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Relatório de Estágio Profissional - Uma Pequena Grande Viagem

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Academic year: 2021

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FADEUP

Faculdade de Desporto

Uma pequena grande viagem

Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Prof.ª Paula Batista

Lara Sofia Amorim Pires Porto, Setembro de 2013

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro).

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Ficha de Catalogação

Pires, L. (2013). Uma pequena grande viagem: Relatório de Estágio Profissional. Porto: L. Pires. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-Chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, BOM PROFESSOR, ENSINO, REFLEXÃO

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Dedicatória:

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V

Agradecimentos

À minha orientadora, Professora Paula Batista, pela atenção e disponibilidade que teve comigo, pelos sensatos conselhos e sobretudo pela serenidade e confiança que sempre manifestou.

À minha Professora Cooperante, Mestre Teresa Leandro, por tudo o que foi para mim. Um exemplo de profissionalismo, vigor, garra, saber, entrega e preocupação. Uma verdadeira amiga.

Aos meus Pais, as duas pessoas mais essenciais da minha vida, por serem os meus anjos-da-guarda, o meu brilho, a minha energia, a minha inspiração. Aos meus dois irmãos, por estarem sempre comigo de mãos dadas em todos os momentos, pela profunda e sincera amizade que me deram, por acreditarem em mim, por me darem força e por me mostrarem o verdadeiro sentido de união de família.

Ao Gustavo, por me apoiar inteiramente em todos os momentos, por ser único e especial, por ser o meu porto seguro.

Aos meus amigos, que ao longo da minha vida fui conquistando, a todos aqueles que fizeram parte da minha viagem ao longo do estágio.

Aos meus alunos, por me ensinarem, por me ajudarem a crescer e a ser o que sou hoje.

E a Deus, por me iluminar e me amparar e fazer o mesmo às pessoas que mais amo

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VII

Índice

Agradecimentos ... V Abreviaturas ... XVII Abstract ... XXI Introdução ... 2

Estrutura e processo de elaboração do Relatório de Estágio ... 3

1. Enquadramento Biográfico ... 8

1.1. Reflexão Autobiográfica ... 8

1.1. Marcas de um passado ... 9

1.2. A minha escolha ... 10

1.3. As experiências mais marcantes durante o percurso académico ... 11

1.4. Os receios de ser Professora ... 12

1.5. Os objetivos traçados no início do ano letivo ... 13

2. Enquadramento da prática – caraterização do contexto de Estágio Profissional... 18

2.1. A Escola ... 18

2.1.1. Instalações Desportivas da ESMGA ... 20

2.2. O grupo de Educação Física ... 22

2.2.1. Núcleo de estágio ... 22

2.3. A minha turma ... 23

3. Realização da prática profissional, experiências e significados ... 28

3.1. Uma viagem de comboio - O embarque ... 28

3.2. Primeira Estação – Organização e Gestão do Ensino e da aprendizagem ... 29

3.2.1. Conceção ... 30

3.2.2. Planeamento... 34

3.2.3. Realização “ As minhas estratégias ” ... 37

(8)

VIII 3.3. Segunda e Terceira Estação – Participação na Escola e Relação com a

comunidade ... 44

3.3.1. Atividades organizadas pelo Núcleo de Estágio ... 44

3.3.2. Desporto Escolar ... 54

3.3.3. Direção de turma ... 55

3.3.4. Uma paragem inesperada – Escola Básica Espinho 2 ... 57

3.4. Quarta Estação – Desenvolvimento Profissional ... 62

3.5. Representações de “bom professor” de Educação Física em alunos dos ensinos básico e secundário da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida ... 64 3.5.1. Resumo ... 64 3.5.2. Introdução ... 64 3.5.3. Metodologia ... 67 3.5.4. Objetivo geral... 67 3.5.5. Objetivos específicos ... 68 3.5.6. Caraterização da Amostra ... 68 3.6. Instrumentos ... 73 3.6.1. Procedimentos de Aplicação ... 74 3.6.2. Procedimentos Estatísticos ... 74

3.7. Resultados - Representações do “Bom Professor de EF” ... 75

3.8. Discussão ... 80

3.9. Conclusões ... 82

O Desembarque – Conclusão e Perspetivas Futuras ... 86

Desembarque ... 87

Referencias Bibliográficas ... 90

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Índice de Figuras

Figura 1. Turma 11º ano ... 23 Figura 2. Turma AEC’s ... 58

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XI

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Organização da atividade “Jogos para Todos” ... 50

Tabela 2 - Alunos do Ensino Básico vs alunos do Ensino Secundário ... 75

Tabela 3 - Análise por sexo – Alunos do Ensino Básico ... 76

Tabela 4 - Análise por prática desportiva - Alunos do Ensino Básico ... 77

Tabela 5 - Análise por sexo - Alunos do Ensino Secundário ... 78

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XIII

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Idade dos alunos ... 69

Gráfico 2 - Ano de escolaridade dos participantes ... 70

Gráfico 3 - Participantes que praticam desporto ... 71

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0. 1. 1. 0. 1. 2. 0. 1. 3. 0. 1. 4. 0. 1. 5. 0. 1. 6. 0. 1. 7. 0. 1. 8. 0. 1. 9. 0. 1. 10. 0. 1. 11. 0. 1. 12. 0. 1. 13. 0. 1. 14. 0. 1. 15. 0. 1. 16. 0. 1. 17. 0. 1. 18. 0. 1. 19. 0. 1. 20.

(15)

XV

0. 1. 21.

Índice de Anexos

Anexo I. Questionário do “Bom Professor de EF” ... 98

0. 1. 22. 0. 1. 23. 0. 1. 24. 0. 1. 25. 0. 1. 26. 0. 1. 27. 0. 1. 28. 0. 1. 29. 0. 1. 30. 0. 1. 31. 0. 1. 32. 0. 1. 33. 0. 1. 34. 0. 1. 35.

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XVII

Abreviaturas

0.2.

AEC’S - Atividades de enriquecimento curricular AF – Aptidão Física AF – Avaliação Final AI – Avaliação Inicial DT - Diretora de Turma EF - Educação Física EP - Estágio Profissional

ESMGA - Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida

FADEUP - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

IMC – Índice de Massa Corporal

MEC - Modelo de Estrutura do Conhecimento

MED – Modelo de Educação Desportiva NE - Núcleo de Estágio

NEE - Necessidades Educativas Especiais

OMS - Organização Mundial de Saúde

PC - Professora Cooperante

PCE - Projeto Curricular de Relatório de Estágio

PCT - Projeto Curricular de Turma

PE - Professora Estagiária

PEE - Projeto Educativo de Escola

(18)

XVIII RI - Regulamento Interno

(19)

XIX

Resumo

A elaboração deste documento teve como objetivo realizar uma análise reflexiva das experiências proporcionadas pelo Estágio Profissional, tendo em consideração as 3 áreas de desempenho previstas no Regulamento de Estágio Profissional (Matos, 2010): 1- “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”; 2- “Participação na Escola” e “Relações com a Comunidade” e 3- “Desenvolvimento Profissional”. O estágio decorreu na Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, em Espinho. Foi orientado por uma professora da faculdade e por uma professora cooperante. No presente documento, encontra-se uma reflexão sobre a prática profissional desenvolvida durante este ano letivo, estruturada em três capítulos. O primeiro faz referência aos dados biográficos e descreve, de uma forma geral, o meu percurso até à atualidade. O segundo capítulo, para além de contemplar o contexto legal, institucional do Estágio Profissional engloba o enquadramento que diz respeito à minha prática profissional, caraterizando a Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, o meio envolvente, o Subdepartamento de Educação Física e Núcleo de Estágio e a turma à qual lecionei. Já no terceiro capítulo, é elencado o trabalho desenvolvido dentro das três áreas de desempenho, sendo salientadas as principais experiências e dificuldades vivenciadas. É ainda neste ponto que o estudo resultante do meu projeto de estudo, que teve como objetivo principal captar a opinião dos alunos acerca do seu entendimento do que é um “Bom-Professor de Educação Física”, é apresentado.

Palavras-Chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, BOM PROFESSOR, ENSINO, REFLEXÃO

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XXI

Abstract

The preparation of this document aims to conduct a reflective analysis of the experiences provided by the Practicum, taking into account the three areas of performance provided in the rules of student training (Matos, 2010): 1 - "Organization and Management of Teaching and Learning" , 2 - "School Participation", "Relations with the Community" and 3 - "Professional Development". The practicum took place in the Dr. Manuel Gomes de Almeida school, in Espinho, with tree colleagues. This was supervised by a faculty teacher and a cooperating teacher. This document is a reflection of professional practice developed during an entire academic year, divided into three chapters. The first refers to biographical information and describes, in general, my journey to the present day. In the second chapter, in addition to contemplate the legal, institutional practicum rules encompasses the framework with respect to my practice, featuring the Dr. Manuel Gomes de Almeida school, the surroundings, the Sub Department of Physical Education and stage group and the class i taught. In the third chapter, is made a work developed within the three areas of performance, and highlighted the main experiences and difficulties experienced. It is also at this point that the study result of my study project, which aimed to capture the views of students about their understanding of what is a "Good Teacher of Physical Education,”

Keywords: PROFESSIONAL TRAINING, PHYSICAL EDUCATION, GOOD TEACHER, TEACHING, REFLECTION

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Introdução

O Presente relatório de estágio foi realizado no âmbito do Estágio Profissional, do 2ºano de Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, sendo um elemento que integra o processo de formação para Professor de Educação Física.

De acordo com o Artigo 2º do regulamento da unidade curricular do presente ciclo de estudos, “O Estágio Profissional visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão.” (Matos, 2012,p.3)

Face a este entendimento, procuro neste documento retratar a minha evolução como profissional de Educação Física, como educadora e também como pessoa.

O estágio decorreu na Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, em Espinho, tendo-se afirmado como uma viagem longa, repleta de aprendizagens: como profissional, por todas as práticas vivenciadas e dificuldades superadas nos vários domínios que compõem o processo ensino-aprendizagem; como educadora, pelo entendimento de que é essencial incutir nos alunos valores que os orientem na sua vida em sociedade, contribuindo, assim, de forma determinante, para a sua formação enquanto pessoas; e, por fim, como pessoa, pois cresci, ganhei responsabilidades e amadureci graças às dificuldades, superações e relações estabelecidas.

1

O EP oferece a inclusão no exercício da vida profissional de forma gradual e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto autêntico. Tem também como o objetivo principal fortalecer as aptidões profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e

1

Matos,Z (2012). Normas Orientadoras de Estágio do ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário do Porto: Faculdade de Desporto – Universidade do Porto

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3 reflexivo, tornando-os aptos a responder aos desafios e exigências da profissão. Estas competências profissionais, nas normas orientadoras, organizam-se nas seguintes áreas de desempenho:

1. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; 2. Participação na Escola e Relação com a comunidade; 3. Desenvolvimento profissional.

Assim, o EP assume-se como um período essencial na nossa formação, oferecendo um vasto leque de experiências e contexto prático, de modo a formar um profissional de Ensino de Educação Física e Desporto habilitado e apto. Um professor competente é capaz de protagonizar um ensino de qualidade, onde a reflexão acerca do processo de ensino-aprendizagem é insubstituível. Segundo Brubacher et al. (1994,p.25), a autorreflexão é fundamental para o docente se soltar de realidades absolutas, crenças e rotinas, de forma a poder renovar, aperfeiçoar e progredir como professor. O mesmo autor delimita três particularidades do ensino reflexivo, que o distinguem como um objetivo de formação válido: “a prática reflexiva ajuda os professores a libertarem-se de comportamentos impulsivos e rotineiros; a prática reflexiva permite que os professores ajam de um modo deliberado e intencional; a prática reflexiva distingue os professores enquanto seres humanos instruídos, pois é um marco da ação inteligente.”

Assim, a reflexão constitui-se como um recurso essencial ao progresso profissional, pelo que, no estágio, procurei colocar em prática o processo de investigação/ação/reflexão em toda a minha intervenção, para que conseguisse, assim, alcançar as metas de aprendizagem.

Estrutura e processo de elaboração do Relatório de Estágio

A elaboração deste documento resultou da reflexão sobre o meu desenvolvimento enquanto pessoa; enquanto professora de Educação Física e também enquanto educadora. O estágio decorreu na Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, em Espinho, tendo- se revelado

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4 um percurso longo mas muito rico nas três vertentes enunciadas (pessoal, profissional e educativa).

Em termos de estrutura, optei por ilustrar o vivenciado recorrendo a uma metáfora: “Uma viagem de comboio”. Assim, o embarque representa o momento de entrada na Escola, as estações, os momentos mais marcantes, e as pessoas que viajaram comigo na carruagem, representam os colegas de estágio que me acompanharam no percurso de inserção na vida profissional. Já os imprevistos são representados pelas “paragens bruscas e inesperadas”.

Antes de entrar realmente neste “comboio” não tinha uma ideia muito precisa e segura de como seria realmente a viagem, contudo, no presente, considero que esta viagem foi um meio de aquisição de conhecimentos imprescindíveis para o exercício da profissão futura de professora. Com efeito, só no estágio se consegue aceder a situações reais de ensino e da profissão, impossíveis de vivenciar em qualquer outra disciplina do curso. Esta viagem ficou marcada por várias pessoas que trabalharam comigo, que me permitiram aceder a novos e renovados entendimentos, dando-me oportunidade de me tornar uma professora melhor. Estes agentes formadores foram as minhas orientadoras, que sempre me estimularam, motivaram e me transmitiram conhecimentos. Também os meus colegas de estágio foram elementos essenciais, pela compreensão, pelo bom ambiente e sobretudo pela amizade que resultou deste ano de trabalho árduo.

Gostava ainda de referir uma das principais dificuldades que encontrei durante o estágio: adequar o tom de voz às situações da aula. Quando intervinha não conseguia adequar o tom de voz à situação e ao momento de aula, ou falava muito alto, ou falava muito baixo, prejudicando não só as minhas cordas vocais, como também os alunos. Foi através da gravação de uma aula que consegui perceber os meus erros ao nível da perceção de voz, bem como o tipo de feedbacks que utilizava mais.

Os Feedbacks, muitas vezes referidos nas aulas de Didática I e II, foram também uma inquietação. Desde os de natureza avaliativa, prescritiva, descritiva, interrogativa, e até afetiva, foram utilizados. Estaria a mentir se não dissesse que a maioria das vezes a emissão dos mesmos foi por instinto e intuição. Penso que, no início, isso é habitual acontecer. Entender

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5 os alunos exige muito tempo e, numa primeira fase, admito que o instinto foi um verdadeiro cúmplice. Talvez por isso me tenha equivocado algumas vezes, considerando, assim, importante referir aqui o quão pertinente foi para mim gravar uma aula.

Por fim, quanto à estrutura do presente relatório, este encontra-se dividido em cinco partes. A primeira diz respeito à caraterização geral do Estágio Profissional, onde destaco os principais objetivos e a forma como está organizado. Na segunda parte, relato os meus dados biográficos e as razões que me levaram a seguir este percurso. Relativamente ao ponto três, para além de caraterizar o contexto legal e institucional em que o EP se insere, descrevo o contexto em que o mesmo decorre. Realizo também uma breve descrição da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, do meio em que esta está inserida, do Subdepartamento de Educação Física, Núcleo de Estágio (NE) e da turma que lecionei – 11º ano. O ponto quatro diz respeito à realização da prática profissional. Aqui pretendi comparar e examinar todo o trabalho desenvolvido dentro das três áreas de desempenho, recorrendo a uma viagem de comboio, salientando as principais práticas e dificuldades passadas durante as várias estações e paragens (três áreas). É, também, neste ponto que apresento o estudo realizado, decorrente de um problema surgido no processo de ensino-aprendizagem (O que é um bom professor?). No ponto cinco, realizo um balanço geral do meu ano de estágio, destacando igualmente as perspetivas para o futuro.

(29)

6

C

APÍTULO

1

E

NQUADRAMENTO

(30)
(31)

8

1. Enquadramento Biográfico

Hoje sou alguém diferente…passei por muitos momentos maravilhosos e únicos, que perfazem o meu percurso, permitindo-me hoje estar aqui e não em qualquer outro lugar. Não obstante a dificuldade de espelhar nestes “escritos” o vivido, vou procurar fazê-lo”.

1.1. Reflexão Autobiográfica

“Cada vez que atravesso a linha de chegada, tenho novos pensamentos. Geralmente não tomo atenção ao tempo, a não ser que eu esteja a tentar bater um recorde. Então, posso olhar para o cronômetro. Caso contrário eu fico feliz se fiz o meu melhor.” (Usain Bolt, 2012)

Identifico-me bastante com o pensamento que o Usain Bolt expressou no final da prova de 100 metros, nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, quando consigo alcançar os meus objetivos, a sensação que permanece é a de que preciso de algo mais para me sentir realizada. Ou seja, usualmente quero sempre mais, pelo que a palavra ambição se enquadra de forma perfeita no meu “dicionário” de vida. Basicamente, considero que ter objetivos e ser capaz de tomar decisões são processos fundamentais, que definem as pessoas determinadas. Assim, posso afirmar que a ambição é o “combustível” que me permite “correr” atrás dos meus objetivos pessoais e profissionais.

Sou conhecida por ser distraída, em parte porque geralmente não dou atenção ao tempo que demoro a fazer uma tarefa. Contudo, quando a tarefa tem um prazo definido, procuro prestar especial atenção ao tempo que dedico à sua realização. Com efeito, se demorar muito tempo a concretizar qualquer tipo de projeto, apesar de moroso, fico feliz se o realizar da melhor maneira, empenhando-me totalmente para alcançar o meu objetivo.

Desde muito nova, mais especificamente aos seis anos, comecei a percepcionar em mim uma relação profunda com o desporto. De facto, a atração pelas atividades físicas e desportivas manifestou-se muito cedo em mim, como se pode verificar no ponto subsequente, em que procurarei ilustrar o meu percurso de vida até à entrada na faculdade.

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9 1.1. Marcas de um passado

Vai longe o tempo das brincadeiras, na rua São João, na Zona antiga de Bragança, de onde sou natural. Contudo, não obstante a distância, estão ainda bem próximas as lembranças das amigas e das brincadeiras conjuntas, nomeadamente as corridas, bem como as aprendizagens e vivências que a “escola da rua” me proporcionou. Foi na rua, em torno das brincadeiras e jogos com muitas corridas, que as minhas habilidades motoras ganharam expressão e se desenvolveram. De forma mais vincada, foi com o atletismo que cresci, aprendendo a conhecer-me e a descobrir o meu próprio corpo.

Na prática, aprendi a “amar” o atletismo e criei uma paixão pela modalidade. Nesta “escola”, o espírito foi-se moldando, construindo-se ganhador, persistente e utópico. Já o corpo, que sempre foi roliço, fortaleceu-se e tornou-se ágil, rápido e ladino, superando-tornou-se a cada dificuldade, em busca da perfeição.

Das simples brincadeiras e jogos de rua passei para a pista, para o clube organizado, e concretizei o meu sonho de ser atleta federada. Foi o primeiro passo desta pequena grande conquista. O início da realização de um sonho latente teve assim início. Foi neste espaço que o sonho de ser atleta federada, no clube da minha cidade, foi crescendo de dia para dia. Eu acreditava que um dia poderia chegar ainda mais longe. Durante alguns anos, pratiquei atletismo federado no clube da minha terra, o Grupo Desportivo de Bragança. Neste percurso, representei as seleções jovens do Distrito de Bragança e, fruto de um treino sistemático e empenhado, o sonho tornou-se realidade: aos 15 anos fui campeã “Norte” de Salto em Comprimento.

No tempo de ligação a este clube muitas foram as descobertas, pois além de ter aprendido o primado da excelência e a busca incessante do impossível, aprendi a procurar ser melhor e mais forte. Também foi lá que descobri o ISMAI e a FADEUP. No meu caminho cruzou-se um professor muito conceituado ao nível nacional na área do Atletismo, que me fez apaixonar, ainda mais, por esta modalidade. Nele vi um exemplo a seguir. Esses anos suscitaram em mim um enorme desejo de poder aprender cada vez mais atletismo, na procura de vir a ser “igual” aos grandes atletas e treinadores.

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10 O tempo passou e estava na hora de escolher o meu futuro. No meio de tantas incertezas, não duvidei de que queria ser professora de educação física e, como tal, acredito que o contato com o mundo do desporto foi fundamental na minha opção.

Neste momento estou segura e encantada com a escolha que fiz, como poderão verificar ao longo deste documento.

1.2. A minha escolha

Terminado o ensino secundário, ingressei no ensino superior, no ISMAI. Confesso que quando cheguei ao ISMAI só pensava em atletismo, mas hoje os meus interesses vão muito além desta modalidade. Aprendi que a formação e a educação têm um valor enorme na construção de uma sociedade culta, equilibrada e justa, e descobri que o sonho já não se limitava ao desejo de ser atleta e treinadora, mas também passava por ser professora.

A entrada para o Ensino Superior foi um misto de alegria e nervosismo. A ansiedade era muita, pois sabia que os próximos três anos da minha vida iam ter uma forte influência no meu futuro.

No percurso, houve a mudança do ISMAI para o mestrado na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Este novo espaço formativo teve um papel importantíssimo na minha formação, isto porque a FADEUP incorpora uma conceção de formação inicial distinta do ISMAI. Na verdade, face aos métodos de ensino que percecionei nas duas instituições, posso afirmar que existem duas conceções de formação distintas, em termos de Licenciatura (no ISMAI) e do Mestrado (na FADEUP). No ISMAI, a orientação que percecionei como prevalecente foi a Académica2, porquanto o ensino é concebido como um processo de transmissão de conhecimentos e de desenvolvimento da compreensão, em que o professor é a figura central.

Os professores tendiam a transmitir o conhecimento de forma expositiva, ou seja os conteúdos privilegiados eram a matéria de ensino em detrimento da formação pedagógica para o ensino. Em muitas unidades curriculares prevaleceu esta orientação, sendo os docentes os únicos a participar na aula,

2

(34)

11 explicando as matérias de forma expositiva, num monólogo pouco interessante (mostrando apenas conhecimento do conteúdo a ensinar).

Já na FADEUP, a orientação que percecionei no 1º ano de Mestrado, em especial a partir do segundo semestre quando se iniciaram as didáticas, prevaleceu a prática3. Nessas unidades curriculares teve primazia a reflexão sobre a prática, pois além de planearmos e lecionarmos aulas, era necessário refletirmos acerca da nossa intervenção, desde as opções de planeamento à sua realização.

Ao longo desta caminhada houve muito esforço, dedicação, persistência, suor, lágrimas, gargalhas, mas principalmente muita aprendizagem. Aquilo que eu sou hoje devo-o, em parte, àqueles com quem partilhei todos estes momentos ímpares. Posso dizer que esta faculdade é a minha casa, a casa do coração, aquela que me ajudou a realizar o meu sonho.

1.3. As experiências mais marcantes durante o percurso académico

Durante o curso, o número de desportos que pratiquei, além das várias experiências, permitiram-me adquirir novos valores que importa preservar enquanto profissional do desporto. Principalmente no que se reporta ao “saber estar”, que, provavelmente, não teria alcançado se não tivesse experienciado a prática destas modalidades.

Em contexto de estágio, estas experiências ajudaram-me a realizar as tarefas inerentes ao ser professor, porquanto consegui compreender melhor algumas atitudes e comportamentos dos alunos em relação a determinadas situações. Com efeito, também eu, enquanto praticante, vivenciei situações semelhantes durante a minha própria prática. Em retrospetiva, posso afirmar que o meu percurso desportivo teve um contributo muito importante para o modo como no presente atuo como professora. Esta vivência tornou-me mais capaz para o exercício desta função, tornou-me mais completa.

Então, hoje o céu é o limite e Usain Bolt o meu ídolo. Para a minha formação contribuíram, entre outros professores, o professor Amândio Graça e de uma

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12 forma muito especial o Professor Rolim, por me ter ensinado mais especificamente o atletismo. Na realidade, gostava que mais professores me tivessem marcado de forma tão positiva como este. Posso mesmo afirmar que ele é um modelo que tentei seguir durante este ano de estágio. Pois, apesar de ser bastante acessível e muito comunicativo com os alunos, impunha disciplina nas suas aulas, conseguindo criar um excelente clima de aprendizagem.

Chegara a hora de colocar todas estas vivências e aprendizagens em prática e transformar o papel de aluna em professora. Mas será que tudo aconteceu como eu perspetivei?

1.4. Os receios de ser Professora

“Sinto-me ao mesmo tempo realizada e insegura.

Acho que esta inexperiência me está a deixar com medo, não sei explicar muito bem o que sinto.”

(Mensagem via telemóvel, 19 De Setembro 2012)

No fim desta longa caminhada cheguei àquela que espero ser a minha primeira paragem, o Estágio Profissional. É a última etapa de um percurso cheio de trabalho e dedicação. É o momento no qual poderei utilizar os conhecimentos que fui adquirindo durante a Licenciatura e o primeiro ano de Mestrado. A oportunidade de testar as minhas aptidões no contexto real e autêntico de ensino. Talvez por tudo isso, o Estágio Profissional foi um momento pelo qual aguardei muito, estando, assim, revestido de um baú de sentimentos muito diferentes. Por um lado, os meus medos emergiram, mas, por outro, os níveis da minha força de vontade elevaram-se.

O excerto acima é a transcrição de uma mensagem de texto que enviei no meu primeiro dia de aulas à minha mãe. Esta é, obviamente, uma forma de “exprimir” uma maneira de dizer. Ela traduz, no entanto, alguma apreensão da minha parte, no início do estágio, relativamente ao exercício da função de ser professor. Algum medo, algum receio, algum pavor, inclusive. Não porque pensasse que não estava preparada pedagogicamente. Pensar assim seria pôr em causa a minha formação, as instituições onde estive a estudar, os professores que me acompanharam ao longo deste percurso de 4 anos. Na

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13 verdade, sentia até que estava bastante preparada para encarar o desafio que me aguardava. Então qual a razão de ser deste meu aperto?

Como refere Lima (2006, p.136), “o início da docência é vivido como um período muito difícil e sofrido, e este é apontado como um dos momentos que mais causam mal-estar nos professores”. A referida autora ainda menciona que esta fase não tem recebido o cuidado necessário por parte dos pesquisadores na área de formação de professores e que, sendo esta uma etapa difícil, ainda há muito a alterar para que o início da carreira docente não seja tão custoso. Desde o primeiro contato com aqueles que serão os meus alunos, até ao livrar-me do livrar-medo e das barreiras, decorreu pouco tempo. Na verdade, sempre soube que iria ser uma viagem longa, delicada, mas prazerosa. Daí o título do meu relatório, “Uma pequena grande viagem”. Como tal, sabia que estas barreiras poderiam ser mais ou menos difíceis de transpor, mas sempre estive consciente que com empenho e determinação as iria superar.

1.5. Os objetivos traçados no início do ano letivo

Segundo Pimenta e Lima (2004,p.46), “O Estágio Profissional é o eixo central na formação de professores, pois, é através dele que o profissional conhece os aspetos indispensáveis para a formação da construção da identidade e dos saberes do dia-a-dia”. É o tempo onde o estagiário consegue realmente ver as suas principais falhas e lacunas, tornando-se possível, através da reflexão, tirar benefícios dos próprios erros. O estágio, portanto, é o local ideal para identificar aquilo que necessitamos de conhecer e de aprender, aprimorar e aperfeiçoar, para que a viagem se torne viável e, acima de tudo, realizada com sentido e sucesso.

Já Francisco e Pereira (2004) destacam o papel do estágio como a forma oficializada de fazer a mudança de aluno para professor, sendo o ano de estágio o período em que o aluno de tantos anos se descobre no lugar de professor e, como tal, para mim é uma viagem relevante de aprendizagem e comprovação de todas as expetativas inicialmente concebidas.

Por reconhecer a importância desta viagem na minha formação e na minha vida, coloquei nela um número incalculável de expetativas e defini vários objetivos. Propus-me ser persistente na procura da competência e da

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14 superioridade, com a intenção de poder progredir, crescer e sobretudo instruir e ensinar.

Queria saber, mas saber fazer bem! Queria ser capaz de tomar as decisões indicadas nos momentos certos, para que os alunos progredissem e adquirissem conhecimentos, habilidades, atitudes e valores e, assim, conseguir formar jovens dedicados e desportivamente instruídos e competentes.

Esperava impacientemente conseguir incutir nos meus alunos o desejo pela prática Desportiva, para que eles fizessem desporto, não apenas nas aulas de Educação Física, mas também nos tempos livres. Desejava que estes compreendessem o quão importante é ter um estilo de vida saudável e ativo e qual a importância do exercício físico na vida de cada um. Desde o início que também defini como propósito estabelecer uma forte ligação com a turma, esperando que no fim do ano letivo eles guardassem (acima de tudo) boas lembranças das aulas da professora estagiária e dos momentos que elas ofereceram.

Mas, no fundo, sabia que tudo isto apenas seria possível se conseguisse diminuir a distância que há entre a teoria e a prática. Por isso, propus-me também utilizar o caminho da reflexão, no sentido de ser capaz de encontrar novos conhecimentos e corrigir falhas.

As minhas expetativas quando entrei neste comboio eram bastante alargadas. No meu processo de integração nesta viagem (vida profissional), tive várias pessoas que me acompanharam, pois para além dos meus alunos, tive como parceiros os meus colegas de estágio (Hugo, José e Luisa)4, a Professora Orientadora, a Professora Cooperante, os outros professores de Educação Física, funcionários, os pais, enfim, todos aqueles que constituem a comunidade educativa. Por isso, desejei que todos eles fossem fontes de conhecimento e me permitissem aceder a diferentes tipos de aprendizagens. Naturalmente, esperava dos pais e funcionários aprendizagens completamente distintas das vivenciadas junto dos professores, também eles importantes para o meu progresso profissional, resultante da partilha e convívio com cada um deles.

(38)

15 No que concerne à Professora Orientadora, almejei que me seguisse durante toda a viagem e orientasse da melhor maneira para a última estação de comboio. Tinha a certeza que a Professora Cooperante também seria primordial, pois assumiria a função de me ajudar a integrar, de forma gradual, aquela que será a minha vida profissional futura. Dela esperei exigência e compreensão e, principalmente, que me indicasse as pistas e os desafios para eu poder encontrar os melhores caminhos. Também acreditei que os meus colegas de estágio seriam muito relevantes nesta viagem. Com eles queria aprender, errar e desenvolver-me. Ambicionei, sobretudo, que este Núcleo de Estágio fosse ligado e rigoroso, pois iríamos passar juntos um ano letivo essencial para as nossas vidas. Com eles iria dividir muitos momentos, as alegrias e tristezas desta experiência e, portanto, com eles esperava tornar-me melhor profissional.

Em suma, desejei, e sobretudo ansiei, que quando acabasse esta viagem fosse uma professora mais eficiente e mais eficaz, a caminhar a passos largos para o bom porto da competência e da aptidão. Sabia que era uma viagem longa, mas tinha uma forte convicção e esperança de a percorrer com sucesso.

(39)

16

C

APÍTULO

2

E

NQUADRAMENTO DA PRÁTICA

-C

ARATERIZAÇÃO DO CONTEXTO DE

(40)
(41)

18

2. Enquadramento da prática – caraterização do contexto de

Estágio Profissional

2.1. A Escola

“Educar para a autonomia, o respeito pelos outros e a responsabilidade” (Projeto Educativo da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida,2012)

Decorrente da análise, do PEE da ESMGA, é visível que a comunidade educativa, a Escola assume como função educar os alunos que a frequentam, numa perspetiva de formação integral, crítica e aberta, potenciadora do desenvolvimento da personalidade do aluno e da sua integração bem-sucedida na sociedade, tanto em situação de prosseguimento de estudos, como em situação de inserção no mercado de trabalho.5

A Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida foi criada a 8 de Agosto de 1956, através da publicação no Diário do Governo do Decreto n.º 40725 do Ministério da Educação Nacional (Direção-Geral do Ensino Técnico Profissional), e surge inicialmente com a designação de Escola Industrial e Comercial de Espinho.

Nesse ano, a localização do estabelecimento em Espinho justificava-se, segundo a publicação governamental, pelo facto de a vila constituir o natural centro de convergência de uma região de alta densidade populacional e, por outro lado, atendendo a que grande parte da sua população se dedicava à indústria, comércio e serviços. Por isso mesmo, o plano de estudos da escola assentava basicamente no ensino/aprendizagem de técnicas fundamentais, de amplo campo de aplicação, cujo domínio facilitou a futura especialização exigida pelo desenvolvimento industrial, a obter já nos quadros da profissão. Este plano estava dividido em três partes: o Ciclo Preparatório, os Cursos Complementares de Aprendizagem de carpinteiro-marceneiro e os Cursos de Formação de Serralheiro e Geral de Comércio.

Inicialmente, a Escola Industrial e Comercial situava-se numa zona de Espinho diferente da atual, mais concretamente no ângulo das Ruas 21 e 30.

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19 Passados mais ou menos dez anos após a sua criação, e dada a exiguidade e precariedade das instalações, iniciaram-se as obras de construção do atual parque escolar, na Rua 35, Avenida 18 de Janeiro de 1966, ocupando uma área de terreno considerável (21500 m2) e uma área coberta de 6300 m2. Outros dados revelam bem a dimensão física da Escola, nomeadamente as 40 salas de aula existentes para aproximadamente 1200 alunos, distribuídos por um número máximo de 49 turmas diurnas.

As novas instalações foram inauguradas em 19 de Junho de 1968 e a Escola continua a oferecer cursos vincadamente direcionados para o Ensino Técnico, mas com a novidade de funcionamento dos Cursos Noturnos, embora ainda em regime de aperfeiçoamento.

A partir de 1974, a Escola procurou sempre acompanhar as alterações introduzidas no sistema educativo português.

A 21 de Novembro de 1979, por decreto publicado em Diário da República, a Escola deixa de ser Industrial e Comercial e passa a ter a designação de Escola Secundária de Espinho.

A designação atual data de 2 de Abril de 1987, altura em que adotou, como patrono, o Dr. Manuel Gomes de Almeida.

Inicialmente vocacionada para o ensino técnico, a Escola acompanhou as sucessivas reformas do sistema educativo, oferecendo hoje, aos alunos, uma variada gama de opções que se enquadram nos Cursos Predominantemente Orientados para o Prosseguimento de Estudos e para a Vida Ativa.

No ano de 2012, passou a ser um agrupamento de escolas, denominado Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Gomes de Almeida que engloba a Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida e a Escola Básica 2, 3 Domingos Capela.

A escola foi recentemente remodelada pelo projeto “parque escolar”. O projeto de intervenção reflete as diretrizes definidas pelo Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, bem como as novas exigências decorrentes do projeto educativo da escola, dos modelos de ensino-aprendizagem contemporâneos e dos atuais parâmetros de qualidade ambiental e de eficiência energética.

O edifício existente manteve a sua organização de base, tendo-se procedido à sua reorganização interna. As áreas administrativas e de gestão foram

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20 concentradas junto à entrada principal e as áreas sociais junto à zona desportiva. As restantes áreas foram ocupadas com espaços letivos. O espaço da antiga biblioteca foi reconvertido em zona de professores e a biblioteca foi deslocada para o último piso acima da entrada principal. Foi feito o rebaixamento da cave do corpo do ginásio permitindo a duplicação dos espaços desportivos. O terraço foi também recuperado para a prática desportiva.

Os espaços exteriores foram redesenhados, permitindo melhorar as condições de acessibilidade e aumentar a área permeável e arborizada.

2.1.1. Instalações Desportivas da ESMGA

Como referido anteriormente, a escola foi remodelada pelo projeto “parque escolar”, em que esteve inserida no grupo de escolas reconstruídas e renovadas. Existem seis espaços disponíveis para a lecionação das aulas práticas: Sala de musculação, ginásio, pavilhão, espaço exterior 1, espaço exterior 2 e espaço exterior 3.

A sala de musculação foi recentemente criada e construída este ano letivo 2012/2013 por um colega de Estágio, e tem como objetivo desenvolver as várias capacidades condicionais, principalmente a força. No pavilhão leciona-se o Badminton, Voleibol, Basquetebol e Futsal. Este espaço é relativamente grande e tem boas condições para a prática destas modalidades. No ginásio aborda-se a Dança e a Ginástica. Ao contrário do anterior, este é um espaço muito pequeno e pouco arejado com espaldares e uma aparelhagem. No 1º e 2º Período tivemos de lecionar estas aulas num espaço improvisado ainda com menores condições, pois para além de ser um espaço pequeno, não tinha espelho, o que dificultava a nossa lecionação durante as aulas de dança. O espaço exterior 1 é destinado à prática de Basquetebol e Atletismo, mas apenas tem definido dois campos reduzidos de Basquetebol com duas tabelas. Por outro lado, o espaço exterior 2 tem duas balizas e, tal como o espaço anterior, é grande e com piso regular.

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21 Para além destes campos ainda existe uma pista para prática do salto em comprimento, uma pista de velocidade de 40 metros e um campo de voleibol exterior improvisado.

No que se refere ao material, a escola tem presente uma lista atualizada (Julho de 2012) do material existente. Importa referir que a escola dispõe de material novo (isto é, acabado de chegar), material em bom estado de conservação e material em mau estado, algum mesmo inutilizável.

Com o material existente na escola é possível abordar as seguintes modalidades: basquetebol, futebol, voleibol, andebol, atletismo, ginástica, corfebol, Badminton, judo, atividades de ar livre e orientação. Existe também outro material que não é específico de nenhuma modalidade, mas que serve para várias modalidades.

O objetivo final da ESMGA, e dos professores de Educação Física, é dar as melhores condições de ensino aos alunos, de forma a promover um serviço educativo de qualidade. Penso que esta escola tem todas as condições, bem como ambição e vontade para o conseguir. A comprovar esta perceção foi o contributo de todos os professores, ao longo do ano, para oferecer o melhor “serviço”. Não tive nenhuma dificuldade no que concerne às instalações, porquanto beneficiei de todas as condições propícias. Contudo, em dias de chuva, foi necessário encará-las como pequenos contratempos a ultrapassar. Felizmente consegui adaptar-me facilmente a todas as situações e hoje sinto-me preparada para encarar qualquer tipo de imprevisto.

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22 2.2. O grupo de Educação Física

O grupo de EF de ESMGA é um grupo muito ligado onde todas as decisões são tomadas em consciência. Sempre que precisei de alguma ajuda ou de troca de espaços, todos os professores se mostraram disponíveis para me ajudar. O espírito de colaboração e entreajuda é muito evidente neste grupo. Lembro-me bem das várias palavras de incentivo quando entrei naquela sala dos professores, todos nos apoiavam de várias maneiras, com maior ou menor intensidade. Nunca nos deixaram sem uma palavra.

A minha relação com os elementos do grupo foi bastante positiva. Não houve quaisquer desentendimentos entre nós e, sempre que foi preciso, eu ajudei no necessário. Participei nas diversas atividades dinamizadas pelo mesmo (corta-mato, mexe-te, dia mundial da paz), fora e dentro da escola, cooperando com todos os professores.

Apesar de saber que o estágio é sobretudo um trajeto individual, considero essencial a existência de um bom ambiente e espírito de união, para alcançar a aprendizagem e o sucesso almejados enquanto estudantes estagiários.

Desde o primeiro minuto, fui muito bem recebida por toda a comunidade escolar. A Professora Cooperante foi a principal responsável pela minha fácil inclusão e integração na Escola. Apresentou-me a todos os professores e funcionários e hoje posso dizer que me sinto parte integrante da escola.

2.2.1. Núcleo de estágio

Em todos os grupos de trabalho é importante existir ajuda, compreensão e cooperação, e no meu núcleo de estágio houve lugar a tudo isto.

Todos os elementos estavam comprometidos e dedicados nas variadas planificações e concentrados de forma ativa nas muitas tarefas. Quando havia decisões a tomar, ouvíamos cuidadosamente todos os colegas para depois tomarmos uma resolução.

As várias reuniões semanais foram concretizadas na presença de todos os estagiários e da professora cooperante, onde eram discutidas algumas ideias específicas. Existia ainda um tempo e um momento para cada estagiário, de

(46)

23 forma individual, esclarecer algumas dúvidas que também podiam dizer respeito ao restante do núcleo. Assim, sublinho a grande convivência entre nós, bem como disponibilidade para ajudar em qualquer situação.

Tratando-se de uma experiência repleta de trabalho individual e em grupo, a nossa relação tornou-se indispensável para a elevação qualitativa das tarefas. O Núcleo de Estágio constitui-se, de facto, como uma mais-valia para o nosso progresso e desenvolvimento enquanto futuros professores.

2.3. A minha turma

“Já sei de que turma vou estar encarregue durante este ano letivo, admito que estava à espera de ouvir mais elogios sobre a mesma!” – (Diário de bordo, Mês de Setembro)

A Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida está inserida num contexto socioeconómico favorável, no qual os problemas disciplinares são raros. No meu caso específico, não poderia ter encontrado uma turma com maior maturidade do que esta (Figura 1). Face ao ano de escolaridade que frequentam, o 11º ano, estes alunos devem ser modelos para os demais, pois estão numa fase final na escola.

(47)

24 Já definida qual a turma de que iria ficar encarregue de lecionar, foi através da professora cooperante que obtive as primeiras informações sobre ela.

A minha turma era constituída por 20 alunos, 13 do sexo feminino e 7 do sexo masculino (Figura 1 – Turma 11º ano). Os alunos desta turma apresentavam dois grandes grupos distintos de nível de desempenho. Os rapazes, com exceção de dois, praticam desporto. No que diz respeito às raparigas, apenas três eram praticantes.

Depois de preenchida a ficha de caraterização do aluno, analisei os resultados. Focando-me agora sobre os mesmos, concluí que a turma, em geral, não era muito ativa, porquanto as atividades eleitas pela maioria (Figura 1 – Turma 11º ano).Referem-se a estar na internet ou a passear com os amigos.

O estudante-estagiário responsável pela turma no ano passado e a professora cooperante conseguiram passar-me todas as informações da mesma. Estas foram confirmadas na Reunião de Conselho de Turma pelos outros professores da turma. Os elogios foram escassos, pois todos os docentes identificaram os alunos como pouco trabalhadores, existindo mesmo alunos pouco empenhados e bastante preguiçosos.

Perante estas impressões gerais, admito que não fiquei muito satisfeita, pois como em todo o lado, quando não se trabalha junto de pessoas esforçadas e dispostas a aprender, tudo se torna pouco agradável e motivante. Esta caraterização da turma foi mais aprofundada através da ficha individual do aluno, que foi preenchida durante a aula de apresentação, e dos testes do

Fitnessgram, que foram realizados na segunda aula. A ficha individual do aluno

foi elaborada pelo Núcleo de Estágio (NE) onde, após uma conversa demorada, pesquisa e reflexão, escolhemos um grupo de questões que nos possibilitasse recolher dados pertinentes sobre os alunos para a nossa intervenção como professores. Relativamente aos resultados do Fitnessgram, fiquei a conhecer certas caraterísticas e aptidões dos alunos. Após uma detalhada análise, tal permitiu-me colher dados concretos sobre cada aluno, determinantes na fase de planeamento.

Na turma, destaco quatro casos que necessitaram de especial atenção ao longo de todo o ano: uma aluna com excesso de peso, dois alunos com asma e uma aluna com problemas articulares nos joelhos.

(48)

25 De uma maneira geral, e na minha opinião, os fatores essenciais à aprendizagem dizem respeito à dinâmica do trabalho efetuado, e este depende não só da forma como concebo as minhas aulas, mas também do comportamento da turma. A minha turma era pouco dinâmica e motivada para a prática desportiva e o seu empenhamento nas tarefas propostas era oscilante. Contudo, apesar da fraca aptidão com que cada um se apresentou inicialmente, consegui, como Professora, sentir-me realizada, pois houve a conquista de uma evolução gradual.

Os alunos são sempre o alvo final do processo de ensino-aprendizagem. Cada aluno é único, pela sua personalidade, gostos, interesses, etc. Deste modo, o professor tem que ser capaz de incluir todos os alunos, cativando-os e entusiasmando-os para a prática da disciplina.

Em termos gerais pode afirmar-se que o professor três grandes objetivos: adquirir a confiança e estabelecer o controlo da turma; melhorar a qualidade da instrução e gerir e rentabilizar a aula.

(49)

26

C

APÍTULO

3

R

EALIZAÇÃO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

,

EXPERIÊNCIAS E

(50)
(51)

28

3. Realização

da

prática

profissional,

experiências

e

significados

Ao longo deste capítulo pretendo fazer referência às experiências do Estágio Profissional, indicando as minhas principais dificuldades e retratando os resultados de algumas decisões, assim como o contributo que tiveram quer para a minha evolução, quer para a evolução daqueles a quem me dediquei durante 10 meses.

3.1. Uma viagem de comboio - O embarque

Há algum tempo atrás, li um texto num jornal que comparava a vida com uma viagem de comboio. Uma leitura extremamente interessante, quando bem interpretada, que me deu um mote para o relato da minha experiência de estágio. Assim, recorrendo a uma imagem, vou analisar a minha vivência de estágio como se de uma viagem de comboio se tratasse. Na verdade, esta experiência ocorrida em contexto real de ensino foi como uma viagem de comboio, repleta de embarques e desembarques, salpicada por acidentes, surpresas agradáveis em algumas estações e noutras profundas tristezas. Ao entrar para a escola, subi para o comboio e encontrei-me com algumas pessoas que acreditava que estariam sempre comigo nesta viagem: os meus colegas de Estágio. Felizmente tornou-se verdade! Eles não saíram em nenhuma estação, pelo que nasceu uma forte amizade. A sua companhia tornou-se insubstituível.

Durante a viagem nada impediu que entrassem outras pessoas, muito especiais para mim (os meus alunos).

Além deles outros entraram! Outros professores e outros amigos. Outra convicção referia-se à tristeza que encontraria na viagem…

Acreditava, no entanto, que outros que circulariam pelo comboio estariam disponíveis para me ajudar.

A viagem far-se-ia cheia de desafios, sonhos, fantasias, esperas e despedidas… mas nunca de retornos. Assim, espero que a viagem seja feita da melhor maneira possível…

(52)

29 Tentarei relacionar-me bem com todos os passageiros, procurando em cada um o seu melhor.

Tinha consciência de que, em algum ponto do trajeto, eles poderiam hesitar ou vacilar e, provavelmente, iria precisar de os entender…

No fim, o grande mistério residia no facto de não sabermos em que estação íamos sair, nem, sequer, onde iriam sair os nossos companheiros, nem sequer, aquele que estava sentado ao nosso lado.

Interrogo-me se, ao terminar a viagem e sair do comboio, sentirei nostalgia… Acredito que sim.

Provavelmente, separar-me das pessoas com quem fiz a viagem será doloroso. Mas agarro-me à esperança que, em algum momento, chegaria à estação principal e levaria na bagagem muito mais que aquilo com que tinha quando embarquei. Esperava ainda que também eu tivesse contribuído para que a bagagem de outros também tivesse crescido, se tivesse tornado mais valiosa. Propus-me a que a minha estadia no comboio fosse tranquila e que valesse a pena.

Esforçar-me-ia para que no momento de desembarque, o lugar vazio deixado por mim deixasse saudades a todos os que iriam continuar a viagem.

Para ti, que és parte do meu comboio, desejo-te uma…

… Viagem Feliz…

3.2. Primeira Estação – Organização e Gestão do Ensino e da aprendizagem

(53)

30 Segundo as normas orientadoras do EP, esta área tem como “principal objetivo criar estratégias de intervenção no processo de ensino - aprendizagem que me guiem, com eficiência e eficácia, o processo de formação do aluno. Em termos organizativos, esta área subdivide-se em quatro componentes: conceção, planeamento, realização e avaliação”. (Normas Orientadoras de Estágio Profissional 2012/2013, p.3).

3.2.1. Conceção

“Eram 9h55 e o comboio já estava a minha espera para iniciar a primeira viagem do dia. Terça-Feira é o dia da reunião do NE na Escola, e hoje esperava-nos a análise do programa de educação física bem como do projeto curricular. Admito que não foi um assunto que me tenha despertado muito interesse, contudo as informações obtidas pareceram-me bastante úteis para o decorrer do estágio “ (Diário de bordo, Setembro de 2012)

Segundo as Normas Orientadoras do EP, a conceção do ensino representa “projetar a atividade de ensino no quadro de uma conceção pedagógica às condições gerais e locais da educação, às condições imediatas da relação educativa, à especificidade da Educação Física no currículo do aluno e às características dos alunos” (Normas Orientadoras de Estágio Profissional 2012/2013, p.3). Neste sentido, irei realizar uma viagem no tempo e recuar até ao mês de Setembro do ano de 2012.

Quando cheguei pela primeira vez à Escola, e após entrar naqueles portões a correr, pois já estava atrasada para a primeira reunião de núcleo de Estágio, dirigi-me imediatamente à sala dos professores. Lembro-me como se fosse hoje! Tudo era novo. Todas as palavras que a professora cooperante (PC) propagava eram novidade. Recordo-me que fomos bombardeados de informações. Após a reunião, a PC levou-nos a conhecer as instalações da escola e eis que surgiu a minha primeira situação marcante: funcionária da Secretaria confundiu-nos com alunos, mas quando a PC a informou da realidade esta rapidamente nos pediu desculpa, e um sorriso “não sei bem até que ponto era irónico” surgiu nos nossos lábios.

Os dias passaram e, após conhecer o contexto físico da escola, tive a minha segunda reunião (12 de Setembro) com o Núcleo de Estágio (NE), na qual

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31 ficamos a conhecer melhor a nossa PC e onde foram indicados alguns documentos, que, após uma análise cuidada, me deram ferramentas para me envolver mais, enquanto Professora Estagiária (PE), na ESMGA, tais como: o Regulamento Interno da Escola (RI); O Projeto Educativo de Escola (PEE); o Regimento da Área Disciplinar de EF; o Currículo de EF; o Projeto Curricular de Escola (PCE). Participei na reunião do Departamento de Expressões e posteriormente na reunião do grupo de Educação Física. Nela nossa disciplina em particular, fomos apresentados e, claramente, bem recebidos. Aos poucos fui-me sentindo parte daquela que seria uma das minhas (novas) “casas”. Nesse dia, lembro-me que tive a curiosidade em saber mais um pouco mais do que as informações que a PC nos tinha dado. Assim, para saciar essa curiosidade e também para me contextualizar enquanto PE na ESMGA, analisei os documentos mencionados e, dessa forma, percebi a informação que cada um continha.

O RI da Escola deu-me um conjunto de informações acerca das normas e das regras específicas, que visam contribuir para o bom funcionamento da Escola e criar um ambiente de respeito e de educação, no cumprimento dos princípios de democraticidade, autonomia e responsabilização, por todos os participantes no processo educativo.

Quando aos PEE, PCE e PCT, segundo Leite (2000,p1.), no princípio dos anos 80 estes termos “não eram praticamente usados nos discursos da educação escolar e muito menos faziam parte dos normativos legais organizados da Escola e dos processos de desenvolvimento do currículo. De facto, esta terminologia está associada ao reconhecimento à Escola e aos professores de funções que se afastam do mero cumprimento de um currículo prescrito a nível nacional e que se supõe ter desenvolvido de forma idêntica em todas as escolas, independentemente dos contextos em que se inserem, dos recursos de que dispõem e das caraterísticas da população que as frequenta.”Se a ação educativa deve ter em atenção a conjuntura em que se desenvolve e ser assim o mais particularizado possível, que sentido faria empregar o mesmo currículo a nível nacional? Pois, nenhum. Daí a necessidade de se ter que adaptar o currículo prescrito, entendendo-o como uma “proposta que tem de ganhar sentido nos processos de ação e de interação que ocorrem nas escolas (…)

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32 tem como intenção conceber e desenvolver um currículo mais rigoroso, mais rico, mais reflexivo e relacional” (Leite, 2001)

Já o PEE “é a filosofia subjacente a uma dinâmica de Escola, define princípios e linhas orientadoras gerais, assentes nas características da comunidade educativa, de acordo com as orientações nacionais, estabelece metas prevendo parcerias e tendo em conta os recursos disponíveis (materiais, humanos…), enuncia uma resposta educativa global da instituição, define as politicas educativas para aquela comunidade educativa, é a expressão dos princípios, orientações e metas a atingir pela Escola, clarifica os aspetos de gestão e administração que permitam cumprir a ideologia politico-educativa da Escola, define e reflete a visão, a ideologia e as ações da Escola, cria a matriz de suporte que vai ser concretizada no PCE e no PCT, é o tronco comum de onde partem os vários projetos existentes na Escola, tais como: formação do pessoal docente e não docente, orientações administrativas, organização curricular, ofertas da Escola” (Leite, 2000,p.4)

Assim, Broch & Cros (1992,p.137) referem que o “Projeto Educativo de Escola constitui o espelho do estabelecimento de ensino, quer no plano interno, quer na sua relação com o exterior”.

Os termos PCE e PCT são mais recentes que o termo PEE. O PCE é o “conjunto de decisões articuladas, partilhadas pela equipa docente de uma Escola, tendentes a dotar de maior coerência a sua atuação, concretizando as orientações curriculares de âmbito nacional em propostas globais de intervenção pedagógico-didática adequadas a um contexto específico” (Carmen, 1996) e “tem como base o currículo nacional e o PEE” (Leite, 2000,p.5)

O PCT tem como inspiração o PCE e é escrito conforme as caraterísticas específicas de uma turma. “Deverá permitir um nível de articulação (horizontal e vertical) que só as situações reais tornam possível concretizar” (Leite, 2000,p.7)

Admito que não foram os documentos mais interessantes que li, contudo, após a sua leitura, cheguei à conclusão de que realmente me ajudaram na minha intervenção, servindo para perceber a realidade em que a disciplina de EF é lecionada nos dias de hoje, bem como a carga horária disponível para o seu ensino. Além de haver a exigência do ensino de várias modalidades

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33 desportivas num ano só, são inumeráveis os conteúdos em algumas delas, para o espaço de tempo disponível para o seu leccionamento. O tempo de prática é aquém do pretendido, contribuindo para um défice na consolidação das modalidades ano após ano. Além disto, é importante referir a influência que o compromisso e a dedicação dos docentes de EF têm sobre o processo. Num mundo que se diz em constante mudança, é indispensável por parte dos docentes a curiosidade pela informação. É fundamental que estes se atualizem, desenvolvendo a cada dia que passa, tornando-se professores eficazes nas tarefas que assumem na Escola. Um Professor que não domine os vários conteúdos, que não tenha bons hábitos de trabalho e conhecimento pedagógico dos conteúdos, não será um bom profissional, e pode não conseguir transmitir a matéria, nem de uma maneira atingível, nem de uma forma agradável, levando os alunos a “desligar-se” da disciplina. Disciplina esta que ainda hoje é vista por muita gente como um espaço de recreio na qual o objetivo principal é ter os alunos ocupados. Sou completamente contra esta ideia que a maioria das pessoas tem acerca da Educação Física. E não foi essa a ideia que transmiti aos meus alunos nas minhas aulas.

O EP ajudou-me a encontrar e a produzir a minha imagem como professora, na Escola. Ajudou-me também a entender o que deve ou não ser realizado, e também conseguiu dar-me um espaço de ação real. Apesar de ter sido um caminho bastante agitado, foi realmente intenso e compensador. O facto de encarar a realidade e ter que saber trabalhar com o estado atual da Escola, e especialmente da disciplina, levou-me a criar objetivos mais claros. Devido às minhas experiências anteriores e dos meus alunos, que foram marcadas pelo facilitismo, e não foram precisamente experiências com aprendizagens significativas, não dando uma bagagem adequada para poderem enfrentar os requisitos, demasiado elevados, do currículo nacional.

(57)

34 3.2.2. Planeamento

Como refere Bento (1998, p.8), “o objetivo da planificação de processos de ensino e aprendizagem não reside exclusivamente no desenvolvimento de meios para a racionalização do mesmo, mas também, em medida crescente, na descoberta de determinados contextos reguláveis deste processo.”

No início do ano letivo, quanto ao planeamento, tive fundamentalmente duas dificuldades: ao nível da elaboração do planeamento anual; e ao nível da elaboração dos Modelos de Estrutura de Conhecimentos (Vickers, 1990).

Quanto ao planeamento anual, tivemos como base a análise do material e as instalações desportivas da escola, bem como os programas de EF, encontrando-se estas devidamente organizadas em um Roulement.

Este documento realizado pelo Grupo de Educação Física define qual o período de tempo e local livre para a concretização prática.

Na realização deste Roulement as principais complexidades estiveram na decisão do período de tempo a destinar a cada modalidade, tendo em conta os conteúdos a lecionar, e o tempo horário destinado a cada uma, de forma a tornar viável alcançar os objetivos de aprendizagem.

No entanto, as dificuldades ao nível do planeamento não ficaram por aqui. A elaboração dos Modelos de Estrutura de Conhecimentos (Vickers, 1990) exigiu um grande esforço da nossa parte.

No que se refere à segunda dificuldade, a realização dos (MEC), esta foi originada pela multiplicidade de variantes da planificação de aula baseada no Modelo da Vickers (1989), que nos foi apresentada ao longo das diversas didáticas práticas no decorrer dos terceiro e quarto anos da Faculdade e que nos levaram a alguns equívocos. De facto, tivemos várias dúvidas quanto à organização da matéria de ensino de acordo com os pressupostos do MEC, pois apesar de sabermos o que cada módulo exigia, nunca tínhamos procedido à sua elaboração. No entanto, após pesquisa no apoio bibliográfico da FADEUP, conversas entre o NE, colegas da faculdade e professora orientadora, conseguimos concretizar esta tarefa a 100%.

As informações e documentos produzidos revelaram-se um excelente apoio para todo o planeamento do 1º Período.

(58)

35 A transição entre a conceção e o planeamento foi um ponto marcante neste Estágio Profissional, facto que favoreceu diversas reflexões, que passo a apresentar.

3.2.2.1. As Unidades Didáticas: “ As melhores companheiras ”

“ Acabou a semana, e eu sem saber como me orientar! Nada melhor que realizar uma boa unidade didática para me ajudar a resolver o meu problema de orientação.” (Diário de bordo – Outubro 2012)

De acordo com Bento (2003, p. 75), as Unidades Didáticas (UD) “constituem unidades fundamentais e integrais do processo pedagógico”.

A elaboração das UD das diversas modalidades abordadas trouxe alguns entraves, que foram sendo eliminadas através da reflexão individual e também coletiva. Inicialmente, as dificuldades eram ao nível da seleção dos conteúdos, ao nível da definição dos objetivos a alcançar pelos alunos, ao nível da definição da sequência e extensão dos conteúdos, bem como na avaliação, (esta última será examinada com pormenor no parâmetro reservado à avaliação, (ponto 3.2.4.)

Primeiramente na seleção dos conteúdos a lecionar, mostrei uma elevada ambição em querer “ensinar tudo e bem”. O observável foi alguma incapacidade de previsão daquilo que estava ao alcance dos meus alunos. Lembro-me que na UD de Badminton julguei ser possível a aprendizagem da maioria dos batimentos executados na modalidade (lob, clear, amortie, encosto, remate, serviço curto e longo) nas 8 aulas disponíveis. No entanto, após ser avisada pela PC e após uma reflexão detalhada, apercebi-me de que as minhas intenções, dadas as capacidades dos alunos, não eram alcançáveis. Julgo que a base desta exigência se deveu à falta de experiência de lecionação desta modalidade em contexto escolar, uma vez que julgava que a evolução dos alunos seria mais facilmente alcançada.

Na elaboração da sequência e extensão dos conteúdos, as dificuldades foram ainda maiores, uma vez que para a sua concretização foi preciso ter simultaneamente em consideração, a duração da UD, a gestão do espaço e dos materiais disponíveis e a seleção das situações de aprendizagem, aspetos estes que originaram uma pequena confusão inicial.

Referências

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