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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Bragança e no Serviços Farmacêuticos da Unidade Hospitalar de Vila Real Centro Hospitalar de Trás-os- Montes e Alto Douro, EPE

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

MESTRADO INTEGRADO EM

CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Julho – Novembro 2014

FARMÁCIA BRAGANÇA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM

FARMÁCIA COMUNITÁRIA

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Bragança

1 de Julho de 2014 a 4 de Novembro de 2014

Renato Lopes Gil

Orientador: Dra. Alzira Lemos

__________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz

__________________________________

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Eu, Renato Lopes Gil, abaixo assinado, nº 090601201, aluno do Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade

do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste

documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um

indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho

intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de

trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou

redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte

bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________

de 2014

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, mais do que um contacto com a realidade profissional, o estágio realizado na Farmácia Bragança constituiu uma das últimas etapas de um objetivo de vida: ser farmacêutico.

O período de estágio que realizei foi uma oportunidade única, que contribuiu largamente para a minha formação enquanto profissional de saúde mas também para o meu desenvolvimento pessoal. Assim, faço um agradecimento especial:

À Prof. Doutora Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz, pela excelente orientação e dedicação demonstradas, pela disponibilidade e simpatia e por todas as correções e conselhos prestados.

À Dra. Alzira Lemos, pela excelente orientação, pelo carinho com que me recebeu, por todo o conhecimento que me transmitiu e por me ter me ter ensinado a ser uma pessoa mais atenta aos pormenores, mostrando disponibilidade e simpatia em todos os momentos.

À Dra. Susana Moreno, pela excelente dedicação, disponibilidade, acompanhamento e simpatia demonstrados diariamente. Agradeço-lhe todo o apoio que me proporcionou, todo o tempo despendido a ouvir e a esclarecer as minhas dúvidas, todos os conhecimentos teóricos e práticos que me transmitiu e toda a confiança em mim depositada para a execução de determinadas tarefas.

Ao Sr. Emanuel e Sr. Fernando, Auxiliares de Farmácia, pelo carinho e simpatia com que me receberam, pela amizade desenvolvida, pelo ambiente de trabalho formidável que proporcionaram, repleto de momentos de boa disposição mas também de um profissionalismo e dedicação incomparáveis. Agradeço especialmente ao Sr. Emanuel por todas as dúvidas esclarecidas, por todos os conhecimentos transmitidos, por todas as conversas, pela disponibilidade constante e pela companhia nos inúmeros cafés na pausa de almoço.

À Melissa dos Reis, Técnica de Farmácia, pelo carinho e simpatia com que me recebeu e pelo ambiente de trabalho agradável que proporcionou.

À Dra. Daniela Silva, Farmacêutica Estagiária, pelo carinho e simpatia com que me recebeu, pela partilha de todas as dúvidas e pelo ambiente de trabalho agradável que proporcionou.

À minha namorada, Bárbara Loureiro, pelo apoio incondicional demonstrado, pela disponibilidade constante, pela capacidade de compreensão, por todos os conselhos prestados e mais importante por todas as críticas construtivas. Agradeço-lhe do fundo do coração todos os momentos vividos e partilhados que comigo levo p’ra vida.

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Aos meus colegas e amigos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, Ana Catarina Almeida, Catarina Garcia, Paulo Malta, Sílvia Pisco, Patrice Marques, Liliane Pinheiro, Cristina Moura e muitos outros que não têm os seus nomes aqui escritos, por me terem acompanhado e apoiado ao longo desta fase da minha vida, por toda a amizade construída e por todos os momentos inesquecíveis que passamos juntos.

Aos professores e funcionários da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto que comigo contactaram e que de algum modo marcaram a minha passagem por esta casa.

Aos meus pais e irmão, pelo apoio incondicional que sempre demonstraram, tendo respeitado sempre as minhas decisões. Agradeço-lhes por todo o esforço e sacrifício realizados ao longo dos últimos cinco anos que tornaram possível a concretização deste objetivo.

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RESUMO

A Farmácia Comunitária, representando o estabelecimento de saúde de maior acessibilidade à população, tem como principal objetivo a cedência de medicamentos. Porém, representa também a porta de entrada no Sistema de Saúde, à qual os utentes recorrem em primeira instância a um aconselhamento personalizado procurando satisfazer as suas necessidades e esclarecer as suas dúvidas. Representando uma estrutura importante nos cuidados de saúde, torna-se importante adquirir e consolidar conhecimentos sobre o papel do Farmacêutico Comunitário.

Assim, encontram-se descritas na primeira parte deste relatório as principais atividades integrantes da Farmácia Bragança em que tive oportunidade de me envolver, nomeadamente: encomendas e aprovisionamento, dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos, preparação de medicamentos manipulados, cuidados farmacêuticos exercidos, processamento do receituário, entre outros. Por outro lado, a segunda parte do relatório envolve a apresentação dos temas desenvolvidos, designadamente a avaliação e caracterização do conhecimento sobre medicamentos genéricos pela população e a sensibilização para as principais doenças da próstata.

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ÍNDICE

Agradecimentos ... iv Resumo ... vi Índice de Figuras ... x Índice de Tabelas ... xi Abreviaturas ... xii

Parte 1 – Descrição das Atividades Desenvolvidas na Farmácia Comunitária 1. Introdução ... 2

2. Apresentação da Farmácia Bragança 2.1 Localização e Horário de Funcionamento ... 3

2.2 Recursos Humanos ... 4

2.3 Perfil dos Utentes... 4

2.4 Espaço Físico ... 4

2.4.1 Espaço Físico Exterior ... 4

2.4.2 Espaço Físico Interior ... 5

3. Aprovisionamento e Encomendas 3.1 Fornecedores ... 6

3.2 Critérios de Aquisição ... 6

3.3 Gestão de Stocks... 6

3.4 Realização de Encomendas ... 7

3.5 Receção e Conferência de Encomendas ... 8

3.6 Marcação de Preços ... 10

3.7 Armazenamento ... 10

3.8 Controlo dos Prazos de Validade e Devoluções ... 11

4. Classificação dos Produtos Existentes na Farmácia 4.1 Medicamentos Sujeitos a Prescrição Médica Obrigatória ... 11

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4.3 Medicamentos Manipulados ... 12 4.3.1 Definição de Manipulado ... 12 4.3.2 Matérias-primas e Reagentes ... 12 4.3.3 Material de Laboratório ... 12 4.3.4 Regras de Manipulação ... 12

4.3.5 Determinação do Prazo de Validade ... 13

4.3.6 Cálculo do PVP do Medicamento Manipulado ... 13

4.3.7 Considerações ... 13

4.4 Medicamentos e Produtos Homeopáticos ... 13

4.5 Produtos Dietéticos ... 14

4.6 Produtos para Alimentação Especial ... 14

4.7 Produtos Fitoterapêuticos ... 14

4.8 Produtos Cosméticos e Dermofarmacêuticos ... 14

4.9 Produtos e Medicamentos de Uso Veterinário ... 15

4.10 Dispositivos Médicos ... 15

5. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica 5.1 Validação da Prescrição Médica ... 16

5.2 Ato da Dispensa ... 17

5.3 Medicamentos Psicotrópicos e/ou Estupefacientes ... 19

5.4 Regimes de Comparticipação ... 19

6. Aconselhamento e Automedicação ... 20

7. Outros Cuidados de Saúde ... 22

8. Outros Serviços na Farmácia 8.1 VALORMED® ... 22

8.2 Farmacovigilância ... 23

9. Contabilidade e Gestão 9.1 Processamento do Receituário ... 23

9.2 Sistema Informático ... 24

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11.Sistema de Gestão da Qualidade ... 25

12.Formações ... 26

13. Considerações Finais ... 26

Parte 2 – Temas Desenvolvidos e Casos de Estudo 1. Caracterização do Conhecimento sobre Medicamentos Genéricos 1.1 Seleção do Tema ... 28

1.2 Introdução ... 28

1.3 Medicamentos Genéricos ... 29

1.3.1 Autorização de Introdução no Mercado ... 29

1.3.2 Bioequivalência ... 30 1.3.3 Comercialização ... 31 1.4 Resultados ... 33 1.4.1 Identificação do Inquirido ... 34 1.4.2 Inquérito ... 36 1.5 Conclusão ... 40 2. Doenças da Próstata 2.1 Seleção do Tema ... 40 2.2 Introdução ... 41

2.3 Principais Doenças da Próstata ... 42

2.3.1 Prostatite ... 42

2.3.2 Hipertrofia Benigna da Próstata ... 42

2.3.3 Cancro da Próstata ... 42

2.3 Conclusão ... 43

Referências Bibliográficas ... 44

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 23

Etapas de processamento do receituário

Figura 2 31

Curva de biodisponibilidade

Figura 3 32

Distribuição da quota de medicamentos genéricos por distrito em Portugal

Figura 4 35

Distribuição dos resultados relativamente à identificação dos inquiridos

Figura 5 37

Distribuição de respostas dos inquiridos relativamente à pergunta 3 do inquérito

Figura 6 38

Distribuição de respostas dos inquiridos relativamente à pergunta 4 do inquérito

Figura 7 39

Distribuição de respostas dos inquiridos relativamente às perguntas 5 e 6 do inquérito

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 3

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ABREVIATURAS

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

MG Medicamento Genérico

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica PRM Problema Relacionado com o Medicamento

PVP Preço de Venda ao Público

RAM Reação Adversa Medicamentosa

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PARTE 1

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

DESENVOLVIDAS NA FARMÁCIA

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1. INTRODUÇÃO

A vertente do meu estágio curricular em Farmácia Comunitária foi realizada na Farmácia Bragança, localizada em Mirandela, entre os dias 1 de julho e 4 de novembro de 2014.

A farmácia comunitária, tratando-se de um estabelecimento de saúde de elevada acessibilidade à população, representa uma porta de entrada no Sistema de Saúde e tem como principal objetivo a cedência de medicamentos [1]. Contudo, inúmeras alterações têm sido verificadas no enquadramento legislativo das farmácias, assim como no preço dos medicamentos praticados, o que levou o setor das farmácias a entrar numa crise económica e financeira profunda.

Assim, torna-se cada vez mais importante que o Farmacêutico Comunitário adquira competências ao nível da gestão em farmácia mas que não deixe de desempenhar a sua principal função: a promoção da Saúde Pública. É fundamental que, pelos seus conhecimentos técnico-científicos específicos e pelo acesso privilegiado à população, o Farmacêutico Comunitário desempenhe os Cuidados Farmacêuticos, tais como a cedência de medicamentos, a indicação e a revisão farmacêutica, o seguimento farmacoterapêutico, a farmacovigilância e a educação para a saúde [1]. A realização destes cuidados leva à promoção do uso efetivo, seguro e racional dos medicamentos na comunidade, devido à deteção e resolução de inúmeros problemas relacionados com o medicamento (PRM’s) e reações adversas medicamentosas (RAM’s). Consequentemente, o Farmacêutico Comunitário assegura a saúde dos seus utentes, assim como permite uma diminuição dos seus encargos em saúde.

O estágio curricular em farmácia comunitária representa a etapa final da formação académica que permite ao estudante consolidar e colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos durante nove semestres no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF). Representa assim o primeiro contacto com a realidade profissional da farmácia comunitária, dando oportunidade ao estagiário de obter a formação adequada ao exercício farmacêutico para que este se torne um profissional competente e responsável, nomeadamente a nível técnico e deontológico.

Neste relatório encontra-se descrito o meu período de estágio na Farmácia Bragança, focando a organização funcional e estrutural da farmácia comunitária, assim como as principais atividades que tive oportunidade de desempenhar, essenciais para o meu desenvolvimento enquanto farmacêutico comunitário, resumidas na Tabela 1.

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Parâmetro Julho Agosto Setembro Outubro

Ambientação ao Contexto da

Farmácia e Rotina Diária X

Aprovisionamento e Encomendas X X X X

Serviços Farmacêuticos X X X X

Aviamento de Receitas X X X

Aconselhamento sob Supervisão X X

Aconselhamento não Supervisionado X X Medicamentos Manipulados X X X X Processamento do Receituário X X X Formações X X Gestão da Farmácia X X X

2. APRESENTAÇÃO DA FARMÁCIA BRAGANÇA

2.1 Localização e Horário de Funcionamento

A Farmácia Bragança encontra-se localizada na Avenida dos Bombeiros Voluntários, n.º 28, no Município de Mirandela, atualmente considerada uma das avenidas com mais movimento na cidade. A avenida é caracterizada fundamentalmente por comerciantes e cafetarias, existindo também um centro de saúde, uma clínica de fisioterapia, uma parafarmácia e nas proximidades o recente Hospital Terra Quente. Relativamente ao horário de funcionamento da Farmácia Bragança, esta encontra-se em funcionamento das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira, sem interrupção para almoço, e das 9 às 13 horas de sábado, encontrando-se encerrada ao domingo para descanso semanal. Semanalmente apresenta ainda serviço permanente, em que a farmácia se mantém em funcionamento desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte.

Quanto ao horário por mim desempenhado, este equivaleu a oito horas diárias, acordado com a Diretora Técnica. Comecei por trabalhar entre as 9-12 horas e as 14-19 horas, passando ao fim de duas semanas e até ao final do estágio para as 9-13 horas e 15-19 horas. Além disso, tive ainda oportunidade de trabalhar em três sábados, entre as

Tabela 1

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9-13 horas, e numa noite de serviço permanente (29 de outubro), entre as 20-24 horas. Considerei que seria importante conhecer o funcionamento da farmácia durante o serviço permanente, tendo retirado um balanço bastante positivo da experiência.

2.2 Recursos Humanos

A equipa de colaboradores da Farmácia Bragança engloba duas Farmacêuticas, Dra. Alzira Lemos (Diretora Técnica) e Dra. Susana Moreno (Farmacêutica Substituta), uma Técnica de Farmácia, Melissa dos Reis, e dois Auxiliares de Farmácia, Sr. Fernando e Sr. Emanuel. No momento em que iniciei o estágio englobava também uma Farmacêutica Estagiária, Dra. Daniela Silva.

2.3 Perfil dos Utentes

O perfil dos utentes que a Farmácia Bragança recebe diariamente é influenciado pela sua localização, pelo facto de a população no interior de Portugal estar cada vez mais envelhecida e pela existência de trinta freguesias no Concelho de Mirandela para apenas sete farmácias. Face ao exposto, os idosos com doenças crónicas e conhecidos pela maior parte dos colaboradores são os principais utilizadores dos serviços da Farmácia Bragança, incluindo a dispensa e aconselhamento de medicamentos, assim como a determinação de parâmetros bioquímicos e da pressão arterial. Além disso e face à proximidade com o recente Hospital Terra Quente, verifica-se também a existência de um grupo heterogéneo de utentes que se desloca à farmácia procurando os medicamentos que foram receitados pelo médico e o respetivo aconselhamento.

2.4 Espaço Físico

2.4.1 Espaço Físico Exterior

O espaço físico exterior da Farmácia Bragança é composto por uma placa luminosa com a inscrição “Farmácia Bragança”, o símbolo das farmácias portuguesas e o símbolo “cruz verde” luminoso de identificação de uma farmácia com uma mensagem relativamente ao nome da farmácia, hora, data, temperatura do ar e serviços prestados. Verificam-se ainda duas portas de entrada, uma frontal e uma traseira. A frontal destina-se à entrada dos utentes e colaboradores da farmácia e encontra-destina-se equipada com informações relativas à identificação da Direção Técnica, do horário de funcionamento, do mapa de farmácias em serviço permanente no Município de Mirandela e da existência de livro de reclamações. Por sua vez, a porta traseira é destinada à entrada das encomendas efetuadas aos diversos fornecedores. Por fim, a Farmácia Bragança encontra-se ainda equipada com duas montras, uma frontal e outra lateral, que são

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remodeladas periodicamente de acordo com promoções pontuais e a sazonalidade dos produtos farmacêuticos. O anexo 1 representa o aspeto exterior da Farmácia Bragança.

2.4.2 Espaço Físico Interior

As instalações da Farmácia Bragança são compostas por uma sala de atendimento ao público, uma área multifuncional, um armazém, um laboratório, umas instalações sanitárias, um gabinete de atendimento personalizado e um gabinete da direção técnica. Respeitando o mínimo de 95 m2 de área útil total, também todas as divisões respeitam as áreas mínimas impostas pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) [2]. Deste modo, as instalações apresentadas encontram-se adequadas à segurança, conservação e preparação dos medicamentos, assim como à acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e do respetivo pessoal, cumprindo os requisitos impostos pelo Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto [3].

A área de atendimento ao público é composta por quatro balcões de atendimento, equipados com um computador associado a uma impressora e a um leitor ótico de código de barras, existindo apenas dois terminais para pagamentos com cartões multibanco. Esta área permite também a exposição de diversos produtos farmacêuticos, designadamente medicamentos não sujeitos a receita médica, como produtos de dermocosmética e de higiene oral, suplementos dietéticos orais, leites e farinhas para bebés e medicamentos de uso veterinário, entre outros. Além disso, engloba ainda gavetas que permitem o armazenamento de medicamentos de uso oftálmico e otológico, de antiparasitários e de suplementos vitamínicos. A área multifuncional é constituída por armários, dispostos em gavetas por ordem alfabética, que permitem o armazenamento dos medicamentos e dispositivos médicos (DM’s). Verifica-se também a existência de um frigorífico com controlo de temperatura para o armazenamento de medicamentos de frio. Equipada com um computador, um leitor ótico de código de barras e duas impressoras, a área multifuncional permite também a realização e receção de encomendas e a marcação de preços. O armazém é o local onde são conservadas as formulações de uso tópico e em pó, os medicamentos existentes em elevada quantidade na farmácia, o material de penso e outros produtos. O laboratório destina-se à preparação de formulações magistrais, estando devidamente equipado com o material necessário. Além disso, apresenta também um armário com diversas referências bibliográficas, como o Índice Nacional Terapêutico 2014, o Formulário Galénico Português (FGP), o Prontuário Terapêutico 11, a Farmacopeia Portuguesa VIII e respetivos suplementos, o Simposium Terapêutico 2013, o Direito Farmacêutico, entre outros. O gabinete de atendimento

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personalizado permite a determinação de parâmetros bioquímicos e a medição da pressão arterial, a observação e o aconselhamento dos utentes de forma mais privativa e a conferência do receituário. O anexo 2 representa algumas fotografias relativas às divisões existentes na Farmácia Bragança.

3. APROVISIONAMENTO E ENCOMENDAS

3.1 Fornecedores

A aquisição de produtos farmacêuticos pelas farmácias pode ser efetuada através de encomendas enviadas diretamente aos laboratórios ou através dos armazenistas/distribuidores grossistas. A escolha do fornecedor incide fundamentalmente nas condições de pagamento acordadas, nas melhores campanhas apresentadas e na rapidez dos serviços prestados. Atualmente, a Farmácia Bragança encontra-se inserida num grupo de compras e o seu principal fornecedor é a Alliance Healthcare, que disponibiliza a entrega de duas encomendas diárias, uma no período da manhã, entre as 10h40 e as 11h10, e outra no período da tarde, entre as 15h35 e as 16h05. No entanto, pude verificar que é importante manter o contacto com diversos fornecedores e com os laboratórios, para evitar a rutura de stock na farmácia no caso de determinado medicamento se encontrar esgotado no fornecedor principal. Nestes casos, as encomendas são feitas via telefónica ou através do preenchimento de uma requisição específica do laboratório, que deve ser assinada, datada, carimbada e enviada via fax. Por outro lado, determinados produtos são encomendados diretamente ao delegado comercial do fornecedor aquando da sua visita à Farmácia Bragança, como é o caso dos produtos da Mustela® e da Chicco®.

3.2 Critérios de Aquisição

Durante a realização de encomendas é necessário considerar diferentes fatores para promover uma gestão adequada dos stocks, tais como a capacidade de investimento e armazenamento da farmácia, o histórico de compras e de vendas, os níveis de stock máximo e mínimo, as bonificações existentes e a escolha adequada do fornecedor.

3.3 Gestão de Stocks

Atualmente, a gestão de stocks é um aspeto de elevada importância para a sustentabilidade e rentabilidade das farmácias portuguesas, que tem como principais

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objetivos a racionalização dos custos, a rentabilização dos serviços prestados e a satisfação dos utentes. Para manter o equilíbrio destes três aspetos é necessário realizar uma gestão adequada do stock dos produtos/medicamentos existentes na farmácia, que permita a sua manutenção em níveis que correspondem às necessidades dos utentes, que evitem ruturas de stock ou a sua não venda. Deste modo, é importante ter um conhecimento alargado sobre a rotatividade dos produtos, assim como os períodos do ano em que a sua procura pode aumentar. Por exemplo, como o meu estágio englobou o período do verão, verifiquei que houve um aumento da procura de produtos usados nas queimaduras solares, assim como de produtos usados para aliviar e tratar os sintomas de picadas de insetos. Isto levou ao aumento dos níveis de stock destes produtos na farmácia, como o caso do Caladryl® Derma Gel e do Fenistil® Gel usados no alívio dos sintomas resultantes de queimaduras solares e picadas de insetos. Por outro lado, tive também oportunidade de presenciar a fase de transição do período de verão para outono, o que se traduziu pelo aumento da procura de antigripais e pastilhas para a dor de garganta.

Por fim, é de extrema importância manter os stocks físicos (reais) e informáticos dos produtos existentes na farmácia atualizados ao mesmo nível. Isto permite evitar erros de stock que podem ser originados por erros na entrada de encomendas, erros de marcação e troca dos produtos, erros de devoluções e quebras, entre outros. Na Farmácia Bragança, sempre que eram detetadas discrepâncias entre o stock real e informático pelos colaboradores, procedia-se ao registo do produto numa lista para semanalmente se proceder à sua atualização.

3.4 Realização de Encomendas

A realização de encomendas pode ser efetuada através do Sifarma 2000®, contato telefónico ou diretamente aos delegados comerciais dos fornecedores. A primeira representa a forma mais comum de efetuar encomendas (diárias ou manuais), pois é mais rápida e precisa, estando associada a pontos de encomenda originados pela existência de um stock mínimo e máximo na ficha dos produtos no Sifarma 2000®, definido pela própria farmácia com base no histórico de vendas. Deste modo, após a criação de uma encomenda diária para o fornecedor principal são gerados automaticamente os pontos de encomenda para os produtos que atingiram o stock mínimo, sendo incluídos na proposta de encomenda. Esta é posteriormente analisada e aprovada pela farmacêutica responsável pelas compras, que procede às alterações necessárias com base nos critérios de aquisição referidos anteriormente e à adição de produtos específicos que são requisitados pelos utentes. Na Farmácia Bragança são

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geradas e enviadas via modem duas encomendas diárias, uma até ao final da manhã (até às 12h45) e a outra até ao final da tarde (até às 19h). Existe também a possibilidade de criação de encomendas manuais, em que se procede à seleção do fornecedor e dos produtos, sendo também enviada via modem ou via papel em casos específicos. Recentemente foi criada a possibilidade de realização de encomendas instantâneas que permite a avaliação da disponibilidade do produto em tempo real no fornecedor selecionado e da sua respetiva encomenda. Esta ferramenta é extremamente útil para os produtos/medicamentos que surgem pontualmente e que não se tem conhecimento da sua rotatividade, podendo ser efetuada a encomenda no momento do atendimento. As encomendas via telefónica destinam-se a casos pontuais em que se verifique a indisponibilidade do produto no fornecedor principal, a inexistência do produto na farmácia e/ou o envio prévio da encomenda diária. Nestes casos, é prática na Farmácia Bragança a realização da encomenda via telefone e, após a sua chegada, procede-se à criação de uma encomenda manual através do Sifarma 2000® e envio via papel, para permitir a sua receção informática. Por fim, determinadas encomendas podem ser efetuadas através dos delegados farmacêuticos dos laboratórios aquando da sua visita à farmácia.

Durante o meu período de estágio tive oportunidade de gerar e observar a análise de várias encomendas diárias, o que me permitiu desenvolver competências ao nível da gestão de stocks e da rotatividade dos produtos na Farmácia Bragança. Realizei também pequenas encomendas por telefone à OCP Portugal, assim como diretamente aos laboratórios através do preenchimento de requisições específicas, como o caso das diferentes dosagens de Crestor® à AstraZeneca e Atrovent® à Boehringer Ingelheim.

3.5 Receção e Conferência de Encomendas

As encomendas realizadas são entregues em contentores específicos, identificados com um código interno do fornecedor e o nome da farmácia mas também acompanhados pela respetiva fatura da encomenda em duplicado (Anexo 3) e/ou guia de transporte (Anexo 4) no caso de os produtos não terem sido faturados. Os produtos que exigem refrigeração são enviados em contentores térmicos especiais, sinalizados por uma tampa azul no caso da Alliance Healthcare, devendo ser os primeiros a ser rececionados e armazenados para a conservação das suas características.

A fase inicial do meu estágio na Farmácia Bragança foi maioritariamente dedicada à arrumação de encomendas, o que me permitiu conhecer facilmente os medicamentos/produtos. Durante este processo consegui assimilar conhecimentos ao nível da rotatividade dos produtos e rapidamente percebi que os antidiabéticos orais, os

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anti-hipertensores, os antiagregantes plaquetários e os medicamentos ansiolíticos e hipnóticos são aqueles com maior rotação na Farmácia Bragança. Além disso, consegui também conhecer as embalagens, as diferentes formas farmacêuticas e dosagens existentes para o mesmo fármaco e associar mais facilmente a sua denominação comum internacional com o nome do medicamento de marca.

A receção das encomendas é um processo de enorme responsabilidade, sendo realizada na Farmácia Bragança através do Sifarma 2000® em que se procede inicialmente à identificação da fatura e do valor total. Após a leitura ótica dos produtos, devem ser verificados vários aspetos como o prazo de validade, o preço de venda ao público (PVP) impresso da cartonagem e o estado de conservação das embalagens. Caso o prazo de validade do produto rececionado seja inferior ao daqueles existentes na farmácia, este deve ser atualizado através da colocação no sistema informático do prazo mais próximo de expirar. Além disso, caso o prazo de validade impresso na cartonagem do produto rececionado ter expirado ou a embalagem se encontrar danificada, procede-se à sua devolução. Relativamente ao PVP marcado na cartonagem, é importante verificar se está em vigor ou, caso contrário, a embalagem deverá ser também devolvida ao fornecedor. No entanto, caso existam diferentes PVP’s em vigor por mudanças de preço, é importante escoar primeiro as embalagens que apresentem o preço mais antigo, sendo prática na Farmácia Bragança a colocação de etiquetas nestas embalagens com a indicação “vender primeiro”.

Após finalização da entrada dos produtos, procedia-se à respetiva conferência da encomenda, através da confirmação do número de embalagens faturadas com as recebidas e do preço de venda à farmácia (PVF), assim como do acerto das margens dos produtos de venda livre. Estando a Farmácia Bragança inserida num grupo de compras, era necessário ter especial atenção aos produtos do grupo, devendo ser confirmado sempre que necessário o PVF em vigor através da plataforma on-line. Além disso, era ainda importante considerar o valor de FEE (e do respetivo IVA) para a confirmação do valor total da fatura, cujo valor representa uma taxa de 3% sobre os produtos inseridos no grupo que foram faturados. No caso de existir algum produto faturado e não enviado ou discrepâncias entre o PVP impresso na cartonagem e o referido na fatura, procede-se ao contato telefónico com o fornecedor a efetuar a reclamação. Normalmente, o erro é assumido por este que procede de imediato à regularização da situação, através do envio de notas de crédito. Para evitar erros, é prática na Farmácia Bragança registar estas situações com o respetivo número da reclamação num livro específico, para que seja mais fácil proceder à sua identificação. Após aprovação da encomenda rececionada, o Sifarma 2000® gera uma lista automática de produtos que foram encomendados mas

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não recebidos, oferecendo a possibilidade de transferir a encomenda para outro fornecedor ou enviar para os esgotados, para que na encomenda diária seguinte possam ser introduzidos automaticamente. Posteriormente, as faturas associadas à encomenda são colocadas em arquivos próprios, efetuando-se a divisão entre originais e duplicados. Por fim, procedia-se à impressão das etiquetas e à marcação dos produtos de venda livre, podendo todos os produtos rececionados ser colocados nos respetivos locais, tarefa que executei praticamente todos os dias.

3.6 Marcação de Preços

Segundo o Decreto-Lei n.º 25/2011, os medicamentos devem obrigatoriamente indicar na sua rotulagem o preço de venda ao público. No caso dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e dos Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) comparticipados, o PVP é pré-estabelecido e composto pelo Preço de Venda ao Armazenista (PVA), margem de comercialização do distribuidor grossista e do retalhista, taxa sobre a comercialização de medicamentos e pelo imposto sobre o valor acrescentado [4]. Por outro lado, os produtos de venda livre que não apresentam PVP inserido na cartonagem estão sujeitos à colocação da margem de lucro da farmácia e respetiva marcação de preço.

3.7 Armazenamento

Após receção da encomenda, procedia-se ao armazenamento dos produtos nos respetivos locais até ao momento em que eram dispensados. No entanto, era importante considerar diferentes aspetos durante o processo de armazenamento, tais como as características especiais de conservação, o espaço disponível, o tipo de produto (MSRM, MNSRM, produtos de dermocosmética, suplementos alimentares, entre outros) e principalmente o prazo de validade. Relativamente a este último, os produtos eram armazenados acordo com os princípios First-in/First-out (FIFO) e First-expire/First out (FEFO), implicando a dispensa em primeiro lugar dos produtos mais antigos e com o prazo de validade mais curto, respetivamente.

Na Farmácia Bragança existe um espaço pré-estabelecido para cada tipo de produto/medicamento, havendo um local específico para os MSRM genéricos e de marca sob a forma de comprimidos e cápsulas, medicamentos com necessidade de refrigeração (armazenados no frigorífico), medicamentos sob a forma líquida, semissólida, pó, aerossol e emplastro medicamentoso. Por outro lado, os produtos de venda livre encontram-se expostos na área de atendimento ao público em lineares específicos para facilitar o acesso e o contacto aos utentes da farmácia.

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3.8 Controlo dos Prazos de Validade e Devoluções

Na Farmácia Bragança, os prazos de validade eram atualizados diariamente aquando da receção das encomendas mas também mensalmente, através do Sifarma 2000® pela emissão de listas de produtos a expirar no prazo máximo de três meses. Os produtos presentes nestas listas eram procurados e avaliados individualmente, sendo colocados num contentor específico aqueles que estavam nas condições referidas para se proceder atempadamente à sua devolução aos respetivos fornecedores. Por outro lado, a devolução de produtos pode também ser originada por outras razões, tais como a emissão de circulares de suspensão de comercialização pelo INFARMED, circulares de recolha emitidas voluntariamente pelo detentor de Autorização de Introdução no Mercado (AIM) e aquelas detetadas na receção de encomendas (embalagens danificadas, prazos de validade curtos ou expirados, pedidos feitos por engano ou ausência de pedido).

A devolução de medicamentos/produtos é efetuada através do Sifarma 2000® pela emissão de uma nota de devolução em triplicado na qual consta o número da devolução, o fornecedor, o nome e código dos produtos, a quantidade a devolver, o número da fatura correspondente à receção desses produtos e o motivo da devolução. O original e duplicado da nota de devolução são datados, assinados e carimbados pelo colaborador da farmácia e acompanham os produtos devolvidos enquanto o triplicado é datado, assinado e carimbado pelo distribuidor grossista, permanecendo na farmácia.

Neste âmbito, tive oportunidade de auxiliar a Melissa dos Reis na avaliação dos prazos de validade mensais e procurar e analisar os produtos referenciados em circulares de suspensão, assim como de proceder à devolução de determinados produtos, estando representada uma nota de devolução no Anexo 5.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS EXISTENTES NA FARMÁCIA

4.1 Medicamentos Sujeitos a Prescrição Médica Obrigatória

Os MSRM podem ser classificados em medicamentos de receita médica renovável, receita médica especial e receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados, pelo que podem apenas ser dispensados mediante a apresentação de uma prescrição médica válida [5].

4.2 Medicamentos Não Sujeitos a Prescrição Médica Obrigatória

São considerados MNSRM todos aqueles que não preencham quaisquer condições referidas no Estatuto do Medicamento para os MSRM, pelo que podem ser

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dispensados na ausência de prescrição médica e comercializados fora das farmácias, em locais que cumpram os requisitos legais e regulamentares [5, 6]. Os MNSRM não são comparticipáveis pelas entidades de saúde, salvo nos casos previstos na legislação, estando sujeitos à definição do PVP pela farmácia.

4.3 Medicamentos Manipulados

4.3.1 Definição de Manipulado

Um medicamento manipulado é qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico [7].

4.3.2 Matérias-primas e Reagentes

Preferencialmente, as matérias-primas devem ser adquiridas pelos fornecedores autorizados pelo INFARMED, acompanhadas pelo respetivo boletim de análise que comprove que elas satisfazem, pelo menos, as exigências da monografia em que estão inseridas [8]. Assim, o farmacêutico deverá assegurar-se da qualidade das matérias-primas que utiliza, verificando no ato da sua receção o boletim de análise, a matéria-prima rececionada e a integridade da embalagem, devendo também adotar medidas adequadas de armazenamento em condições de conservação apropriadas [8].

4.3.3 Material de Laboratório

De acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária, os equipamentos específicos existentes na farmácia devem estar de acordo com a legislação vigente e devem incluir balanças, material de vidro, outro equipamento de laboratório, farmacopeias, formulários e documentação oficial [1]. Por outro lado, a Deliberação n.º 1500/2004, de 7 de dezembro, aprova a lista de equipamento mínimo de existência obrigatória num laboratório de Farmácia Comunitária para as operações de preparação, acondicionamento e controlo de medicamentos manipulados [9].

4.3.4 Regras de Manipulação

A Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho, aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, incidindo sobre pessoal, instalações e equipamentos, matérias-primas, materiais de embalagem, manipulação, controlo de qualidade e rotulagem [8]. Depois de preparado, o produto semiacabado deve satisfazer os requisitos estabelecidos para a respetiva forma farmacêutica, sendo acondicionado tendo em conta as suas condições de conservação, designadamente no que se refere à estanquicidade e proteção da luz. Por fim,

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se à elaboração do rótulo do medicamento que deve conter toda a informação necessária ao doente [8].

4.3.5 Determinação do Prazo de Validade

Para a atribuição do prazo de validade a um medicamento manipulado é necessário considerar diversos fatores, como a origem das matérias-primas e os seus mecanismos de degradação, a embalagem utilizada, as condições de conservação e a duração prevista para o tratamento [10]. No caso de o medicamento estar inscrito no FGP, é possível consultar o prazo de validade a atribuir mas na ausência de dados sobre o medicamento, o prazo de validade recomendado depende da sua forma farmacêutica.

4.3.5 Cálculo do PVP do Medicamento Manipulado

A Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho, estabelece que o cálculo do preço de venda ao público dos medicamentos manipulados por parte das farmácias é efetuado com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de embalagem, segundo a seguinte fórmula [11]:

( )

4.3.6 Considerações

Apesar da reduzida frequência de manipulação na Farmácia Bragança, tive oportunidade de preparar diferentes medicamentos manipulados, tais como duas pomadas de ácido salicílico a 10% (uma simples e outra com hidrocortisona a 4,5%) e duas soluções alcoólicas de ácido bórico à saturação. No Anexo 6 é possível visualizar a ficha de preparação da pomada de ácido salicílico a 10% com hidrocortisona a 4,5% que elaborei durante o meu estágio na Farmácia Bragança.

4.4 Medicamentos e Produtos Homeopáticos

Um medicamento homeopático é obtido a partir de substâncias denominadas

stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico que

envolve diluições e dinamizações sucessivas, descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro [12]. Atualmente, o quadro legal dos medicamentos homeopáticos encontra-se estabelecido no Estatuto do Medicamento, estando sujeitos a um procedimento de registo simplificado aqueles que reúnam um conjunto de condições específicas [5]. Apesar de existirem diversos medicamentos homeopáticos comercializados, aquele que se destacava na Farmácia

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Bragança era o STODAL® (Boiron), o qual tive oportunidade de dispensar e indicar em casos específicos.

4.5 Produtos Dietéticos

A Farmácia Bragança dispõe de um serviço de nutrição prestado por uma especialista, nomeadamente ao nível de rastreios e consultas de nutrição realizados quinzenalmente. Deste modo, apresenta também um leque de produtos dietéticos disponíveis para satisfazer as necessidades dos seus utentes, devendo o farmacêutico estar preparado para prestar o aconselhamento necessário. Contudo, existem os alimentos dietéticos destinados a fins medicinais específicos que são uma categoria de géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial, sujeitos a processamento ou formulação especial, com vista a satisfazer as necessidades nutricionais de pacientes e para consumo sob supervisão médica [13].

4.6 Produtos para Alimentação Especial

O Decreto-Lei n.º 74/2010, de 21 de junho, que estabelece o regime aplicável dos produtos para alimentação especial, define-os também como aqueles que, devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, mostrando-se adequados às necessidades nutricionais especiais de determinadas categorias de pessoas [14].

4.7 Produtos Fitoterapêuticos

Os medicamentos à base de plantas são aqueles que tenham exclusivamente como substâncias ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais preparações à base de plantas [15].

4.8 Produtos Cosméticos e Dermofarmacêuticos

O produto cosmético é definido como qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais [16]. Por sua vez, estes produtos encontram-se abrangidos por um regime jurídico próprio [16-19].

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4.9 Produtos e Medicamentos de Uso Veterinário

Atualmente, o regime jurídico dos medicamentos de uso veterinário é estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29 de julho, sendo definidos como um bem público e recursos cruciais para a defesa da saúde e do bem-estar dos animais e para a proteção da saúde pública, sendo igualmente uma ferramenta de salvaguarda das produções animais, com impacte considerável na economia das explorações agropecuárias e das alimentares [20].

Estando a Farmácia Bragança situada numa zona urbana, a maioria dos medicamentos veterinários dispensados destina-se a animais de companhia, nomeadamente cães e gatos, sendo que os produtos mais procurados são antiparasitários (internos e externos) e pílulas. Por esta razão, torna-se também fundamental que o farmacêutico tenha os conhecimentos necessários para prestar um aconselhamento adequado e promover o uso racional destes medicamentos.

4.10 Dispositivos Médicos

Segundo o Decreto-Lei n.º 145/2009, de 1 de julho, um dispositivo médico refere-se a um instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos [21]. A sua classificação é realizada em função do grau de risco associado à sua utilização, dependente da finalidade declarada pelo fabricante, da duração do contacto com o organismo, área corporal ou tecido biológico, da invasibilidade do corpo humano e da zona anatómica implicada. Deste modo, os DM’s são divididos em quatro classes crescentes de risco: I (baixo); II-A (médio-baixo), II-B (médio-alto) e III (alto) [21].

Atualmente existem inúmeros dispositivos médicos comercializados mas na Farmácia Bragança os mais procurados são o material ortopédico (meias de compressão e cintas elásticas), o material de penso (ligaduras e compressas) e os dispositivos de autodiagnóstico (testes de gravidez), os quais tive oportunidade de contactar e dispensar.

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

O atendimento ao público associado à dispensa de medicamentos é, na minha opinião, uma das principais áreas de intervenção do farmacêutico comunitário. Tratando-se de uma prática diária, o processo de dispensa requer conhecimento e dedicação por parte do farmacêutico, cujo dever é promover o uso racional e correto do medicamento.

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Na Farmácia Bragança, o meu período de atendimento ao público iniciou-se no mês de julho sob supervisão mas decorreu principalmente entre os meses de agosto e outubro, contabilizando um total de 2726 atendimentos registados no Sifarma 2000®. Desta forma, tive oportunidade de enfrentar uma complexidade e multiplicidade de desafios, desde o aviamento de uma simples receita até à indicação e aconselhamento farmacêutico personalizados.

5.1 Validação da Prescrição Médica

A prescrição de medicamentos, incluindo medicamentos manipulados e medicamentos contendo estupefacientes e psicotrópicos, tem de ser realizada de acordo com os modelos de receita médica aprovados pelo Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro: receita médica materializada (Anexo 7), receita médica renovável materializada (Anexo 8) e receita médica pré-impressa ou manual (Anexo 9) [22, 23]. Além disso, estes modelos aplicam-se também à prescrição de produtos para autocontrolo da diabetes mellitus, produtos dietéticos, fraldas, sacos de ostomia, material ortopédico, entre outros. A receita médica materializada destina-se à prescrição de medicamentos usados em tratamentos de curta a média duração, pelo que apresenta uma validade de apenas trinta dias, enquanto a receita médica renovável materializada pode conter até três vias devidamente identificadas, apresentando uma validade de seis meses a contar da data da prescrição. Contudo, esta última apenas pode conter medicamentos que se destinem a tratamentos de longa duração, referidos em portaria própria, e a produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus [22, 24]. Enquanto estes dois modelos se referem a prescrições eletrónicas, existem situações excecionais que obrigam à prescrição de medicamentos por via manual, tais como falência do sistema informática, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio e outros casos como um máximo de 40 receitas médicas por mês [25]. As receitas médicas manuais implicam também a aposição de vinhetas referentes à identificação do prescritor e do local de prescrição, no caso das instituições do Serviço Nacional de Saúde e instituições com acordos, convenções ou protocolos celebrados com as administrações regionais de saúde [25].

Deste modo, após receção da receita médica apresentada pelo utente, o farmacêutico deve proceder à sua validação. Para tal, foi-me ensinado a avaliar diversos parâmetros, tais como o número da receita, local de prescrição, identificação do médico prescritor e do utente (nome e número de utente ou de beneficiário de subsistema), entidade financeira responsável, denominação comum internacional da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens (o

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número máximo de embalagens por receita é quatro, nunca podendo ser prescritas mais do que duas embalagens do mesmo medicamento, exceto no caso de medicamentos unidose), data de prescrição (confirmando a validade da receita) e assinatura do prescritor [25].

5.2 Ato da Dispensa

Após validação da receita médica apresentada pelo utente, o farmacêutico deve informar o utente dos medicamentos genéricos disponíveis na farmácia, assim como indicar aquele que apresente o preço mais baixo [25]. Desta forma, as farmácias devem ter disponíveis, no mínimo, três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem correspondentes aos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo, devendo dispensar o de menor preço, exceto se for outra a opção do utente. Este tem sempre direito de escolha entre os medicamentos que cumpram a prescrição médica, exceto:

 Nas situações com prescrição de medicamento com margem ou índice terapêutico estreito – exceção a); com suspeita fundada de intolerância ou reação adversa a um medicamento – exceção b) e com prescrição de medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias – exceção c);

 Em medicamentos comparticipados para os quais não exista medicamento genérico comparticipado ou só exista original de marca e licenças;

 Em medicamentos não comparticipados para os quais não exista medicamento genérico ou só exista original de marca e licenças.

No momento da dispensa, o farmacêutico deve também proceder à avaliação da dose, posologia, duração do tratamento, modo de administração, interações e contraindicações. Caso sejam suscitadas dúvidas, o farmacêutico deve contactar o médico prescritor para a sua resolução. Por exemplo, durante o meu estágio deparei-me com uma prescrição médica de OTO-SYNALAR N® (Lusomedicamenta) em que a posologia referia a colocação de um determinado número de gotas no olho. Fiquei de imediato em alerta uma vez que este medicamento está principalmente indicado em casos de otite externa e questionei o utente mas este apenas referiu que o médico lhe tinha receitado umas gotas para colocar no olho. Desta forma, contactei o médico para esclarecer a situação e foi de imediato detetado e resolvido o erro de prescrição, devendo ser efetuada a dispensa de COLICURSI GENTADEXA® colírio (Alcon Portugal - Produtos e Equipamentos Oftalmológicos, Lda.) de acordo com a posologia referida na receita médica. Uma outra situação verificou-se relativamente a uma prescrição médica

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contendo AVEENO® Baby Colloidal (Johnson&Johnson) que, devido à inexistência do produto na farmácia, tive que contatar diretamente com o fornecedor para a avaliar a disponibilidade do produto. Após obter a informação de que o produto tinha sido retirado do mercado, decidi contactar com a médica prescritora para a informar do sucedido e questionar sobre a hipótese de dispensar outro produto. Durante a conversa, a médica questionou-me sobre a existência de produtos semelhantes na farmácia e optamos por avaliar a disponibilidade e dispensar D‘AVEIA® Sept (Dermoteca), que promove um efeito semelhante.

Por outro lado, o farmacêutico deve também fornecer ao utente todas as informações necessárias (orais e escritas) para a realização adequada da terapêutica, tais como a posologia, o modo de administração, a duração do tratamento, possíveis reações adversas e condições especiais de conservação (quando aplicável). Além disso, deve esclarecer as possíveis dúvidas do utente relativamente à sua medicação e promover o uso racional do medicamento. Na Farmácia Bragança, os casos mais frequentes de dúvidas referem-se à utilização de dispositivos médicos como os inaladores, pelo que é importante demonstrar o seu funcionamento e solicitar ao utente para repetir, garantindo assim que este sabe como usá-lo. Neste âmbito, tive oportunidade de demonstrar o funcionamento do dispositivo Onbrez Breezhaler® (Novartis) e do HandiHaler® (Boehringer Ingelheim). Nos casos de dispensa de antibióticos, informava sempre o utente sobre a importância de realizar o tratamento até ao fim da embalagem, mesmo que entretanto se sentisse melhor. Nas suspensões de antibióticos reforçava as condições de armazenamento e a necessidade de agitação antes de utilizar, assim como a posologia. Por exemplo, deparei-me com um caso de dispensa de KLACID PEDIÁTRICO 50mg/mL® (Abbott Laboratórios, Lda.) em que na posologia da prescrição médica referia 5mL e a escala da seringa envolvia unidades de massa, tendo realizado a conversão e indicado a quantidade que a utente deveria utilizar. Relativamente aos doentes crónicos (diabéticos e hipertensos) procedia à avaliação da adesão à terapêutica e da sua efetividade, da existência de PRM’s e de RAM’s, assim como ao reforço das informações sobre a indicação e posologia. Ao longo do meu estágio verifiquei também que a dispensa de bifosfonatos como o FOSAVANCE® (Merck Sharp & Dohme, Ltd.) e o ADROVANCE® (Merck Sharp & Dohme, Ltd.) era frequente, tendo alertado sempre o utente para os cuidados necessários durante a administração destes medicamentos, como a ingestão dos comprimidos, em jejum, sempre com água em abundância, pelo menos 30 minutos antes do pequeno-almoço e a importância da manutenção numa posição vertical [26].

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5.3 Medicamentos Psicotrópicos e/ou Estupefacientes

Devido às características farmacológicas e aos riscos associados à utilização de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, existe um regime jurídico próprio aplicável ao tráfico e consumo destas substâncias [27].

Ao nível da farmácia comunitária, o controlo destes medicamentos incide na sua receção e dispensa. No primeiro caso, a receção da encomenda com estes medicamentos está associada a uma requisição específica em duplicado (Anexo 10). Esta deve ser assinada, datada e carimbada pelo Diretor Técnico da farmácia e do fornecedor, deve indicar o número de inscrição na Ordem dos Farmacêuticos de ambos e posteriormente arquivada durante três anos por cada uma das entidades. Relativamente à dispensa, esta apenas pode ser efetuada por um farmacêutico (ou quem o substitua na sua ausência) e mediante apresentação de receita médica válida, recusando-se o seu aviamento quando a receita não seja do modelo aprovado legalmente, existam dúvidas fundamentadas sobre a sua autenticidade e já tenha decorrido o prazo de validade [28]. No momento do aviamento, o farmacêutico deve registar no sistema informático o nome do médico prescritor, os dados do doente e, caso não coincida, os dados do adquirente, devendo este último apresentar sempre o seu cartão de identificação. É importante considerar a proibição da dispensa destes medicamentos a indivíduos que apresentem doença mental e menores de idade. Após finalização da venda, são emitidos dois documentos de psicotrópicos (Anexo 11) que devem ser agrafados a fotocópias da receita, sendo um posteriormente arquivado na farmácia durante três anos e o outro enviado mensalmente por correio para o INFARMED juntamente com a lista de saídas mensal. Além disso, anualmente são emitidos balanços das entradas e saídas de medicamentos psicotrópicos, estupefacientes e também de benzodiazepinas, de modo a avaliar a concordância dos stocks na farmácia, sendo depois enviado por correio ao INFARMED.

Durante o meu estágio na Farmácia Bragança, tive oportunidade de contactar com a documentação relacionada com este tipo de medicamentos, assim como proceder ao seu registo e dispensa durante o atendimento.

5.4 Regimes de Comparticipação

A atual legislação prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) através de um regime geral e de um regime especial, o qual se aplica a situações específicas que abrangem determinadas patologias ou grupos de doentes [29, 30]. O regime especial de comparticipação pode ser representado na prescrição médica pela letra “R” no caso de utentes pensionistas

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abrangidos pelo regime especial e pela letra “O” nos utentes abrangidos por outro regime especial destinado a determinadas patologias (Anexo 12), identificado por menção do respetivo diploma legal [22]. Além disso, existem ainda outras situações de comparticipação pelo Estado como o caso dos medicamentos manipulados (30%), os produtos dietéticos com carácter terapêutico (100%) e os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus, sendo a comparticipação de 85% para as tiras-teste e 100% para as agulhas, seringas e lancetas [31-33] .

Por fim, alguns utentes usufruem ainda de regimes de complementaridade demonstrados pela apresentação de um cartão específico (SAMS, CGD, PT, CTT, Multicare, entre outros). Durante o meu estágio, tive oportunidade de contactar com a maioria destes cartões e dos respetivos organismos de faturação, tendo o cuidado de avaliar a sua validade e a necessidade de tirar fotocópia. Assim, após fotocópia da receita e do cartão do utente (quando necessário), a receita original era faturada no organismo principal (SNS) enquanto a fotocópia no organismo complementar respetivo.

6. ACONSELHAMENTO E AUTOMEDICAÇÃO

Durante o meu período de atendimento ao público na Farmácia Bragança tive oportunidade de, utilizando o conhecimento adquirido ao longo da minha formação académica e aquele obtido durante o estágio, prestar o aconselhamento farmacêutico necessário e realizar as intervenções que considerei pertinentes, relatando assim alguns casos:

Caso 1: Mulher de 40 anos chega a farmácia e requisita algo para a diarreia do marido. A minha primeira pergunta tinha como finalidade perceber a causa da diarreia quando ela refere que o filho estava a iniciar sintomas semelhantes. Deste modo, fiquei de imediato alerta, questionei a idade do filho (8 anos) e a minha intervenção foi encaminhar o marido e o filho à consulta médica pois poderia tratar-se de uma virose gastrointestinal, reforçando a importância da ingestão de grande quantidade de líquidos.

Caso 2: Mulher de 30 anos chega a farmácia e solicita algo para o inchaço abdominal,

referindo também que tinha gases mas estavam presos. Uma amiga tinha-lhe aconselhado PANKREOFLAT® (Laboratórios Vitória S.A.)

Existem diferentes medicamentos que podem ser utilizados no alívio da distensão abdominal e acumulação excessiva de gases abdominais, como é o caso do PANKREOFLAT® (Laboratórios Vitória S.A.). Deste modo, optei por dispensar este medicamento, indicando 1 comprimido às três refeições.

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A minha primeira pergunta destinou-se a obter informação relativamente ao tipo de tosse (seca ou com expetoração) e se já tinha tomado algum medicamento. Após o utente ter referido tosse com expetoração e que não tinha tomado nada, perguntei se apresentava mais algum sintoma e se tinha algum problema de saúde. Ele referiu não possuir mais nenhum sintoma e ser diabético, tendo a minha escolha incidido então sobre o BISOLVON LINCTUS ADULTO® (Unilfarma) que, devido às propriedades expetorantes e fluidificantes da bromexina e ao fato do xarope ser isento de açúcar, é adequado para o tratamento da hipersecreção brônquica em diabéticos. Indiquei assim a posologia a realizar (5mL, três vezes por dia) e alertei para o fato de os sintomas agravarem, para procurar aconselhamento médico.

Caso 4: Mulher de 20 anos chega a farmácia e solicita algo para a dor de garganta. Realizei algumas questões para identificar a presença de mais algum sintoma, o início das dores de garganta, a realização de algum tratamento e a existência de problemas de saúde. Após ter referido que se iniciou no dia anterior, a minha opção incidiu pelo STREFEN (Reckitt Benckiser Healthcare, Lda.), indicando uma pastilha a cada 6 horas, podendo aumentar para 3 horas se necessário, tendo o cuidado de utilizar no máximo 5 pastilhas por dia. Referi ainda que este medicamento não deve ser utilizado por um prazo maior que três dias.

Caso 5: Mulher de 35 anos chega a farmácia e solicita algo para a azia.

Baseando-me no conhecimento que adquiri numa formação realizada na farmácia, tive oportunidade de dispensar o Reduflux® (OmegaPharma) para o tratamento da azia e indigestão, indicando dois comprimidos após as refeições.

Contudo, relativamente ao aconselhamento de produtos cosméticos e dermofarmacêuticos, admito que enfrentei uma enorme dificuldade. Tendo em conta que existe uma procura cada vez maior da população relativamente ao aconselhamento nesta área, como o melhor creme hidratante ou o melhor produto para a queda de cabelo, considero que é importante adquirir estes conhecimentos e competências ao longo do MICF, de modo a prestar um aconselhamento individualizado. Por outro lado, tive oportunidade de conhecer, aconselhar e dispensar produtos dietéticos para alimentação especial, como leites e papas para bebes, dispositivos médicos e medicamentos para uso veterinário, embora sinta que existe muito conhecimento ainda para adquirir.

Por outro lado, a automedicação representa a seleção e uso de medicamentos pela população para tratar doenças ou sintomas auto-reconhecidos [34]. Apesar de permitir a resolução rápida de problemas de saúde de menor gravidade, apresenta vários riscos, nomeadamente reações adversas severas, alergias, interações medicamentosas, dosagem/administração incorreta, disfarce e agravamento de uma doença mais grave e

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abuso/dependência [35]. Desta forma e devido à proximidade com o utente e ao conhecimento técnico-científico que possui sobre os produtos farmacêuticos, o farmacêutico comunitário tem um papel fundamental para a realização de uma automedicação responsável.

7. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE

Atualmente, a prestação de serviços farmacêuticos pelas farmácias, definidos pela Portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro, demonstra a sua evolução de meros locais de venda de medicamentos para importantes espaços de saúde, reconhecidos pelos utentes [36]. Na Farmácia Bragança, existe um gabinete de atendimento personalizado onde são prestados diversos serviços de saúde que incluem a medição da pressão arterial e da glicémia, a determinação dos níveis sanguíneos de colesterol total e triglicerídeos e a determinação do Índice de Massa Corporal (IMC). Durante o meu estágio, iniciei desde cedo a prestação destes serviços, o que me permitiu conhecer e aconselhar os utentes, sensibilizando-os para os riscos associados aos elevados valores destes parâmetros (nomeadamente o risco cardiovascular) e para a importância de um estilo de vida saudável, como uma alimentação equilibrada e a prática de exercício físico regular.

Além disso, na Farmácia Bragança são também efetuadas administrações de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação, como a vacina da gripe, sendo então necessário o preenchimento do Registo de Administração de Medicamentos do Sifarma 2000®.

8. OUTROS SERVIÇOS NA FARMÁCIA

8.1 VALORMED®

A VALORMED® é uma sociedade sem fins lucrativos cuja finalidade consiste na gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso [37]. Diariamente eram entregues na Farmácia Bragança medicamentos cujo prazo de validade tinha expirado ou que não eram utilizados e materiais de acondicionamento (blisters, embalagens, bisnagas, frascos, etc.) que eram posteriormente depositados num contentor específico da VALORMED®. Depois de cheios, estes contentores são selados e entregues ao fornecedor da farmácia, sendo reencaminhados para sistemas de reciclagem e tratamento adequados. Durante o meu estágio, tive oportunidade de selar

Referências

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