, promovendo a competição. Esta estratégia resultou, pois foi notória a diferença de comportamento na turma. As aulas tornaram-se mais ativas e dinâmicas, sendo notório o empenho, competição e motivação por parte dos alunos.

O 9º B é composto por 19 alunos, alguns deles carecem de necessidades educativas especiais e uma aluna possui a Síndrome de Poland, mas ao contrário do 9º A, apresentam um comportamento exemplar, sem nunca ter de os chamar à atenção de forma rigorosa. A grande barreira que tive de enfrentar nesta turma foi ter de lecionar algumas aulas da UD de Atletismo – Corridas dentro do pavilhão polidesportivo, devido às condições climatéricas. As dificuldades prenderam-se na organização do material no curto espaço de 1/3 e por vezes 2/3 do pavilhão, tendo de arranjar estratégias para que as transições de exercícios demorassem

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sob a aluna que tinha Síndrome de Poland. Este síndrome é uma anomalia congénita caracterizada principalmente por hipoplasia ou aplasia da musculatura torácica unilateral e alterações no membro superior ipsilateral (Caldas et al, 2004). Para tal, na organização dos exercícios, introduzia sempre esta aluna em grupos compostos por, pelo menos um aluno, que considerava mais “forte e responsável”, mantendo os grupos homogéneos. Sempre que houvesse algum gesto técnico que esta aluna não pudesse executar, adaptava-o de forma a que ela participasse na aula ou então delegava-lhe outras funções para que se sentisse introduzida na aula e não desmotivasse.

A motivação dos alunos esteve sempre na base do planeamento e realização das minhas aulas. Tentei sempre elaborar planos com exercícios que mantivessem os alunos motivados, sem nunca desviar dos objetivos a serem cumpridos e para que as aulas se tornassem dinâmicas e prazerosas, maximizando o tempo de empenhamento motor. Para Freitas, Costa e Faro (2003) a motivação do professor, fomentador da autonomia dos seus alunos, deve estar presente em todas as situações de ensino, nomeadamente nas propostas e organização de tarefas. Assim, o professor tem um importante papel na motivação dos alunos para a aula de educação física.

As escolhas do professor acerca da forma como se organiza a aula devem basear-se em fatores que condicionam a sua ação, como as características dos alunos, a intenção pedagógica, as características da atividade, as condições materiais e a dimensão da turma (Ministério da Educação, 1992). Para além das estratégias que já foram mencionadas, em todas as minhas aulas tive o cuidado de utilizar exercícios dinâmicos e intensos, dando constantes feedbacks individuais e coletivos, tendo sempre em consideração o nível geral em que se encontrava a turma. Os tempos de instrução eram reduzidos, fornecendo a informação necessária de forma curta e concisa, utilizando sempre um aluno ou mais como agentes de ensino para demonstração do gesto técnico e do objetivo operacional. Aos alunos que ficavam na bancada delegava funções, sobretudo no que dizia respeito à recolha do material, durante e após o final da aula, para que os colegas pudessem ir para o balneário. Por fim, caso tivesse acontecido, de algum aluno após várias repreensões durante a mesma aula, continuasse a destabilizar, era convidado a tomar banho e a sentar-se na bancada até ao final da aula.

Segundo Aranha (2004), as estratégias “utilizam-se para promover, ou proporcionar oportunidades de execução das tarefas propostas”. Portanto, e após a aplicação de todas as estratégias mencionadas, as aulas tornaram-se mais produtivas e foram sucedendo de forma fluida, notando-se uma evolução tanto a nível do comportamento como a nível da aquisição de conhecimentos e competências dos alunos. Também a minha postura enquanto professora estagiária mudou, notando que a forma como abordava tanto os alunos como a aula e os seus conteúdos, não era a mesma que no início do ano. Não posso deixar de mencionar que o

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orientador cooperante e os meus colegas do núcleo tiveram um papel fundamental na minha evolução enquanto profissional da educação física.

4. Conclusões referentes ao Estágio Pedagógico

4.1. Impacto do Estágio/Núcleo na realidade do contexto Escolar

Ao longo de todo o meu trabalho, venho referindo que este ano não podia ter sido mais gratificante e enriquecedor. Desde início que fomos recebidos e acolhidos pela comunidade educativa de forma carinhosa e aconchegante, mostrando-se disponíveis para ajudar em qualquer dúvida ou problema que tivéssemos.

No dia 1 de Setembro de 2015 fomos apresentados ao diretor como professores estagiários. Este deixou-nos à vontade e mostrou-se interessado em saber as nossas origens, chegando a colocar questões do foro pessoal e profissional. Foi neste momento que consegui perceber que estávamos a ser tratados como qualquer docente e o facto de sermos estagiários, tratava-se apenas de um nome, mas que não passava despercebido. Nesta altura ainda só tínhamos lidado com o diretor da escola, sendo que fomos apresentados à comunidade educativa na reunião geral de professores e funcionários. A partir deste momento toda a escola sabia que o único núcleo de estágio pertencia à educação física e que era composto por duas professoras e um professor.

A disponibilidade que desde cedo demonstramos ter para participar em tudo o que pudesse estar ligado à função docente, ajudou numa integração rápida, fluida e natural junto de professores e funcionários. A relação de amizade que tínhamos entre os três elementos do núcleo facilitou a inclusão junto do grupo de educação física, que rapidamente se mostraram disponíveis em ajudar no que fosse necessário.

A autonomia que nos foi dada permitiu que pudéssemos resolver problemas junto de outros colegas, sem que para isso tivéssemos de falar primeiro com outra entidade. Esta independência permitiu o nosso crescimento enquanto profissionais, promovendo o desenrasque sempre que era necessário.

A forma como nos mostramos disponíveis para ajudar a dinamizar as atividades escolares, foi um bom contributo e teve um peso significativo na nossa passagem pela escola. A ajuda na organização do corta-mato, passando pela organização integral do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, até à participação no arraial de final de aulas, foram presenças que não passaram despercebidas e que tiveram um grande impacto na realidade escolar. A forma como somos reconhecidos pelo nosso trabalho só mostra que o nosso

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Desde o início que fomos foi bem recebidos, integrados, acarinhados, respeitados e por as inúmeras razões que aqui foram descritas, sinto que o núcleo de estágio deixou a sua marca na Escola Básica e Secundária de Arcozelo. Este estágio trouxe-me acima de tudo a possibilidade de passar pelo papel docente e tudo aquilo a que ele está inerente, ficando grata pela forma como fomos tratados.

4.2. Experiência Pessoal e Profissional

Finalizado este ano de estágio, resta realçar que a experiência que retiro tanto a nível pessoal como profissional é sem dúvida a maior aprendizagem que levo comigo para o futuro. Contudo, não posso deixar de referir que as aprendizagens, conhecimentos e capacidades adquiridas e obstáculos superados são o culminar de um grande crescimento a nível pessoal e profissional. Apesar de durante o primeiro ano de mestrado aprendemos em teoria tudo aquilo que abrange a área da docência da educação física, só quando a colocamos em prática é que percebemos o que é realmente ser professor.

Apesar de estar a ser constantemente supervisionada e avaliada, este foi um fator crucial para crescer enquanto profissional. O orientador cooperante teve um papel fundamental no meu crescimento e desenvolvimento, orientando a ação pedagógica, ajudando a superar dificuldades, a retirar dúvidas, a solucionar problemas e a desenvolver todas as minhas competências. A sua intervenção é muito importante, pois ajuda-nos a crescer enquanto pessoas e profissionais tendo por base a sua vasta experiência profissional. Com ele percebi quais as minhas maiores dificuldades e formas de as combater. Foi com a sua avaliação e ajuda que percebi quais eram as minhas intervenções mais e menos eficazes e procurar estratégias para as melhorar e ser sempre melhor.

O facto de ser estagiária, não descurou o papel de professor. Perante a comunidade escolar era uma professora, como tantas outras que lá estavam, tendo a responsabilidade de planear, organizar, ensinar e educar. Por outro lado, o facto de ser estagiária acarretava muita pressão e grandes responsabilidades. Estes fatores só me favoreceram, pois ao tentar ser o mais profissional possível fez-me ficar melhor preparada para entrar no mercado de trabalho de uma forma competente.

É de ressaltar a importância que as atividades fora da escola têm no nosso processo de evolução enquanto futuros profissionais da docência. A responsabilidade de garantir a segurança dos alunos é acrescida e o contacto com alunos e professores de outras escolas é favorável ao nosso crescimento tanto pessoal como profissional.

Não posso deixar de referir a importância dos meus colegas estagiários. É indispensável termos um bom ambiente entre os elementos do núcleo de estágio. Para além

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de colegas somos todos amigos, o que nos permitiu conversar, discutir e tirar partido das opiniões e avaliações das PES uns dos outros. A ajuda foi mútua e muitas vezes fomos os suportes uns dos outros quando nos deparávamos com alguma dificuldade ou obstáculo. Foi através deste suporte que muitas vezes arranjamos novas soluções e novas estratégias, permitindo uma evolução no processo de ensino-aprendizagem.

Se quando iniciei esta caminhada fazia-me acompanhar de boa bagagem de conhecimentos, posso dizer que termino o estágio com uma melhor. Cada dia era um novo dia e todos os dias a minha bagagem de conhecimentos aumentava. Isto só foi possível devido ao contacto e convivência tanto pessoal como profissional com o orientador cooperante, com os restantes professores do grupo de educação física e com os meus colegas de estágio.

Termino afirmando que as minhas expectativas em relação ao estágio foram correspondidas, tornando-o um desafio superado. Fazendo uma análise geral às experiências vividas é evidente a evolução significativa tanto pessoal como a nível da função docente. Posso afirmar que me sinto apta para desempenhar e assumir a profissão de professora de Educação Física, de forma eficaz e competente, realizando-me a nível pessoal e profissional. Resta-me agradecer à comunidade educativa da Escola Básica e Secundária de Arcozelo que nos acolheu da melhor forma possível e sempre se demonstrou prestável e disponível.

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Capítulo II

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Resumo

O presente estudo objetivou identificar e analisar os motivos que levam os alunos à prática de atividade desportiva, bem como analisar a possível influência das variáveis género e fatores do contexto familiar, na motivação dos alunos para a prática dessa atividade desportiva. A amostra foi constituída por 85 alunos, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos, do 3º Ciclo da Escola Básica e Secundária de Arcozelo – Ponte de Lima. A recolha de dados foi efetuada através de dois questionários de informação sociodemográfica e o QMAD (Serpa e Frias, 1991). Para o tratamento de dados foi necessário recorrer ao programa SPSS. Inicialmente foi feita uma análise descritiva exploratória das variáveis e seguidamente foram realizados testes de comparação não paramétricos. Para a comparação de duas amostras independentes foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney e para a comparação de mais de duas amostras independentes o teste Kruskal-Wallis, onde o nível de significância foi mantido em p≤0,05. Neste estudo observou-se que a dimensão considerada mais importante é a “Competência Técnica” e a menos importante o “Estatuto”. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas de acordo com o sexo, em que os rapazes atribuem significativamente mais importância às dimensões “Forma Física”, “Competência Técnica” e “Prazer”, enquanto as raparigas definiram como mais importante apenas a “Competência Técnica”. No que diz respeito aos fatores do contexto familiar, apenas foram encontrados valores médios consideráveis, não existindo diferenças estatisticamente significativas nos resultados encontrados. Face a este estudo conhecem-se as principais motivações que mobilizam os alunos, desta amostra, à prática de atividade desportiva e conclui-se que os fatores do contexto familiar não influenciam nas motivações dos alunos.

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Abstract

This study aimed to identify and analise the reasons that led students to practice sports, as well as to analise the influence of gender variable and family context as fact as motivation to practice that same mentioned sports activity. The sample is composed by 85 students, of both sexes, aged between 12 and 16 years old, attending the 3º grade at Basic and Secundary School of Arzozelo, Ponte de Lima. Data collection was made through two socialdemographic information surveys and QMAD (Serpa e Frias, 1991). First of all a descriptive analysis exploring the variables took place and secondly, comparative non parametric tests were made. In order to compare two independent samples the option was to follow the exemple of the non parametric test of Mann-Whitney and to compare more than two dependente samples, we have chosen Kruskal- Walis test, in which the significance level was kept at p <0,05. In this study we have observed that the dimension considered as the most important is “Technical Competence “and the least important the “ Statute”. Statistically significant diferences were found, namely as far as sex is concerned, that is to say that boys tend to give more importance to “Physical Form”, “Technical Competence” and “Pleasure”, while girls have defined “Physical Competence” as the most importante dimension. As far as family context is concerned, we have only found average considerable results, without statistically significant diferences. After this study, we know the main motivations that led students, in this sample, to play sports and we can conclude that family context factors do not have any influence in their motivation.

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1. Introdução

A Atividade Física (AF) é um termo vulgarmente utilizado pela população. É certo que não existe apenas uma, mas várias definições para este conceito.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a atividade física é “qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requeiram gasto de energia – incluindo atividades físicas praticadas durante o trabalho, jogos, execução de tarefas domésticas, viagens e em atividades de lazer”

Para vários autores (Ribeiro, 2011), a AF é hoje em dia considerada como um conjunto de fenómenos/comportamentos extremamente complexos. Aqui é incluído qualquer movimento corporal, ao qual se atribui um significado diferente de acordo com o contexto onde é realizado. Neste sentido, Veloso (2005) refere que são evidenciadas duas perspetivas complementares acerca da AF: uma puramente biológica e a outra de um âmbito sociocultural, ilustrando a complexidade que a caracterização deste comportamento acarreta.

De acordo com o Livro das Orientações da União Europeia para a Atividade Física, esta é geralmente definida como “qualquer movimento associado à contração muscular que faz aumentar o dispêndio de energia acima dos níveis de repouso”. Assim, estão incluídos todos os contextos da AF, como as atividades em momentos de lazer, a AF ocupacional, a AF em casa ou perto dela e a AF ligada ao transporte (Livro das Orientações da União Europeia para a Atividade Física).

Ainda, segundo Caspersen, Powel e Christenson (1985) a AF é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta num aumento do dispêndio energético. Assim, é considerada AF os movimentos corporais originados das atividades domésticas, de trabalho e de lazer.

Com o propósito de clarificar melhor o conceito de AF, torna-se importante distinguir outras noções a ele associados, mais especificamente o exercício físico e o desporto. Para Caspersen et al. (1985), o exercício físico é um subgrupo da AF, que é definido como um movimento do corpo, de caráter planeado, estruturado e repetitivo, executado para promover ou manter um ou mais componentes da condição física. Por sua vez, o desporto é uma forma ainda mais específica de AF, também ele estruturado, competitivo, sujeito a regras, caracterizado pela proeza, sorte e estratégia (Kaplan et al., 1993).

De acordo com a OMS, “o termo "atividade física" não deve ser confundido com

"exercício", que é uma subcategoria da atividade física e é planeada, estruturada, repetitiva e tem como objetivo melhorar ou manter um ou mais componentes da condição física”. O

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estruturada e repetitiva que tem como objetivo aumentar ou manter a melhoria da saúde ou da aptidão física (Cheik et al., 2003).

Apenas aquelas atividades que têm como objetivo melhorar a condição física, são consideradas exercício físico. Então, é determinante o uso de um comportamento de intenção, ou seja, andar pela rua com a intenção de comprar algo não é considerado exercício, mas caminhar com o intuito de aumentar o gasto calórico, já é. Assim, o desporto pode ser visto como exercício físico, pois implica a aquisição de determinada condição física e o comportamento de intenção também tem de existir. Estes dois conceitos, desporto e exercício, distinguem-se através da forma da intenção com que são praticados, pois o primeiro é praticado com o objetivo de melhorar o rendimento e o segundo está direcionado na melhoria da saúde (Veloso, 2005).

É possível então afirmar que a Atividade Física é um termo amplo, que inclui todo o tipo de movimento, desde o simples mexer de dedos, até participar num triatlo (Kaplan et al., 1993).

Quando se fala em Atividade Física, é importante referir os benefícios que a ela estão associados. Para Bento (1990) a noção de AF é um fator de grande importância para a promoção de um estilo de vida saudável em crianças e adolescentes.

Segundo o documento Physical Activity Guidelines for Americans (2008) do

Department of Health and Human Services, a prática regular de AF traz grandes benefícios

para as crianças e adolescentes, tornando-os mais fortes e saudáveis, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares e aumenta a probabilidade de se tornarem adultos saudáveis. Costa et al. (2011) concordam afirmando que a prática regular de atividade física, tem sido apontada como um fator relacionado para a promoção da saúde e para a prevenção do risco de doenças.

Conforme o documento Physical Activity Guidelines for Americans (2008), a AF regular promove a saúde e o fitness em crianças e adolescentes. Estes, quando comparados com os sedentários, são visivelmente mais fortes e musculados, com menor gordura corporal e têm níveis mais elevados de aptidão cardiorrespiratória e mais baixos de ansiedade e depressão.

De acordo com Fletcher (1997) a prática regular de AF, desde a infância até à idade adulta, contribui para uma melhor saúde e maior longevidade.

Para a European Food Information Council (2015) os benefícios da AF prendem-se sob três prismas: social, psicológico e fisiológico. Aos benefícios sociais está inerente a promoção do desenvolvimento no relacionamento interpessoal. Os benefícios psicológicos promovem a autoestima e a autoconfiança e melhoram os estados de humor, que consequentemente diminui os níveis de ansiedade e de depressão. Relativamente aos benefícios fisiológicos, estão inteiramente ligados a com a estimulação do metabolismo, o

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aumento da tonificação e resistência muscular e melhoria das funções pulmonares e cardíacas.

Apesar de o indivíduo estar consciente para os benefícios da prática regular de AF, um importante aliado é a motivação. A motivação é a determinante mais importante e imediata de qualquer comportamento humano. Este fator interno é o mecanismo psicológico que comanda a direção, intensidade e persistência do comportamento (Iso-Ahola e Clair, 2000).

A motivação refere-se aos fatores da personalidade, variáveis sociais e/ou cognições que entram em jogo quando o indivíduo se preocupa ou compromete com uma tarefa na qual vai ser avaliado, entra em competição ou tentar atingir níveis de excelência (Roberts, 1992). É vista, segundo Biddle (1993), como uma temática extremamente importante, sendo reconhecida por vários investigadores das diversas áreas da atividade física como a psicologia do desporto, a aprendizagem motora, entre outros. A motivação, é ainda caracterizada como sendo um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, que depende da interação de fatores pessoais e ambientais. (Samulsky, 1992, citado por Januário et al., 2012).

A motivação é considerada a determinante mais importante e imediata de qualquer comportamento humano e este fator interno é o mecanismo psicológico que controla a direção, intensidade e persistência do comportamento. Para Weinberg e Gould (2001), motivação pode ser apenas definida como a direção e intensidade com que realizamos os nossos esforços. Aqui, a direção do esforço refere-se ao indivíduo procurar ou aproximar-se de certas situações, enquanto a intensidade diz respeito à quantidade de esforço que uma pessoa despende numa determinada situação. Os mesmos autores indicam que os psicólogos do desporto consideram a motivação a partir de diversos pontos de vista: motivação para a realização, motivação na forma de stress competitivo e motivação intrínseca e extrínseca.

Weinberg e Gould (2001) afirmam que a motivação tem duas fontes: extrínseca e intrínseca. A motivação do tipo extrínseco significa que vem de outras pessoas através de reforços positivos ou negativos. Por outro lado, quando a motivação é intrínseca, provém de esforço interior realizado pelo indivíduo, para ser autodeterminado e competente. Os indivíduos com motivação intrínseca geralmente apreciam a competição, gostam de ação, focam-se no divertimento e querem aprender o máximo de destrezas/habilidades possível.

Também outros autores caracterizam estas duas fontes de motivação. Amorose, Horn (2001) e Cruz (1996, cit por Lázaro, Casimiro e Fernandes, 2006), definem a motivação extrínseca como sendo uma fonte de motivação proveniente de outras pessoas ou fatores externos sob a forma de reforços positivos ou negativos. Os indivíduos que são motivados

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Tabela 1. Análise descritiva em função dos itens do QMAD
Tabela 2. Análise descritiva em função das dimensões do QMAD
Tabela 4. Análise comparativa dos itens do QMAD em função do sexo
Tabela 5. Análise comparativa das dimensões do QMAD em função das Habilitações Literárias  dos pais   Dimensões  1º Ciclo (n=4)  X ± DP  2º Ciclo (n=21) X ± DP  3º Ciclo (n=37) X ± DP  Ensino  Secundário (n=16)  X ± DP  Ensino  Universitário (n=7) X ± DP
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Referências

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