RS
ú
lrj
UuueRsrDADE
oe
Évona
Escou
oe
CrÊxcrls
e
Tecruoloen
Mestrado
em
Arquitectura
Paisagista
Dissertação
Prados
de
Ílor
como alternativa
ao uso
extensivo
de relvados
Clara
Martins
Caldeira
da
Ponte
e
Sousa
ORIENTADORA: Maria da Conceição Martins Lopes de Castro
UE
tE7
559
Mestrado em
Arquitectura
Paisagista
Dissertação
Prados de
flor
como
alternativa
ao
uso
extensivo
de relvados
RSI
Á
t: Clara Martins Caldeíra da Ponte e Sousa
Orientadora:
Maria da Conceição Martins Lopes de Castro
Índice
Índice de figuras... Índice de tabelas... Índice degÉficc...
Agnadecimentos... . . . Resumo.... Absbact... Capltulo I-
lntodução....
CapÍtuloll-
Estado da arteCapttulo ll!
-
Prade
de flor como altemativa ao uso de relvadm úadicionais em clima medÍêrrânico-
casos destudo:
prado com planüas nãonativas e prado com plantas nativas
lnfodução....
Métdo...
Reultados...
Discnssáo... Conclusão...
Capltulo lV
-
Prados de flor vs relvados fadicionais em climamditerÉnico:
preferências epercepçô*
do público em geral lnúoduçâo..Método...
Resultade
e tratamenbdc
resultadc...
Discussâo..-...
Conclusâo
CapÍtulo V
-
Esfudo inicial de selecção de plantas herbáceas da paisagem portuguesa com potencial para consütuírem prados de florlnfrodução.... Método...
Reulüadm
ehtamento
dosreultados...
Discussão... Conclusão...
Capttulo Vl -
Considera$s
finais...
Página ..vii ...ix ..xi .xiii
n
.xvlt 1 ....5 13 13...14
...í9
15 20 23 23 .25 39 41 43 .24...43
...4
...,45
...53
...53
55 57 Reêrências bibliogÉfi cas.Índice
de
figuras
Figura
I
-'Jadim
Vertical" em Madrid,projeto
dePatick
81ank...Figura 2
-
Relvado em separador de parque destacionamento
automóvel Figura 3-
Relvado em parque infanül.Figura 4
-
Repreentação de Jardim da ldade Média, rcürado deVan Zu$en
(í997)...
Figuras 5 e 6
-
Prado de flor com plantas não natinas, emÉvora...
Figurm
6a14-
Flors
da paisagemportugusa...
Figurasí5
aí9
-
Paisagens floridas doAlenEjo...
Figuras 20 e 21
-
Prado de flor com plantas não nativas, na Primavera de2007...
Figurre
2.e23
-
Prado de flor com plantras não nativas, na Primavera de201L...
Figuras 24 e25
-
Pnado de flor com plantas nativas, na Primaverade2011.
lmagem 26. Relvado úadicional...
lmagem 27. Prado de
flor...
lmagem 28. Prado
epntllneo
lmagem 29. Relvado
om
margaridas.... lmagem 30. Prado castanholmagem
3í.
Relvadoverde...
Página E ...-.11 ...6 6
í6
24 .24 25 .25 7I
12...í6
...18
...24 ---24índice
de
tahtas
Páglna
Tabela 1. Resultado do inventário realizado em 2011 no prado de Ílor
produzido a partir de semêntes de plantas náo natvas (primeiro
eso
estudado)... 17
18
Tabela 2. Resultado do inventárh do segundo caso de estudo...
Tabela 3:
Amosta
de populaçáoinquiída
(em percentagem).. . .. . . .. ... ...Tabela 4: Tratamento eslatistico dos resultados para o sexo femÍnino
e classe etária inÍerior a 30 anos ...29 Tabela 5: Tratamento estatístico dos resultados para o sexo masculino
e classe etária inferior a 30 anos...
Tabela 6: Tratamênto estatistico dos resultados para o sexo feminino e classe etária entre os 30 anos e os 60 anos...-.-,.
Tabela 7: Tratamento estatistico dos resultados pam o sexo masculino
e classe etária entre os 30 anos e os 60 anos. .. .. . .. . . ..
Tabela 8: Tratamento estatÍstico dos resultados para o sexo feminino e classe etária superior a 60 anos. .. .
Tabeka 9: Tratamento estatÍstico dos resuttados prrÍã o sexo rnascuEno
e classe etária superior a 60 anos....
Tabela 10: Tmtamento estalistico dos resultados para o sexo feminino e classe etária inferior a 30 anos....
Tabela 11: Tratamento estatístico dos resultados para o sexo Íeminino e classe etárla entre os 30 anos e os 60
anos...
Tabela 12: Tmtamento estatÍstlco dos resultados para o sexo femlnlno e classe etárla entre os 30 anos e os 60
anos...
Tabela 13: Tmtamento estatístico dos resultados para o sexo masculino e classe etária inferior a 30 anos.. . .. . . .
Tabela
í4:
Tráamento estatístico dos resu{tados paÍa o sexo masculkpe classe etária entre os 30 anos e os 60 anos. .. .. . .. . . ..
Tabela 15: Tratamento estatÍstico dos resultados para o sexo masculino e classe etária superior a 60 anos....
Tabela
í6:
Tmtamento estatístico dos resultados por idades. Tabelaí7:
Tmtamento êstatístico dos resultados porsexos..Tabela
í8.
Épocas de floraçâo de plantas herbáceas autóclones com potencial omamental....Tabela
í9.
Análise de variância...Tabela 20. Percentagem média das germinaçôes por espécies
ê por hatamênto
(intem@s)
5225
...30
...3í
32 .3Íl 34 .35 30 36 37 ..37 37 38 38 .45 .52índice de
gÉficos
GráÍico
í.
Palavras referidas na primeha Íase do inquérito (empercentagem)...
Gráficos 2 e 3. Preferências de cor por género e classe etária (em percentagem)...
Gráficos 4 e 5. Preferências de flores por género e classe etária (em percentagem)... .
Páetna
2A
27 28
Grffcos
6 e 7. Preferências de diversldade por género e classe etária27
GráÍicos 8 e 9. Preferências dê organizaçâo por género e classe etária (em
perentagêm)...
Gráficos 10 e 1 1. Preferências de sustentabilidade por género e classe elária
28
(em percentagem) 28
Grffcos
12 e 13. Preferênchs de prado castranho ou relvado verde por géneroe classe etária (em
percentagem)
...35
Gráfico 14. Percentagem de germinaçáo de
quafo
espécies de floração prêcooê (Calendula aruensis, ChamaemeÍumtusatum,
Diplotaxb cabolica eSilene oolonta) por prê'tratamento, após a
colheita...
...46 Gráfico 15. Percentagem de germinaçâo dequafo
espécies defloraçáo precoce (Calendula arvensis, Chamaemelum fuscafu m,
Diplotaxis catholica
e
Silene colonta) por pr6tratamento,um
m&
após aootheita...
...-47Gráflco
íô.
Percentagem de germlnaçáo dequato
espécles de floraçâopr@ocê por prêtratamento, dois meses após a
colheita...
...47 Gráfico 17. Percentagem de germlnaçáo de quatro espêcies de floraçãopÍecoce por pr&tratamento, cinco meses após a
colheita...
...4
Grtrco
í8.
Percen@em tle genninação de cada*@ie
cinco meses após a colheita...Gráfico 19. Percentagem de germinação em cada tratamento cinco meses após a colheita...
Grffco
20. Percentagem de germinação de nove espécies de floração Prfinavera-Verão, porprâffiamento...
Grálico
2í.
Germinação acumulada deHipricum
perfontum,por
prâfatamento,
em número de indivíduos.Gráfico 22. GerminaSo acumulada de Scaôiosa atropurpurea, por
pr6mtamento,
em número de indivíduos....Gffico
23. Germinação aq.mdia@ deToW
barbata, porpré-kdarnerüo, em número de indivíduos. 49 49g)
.51 .51 .51Agradeclmentos
Agradeço
em
primeiro lugar
à
minha orientadora,
a ProEssora
Conceiçâo
Casto,
por
todo
o
apoio,
motivaçáo
e
tabalho
conjunto
que
tornou
possÍvel
esta
dirsseÍtaçâo.
À
Professora
Noémia
Farinha pelo trabalho conjunto
no
inÍcio
desta
invesügaçáo
sobre a selecção
deespécies
indígenas.À
Professora Orlanda Póvoa pelo trabalho conjunto,
apoio
e
moüvação,
no
início
desta investigação sobre
aselecçáo
deespécies indÍgenas.
Ao
meumarido
queé a
base desuporte que me permite continuar
estecaminho, e
aos
meusfilhos,
porquesem eles
nada dístosería
possível.Aos meus
paisque
rnederam a motivação inicial
e oapoio para gostar
deestudar
À
minha irmâ pela
motivagãoe
portodo
oapoio que
metem dado, nomeadamente
nas conecçÕes do inglês.
Agradeço também ao
nreucunhado e sobrinhos.
Resumo
Prados
de
florcomo
atrematlva ao uso
odenslvo
de relvados
As
coberturas
do
solo,
nomeadamenê
as
@berturas herbáceas,
são
umaimportante componente
em
intervenções
no ámbito da
Arquitec{ura
Paisagista,quer pelas extensas áreas
que
normalmente ocupam,
quer
pelos gastos
de
instalação e manutenção que
lhessão
próprios.Com este
úabalho pretende-se
fazer uma
avaliaçáo
do
uso
de
coberturas
herbáceas alternaüvas ao
usoextensivo
de
relvados. Os prados
de fforsão uma
dessas altemativas e, pelas suas
carac'terÍsticas,
sáo
economicamente menos
dispendiosos e
m@icarnente
mais
st^stentáveisguê os
relv#.
Em
Porfugal
têm sido
utilizadas misturas
de
sementes
para
prados
de flor
que
são
importadas
de
outros países, por vezes com
condiçÕes edafo-dimáücas
muito diferentes
das
nossas. Verifica-se que, frequentemente,
estiascoberturas,
depois
de
instaladas, apresentam
dÍFrculdadesde
adaptação
aos
locais
ondesâo
aplicadas.
Assim,
procuramos
efectuar
um
estudo
de
alguns
casos
especÍficos
paraverificar
estasituaçâo.
Por último, pretendemos completar este babalho
com a
avaliaçáo
da existênch
de esp&ies
indígenas
que
poderão
vir
a
ser
usadas neste tipo
de
cobertura de
solo.
Palavras+have:
AHract
Flower meadows
as
an altematlve to the use of extenslve lawns
The
soil @vertures, namely
herbaeous
covertures,
are
an
impoÍtánt part of
Landscape Architecture
works,
because
of the
extended areas usually occupied
and
dueto the
cosb
regardingtheir own installation and maintenance.
l/frth the work now presented
it is
intended
to
do an evaluation of
the
use
of
altemaüve herbacmus covertures
to
the
extensive
use
of
lawns.
The
flower
meadows are one of those alternaüves and, due to their characteristics; ütey are
economically
lessexpensive and ecologically
more sustiainablethan
lawns.ln Portugalseeds
mixtures
br
fbwers
rÍleadffis
have been
usd,
imporH
hom
others
counties,
sometimes with soil and clime conditions very different from the
portuguese ones. lt
can
beverÍÍied that, frequently, those @vertures, afrer
beíngsettled,
show
adaptation difficulties
to the locals of
application.
That
is
why
üe
present study has been done in order
to
acknowledge soÍne specÍfic
case
able
to
verÍfy
the
situation.
It is
also
intended
to
do an
evaluation
of
indigenous
species to be
used inthis
typeof soil covertures.
Key-worüs:
Capítulo
I
-
lntrodução
O trabalho que sê apresenta tem como principal objêctivo explorar a possibilidade
de
utilizar prados
de flor
corno
attemativaao
uso
eaensivo de
refuadosem
ssp@s
abertos, nomeadamente no que respeita a regiões de clima
mditenânico,
oomo é o casode
grande parte
do
tenitório
de
Portugal conünental.
Para
tal,
procedeu-se
a
umapesquisa
bibliográÍicasobre
a
utilizaçãode
relvadose
de
prados
de Ílor ao
longo dotêmpo, oorlr
o
úimtÍvo
de
prcebsr
os
princfpíos
subjaentes
à
utilizaSo
destas coberturas herbáceas. seguidamente, procurámos perceber,a
partirde
casos práicos,
como têm vindo a ser usados os prados de flor em Portugal. Tentámos
prcebor
tambám,quais as
preferênciase
percepçóesque os
utilizadoresdos
aspaços abertos
têm
de diÍerenles tipos de coberturas herbáceas do solo. Por úlümo, explorámos, ainda que muitosuperficialmentê,
o
potencial
de
plantas
herbáceas autóctones existentes
na
nossapaisagem rural,
que
podemvir
aÍazer
partede
prados deÍlor,
deixandoem
aberto umaárea de trabalho para o Íuturo.
Destia Íorma, convém oomeçar por clarificar que, nestê trabalho, considerámos os
prados
de flor
como
coberturas
de
solo
herbáceas constituÍdas
por
um
númerosigniÍicativo
de
plantas, indígenas
ou
não,
escolhidas pelas
suas
característicasomamentai§,
em
especial pelassuas
Ílorese colora@s.
Considerámoecomo
relv&s
tradicionaís
as
coberturas herbáceasdo
solo, que são mantidas sempre verdes, atravésde regas, Íertilizações, e cortes periódicos, constituídas maioritariamente por gramÍneas. Nos espaços abertos, em Portugal e noutros paÍses de clima meditenânico,
o
usode
relvadostem ündo
a
generalizar-se. Presentementeos
relrradw
são
usados comocobrtura
de
solo em qualquer êspâço sobrante, mesmoque seja
umpquêno
triângulo@m
pou@s metros
quadrados
ou
num
separador
de
trânsito
de
um
parque
de êstacionamento. Comoé
sabido, para gueo
relvado se mantenha semprê verde e bonÍtosão
ne@ssáÍias
op€raçÕesde
manutençâo constantês
como
o
cortê,
a
rega,
ê
aÍertilização (Hitchmough & Dunnet, 2004).
o
corte mantém as plantas semprê no mêsmoestádio vegêtativo, impedindo
que estas
alcancemo
estado
sexualmente reprodutivo ecompletem o seu ciclo de vida. A rega e a fertilização mantêm as plantas sêmprê verdss. Contudo,
no
clima
meditenânicopor
vêzêstoma-se
necessárior€ar
um
relvado duasvezês por
dia,
nosdias
mais quentês deverão, e
adubá-lo duas a três vezes por ano, oque Íaz com gue cresça e tenha que ser cortado com
frquência.
Tudo isto traduz-se emcombustíveis, adubos e água, ê ecológicos, pelo consumo de água, na maioria dos casos
água potável para consumo humano, energia
e
desequilÍbriodo
ecossistema, poroiar
uma
zona
artiíclallzadaem
relaçâoà
envolvente, suJeltaà
lntroduçâode
substllnclasquímicas
persistentesno
ambientee
potencialmênte poluentês.Os
prados
de
flor, biodiversos, permitem criar condiçôes para a existência de pequenos animaise
insectosêm êspaço urbano. São também pouco consumidores de água
e
energia, uma vez quenão sáo regados nem fertilizados,
e
a
tequência de
corteé
reduzida, com doisa
fês
cortes anuais para que se mantenham com bom aspecto.
Com as crescentes pressÕes sobre
a
necessidade de tomar os espaços abêrtosmais
sustentáveis,quer
em
termos ecológicosguer
em
termos
económieos, deve-se discutir o uso de cobêrturas herbácêas altemativas aos relvados, parecendo ser um têma bastante útil e interessantê nos têmpos quecorem.
Esta discussáo vem sendoêita
hájá
algum tempo
em
paisesdo
Norteda
Europa, onde apósa
segundaguena
mundial ocl*réscimo
do orçamento disponível paraa
manutenção de parques ê jardins Provooou aprocura de soluçôes mais económicas, mas igualmente interessantes
do
ponto de vista estético. Em Portugal é tempo de dar início a esta discussão e investir na investigaçáo de altemativas que nos satisfaçam.Desta forma, no capÍtulo
ll
deste trabalho, é feita umaapresent@o
do estado daarte,
díscutindo, combase
bibliogÉfica,o
uso
de
pradosde
flor
como altemativa aosrelvados
fadicionais.
Também
aqui
se
inicia uma
abordagemda
riqueza
florística existente na paisagem rural portuguesa que poderá, no futuro, vir a ser usada como pontodê
colhelta
de
sementesde
prados
de fior. A§uns
aspsctos
aqui
abordâdos foramapresentados oralmente
e
publicadosno liwo
de
actas
do
congressoda
Assoclação Portuguesade
Arquitectos Paisagistasque deconeu nos dias
4
a 6 de
Novembro de2010,
em
Lisboa,
com
o
tema:
"Paisagem
e
Tenitório. Temáticas
ê
polÍticas convorgentesP.No
epítulo lll,
através da apresentação de dois estudos de caso de dois prados deflor
(um const'rtuido por plantas não nativas e outro constituido por plantas nativas), édiscúido
o
usode
prados deflor
como alternativaao
usode
relvados tradicionais, emclima meditenânico. A síntese deste estudo
foi
apresentado oralmente no congresso do'European
Councilof
Landscape ArchitecÍureSchools'
que
deconeu
de
7
a í0
deSetembro
de
2011,em
ShefÍield-
Reino Unido, como
tema:'Ethics/Aesthethics", na sessão temática:l/egetation
and Watel".No capítulo
lV, as
preferênciase
percepçÕesque
o
público emgeral
mânifêstapelas diferentes coberturas herbáceas,
como seja
o
relvado,o
relvado oomflores,
osprados de
flor
com plantas exótlcase
os
prados deÍlor
com planlas aúóc{ones, Íoram avaliadasatavés
da aplicação de um inquérito. Este capítulo foi apresentado de 2 a 4 deNovembm de 201
í
no congÍêsso da "European Federationfor
Landscape Architecture',com
o
tema:'Mind the
Gap-
landscapes fora
new era", quê têvê lugar em Tallinn, na Estónia.No
capttuloV é
exploradaa
possibilidadede
seleccionar espécies nativas com potencial para integrar misturasde
prados deflor.
Paratal,
apresenta-seo
resultado de pesquisas bibliográficas e de testes prêliminarês de germinaçáo quê mostram a exlstênciade
plantascom
potenclal para sêrêm estudadas, aprofundandoas
suas erac{erísücas como
objec{ivode
poderem integrar misturasde
prados deflor
paÍa usarêm
êspaçosabertos.
Os
resultados
aqui
apresentadosforam
divulgados
na
XXIX
Reunião
de Prlmavera da Sociedade Porh€uêsa de Pastagênse
Forragens-
Ab'riUMaio de2ü)8,
na Companhiadas
Lezirias,com
a
apresentaçâode um
postêÍ,
e
no 28th
lntêmatlonal Horticultural Congress-
22a
27 de Agosto de 2010-
em Lisboa, ondêfoi
apresentada uma curta comunicaçáo oral e um poster.Por último,
no
capltulo
Vl
são
tecklas a§umas
comider@
flnais sobre
osCapítulo ll
-
Estado da arte
"As
plantasanstifuem o
,?osso materialpor
exalência.
São
in(tmeras
as
suasformas,
variadÍsimo
o
xu
púe,
a
suamrebrtun.
São elas
pnpriamente
quetomam
vivae,
prisso,
mtttável
a
,rcssaobn."
Caldetra Cabral, 1993.Flgura í - 'JaÍdh V.ttbaf cln Madíid, píoilcb dê Pafick Blank
O material vegetal
é
um elemento muito importante na construçãoe
composiçãodos espaços intervencionados pelos Arquitec{oe Paisagistas.
A
t eÍsatillJadedo
materialvivo
possibilitaoiar
espaçose
sub-espaçoe constituindo uma unkladede
compoeição.Cabe
ao
Arquitec{o
Paisagistaerçlorar
exaustivamenb
as
qudidades
plásüc*
da vegetaçáo manipulandoas de modo a criar uma uniJade que sê estenda até à paisagemrurd.
É o
conhecimentosobre
a
vegetaçãoe
a
capacidadede
a
manipular, criandoespaços esbücaÍnentê agnadáveis,
quê
permiE queo
AquiE6
PaisagisÉade
disünga deoutos
profssionais.Os
relvados,
onde
prcdominam espécies herbáceas
de
fulha
eetreita,
quesistemaücamente
sáo
impedidasde
seguir
o
seu
citCobnológico,
devido
ao
corb
ftequente, são uma opção de cobertura do solo Épida e
inidalmenb
Íácil, o que Íavorecea
sua
utilização.O
verde, monótono,de
um
elvado,
quejá
se
sabe como manter, é usado indiscriminadamenêe
sem pensar muito no üpode
utilizaÉo que
iÉ
ter
e
nosPorfugal,
é
muito
frequente
encontrarmos relvadosem
espaços que diÍicilmente poderãoser activamenb
usados, comoo
representadona
figura
2.
Consumos elevados
de
água,energia
e
tempo
são
características típicasdestes
revestimentc
pouco
diversos
epraticamenb mono+specíÍicos, tÉio agradáveis
para
jogar
à
bola
ou
simplesmente
paradescansar
ou ler um
livro
à
sombrade
uma
ffiâffJffi^ffi*"dor
de peÍqu€ deárvore num dia quente de Verão (Íigura 3).
A
importÉinciaque os
relvadc
têm
nosespaços abertos
é
enorme,
ocupandofrequentemente
grandes áreas.
O
seu
uso extensivo, de acordo oom Naussauer r,'n Krueger(2001), mostra
o
fascínio
pelas
paisagens pitorescas queeiam
criadas no séculoXVlll
emlnglatena, onde o poder da natureza
cíxreçou
aser visto como
"bonito",desde
que
estivessecontrolado.
A
necessidade
de ter
espaçosabertos "confolados", "limpos", "simples", conduziu, nalguns c€1e6, ao uso e abuso deste
tipo de cobertura do solo. De acordo com Bormann, Belmori
e
Geballe in Krueger (2001), estima-se que os relvados cubram aproximadamente uma área de oito milhões e cem milhectiares nos Estiados Unidos da América (EUA), fazendo com que o relvado seja a maior cultura, em área, da paisagem dos EUA.
Segundo Filippi (2011)
o
relvado invadiu osjardins
meditenânicos. Do Norte aoSul
da
Europao
modelodo
Jardim
anglo-normandoestá
anoordo no
inconsciente colectivo como um exemplo de uma boa imagem. contudo, o relvadonâotazia
parte dosmagníficos
jardins que
ao
longo
dos
séculos
foram sendo
concebidos
na
região meditenânica,e
de que são exemplos: os Jardins da Mesopoüimia, os Jardins Egípcios,os
Jardins
Romanose
os
Jardins
lslâmÍcos-
todos
estesjardins eram
lugares que celebravam a arte de vivere
a finarela@
sensorialdo
Homem coma
Natureza; aqui o relvado não tinha lugar (Filippi, 2011). O porquê da não existência de relvados nos jardinsdo
mediterrâneo pode ser explicado porlimita@s
de ordem técnicae
natural. Emboraexistisse rega, maioritariamente por graüdade,
a
água
nâoem
demasiado abundante,Figura 3 - Rdyedo em parque infaÍ
sendo extremamente valoÍizâda e salvaguaÍdada. Portento, nâo é de estranhar que nunca
alguém
os
tenha
originalmente pensado.Como
se
sabe,
um
relvadoé
uma
culturaextremamente consumidora
de
água.
De
acordo
com
Gildemeisterin
Tsalikidis
&Athanasiadou (2007),
os
relvados consomem
3
vezes mais água
do
que
outros revesümentos vegetaisdo
solo. Filippi (2011) diz-nos queem
Montepellierou
Marselha são necessários 1000 litros de água por eno ê por metro quadrado para rêgar um relvado,enquanto na Andaluzia, com um clima bem mais seco,
são
necessários 2000 litros deágua por metro quadrado e por ano.
Outras coberturas de solo
heóáceas,
nomeadamente as constituídas por plantascom flores
interessantes,foram
sempre despertando interessê,e
sendo
utilizadas aolongo da história. De acordo com Filippi (2011),
as
coberturas herbáceas
diversas
pareoernfazer parte da cultura mediterrânica há
já
muitotempo,
havendo registo
da
sua
utilização apartir
da
idademália.
Comose
podever
nafigura
4
temos
a
representaçáo
de
umapaisagem
com um jardim
da
idade
médh,intamuros,
onde
abundam
as
flores,
que também estâo representadas fora do jardim, na paisagem envolvente.Actualmente
em
Portugalos
prados deflor,
coberturas
de
solo
constituídas
por herbáceascom flores
interessantes, estÉio acomeçar
a
ser
frequentemente
usados. Contudo,as
sementes usadas sâo produzidas em países do Centroe
Norte da Europa ou ÍrosEstados Unidos
da
América.
lsto
tem-seã
rra--!, l-.,r i
revelado
um
problemauma vez
que as
plantas usadas pareoemter
diÍiculdades deadaptação
ao
clima
meditenânico, fazendocom que
o
pradofique
bonitono
ano
deinstalaçáo,
mas
vá
perdendo
diversidadede
espécies
ao
longo
do
tempo,
sendo frequentemente dominado pelas espécies autóctones provenienEs do banco de sementesdo solo. Um estudo levado a cabo na Suiça, no fim dos anos 90, sobre
a
importância da região onde são produzidas as sementes de plantas herbáceas usadasem
prados paracompensaçâo ecológica
de
áÍeas
agricultadas,revelou
que existe uma
reduçâo daI
Figura 4
-
RepÍ€6êntaÉo d€ Jardim da ldade Média, retirâdo de Ven Zuylen (í 994.capacidade germinativa
das
plantrascom
o
aumento
da
distllncia
entre
o
local
de produçãodas
sementese
o
localde
instalaçãodo
prado (Keller&
Kollman, 1999). Omesmo estudo refere, também,
que nâo
testaram sementes prcduzidas
na
regiâo mediterrânica por não haver produtores de semenês nesta região.Noutros países,
como
lnglaternae
Alemanha,os
prdos
de flor há
muito
que começaram a ser usados. Depois da segunda Guerra Mundial,a
rcdução orçamental daveóa
disponível paraa
manutenção de parques provocou o declínio destes, tendo sidonecessário procurer altemativas economicamente mais viáveis. lsto forçou
os
técnicosque
trabalhavam
na
área
a
en@ntrarem
alEmativas rneÍlo6 oÍrerosas
e
mais sustentáveis, o que os fez compreender que se aselecÉo
de espécies a usar tiver como baseo
respeito peloe princípios ecolfuícos, sent esqueoero
valor estético, haverá umamanutenção
menos
intensa, reduzindoãsim
os
custos
de
instalaçâoe
manutenção(Wells,
1993; Emery, 1986e
Hitchmough&
Woudstra, 1999).Esta
procurÍrde
novassoluçôes levou
ao
uso
de
novas formasde
intervençáo. Assim,as
novasáreas
complantas devem
ter
um custo
de
manutençâo relativamente baixo,ser
o
mais
possívelsustentáveis,
ser
taxonomicamente diversas, demonstrar marcadamenteas
variaçõessazonais,
e
suportaro
máximode vida
silrrestre (Hitchmough&
Dunnett,in
Dunnett & Hitchmough, 2004). Num estudo alargado sobre espaços abertosem
lnglaterra Dunnett (2002) concluiu que a qualidade dos espaços abertos é vista pelos residentes locais como um dos principais indicadores da qualidade geral do espaço urbano. A vegetaçáo, só porsi, em
espaço urbano, desempenhaum
importante papelna
melhoriada
qualidade de vidadas
pessoas, para além dos benefícios paraa
üda
silvestree da sua
importância para o funcionamento da estruturaecolfuica
urbana. A diversidade das plantas é bastante importante para alcançar a sustentrabilidade dos espaços abertos. Esta diversidade é mais facilmente conseguida com prados de flor do que com relvados.Em
lnglaErra um grupode
invesügadoresda
UniveÉidadede
Sheffield (James Hitchmough, Nigel Dunnet, Anna Jorgensen, e outros) temúndo,
a desenvolver estudos,à
mais
de
quatro
décadas,sobÍE
o
uso de
sementeirase
plantaçÕescom
aspecto nartrralizado, nomeadameÍte comprade
de flor, quer conslittttdoe poÍ plantas indlgenasqueÍ por
plantasnão
indÍgenas. Deste üabalhobram
publicadrevárias
obras corno:Wathem
&
Gilbert (1978), Hitchmough&
Woudsüa (1999),Ô40ner
&
Kendle (2006), Hitcfimough & DeLa Fleur (2006), Dunnet & Hitcfimough (20O{), Hitchmough (2008), entre outros, que têm sêrviço de refeência para os trabalhos que Emoe desenvolvitlo.Asnim,
dedicamoseste
trabalho
. .
,,, ..
;-ao estudo
de
pradoo de ffor (figuras5
e6)
como altemaüraao
uso
de
relvadoetradicionais
quê têm
vindo
a
awÍlentarconsideravelmente noe últimos anos em
Portugal. Oe
pado6
de
lor
suÍgem-noscomo uma
altemaüvaa
ser
usada emzonas
de
recreio passivoou em
z)nag
de
erquadramento
e/ou
contemplação.Não
convém
que
seiam usados
em zonas sujeitasa
utilizagões fieguentes e ao pisoteio, pois perderiam a capacitladede produár
as flores.Os
pradosde
florsâo,
assim,
coberfuras
de
solo
quepodem
ser
consüürída
por
plantasnativas
ou
não, e,
que
primam
pelagrande
diversllade
de
espécit»herbáceas prcdutoras
de
flor,conseguindo
um
período
de
flora@o bastantealaqado
ao longo do ano, dadaa
diversidade
de
espécies
que
osconsütuern.
Como
principais beneflciosdo
uso
deste
tipo
de
revesümentodo
FEurâ3 5 ê 6 - hâdo dG lbÍ compld6
rüo nativas' em Évora'solo, por
cornparaçãocom
o
uso
de relvados, temos:-
um menor dispêndio de tempo,e
menores gastos de energiae
de emissÕes de poluentes, na sua manutençâo, dado o rnenor número de cortes e tratamentos;- uma maior variação cromática sazonal; - uma paisagem mais sustentável;
-
uma melhoriado
ecossistema local devida: ao aumentoda
biodiversidade quecontribui
para
aumentaro
númeroe a
diversidadede
aves,
pequenos mamíferos einsectos presentes;
à
reduçâo das emissõesde Coz;
ao sequestrode
carbono durante mais tempo e à melhoria da estrutura do solo.De
acordocom
Krueger (2001),o
custode
manutençãode um
pradode
flordurante
10
anos
é
cerca
de
g7o/oinferior
ao
custo
de
manutençáode um
relvado.Enquanto o custo de instalação destas duas coberturas de solo é semelhante, o custo de
manutenção é muito inferior nos prados de fior por não precisarem de regas e íertilizaçÕes
e por terem cortes menos frequentes.
Se
nos
pradosde flor
forem
usadas plantas autóc{ones, melhor adaptadas às condiçÕes edafo-climáticasdo
local,
melhor podemos potenciaras
qualidades destes prados.Na paisagem rural temos constantes mutaçÕes cromáticas, que nos oferecem uma riqueza de cores ao longo de todo o ano, rn€smo quando tudo parece seco nos meses de
VeÉo.
Um olhar mais atento revela-nos algumas plantas resistentes que mostram toda aglória
das
suas flores,
mesmo
nos
cempos agrícolas
mais
trabalhados
onde
osagricultores lutam diariamente para extinguir
e
simplificara
diversidadede
plantas aí presentes, consideradas por estes como infestrantes. A.s espécies espontÉlneas resistem, expandindo-se a partir da periferia assim queÉm
uma oporhrnidade de regressar ao seu lugar de origem, que o Homem, o agricultor, teima ern lhes retirar.A
diversidade
de
plantasna
nossa
paisagem
rural
éespantoca (Íiguras 6
a
14). Muitasdestas plantas são extremamente
inteÍessantes
pelas
suascaractêrísticas
ornamentaisindividuais
e
de
conjunto (Íiguras15
a
19).
Este
potencial
dapaisagem rural
portuguesae
deoutros países
da
regiãomeditenânica
encontra-sesubexplorado
e
o
conhecimento existente sobre o tema é escasso(Castro, 1997; Castro, 2008,
ecastro et. al.,
2008).
Na
regiáomeditenânica
a
pluviosidade
é baíxa e as têmpêraturas no Verãosáo
altas,
havendo
mesmomesês em
que
não chove.
Comêstas condiçôes as plantas a usar
nos
espaços abertos
devemconseguir
resistír
ao
'stre$s"hídrico. Outrora, espécies
comoas
presentesnas figuras
6
a
14Íizeram
partedo
elenco Ílorísticodos jardins
portuguesês,como
éo
caso
das
Saudades (§caôiosaatropurpurea) ou da
Ervade-São-João
(Hipeicum
pertoratuml(Carapinha, 1
995).
Figuras 6 a í4-
Ftores da paisagem porruguesa.Actualmente, nas cidades,
o
desenvolvimênto
sustentávelestá
intimamente ligadoa
uma natureza produtivae
Íértil,
relativamentenão
modificadapelo
Homem, naqual
novos prados urbanos podem desempenharum
papel importante(Mitterrand,
2011).
DestaÍorma,
os
prados
de
flor
poderãovir a ser
uma importante contribuk;ão parao
desenvolvimento sustentáveldas
nossas cidades.Usando
flora
indígena
ou
não,
o
importante
éaumentar
a
biodiversldade
e
diminuir
o8
âJstos.Contudo, há vantagêns
em
valoÍzar
um
patrímóníorico
existente
na
nossa paisagem rural,
e
quepoderá
vir
a
Íazer
parte
da
paisagem
uóana,
criardo
assim alguma ligação visual entre a cídade eo
campo,
promovendo
a
continuidade
naturalreferida
pelo
ProÍeasorCaldeira Cabral,
e
criandouma paisagem global como a reÍerida pelo ProÍessor
Ribeiro Telles.
Fígures t5 a 19
-
Paisagens ,torlles do AlentêF.Capítulo
lll
-
Prados de
flor
como
alternativa
ao
uso de
relvados
tradicionais
em
clima mediterrânico
Casos
de
estudos:
prado com plantas não nativas
e
prado com plantas nativas
lntrodução
Nas
regiôescom clima
mediterrânicoo
uso
de
coberturasde solo
herbáceas, como os relvados tradicionais ou os prados de flor, deve obedecer a princípios éticos que respeitemo
que seja moralmente bom eiusto
numa dirnensão sociale
sustentável. Os Arquitectos Paisagistas, quando desenham espaços abertos, são responsáveis por criaruma
ordem ética,
mas ao
mesmotempo também
são
responsáveispelos
aspectos estéticos que precedem as suas intervenções,e
que devem ser entendíveis pelo públicoem
geral.O
que
o
público pensa sobreas
coberturasde
solo
herbáceas usadas nosespaços abertos
é
de
crucial
importânciapara
garantiro
sucessoda sua
utilizaçáo,Contudo,
as
percepçõese
preferências estéticas diferem muito entre indivíduos, grupos de indivíduos e culturas, sendo que as verdades que se obtêm nestes casos são relativase não absolutas. Mas, as preferências também podem mudar através da experiência e da aprendizagem. Pode ser uma questão de difusão e explanação de coneeitos princpais a
dÍferentes gtiupos de público (Hitchmough & Dunnett, 2004).
No clima mediterrânico a água
é
um factor limitante, especialmente no Verão com meses se@s e temperaturas elevadas, que causam algum "stress" às plantas usadas nosespaços abertos. Nestas condiçôes,
estas áreas
consomem grandes quantidades de água. Dado isto, é de toda a conveniência que a vegetação usada em clima meditenânico esteja bem adaptada às condições disponíveis.É teita uma tentatÍva de explorar os benefrcios do uso de prados de flor em vez de relvados tradicionais, nos espaços abertos públicos em clima meditenânico.
Os relvados tradicionais são usados em todo o tipo de espaços, uma vez que são uma forma fácil de
ter
uma coberturade
solo herbácea com uma rotinade
manutençãobem conhecida e que qualquer tipo de máo-de-obra não especializada pode aplicar. São mantidos de forma industrial: as pragas
e
doenças sáo eliminadas quando encontradas, independentêmentê dos estragos quê possam ou nâo causar, e as plantas são regadas eDesta Íorma,
eticamenteé
muito
importanteencontrar alternativas
para
o
usoindiscriminado
de
relvados tradicionais que possam ser esteticamente interessantes parao público em geral; uma opção poderá ser o uso de prados de flor.
Assim, seleccionámos dois locais onde foram usados prados de flor. Comparámos
a
composiçãodas
misturas inicialmente propostas nas peças técnicas dos projectos comas
espécies
que
actualmente
se
encontram
no
local.
Analisámos
os
resultados
e dÍscutimos a possÍvelacção que as técnicas de manutenção desenvolvidas podem ter tidosobre os prados em causa.
O
usode
plantas exóticas,em
clima mediterrânico, podeter
algumas limitações.Por
vezes,
não conseguem sobrevivera
um
Verãoseco
e
quente.
Nestas condições arega
é
essencial paraas
manter vivas. Contudo, sendoa
água
um recurso limitado quedeve ser preservado, usá-la para regar pode gerar um problema ético. Para
o
público emgeral ter
vegetaçãoseca no Verão pode ser um
problema estético.O
uso de
espéciesnativas, adaptadas
às
condiçõesdo clima
mediterrânico,e
que
podeaté
produzir floresdurante
o
Verão, pode
ser
uma opção
que
merece
ser
melhor estudada.
A
riquezaflorística
da
paisagemrural,
ern
Portugal,é
muito
elevadae
não
está
suficientemente conhecida,Método
Foram
seleccionados
dois locais,
em
Évora
(na
região Alentejo
de
Portugalcontinental), com áreas revestidas com prados de Ílor. No primeiro caso
o
prado situa-se num espaço entre edifíciose
numa rotunda, numa área urbana com espaços comerciais. No segundoo
prado situa-se entre os ediÍícios da antiga Fábrica dos Leões, actualmentepertencente
à
Universidadede
Évora. Em ambas
as
situações
o
solo
é
muito
pobre,sendo visíveis afloramentos rochosos
e
restos de entulho. Em cada local está implantado um sistema de rega.De acordo com
a
informação quê nos foi Íornecida pelos técnicos do Município deL
Evora,
no
primeiro casode
estudofoi
usada uma misturade
sementes comercial (Baby bloomers@ from Turf-seed, lnc.). De acordo com a inÍormação Íornecida pelos técnicos da Universidadede
Évora,
e
presente
nas
peças técnicas
do
projecto
(que nos
Íoramfornecidas pelos mesmos técnicos), no segundo caso de estudo Íoi usada uma mistura de
sementes
de
plantas autóctones, não tendo sido possível saber quem as produziu ou seforam colhidas em meio rural a partir das populações espontâneas.
A
metodologia seguida consistiu na avaliaçãodas
plantas presentes actualmente no terreno usando inventários que tiveram inspiração o método Íitossociológico.Primeiramente estudou-se a composição das misturas de sementes propostas nos projectos que precederam a sementeira dos prados.
Seguidamente, foram sendo feitas observações de campo. Na Primavera de 2011,
quando
a
maioriadas
plantas presentesse
encontravaem
períodode
floração, foraminventariadas áreas
com
cercade 1
m2. Istofoi
feito
marcando noterreno
1
m2que
foifotograÍado usando uma câmara fotográfica digital.
A
representatividadede
cada espéciefoi
medida usando
o
programa
de
computador
AutoCAD@,que
permitiu
medir
comexactidão,
e
após correcção da escala,a
área de projecção no solo de cada conjunto de plantas da mesma espécie.Os resultados obtidos Íoram comparados com a c-omposição da mistura de plantas
proposta nos projectos.
Resultados
No primeiro caso de estudo o prado é composto por plantas náo nativas.
Nas figuras 20 e
2'l
podemos ver como o prado de flor, constituído por plantas não nativas, se encontrava na Primavera de 2007, pouco depois de ter sido instalado.Nas figuras 22 e 23 podemos ver o aspecto actual do mesmo prado, na Primavera
Figuras 20 e21
-
Prado de flor com plantc não nativas, na Primavera de 2007Figuras 22 e 23 - Prado de Ílor com plantas não nativas, na Primavera de 2011
Na tabela 1,
presente
na
página seguinte,
são
apresentadosos
resultados doinventário.
Tabela 1. Resultado do inventário realizado em 201 1 no prado de flor produzido a partir de sementes de plantas não nativas (primeiro caso estudado).
Especies Ciclo de vida Situação
Anagallis arvensis Convulvulus arvensis Echium plantaginewn Leontodon tuberosus Papaver rhoeas Silene colorata Plantago coronopus Cicfurtum intybus Malva sylvestris Anual Anual Anual Anual Anual Anual Anual Perene Perene + + + + + ++ ++ + +
++ Presente (mais do que 1o/o), + Presente (menos do
que
1o/"), - Ausenteffi
Corposição
da mistura inicialmente proposta no projecto.No segundo caso de estudo o prado é composto por plantas natiuas.
Nas
Figuras24
e 25
podemosver
o
aspecto actualdo
prado,na
Primavera de 2011, quando tiveram lugar os inventários.Figuras 24 e 25 - Prado de flor com plantas nativas, na Primavera de 201 1
Na tabela 2 são apresentados os resultados do inventário
Tabela 2. Resultado do inventário do segundo caso de estudo.
Espécies Ciclo de vida Situação
Brtza minor lnlium perenne Poa bulbosa
Tifolium
tncarnaturn Trtfoüum nigrescens Trifolium repens Bellis sylvestris Gynandriri s s i sy rinchium Leontodon tuberosus Papaver rhoeas Ranunculus bullatus Raphanus raphanistrum Anual Perene Perene Anual Anual Perene Anual Anual Anual Anual Anual Anual ++ + ++++ Presente (mais do que 1o/o), + Presente (menos do que 1o/"), - Ausente De acordo com o plano de plantação do projecto.
Discussão
No primeiro caso de estudo (figuras 18 a 21), existe uma grande diÍerença entre a
Primavera
de
2007
e
a
Primaverade
2011.As
plantascom Ílores
que
inicialmente seencontravam presentes
estão
actualmenteguase
ausentes.Os
resultadosdo
inventáriomostram
que
da
mistura proposta, apenas
três
espécies (Oenothera
speciosa,Eschscholzia calitornica
e
Linaria maroccana) continuama
aparecerna
áreaem
estudo. Destas três espécies apenasa
Oenothera speciosa se encontra presente em maisde
1%daárea
estudada. Contudo, novas plantas, nativas, têmsuqido.ÉmZAA7,
como se podever na figura 18 e especialmente na Íigura 19, existe uma espécie presente no prado, com
Ílor
amarela,nativa:
Diplotaxis catholica.Na
Primaverade
2011, quando Íoramfeitos
osinventários, existem nove novas espÉcies nativas na área
do
prado. Algumasdas
quaiscom interesse ornamental, como:
Convulwlus
aruensis, Echium plantagineum, Leodontontuberosus, Papaver
rhoeas, Silene colorata
e
Cichorium
intybus. Estas
espécies provavelmente já se encontravam presentes no banco de sementes do solo.As razões que poderão explicar
o
que aconteceu neste primeiro caso prendem-secom
o
climae
com as técnicasde
manutenção usadas. No clima mediterrânicoé
difícil a sobrevivênciade
muitas plantas
não
nativas,
especialmentese
as
sementes
que
asoriginam tiverem sido produzidas em climas mais húmidos e amenos. Quanto às técnicas
de
manutenção usadas, muitasvezes não estão
de
acordo com
as
necessidades dasespécies
em
causa.
O
corte
é
a
técnica
de
manutençãomais usada para controlar
ocrescimento de coberturas
de
solo herbáceas, por Íormaa
mantero
bom aspecto destasáreas.
Contudo,o
públicoem geral
não gostade ver
uma áreade
herbáceassecas
noVerâo,
o
gueé
muitas vezes essencial paraa
produçãode
sementeque
permitaque
asespécies
em
causa perdurem no prado. Assim,os
serviçosdos
municípios responsáveispela manutenção dos espaços abertos são frequentemente pressionados para fazerem o
corte
e
remoção das plantas que compõemos
prados deÍlor,
antes que estas produzamsementes víáveis
que
permitama
sobrrevivênciadas
espécíes. Este tipode
actuação vai provocando o desaparecimento das espécies não nativas que compõem os prados de Ílor. No segundo caso estudadoa
místura proposta parao
prado de flor era constituídapor
plantas
nativas, embora actualmentesó se
encontram presentes: Lollium perenne, Trifolium incarnatume
Trifolium repens. Destas espÉcies dominama
primeirae
a
última,que
se
encontram presentes
em
mais
de
1"/"
da
área. Todas
as
outras
espéciesNeste
caso de
estudo
não
acreditamosque
o
clima
possa
ter
tido um
papel importante, uma vez que, o facto de serem plantas nativas nos dá alguma garantia de quese encontram bem adaptadas ao clima mediterrânico. Contudo, a dificuldade de encontrar produtores
de
sementesde
algumas destas espécies pode justificara
sua ausência pornão
ter sido
possívelencontrar
no
mercado sementesde:
Bellis
sylvestris, Leodantontuberosus, Ranunculus bullatus e Raphanus raphanistrum. Gyrandriris sisyrinchium é uma bolbosa sem presença no mercado. Para conseguir sementes destas espécies, por vezes,
é
preciso apanhar as sementese
bolbos no campo, nas populações locais, espontâneas.Dado isto,
é
possÍvel
que
neste caso
de
estudo,
a
dificuldade
de
encontrar
estassementes e o custo muitíssimo elevado que teria a sua colecta rn siÍu, tenha Íeito com que
a
mistura aplicada Íosse diferente da proposta. Não conseguimos saber se foi o caso umavez
gue
não conseguimos apurarqual
a
ernpresaque
semeouo
prado.Outra
hípótesepara
a
não
existênciade
algumasdas
plantas propostaspoderá ser,
também,as
máscondições
de solo
presentes.As
operaçõesde
manutençãoque têm sido
usadas
namanutenção
deste
prado poderão
ser
outra causa para
a
não existência
de
algumasespécies, uma
vez que,
também neste
caso,
os
cortes frequentes
são
usados
paramanter
o
bom aspectodo
prado,e
são Írequentemente aplicados antesda
produção de semente.Conclusão
Os dois caso de estudo apresentam-nos diÍerenças muito interessantes, como seja
a
origemdas
plantasem
causa:no
primeirotemos
um prado compostopor
plantas não nativas e no segundo temos um prado composto por plantas nativas. Possuindo, também,semelhanças
enquanto
coberturas
de
solo
como
alternativas
ao
uso
de
relvadostradicionais.
Também nestas
duas
situações
se
identificam preocupações
éticas
eestéticas
da
parte
dos
Arquitectos
Paisagistas
gue
projectaram
estes
espaços.Preocupações éticas porque houve
o
cuidadode
usar coberturas herbáceas alternativasaos
relvados,
com
menores consumos
de
água, menor
manutenção,
e
maiorbiodiversidade.
E
preocupaçÕesestéticas porque
os
prados escolhidos
têm
interesseornamental pelas flores
que
produzem e que muíto satísfazem as preferênciasdo
publico em geral.Contudo,
em
ambas
as
situações
os
resultados
obtidos ficaram longe
doesperado. No primeiro a maioria das espÉcies desapareceu, e no segundo quase todas as
plantas propostas
no
planode
plantação nãose
encontram actualmente presentes. lstomostra
que existe ainda
muitoa
lazer de Íorma
a
encontrar coberturas herbáceas quepossam
ser
usadas como alternativaaos
relvados tradicionais, especialmenteem
áreassobrantes,
ê que
resultem bem,que
não apresentem grandes diferençasentre
o
que
éproposto
e
o que
existe
e
persiste.Tambóm
podemosconcluir
quê
a
manutenção deprados
de
flor
tem que ser
explorada.O
aspectoseco pode não ser
agradávelpara
opúblico
em geral,
mas para
que as
espécies persistam
no
tempo
é
importante saberquando podem ser cortadas sem por em causa a produção de sementes viáveis.
Também se
concluique
há muitoatazer
no que respeitaà
informação e educaçãodo público em geral, dos governantes e dos técnicos municipais, por Íorma a que possam
conhecer
e
aprendera
gostar destes pradosde flor
comtodas as
suas especificidades.Por vezes
as
pessoas esperam
maísdo que
a
natureza lhes pode oÍerecer. Mas,
aspreferências
e
percepções das pessoas podem mudar.As
preÍerências estéticas podem mudar através da experiência e da aprendizagem (Hitchmough & Dunnett, 2004).Por último, concluímos que os prados de flor são uma interessante alternativa ética
e estética aos relvados tradicionais em clima mediterrânico. Contudo, é preciso fazer mais
estudos acerca das técnicas de manutenção usadas, acerca da sobrevivência das plantas não nativas e acerca da selecção de plantas nativas.
Capítulo
lV
-
Prados
de
flor
vs
relvados
tradlclonals em
cllma
mediterrânico: preÍerências
e percepções
do público
em geral
lntrodução
No
ambiente urbano,
os
espaços abertos
têm um papel muito
importante
napromoção
da
qualidade
de
vida
das
populaçÕes,São
responsáveis
por
mostrar
asvariações sazonais
(por
exemplo através
da
ftoração
das
plantas)
que são
da
maiorimportância para
o
equilíbriofísico
e
psíquicodo
públicoem
geral.Os
espaços abertossão
promotorese
impulsionadoresdas
interacções sociais, aumentandoa
qualidade devida
e
afectando
conscientemente
ou
inconscientemente
o
comportamento,
ossentimentos e a saúde das pessoas na sua vida do
dia-adia.
Recentemente tem emergido um novo movimento social e ambiental que promove
a
introdução de espécies nativas como tormade
reduzir os custosde
manutenção, ser omais sustentável possÍvel,
e
ter
a
mais larga variação sazonal possível, dependendo da diversidadede
espécies presentes
na
mistura usada
(Hitchmough&
Dunnett,
2AA4l.Contudo,
isto
pode não
ser
apreciado
pelo
público
em
geral.
As
percepções
epreÍerências diferem enormemente
entre
indivíduos,grupos
etários, géneros, culturas ecom
experiências individuais,sendo
as
verdades
nestescasos bastante mais
relativasque absolutas (Ôzgüner & Kendle, 2006; Hitchmough & Dunnett, 2004; Jorgensen,2OO4).
Algumas pessoas
olham para
os
prados
de flor
como
espaços abandonados,
semmanutenção,
sem valor,
e
por vezes
até
assustadores. Parecehaver uma
preferência pelo ambiente controlado que os relvados tradicionais oÍerecem.Assim,
tentámos exploraras
atitudes correntes peranteo
uso
de
relvadose
de prados de flor em espaços abertos públicos, bem comoa
importância da biodiversidade eda
sustentabilidade nas percepçõese
preferênciasdas
pessoas, considerando tambémMétodo
Foi usada uma estratégia de pesquisa comparativa, baseada na ideia de que o uso
de
imagens
de
diferentes
tipos
de
coberturas
de
solo permite
a
identificação
daspercepções e preferências do público em
geralpor
espaços abertos mais naturalizados oumais Íormais.
lsto
requero
desenvolvimento especialde
uma
estratégiade
método deinquérito, de amostra e de selecção de locais (Ôzgüner & Kendte, 2006).
O
método consistiu num inquérito enviado por "e-mail" para diferentes pessoas dediferentes géneros ê grupos etários.
O
inguérito toi construído com uma explicação iniciat sobre o objectivo a atingir, seguida de três fases:-
na
primeira
fase
foram
mostradas
quatro imagens
(de um
relvado
commargaridas,
de
um
prado espontâneo,de
um prado deflor e de um
relvado tradicional), uma por página, sendo pedido que por baixode
cada imagem cada inquirido escrevesseuma palavra que descrevesse a imagem.
-
na segunda fase quatro grupos de imagens numeradas (imagens 26 a 29) foramapresentadas
na
mesma página, tendo sido perguntadoa cada
inquiridoqual o
conjuntode
imagens que prefere no gue respeita à cor, às flores, à diversidade, à organização e àsustentabilidade.
: 'r: ij'!'iii -. ::'t
i
rr':l
Imagem 26. Relvado tradicional. Imagem T7.Praú de flor.
Imagem 28. Prado espontâneo. Imagem 29. Relvado com margaridas..
-
na terceira tase dois gruposde
imagens (imagens 30e
31) foram mostradas emconjunto tendo sido pedido
aos
inquiridos
que
escolhessem
uma
imagem
de
suapreÍerência sabendo
que as
fotograÍiasÍoram tiradas
no
Verão,
em
Évora,
na
região Alentejo de Portugalcontinental, onde o clima é mediterrânico.24
1
2
Ã
Imagem 30. Prado castaúo Imagem 31. Relvado verde.
A
amostra
de
população inquirida
foi
composta
por
104
pessoas
de
sexos
eclasses etárias diferentes.
Foi utilizado o teste
do
f,
para determinar diÍerenças signiÍicativas. A análise dosdados
recolhidos,
Íoi
eÍectuada
através
da
utilização
dâ
aplicação
NCSS
(NumberCruncher Statistical Software, V. 2000).
Resultados
e
tratamento de
resultados
A distribuição da população inquirida por sexo e classe etária encontra-se descrita
na tabela 3.
Tabela 3: Amostra de população inquirida (em percentagem).
Género
Classe estária Feminino Masculino
<30
í0
í0
30-60 60 16
<60
3 2Total 72 28
Os
resultadosobtidos na
primeirafase
do
inquéritoforam
listadose
agrupados.Para