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Casos práticos 25.10.2016

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Casos práticos

Alteração do contrato, aumento e

redução do capital social e

(2)

Alberto, Bruno e Carlos são sócios, em partes iguais, da

sociedade “Mikrolet tours, Lda.”, que se dedica à organização e

realização de passeios turísticos entre Díli e Jaco. A sociedade

tem um capital social de 15.000 dólares norte-americanos e foi

criada em 2012.

Quanto constituíram a sociedade, os sócios decidiram que Bruno,

porque tinha de conduzir durante muitas horas e como só ele sabia

como chegar com a mikrolet a sítios de interesse turístico, tinha

direito a receber mais 10% lucros que existissem na sociedade em

comparação com os restantes sócios, sendo o restante distribuído

pelos sócios de acordo com as participações sociais. Bruno tinha

também o direito a nomear-se como administrador.

A “Mikrolet tours, Lda.” foi um sucesso, tendo tido entre 2012 e

2015, lucros anuais de $90.000 dólares norte americanos.

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(4)

I) Os sócios, no ano de 2012, decidiram que os lucros da sociedade

deveriam ser todos destinados à realização integral da reserva

legal e de uma reserva voluntária. Distinga a reserva legal de

reserva voluntária. Quem tem competência para decidir a

existência de uma reserva voluntária?

II) Qual é o valor da reserva legal da “Mikrolet tours, Lda.”?

III) A cláusula do contrato de sociedade que permite que o Bruno

receba mais 10% dos lucros da sociedade do que os restantes

sócios é válida? E a cláusula pela qual Bruno tem direito a ser

nomeado administrador?

IV) No ano de 2013, qual foi o valor distribuído a título de lucro

que Bruno recebeu?

(5)

Em 2016, cansado de conduzir, Bruno propôs que a sociedade deixasse de se dedicar aos passeios turísticos e passasse a vender passeios de barco a

Ataúro e acompanhamento de turistas na pesca submarina. Por esse motivo, Bruno propôs ainda que a “Mikrolet tours, Lda”. se passasse a denominar “Foguete de Ataúro – Travessias e lazer, Lda.”.

V) Que órgão tem competência para decidir estas alterações? Qual é maioria

necessária para aprovar essas modificações?

VI) Imagine que Carlos não concorda com estas alterações. Como é que ele

pode reagir contra a mesma?

VII) Quid juris se Carlos quisesse vender a sua quota a Dário? Qual era o

procedimento a adoptar? Os outros sócios tinham algum direito?

VIII) Dado que o Bruno vai deixar de conduzir a mikrolet e o barco vai ser

conduzido por todos, os sócios querem acabar com o direito de Bruno receber mais 10% dos lucros. Como podem fazê-lo?

(6)

Em 2016, cansado de conduzir, Bruno propôs que a sociedade deixasse de se dedicar aos passeios turísticos e passasse a vender passeios de barco a

Ataúro e acompanhamento de turistas na pesca submarina. Por esse motivo, Bruno propôs ainda que a “Mikrolet tours, Lda”. se passasse a denominar “Foguete de Ataúro – Travessias e lazer, Lda.”.

IX) Decidida a alteração da actividade, os sócios precisavam de comprar o

barco com o qual iriam fazer a travessia entre Díli e Ataúro. No entanto, como a sociedade tinha pouco dinheiro disponível, os sócios disponibilizaram-se a ajudar a sociedade. Imagine que é advogada/o e foi chamada/o para

aconselhar os sócios a tomar a melhor decisão. Qual seria a figura que propunha?

(7)

Casos práticos

Alteração do contrato, aumento e

redução do capital social e

alteração do objecto

Resolução

(8)

I) Os sócios, no ano de 2012, decidiram que os lucros da sociedade deveriam ser todos destinados à realização integral da reserva legal e de uma reserva

voluntária. Distinga a reserva legal de reserva voluntária. Quem tem competência para decidir a existência de uma reserva voluntária?

A reserva legal constitui um limite à distribuição dos lucros de exercício entre os sócios da sociedade, conforme previsto nos artigos 27.º e 28.º da LSC. A reserva consiste num valor em dinheiro, para além do capital social, que a sociedade possui e que se destina a responder perante prejuízos ou perdas da sociedade. As reservas servem ainda para proteger os credores.

A reserva chama-se legal quando é constituída obrigatoriamente por força da lei: é o caso previsto nos artigos 206.º para as SPQ e 261.º para as sociedade anónimas.

A reserva é voluntária quando os sócios deliberam, espontaneamente e sem que a lei ou o contrato de sociedade os obrigue, constituir uma reserva.

A competência para decidir acerca da existência de uma reserva voluntária é dos sócios reunidos em assembleia geral. Está previsto no artigo 43.º, alínea d) LSC, tanto para as SPQ como para as SA.

(9)

II) Qual é o valor da reserva legal da “Mikrolet tours,

Lda.”?

A sociedade é uma sociedade por quotas com capital

social de 15.000. Dispõe o artigo 206.º, n.º4 da LSC que,

nas sociedades por quotas, a reserva legal deve ser igual

a 50% do capital social, ou seja, 7.500$.

Os sócios deliberaram em 2012 realizar logo toda a

reserva legal. É uma competência sua, nos termos do art.

43.º, alínea d) e essa deliberação era possível ao abrigo

do artigo 206.º, n.º4.

Como a reserva legal é de 7.500$, os sócios decidiram

constituir uma reserva voluntária de 82.500$.

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III) A cláusula do contrato de sociedade que permite que o Bruno receba mais

10% dos lucros da sociedade do que os restantes sócios é válida? E a cláusula pela qual Bruno tem direito a ser nomeado administrador?

O artigo 23.º da LSC das sociedades comerciais estabelece o princípio de

igualdade de tratamento dos sócios. Estabelece ainda o artigo 26.º que, salvo disposição estatutária, os sócios quinhoam nos lucros segundo a proporção dos valores nominais das suas quotas.

No entanto, a lei também prevê, no artigo 13.º, nº.1 da LSC que por

estipulação nos estatutos podem ser criados direitos especiais de um sócio: os direitos especiais são a norma legal que permite afastar a regra que diz que os sócios recebem os lucros de acordo com a sua percentagem do capital

social. As sociedades por quotas acolhem os direitos especiais no artigo 207.º. O direito a lucro superior à percentagem do capital social é legalmente

permitida, desde que prevista no contrato de sociedade e é um direito especial de natureza patrimonial.

O direito a ser nomeado para a administração é um direito especial de natureza não patrimonial (artigo 207.º). Essa regra está inclusivamente

prevista no artigo 79.º , n.º1 da LSC, impondo a responsabilidade solidária do sócio e do administrador.

(11)

IV) No ano de 2013, qual foi o valor distribuído a título de lucro que

Bruno recebeu?

Em 2013, a sociedade apresentou um lucro de 90.000$. A sociedade já

tinha todas as reservas legais realizadas pelo que não tinha de

reservar nenhum valor para estabelecer reservas.

A, B e C são titulares, cada um, de uma quota no valor de 5000$ pelo

que, da aplicação das regras da lei, cada um tinha direito a um lucro

de $30.000.

No entanto, fruto do seu direito especial ao lucro (art. 13.º e 207.º,) B

tem direito a uma majoração do 10% do seu direito ao lucro.

B tinha direito a 30.000$ pelo seu capital. No entanto, dado os 10 % a

mais que tem direito, B vai receber de lucro 33000$, ou seja, o valor

da sua quota mais 10% do seu lucro particular.

A e C vão receber 27500$ de lucro, cada um. O valor não corresponde

aos 33,33% do seu capital social porque se B recebeu mais do que era

suposto, esse valor é retirado do lucro total e, por conseguinte, ao

lucro atribuível aos sócios A e B.

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Em 2016, cansado de conduzir, Bruno propôs que a sociedade deixasse de se dedicar aos passeios turísticos e passasse a vender passeios de barco a

Ataúro e acompanhamento de turistas na pesca submarina. Por esse motivo, Bruno propôs ainda que a “Mikrolet tours, Lda”. se passasse a denominar “Foguete de Ataúro – Travessias e lazer, Lda.”.

V) Que órgão tem competência para decidir estas alterações? Qual é maioria

necessária para aprovar essas modificações?

- Assembleia geral, nos termos do art. 43.º, alínea e), artigo 7.º, n.º8 da LSC e artigo 210.º, alínea a) da LSC.

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Em 2016, cansado de conduzir, Bruno propôs que a sociedade deixasse de se dedicar aos passeios turísticos e passasse a vender passeios de barco a

Ataúro e acompanhamento de turistas na pesca submarina. Por esse motivo, Bruno propôs ainda que a “Mikrolet tours, Lda”. se passasse a denominar “Foguete de Ataúro – Travessias e lazer, Lda.”.

VI) Imagine que Carlos não concorda com estas alterações. Como é que ele

pode reagir contra a mesma?

- Votando na Assembleia Geral contra a aprovação da deliberação (art. 24.º, alínea d);

- Se existir alguma ilegalidade na deliberação, requerendo em tribunal a suspensão da deliberação social ao abrigo do art. 59.º e, simultaneamente, requerendo a declaração de nulidade ou anulabilidade da deliberação (art. 55.º, art.º 56.º e art. 57.º LSC).

- Requerendo a exoneração como sócio, nos termos do art. 201.º, n.º1, alínea b) LSC e art. 100.º LSC

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Em 2016, cansado de conduzir, Bruno propôs que a sociedade deixasse de se dedicar aos passeios turísticos e passasse a vender passeios de barco a Ataúro e acompanhamento de turistas na pesca submarina. Por esse motivo, Bruno propôs ainda que a “Mikrolet tours, Lda”. se passasse a denominar “Foguete de Ataúro – Travessias e lazer, Lda.”.

VII) Quid juris se Carlos quisesse vender a sua quota a Dário? Qual era o procedimento

a adoptar? Os outros sócios tinham algum direito?

Como estamos no âmbito de uma SPQ, a sociedade tem direito de preferência em caso de venda de quotas – art. 196.º, n.º1.

Competência para exercício do direito de preferência da sociedade na aquisição de quota: assembleia geral: art. 210.º, alínea b)

Maioria: maioria absoluta do capital social ou, em 2.ª convocatória, maioria absoluta do capital social presente.

O sócio deve notificar a sociedade e os restantes sócios, por carta registada, do projecto de transmissão pretendido, comunicando-lhes os termos previstos para a venda (valor e condições da transmissão, adquirente.

Os sócios, caso a sociedade não exercesse o direito de preferência, poderiam exercê-lo individualmente, no prazo previsto no art. 196.º LSC. Recorda-se ainda que o direito de preferência está regulado no art 349.º a 358.º do Código Civil.

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Em 2016, cansado de conduzir, Bruno propôs que a sociedade deixasse de se dedicar aos passeios turísticos e passasse a vender passeios de barco a Ataúro e

acompanhamento de turistas na pesca submarina. Por esse motivo, Bruno propôs ainda que a “Mikrolet tours, Lda”. se passasse a denominar “Foguete de Ataúro –

Travessias e lazer, Lda.”.

VIII) Dado que o Bruno vai deixar de conduzir a mikrolet e o barco vai ser

conduzido por todos, os sócios querem acabar com o direito de Bruno receber mais 10% dos lucros. Como podem fazê-lo?

O direito do Bruno é um direito especial (art. 13.º e art. 207.º). A este

respeito, o art. 13.º, n.º2 prevê expressamente que o direito especial só pode ser eliminado ou modificado caso Bruno dê o seu consentimento, salvo se o contrato de sociedade (os estatutos) previrem a eliminação desse direito especial sem necessidade do consentimento de Bruno. Assim, para que a deliberação que elimine o direito especial seja plenamente válida, Bruno tem de prestar o consentimento. Recorda-se ainda que o Bruno não pode fazer parte dessa deliberação pois encontra-se em situação de conflito de

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Em 2016, cansado de conduzir, Bruno propôs que a sociedade deixasse de se dedicar aos passeios turísticos e passasse a vender passeios de barco a Ataúro e acompanhamento de turistas na pesca submarina. Por esse motivo, Bruno propôs ainda que a “Mikrolet tours, Lda”. se passasse a

denominar “Foguete de Ataúro – Travessias e lazer, Lda.”.

IX) Decidida a alteração da actividade, os sócios precisavam de comprar o barco

com o qual iriam fazer a travessia entre Díli e Ataúro. No entanto, como a

sociedade tinha pouco dinheiro disponível, os sócios disponibilizaram-se a ajudar a sociedade. Imagine que é advogada/o e foi chamada/o para aconselhar os

sócios a tomar a melhor decisão. Qual seria a figura que propunha?

Se a sociedade necessita de capital para investir e os sócios estão dispostos a entregar mais capital, a alternativa passa por deliberar o aumento do capital social. Para isso, os sócios podem deliberar o aumento de capital, nos termos previstos no art 90.º, mediante novas entradas por parte dos sócios (visto que a sociedade não tinha dinheiro disponível). Para isso, os sócios devem deliberar na assembleia geral, nos termos do art. 43.º , al. f), o aumento de capital.

Referências

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