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O Impacto dos Subsídios ao Investimento na Rentabilidade das PMEs Portuguesas

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Academic year: 2021

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(1)

MESTRADO

FINANÇAS E FISCALIDADE

O

Impacto

dos

Subsídios

ao

Investimento na Rentabilidade das

PME`s Portuguesas

.

Lucielly Brito Oliveira

M

(2)

ii

O impacto dos subsídios ao investimento na rentabilidade das PME`s

portuguesas.

Lucielly Brito Oliveira

Dissertação

Mestrado em Finanças e Fiscalidade

Orientado por

Professor Doutor Samuel Alves Pereira

Professor Doutor Elísio Fernando Moreira Brandão

(3)

i

Nota biográfica

Lucielly Brito Oliveira nascida em Vitória capital do Espírito Santo – Brasil, é graduada em Administração de Empresas (2016).

Desde os seus 16 anos de idade atua no mercado de trabalho nas áreas de recursos humanos, financeiro e atualmente em contabilidade, tendo sido aceite no Mestrado em Finanças e Fiscalidade em 2016 que veio a concluir em 2020.

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ii

Agradecimentos

Agradeço a todos que me apoiaram na realização deste sonho, especialmente ao meu esposo que está sempre ao meu lado a apoiar os meus objetivos, à minha mãe pelo apoio e incentivo em vir para Portugal procurar novos conhecimentos, ao meu pai e madrasta que mesmo longe fazem parte e colaboraram totalmente para esta conquista, e ainda a todos os meus professores e mestres da PIO XII que compartilharam os seus conhecimentos para estar aqui hoje realizando esta obra.

Em especial aos meus colegas de turma, ao meu conterrâneo Rodrigo Teixeira por toda a ajuda e encorajamento, à colega Laura Costa pela simpatia e apoio desde os primeiros dias de aula.

Ao meu orientador Professor Doutor Samuel Alves Pereira por todo conhecimento compartilhado, pelo apoio, suporte e acessibilidade que tornou possível a elaboração do presente estudo.

Ao Professor Doutor Elísio Brandão pelos conhecimentos compartilhado e incentivo à conclusão deste mestrado.

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iii

Resumo

Em 1986, ano em que o Portugal entrou na CEE, o país negociou a transferência de fundos da UE, em diversas fases, passando a beneficiar de diversos subsídios comunitários, decorrentes dos objetivos e aplicabilidade dos FEEI (Fundos Europeus Estruturais e de Investimento). A realização do FEEEI, em Portugal, foi, e continua a ser, um agente impulsionador da reestruturação e desenvolvimento dos negócios económicos em Portugal. O objetivo deste estudo é analisar o impacto que os subsídios ao investimento, integráveis no SI Qualificação, têm na rentabilidade do ativo (ROA). Os resultados mostram que os subsídios não aumentam o ROA. Já a produtividade por trabalhador, ou a dimensão das empresas, medida pelo ativo, parecem ser fatores que contribuem positivamente para o aumento da rentabilidade. Finalmente, procedeu-se a uma comparação entre as empresas que receberam apenas o SI Qualificação com as que receberam o SI Qualificação e o SI I&DT. Se em termos de autonomia financeira não existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos, em termos de rentabilidade e liquidez geral as empresas que receberam apenas o SI Qualificação parecem apresentar melhores indicadores.

Palavras-chave: SI Qualificação; Subsídio ao Investimento; Rentabilidade; PME´s portuguesas.

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iv

Abstract

In 1986, the year that Portugal entered the EEC, the country negotiated transfers of EU funds at various stages, benefiting from various Community subsidies resulting from the objectives and applicability of the ESI Funds (European Structural and Investment Funds). The realization of the FEEEI in Portugal was, and continues to be, the driving force behind the restructuring and development of the Portuguese economic business.

The purpose of this study is to analyze the impact that investment subsidies, integrated in the SI Qualification, have on the return on assets (ROA). The results show that subsidies do not increase ROA. On the contrary, productivity per worker and the size of companies, measured by assets, seem to be factors that contribute positively to increase profitability. Finally, it is made a comparison between companies that received only SI Qualificação with those that received SI Qualification and SI I&DT. If in terms of financial autonomy there are no statistically significant differences between the two groups, in terms of profitability and overall liquidity the companies that received only SI Qualification seem to have better indicators.

(7)

v

Índice

1. Introdução ... 01

2.

Revisão da literatura

... 03

2.1 O investimento e o seu impacto nas empresas ... 03

2.2 A importâcia dos indicadores de rentabilidade nas empresas ... 03

2.3 O subsídio ao investimento e o seu impacto na rentabilidade das empresas ... 05

3.

Enquadramento dos Sistemas de Incentivos

... 07

3.1 A importância das PME’s ... 08

3.2 Qualificação de PME´s ... 09

3.2.1 Enquadramento do SI Qualificação de PME´s ... 10

4.

Metodologia

... 11

4.1 Desenvolvimento e Formulação das Hipóteses ... 11

4.2 Modelo de análise ... 12

4.3 Definição das variáveis ... 12

4.4 Amostra ... 14 5. Resultados ... 15 5.1 Resultados Univariados ... 15 5.2 Resultados Multivariados ... 16 5.3 Análise Adicional ... 17 6. Conclusão ... 20 Bibliografia. ... 21

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vi

Índice de Figuras

Figura 1Candidaturas, Projetos Aprovados e Encerrados no Eixo II por Instrumento, 2007-2014 ... 09

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vii

Índice de Tabelas

Tabela 1 Estatísticas Descritivas das Variáveis ... 15 Tabela 2 Estimação dos Modelos ... 16 Tabela 3 Teste de diferença das médias (“TEST-T”) ... 18

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1

Introdução

A maior parte da literatura existente demonstra que as PME´s são de extrema importância para o crescimento macroeconómico. Não é por qualquer razão que as PME´s representam um papel muito significativo na Europa, em particular na sociedade portuguesa, sendo atualmente o tecido empresarial do país constituído maioritariamente por empresas de micro, pequena e média dimensão, correspondendo a 99,9% das empresas portuguesas1.

Além de que os pequenos empresários e empreendedores são os principais pilares da sociedade, e também são verdadeiros indutores da competitividade.

O investimento é um fator essencial para impulsionar o aumento da produtividade, o crescimento económico e a modernização da economia. Entre 2011 e 2012, em Portugal, verificou uma queda 14% no investimento total2. Entretanto, analisando o peso do

investimento no PIB, em Portugal, entre 2016 e 2017, verificou-se um aumento de quase 6% (15,3% em 2016 e 16,2% em 2017). Mesmo com esse aumento Portugal obteve o valor mais baixo de toda a UE3.

Segundo o estudo de Fonseca (2011), “Para melhorar o potencial de crescimento das PME´s é essencial tomar medidas para resolver ineficiências do mercado que continuam a persistir e que constituem um obstáculo ao seu potencial de desenvolvimento, limitando o acesso das PME´s à inovação e investigação, às tecnologias de informação e ao financiamento”. O último obstáculo mencionado pela autora, o financiamento, constitui uma das principais dificuldades das PME´s, que recorrem, na maioria dos casos, ao financiamento bancário. Todavia, a partir do momento que as empresas têm dificuldades, seja porque as despesas com esse acesso passam a ser elevadas, seja porque deixam de ter acesso ao financiamento bancário, recorrem por vezes aos subsídios. Os subsídios podem ser reembolsáveis ou não reembolsáveis. Os subsídios reembolsáveis, com taxa de juros baixas, acabam por ser uma melhor alternativa ao financiamento bancário.

Segundo Dimitris e Dimitris (2006), “Os subsídios tem uma longa tradição na Europa, América do Norte e na política industrial japonesa”. Durante a década de 1980 e parte da década de 1990, os subsídios industriais representavam cerca de 5% do PIB industrial dos países da União Europeia, mas com uma tendência decrescente (Armstrong, 2001).

1 Análise sectorial das sociedades não financeiras em Portugal 2012-2016, Estudos da Central de Balanços,

Banco de Portugal, 2017.

2 Eurostat (ec.europa.eu/Eurostat) – Formação Bruta de Capital Fixo por 6 tipos de ativos, em volume, dados

atualizados em 2013.

3 CIP (Confederação Empresarial de Portugal), Orçamento do Estado de 2019 – Formação Bruta de Capital

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2

A adesão à CEE, muitas vezes referida como “a entrada de Portugal na Europa”, pôs fim a um longo período de instabilidade económica e financeira, e gerou grandes expectativas em relação à aproximação aos níveis de desenvolvimento dos países mais ricos da Europa. A entrada de Portugal na União Europeia (UE) coincidiu com um período de profundas transformações na economia portuguesa. Uma multiplicidade de fatores contribuiu para aquelas transformações, uns de ordem interna, outros de ordem externa (Alexandre, et al. 2014, pp.43). A partir de então, Portugal passou a beneficiar de recursos provenientes dos Fundos Estruturais da Comunidade Europeia, tendo acesso direto ao investimento concedido às empresas através de Sistemas de Incentivos. A finalidade dos incentivos ao investimento empresarial é o crescimento da competitividade e produtividade das empresas, e pretende promover a qualidade do empreendedorismo e direcionar as empresas para mercados internacionais.

No que diz respeito aos incentivos, estes são instrumentos importantes das políticas públicas para promover e dinamizar a economia, com foco na promoção da inovação, qualificação e do desenvolvimento do país. A execução destas políticas de harmonia económica e social cabe ao QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional).

O objetivo deste estudo é analisar o impacto dos subsídios ao investimento, mais concretamente o subsídio “SI Qualificação”4, na rentabilidade das PME’s portuguesas. Para

tal, será comparado a rentabilidade da empresa no ano anterior à aprovação do subsídio (anos t–1) com a rentabilidade nos anos seguintes (anos t+1, t+2 e t+3)5.

4 Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de Pequenas e Médias Empresas, que se designa

abreviadamente por «SI Qualificação» que é um dos três Sistemas de Incentivos enquadrados pelo «QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional que constitui o enquadramento para a aplicação da política comunitária de coesão e económica e social em Portugal no período de 2007 a 2013», (Observatório do QCA III, 2007).

5 Sendo t o ano de conclusão do projeto, o ano pós-projeto (t+1), o ano seguinte ao pós-projeto (t+2) e o ano

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3

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 – O investimento e o seu impacto nas empresas

Segundo Pettinger (2006) investimento é algo de que se espera uma rentabilidade de qualquer tipo, podendo ser em energia, recursos, interesses e empenho pessoal, em empreendimentos de risco, bem como dinheiro.

Na ótica empresarial o investimento nada mais é que “acumular possibilidades de produção de fundos”, que de uma forma ou outra, acaba por contribuir para a dinamização da atividade económica da empresa, geração de emprego, crescimento do produto ou serviço, da produtividade, dos rendimentos e consequentemente para a melhoria das condições de vida da empresa, além de impulsionar o seu crescimento económico e desenvolvimento em geral.

Para Barros (1999, p.29), “um investimento é uma aplicação de fundos escassos que gera rendimento, durante certo tempo, de forma a maximizar a riqueza da empresa”.

Num contexto microeconómico, segundo Bação, Carreira, Cerejeira, Loureiro, Martins, Portela (2017, p.19), Portugal foi um dos países que registou taxas de crescimento do investimento (“formação bruta de capital fixo”, ou FBCF) mais elevadas nas últimas décadas do século XX, entre 1960 e 2000. O crescimento da FBCF em Portugal esteve entre os mais elevados dos países que constituem a Zona Euro. Entretanto, entre 2001 e 2007, a economia portuguesa destaca-se por ser a que apresenta o pior desempenho em termos de FBCF, baixando de 28% (em 2000) para 14,6% (em 2016). Neste período a taxa de investimento da economia portuguesa esteve entre as mais baixas da Área do Euro e em valores mínimos das últimas décadas, desde o pedido de resgate à troika em 2011.

2.2. A importância dos indicadores de rentabilidade nas empresas

Na análise empresarial, os indicadores de rentabilidade mostram a situação económica da empresa, e, em particular, os resultados obtidos com o capital investido pela empresa. De acordo com Marion (2009 p. 129), a rentabilidade é mensurada em função do investimento, representado pelo ativo, que pode ser financiado por capital próprio e por capital alheio. Uma gestão adequada e um contínuo controlo do ativo são essenciais para alcançar maior retorno para a empresa.

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4

A rentabilidade é um dos pontos mais cruciais a levar em consideração durante todo o processo de gestão (Menezes, 2001). Neste contexto, é de grande importância a rentabilidade dos capitais próprios, que afere a rentabilidade gerada para os sócios e acionistas (Marques, 2011), função dos resultados e capital investido.

Dada à importância da análise da rentabilidade das empresas, o tema tem despertado o interesse de diversos autores. Ferreira (1997) analisa o impacto da participação do capital de risco na rentabilidade das empresas portuguesas, especificamente, na rentabilidade do ativo e na rentabilidade dos capitais próprios. Faga (2006) conclui que para que as empresas sejam rentáveis é essencial que o rendimento que a empresa gera seja superior ao valor que sai, tendo em conta ainda que a rentabilidade da empresa deve ocorrer de forma que a realização de negócios tenha margens positivas. Refere ainda que a rentabilidade deve ser um dos objetivos mais importantes para a empresa, pois só assim é assegurado a sua sobrevivência e crescimento económico.

Os rácios de rentabilidade, de uma forma geral, medem a rentabilidade de uma empresa no decorrer da sua atividade, além de medir o grau de eficiência com que foram utilizados os recursos disponíveis da empresa (Neto, 2006). Segundo Neves (2012), a rentabilidade do ativo é uma medida de análise da rentabilidade dos capitais totais investidos na empresa, sendo obtido através da divisão entre os resultados operacionais e o ativo total, conforme a seguinte equação:

Segundo Matarazzo (1995, p.185), Este rácio representa "uma medida da capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. É ainda uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano". Este indicador será utilizado como medida da rentabilidade das empresas neste estudo, porque o subsídio SI Qualificação tem como finalidade promover a competitividade das empresas portuguesas, no mercado nacional e internacional, através do subsídio ao investimento, com o objetivo das empresas terem melhor capacidade de resposta face ao mercado global. Visto que este programa de incentivo estimula as vendas e/ou prestação de serviços, consequentemente gera impacto na rentabilidade do ativo (ROA) através do EBIT (Resultado Operacional).

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5

2.3 - O subsídio ao investimento e o seu impacto na rentabilidade das empresas

Os subsídios possuem um papel de extrema importância para o crescimento e progressão das empresas. No entanto, existem na literatura poucos estudos sobre a temática do efeito dos subsídios na rentabilidade das empresas e sua eficácia, além de existir, segundo Cerqua & Pellegrini (2014), “uma grande complexidade quanto à utilização dos modelos econométricos em isolar os efeitos dos subsídios”, uma vez que são mais bem avaliados no contexto macroeconómico. Venetoklis (2000) observa que não há conformidade nos resultados, dado que alguns estudos revelam um impacto positivo enquanto outros apresentam impactos nulos ou mínimos, além de outros estudos que alegam que é muito complexo calcular com precisão os impactos e a eficácia desses apoios públicos da rentabilidade das empresas.

Dada a importância desta temática a literatura empírica mais recente tem apresentado estudos sobre os impactos dos subsídios no desempenho das empresas.

O COMPETE (2007) afirma que os sistemas de Incentivos ao Investimento das Empresas são instrumentos indispensáveis das políticas públicas de estímulo e dinamização económica para o país, principalmente no que diz respeito ao incentivo da promoção da inovação e do desenvolvimento regional.

A fim de avaliar os efeitos e impactos dos subsídios na performance das empesas a nível da eficiência, do crescimento, da rentabilidade e da alavancagem, Tzelepis & Skuras (2004) verificaram que ao nível da rentabilidade, não houve melhoria, a curto prazo, na rentabilidade das empresas que receberam o subsídio. Sugeriram ainda que fosse realizado um estudo com um espaço temporal mais alargado para verificar se pode haver alterações positivas na performance das empresas.

O estudo de Bronzini e Blasio (2006), a respeito do impacto dos incentivos ao

investimento e da Lei 488/1992 em Itália, mostra que, ao comparar as empresas subsidiadas com as não subsidiadas, as empresas financiadas anteciparam projetos de investimento originalmente planeados para o período pós-intervenção apenas para aproveitar os incentivos públicos. O mesmo estudo verificou também que as empresas subsidiadas podem ter aproveitado algumas das oportunidades de investimento que empresas não subsidiadas teriam explorado na ausência de incentivos. O estudo mostrou igualmente que o efeito do auxílio é aumentar o investimento durante o período em que o

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programa de ajuda está em vigor, embora à custa da redução do investimento nos períodos seguintes.

A disponibilidade de subsídios pode levar as empresas a antecipar projetos originalmente planeados para o futuro. Como demonstrado por Abel (1982), um subsídio de investimento temporário dá às empresas um forte incentivo para investir enquanto o incentivo está em vigor.

Ao realizar um estudo entre os anos de 1995 a 2004, com o objetivo de avaliar o impacto dos subsídios em empresas italianas localizadas em regiões desfavorecidas, os autores Cerqua & Pellegrini (2014) obtiveram resultados positivos e estatisticamente significativos a nível do emprego, investimento e volume de negócio. O mesmo não se constatou a nível da produtividade, onde o efeito é quase nulo.

Segundo o estudo realizado por Carvalho (2014), onde o objetivo foi aferir se empresas portuguesas que obtêm subsídios ao investimento apresentam uma melhor rentabilidade do que as empresas que não possuem qualquer tipo de subsídio, concluiu-se que os resultados encontrados permitem validar que os subsídios não são determinantes para a melhoria da margem bruta de vendas (indicador utilizado para medir a rentabilidade) das empresas em análise, nos três anos após a aprovação do subsídio estudado. Estudo semelhante foi realizado por Nogueira (2016), cuja finalidade foi verificar em que medida é que um subsídio ao investimento tem impacto na rentabilidade das PME´s portuguesas nos anos seguintes à aprovação do subsídio. Os resultados obtidos não foram conclusivos, mas sugerem que o subsídio não tem impacto na rentabilidade após o encerramento do projeto (sendo este, o primeiro exercício económico completo, após o fim do investimento).

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3. ENQUADRAMENTO DOS SISTEMAS DE INCENTIVOS

Em 1986, ano em que o Portugal entrou na CEE, o país negociou a transferência de fundos da UE, em diversas fases, passando a beneficiar de diversos subsídios comunitários, decorrentes dos objetivos e aplicabilidade dos FEEI (Fundos Europeus Estruturais e de Investimento). Os FEEI exercem um papel de extrema importância aos Estados-Membros da UE, pois constituem os mais notáveis e importantes instrumentos de apoio financeiro, sendo uma das fontes principais de financiamento ao investimento público, o que reforça as ligações entre a política de coesão económica e os objetivos do QREN (Quadro de Referências Estratégico Nacional). A realização do FEEEI, em Portugal, foi o agente impulsionador da reestruturação e desenvolvimento dos negócios económicos portugueses. Ao longo dos anos, desde o ano de adesão à UE, o país tem beneficiado de diversos apoios da EU que têm como objetivo o estímulo do crescimento económico, de modo a modernizar os diversos setores de atividade do país.

O QREN é financiado pelo Fundo Social Europeu (FSE), Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e Fundo de Coesão. A prossecução estratégica deste quadro é assegurada através da concretização das seguintes Agendas Operacionais Temáticas: agenda para o potencial humano; para fatores de competitividade; e para valorização do território.

O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) estabelece o enquadramento para a aplicação da política comunitária de coesão económica e social do país no período entre os anos de 2007 a 2013 e assume como prioridades estratégicas a qualificação da população portuguesa, através da valorização do conhecimento, da ciência, tecnologia e inovação, bem como a dinamização e promoção do crescimento económico e sociocultural sustentado; promoção da coesão social; qualificação territorial de forma a promover a valorização da igualdade de oportunidades. Consequentemente visa proporcionar um aumento da eficiência e qualidade dos serviços públicos. Tendo um orçamento executado de 21,5 mil milhões de euros, respeitando três importantes orientações com o objetivo de reforçar: as dotações à qualificação dos recursos humanos; os financiamentos à promoção do crescimento sustentado da economia do país; e da relevância financeira dos programas operacionais regionais do continente.

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O QREN possui três sistemas de incentivos, como se apresenta a seguir, que visam promover o crescimento económico, o conhecimento e a inovação do tecido empresarial português:

- SI I&DT: Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico. - SI Inovação: Sistema de Incentivos à Inovação.

- SI Qualificação PME: Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME.

De acordo com o primeiro Boletim Informativo dos Fundos da União Europeia -QREN e Portugal 2020 (2015) “o QREN, cuja elegibilidade se estende até ao final de 20156, atingiu um nível de execução de 93% num montante de quase 20 mil milhões de euros de fundo, que corresponde a um investimento total de perto de 29 mil milhões de euros”.

3.1 - A importância das PME’s

Considerando a fase de desenvolvimento da economia portuguesa e a sua inclusão no quadro competitivo internacional, os incentivos ao investimento empresarial visam o aumento da produtividade e da competitividade das empresas e a melhoria da especialização do país, favorecendo o desenvolvimento territorial e a internacionalização da economia, dando prioridade ao apoio a projetos de investimento em atividades de produção de bens e serviços internos e ou internacionais.

O sector das Pequenas e Médias Empresas (PME) é um dos motores mais dinâmicos da economia de um país, tanto na prosperidade como em fases de crise. É onde se encontram as empresas mais inovadoras e recentes, em comparação com as grandes empresas (Klapper, 2006).

As pequenas e médias empresas são de importância vital para a economia europeia. As PME’s estimulam a inovação e a concorrência, uma vez que a maior parte delas são flexíveis, próximas dos seus clientes e exploram nichos de mercado. Em consequência, as PME´s são frequentemente e particularmente inovadoras e contribuem para a criação de novos nichos de mercado.

6 O período de planeamento do QREN 2007-2013 que terminou no final de 2015, e o Portugal 2020, que

vigora entre os anos de 2014 e 2020 sobrepõe-se nos anos de 2014 e 2015, sendo estes anos à fase de encerramento do QREN, em termos de execução dos investimentos aprovados as empresas, e de lançamento dos primeiros concursos e aprovações do Portugal 2020.

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Os dados apresentados na Figura 1 a seguir permitem constatar a importância das PME´s nos Sistemas de Incentivos do QREN:

O Eixo II concentra 58% do incentivo atribuído no COMPETE, o que comprova a importância do apoio direto empresarial no Programa, com especial destaque para investimentos de natureza inovadora que concorrem para o aumento da produção transacionável e internacionalizável.

Figura 1 – Candidaturas, Projetos Aprovados e Encerrados no Eixo II por Instrumento,

2007-2014.

Fonte: COMPETE (2015, pág. 203), Gráfico 3.18 do Relatório de Execução COMPETE 2014.

A 31 de dezembro de 2014, somavam-se 4.884 candidaturas, com um investimento associado de 17,5 mil milhões de euros. Em termos de número de projetos, destaque-se a relevância do SI Qualificação e Internacionalização das PME´s, concentrando 58% das candidaturas totais apresentadas no Eixo.

No que concerne às aprovações, encontravam-se aprovados 2.557 projetos, com um investimento elegível superior a 6 mil milhões de euros e um incentivo de 2,4 mil milhões de euros. Quanto a encerramento de projetos, encontravam-se encerrados 945 projetos, com um investimento elegível superior a 2 mil milhões de euros e um incentivo de 787 milhões de euros, representando 80% do incentivo total que se encontrava encerrado no Programa.

3.2 – Qualificação de PME´s

O objeto de pesquisa deste estudo é o SI Qualificação. Este sistema de incentivo tem como objetivo financiar projetos que promovam ações de qualificação das PME´s em domínio imaterial com o objetivo de estimular a sua competitividade e, portanto, a sua capacidade

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10

de resposta no mercado global. No contexto do SI Qualificação, são apoiáveis os projetos com investimentos focados na qualificação dos ativos, em domínios relevantes para a estratégia de inovação, internacionalização e modernização das PME´s portuguesas, de modo a potenciar o desenvolvimento de atividades produtivas mais intensivas em conhecimento e competitividade. Este incentivo é um instrumento importante para a economia portuguesa se adaptar ao mercado moderno e global.

3.2.1 – Enquadramento do SI Qualificação de PME´s

A seleção e aprovação das candidaturas ao Sistema de Incentivos são de total responsabilidade do Programa Operacional Fatores de Competitividade – COMPETE, para projetos ligados a pequenas, médias e grandes empresas. O COMPETE é um programa operacional inserido no âmbito do QREN 2007-2013 que visa a melhoria sustentada da competitividade da economia portuguesa.

O SI Qualificação foi aprovado pela Portaria nº 143/2007, de 15 de novembro, onde caracteriza detalhadamente o seu propósito, os beneficiários, a natureza e limites dos incentivos, as despesas elegíveis e não elegíveis, o limite do incentivo, as obrigações das entidades beneficiárias, entre outros, sendo o enquadramento deste sistema de incentivos. Posteriormente é regulado em última instância pela Portaria nº 369/2012, de 6 de novembro.

A natureza do incentivo deste estudo – SI Qualificação, é a forma de incentivo não reembolsável (como mencionado no Art.º 14.º da Portaria nº 1101/2010). O incentivo a atribuir é calculado por meio da aplicação das despesas elegíveis a uma taxa base de 35%, entretanto alterada para 45% (Portaria n.º 47-A/2012, de 24 de fevereiro), ainda acrescido de majoração.

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11

4. METODOLOGIA

As informações contidas na revisão da literatura, nos capítulos anteriores, mostram que, enquanto em alguns estudos há uma influência dos subsídios concedidos às empresas na sua rentabilidade, outros estudos mostram o contrário, i.e. os incentivos públicos não têm impacto ao nível da rentabilidade das empresas. Nos pontos seguintes apresentam-se as hipóteses, o modelo de análise, as variáveis e a amostra.

4.1 Desenvolvimento e Formulação das Hipóteses

Na sequência da revisão de literatura anteriormente efetuada, apresenta-se, de seguida, as hipóteses de investigação. A hipótese nula é a de que o subsídio SI Qualificação tem um impacto positivo na rentabilidade das empresas nos anos posteriores à concessão do mesmo.

H1: As PME´s portuguesas que obtiveram o subsídio SI Qualificação apresentaram melhorias na rentabilidade no ano pós-projeto (t+1);

H2: As PME´s portuguesas que obtiveram subsídio SI Qualificação apresentaram melhorias na rentabilidade no ano seguinte ao pós-projeto (t+2) e

H3: As PME´s portuguesas que obtiveram subsídio SI Qualificação apresentaram melhorias na rentabilidade nos anos seguintes ao pós-projeto (t+3).

É importante salientar que um dos principais objetivos do sistema de incentivo objeto deste estudo é promover a inovação, modernização e internacionalização através da utilização de fatores produtivos que aumentam a competitividade das empresas. Especificamente, o SI Qualificação promove a competitividade através da consolidação da posição da empresa no mercado internacional. Será de se esperar que tal posição global exerça um impacto positivo nas vendas e, consequentemente, sobre o volume de negócios da empresa, pois os investimentos atribuídos permitem melhorar a capacidade das empresas ao nível do desenvolvimento de produtos, assim como nos processos e serviços associados aos mesmos, além de acrescentar valor ao esforço humano através da capacitação e aperfeiçoamento dos conhecimentos do quadro de pessoal.

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12

4.2 – Modelo de análise

Com base nas hipóteses definidas, e tendo em conta os estudos anteriormente realizados por outros autores, será utilizado, nesta investigação, um modelo de regressão linear clássico (e.g. Gelashvili et al., 2015). Porém, será uma versão adaptada de Carvalho (2014) e Nogueira (2016) ajustando as variáveis dependentes e independentes. O método de estimação dos coeficientes de regressão do modelo deste estudo será o OLS (Ordinary Least Square).

O modelo base é a seguinte regressão:

ROA01 SUBit2 LnATIVit3 PRODi(t-1)it.

Onde:

ROA para ambos os períodos (t+1, t+2 e t+3) é o indicador de rentabilidade, para a

empresa i, (sendo t é o ano de conclusão do investimento),

SUBité o Valor do subsídio ponderado pelo total do ativo, para a empresa i, no ano t (ano

da aprovação e início do projeto),

LnATIVit é o logaritmo do ativo total, da empresa i, no ano t,

PRODi(t-1) é a Produtividade dos Empregados, para cada empresa i, medida pelo Valor

Acrescentado Bruto (VAB) e o número de trabalhadores, no ano t-1 e

it é o Erro de estimação de cada empresa i, no ano t.

4.3 – Definição das Variavéis

De acordo com o referido na secção 2 deste estudo, optou-se por utilizar como medida de rentabilidade e variável dependente ROA. A rentabilidade do ativo é dada pela seguinte equação:

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13

Este indicador será utilizado como medida da rentabilidade das empresas neste estudo, porque o subsídio SI Qualificação tem como finalidade promover a competitividade das empresas portuguesas no mercado nacional e internacional, por via da atribuição de subsídios ao investimento, com o objetivo das empresas melhorem a capacidade de resposta no mercado global. Dado que este programa de incentivo estimula as vendas e/ou prestação de serviços, espera-se que gere um impacto positivo na rentabilidade do ativo (ROA).

As variáveis explicativas (independentes) compreendem o subsídio ao investimento (SUB), o logaritmo do ativo total (LnATIV) e a produtividade dos empregados (PROD).

A variável independente SUB, variável de interesse, é calculada a partir da divisão entre o valor do subsídio elegível e o valor do ativo total no ano da concessão do subsídio (t). O total do ativo é utilizado neste estudo com o objetivo de suavizar a distribuição da amostra, uma vez que o montante dos subsídios concedidos varia bastante.

As variáveis LnATIV e PROD representam as variáveis de controlo.

A dimensão das empresas é considerada um fator determinante para a estrutura de capitais, liquidez, riscos e retorno. O logaritmo do ativo total (LnATIV) foi introduzida no modelo com o objetivo de reduzir possíveis problemas no modelo ocasionados pela discrepância de valores de uma empresa em relação a outra e assim evitar problemas com outliers. Adicionalmente, as grandes empresas têm mais acesso ao crédito de longo prazo do que pequenas e médias empresas, o que pode ter impacto nos resultados das mesmas. Segundo o estudo realizado por Glancey (1988), há evidências de que empresas com maiores dimensão possuem maiores taxas de crescimento dos ativos do que as empresas de menor dimensão. Em sentido contrário, há estudos que afirmam que, em média, as empresas menores são mais produtivas do que as grandes empresas (Dhawan, 2001).

A variável Produtividade dos empregados (PROD), obtida pela divisão do valor acrescentado bruto pelo número de empregados, foi introduzia com o intuito de controlar o efeito que a produtividade pode ter sobre a rentabilidade. Segundo Voulgaris et. al (2014), a produtividade do trabalho é um dos indicadores mais importantes subjacentes à competitividade das empresas.

O impacto da atribuição do subsídio poderá também estar dependente da produtividade da empresa no período anterior ao da sua concessão, na medida em que o subsídio poderá

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aumentar a eficiência dos trabalhadores. Deste modo, espera-se que exista uma relação positiva entre a variável PROD e a variável ROA.

4.4 – Amostra

Para este estudo obteve-se um conjunto de empresas PME´s portuguesas que foram aprovadas no sistema de incentivos ao investimento, nomeadamente o “SI Qualificação”, cujos dados dos projetos aprovados estão disponíveis no sistema do COMPETE-QREN para o período de 2012, de modo a obter os dados das empresas referentes ao subsídio SI Qualificação. De acordo com dados disponibilizados pelo COMPETE, neste período foram aprovados 592 projetos. Após a verificação das empresas aprovadas, foi constatado que algumas dessas empresas também tinham sido aprovadas noutros subsídios do mesmo programa (QREN). Desta forma, algumas empresas foram excluídas da amostra, pelo que a amostra deste estudo é composta por 565 empresas.

Para verificar o impacto que o subsídio “SI Qualificação” tem na rentabilidade das empresas foram recolhidas informações contabilístico-financeiras da base de dados SABI7, no

período de 2011 a 2017. Neste estudo, o ano de 2011 (t-1) é o ano anterior à aprovação do subsídio, o ano de 2012 (t) é o ano de candidatura e início do projeto, os anos de 2013 e 2014 são os anos de execução e fim do projeto8, o ano de 2015 (t+1) é o primeiro ano

pós-projeto (ano do encerramento do pós-projeto)9, o ano de 2016 (t+2) é segundo ano pós-projeto

e o ano de 2016 (t+3) é o ano escolhido especialmente para este estudo designado de “ano de resultados”.

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O SABI (Sistema de Análise de Balanços Ibéricos) é uma base de dados com informação económico-financeira de empresas existentes em Portugal e Espanha, com atualizações de informação de contas anuais regularmente.

8 Desde a fase de candidaturas até ao fim do projeto o tempo previsto de duração era de dois anos, porém ao

abrigo da Orientação de Gestão n.º 06/2010 as empresas tinham a oportunidade de reformular e/ou prorrogar prazo do projeto.

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5 – RESULTADOS

Nesta secção são apresentados os principais resultados obtidos a partir dos modelos testados. O objetivo principal é testar as hipóteses de investigação desenvolvidas.

5.1 – Resultados Univariados

Apresentam-se a seguir os resultados univariados expressos na tabela 1 que resume as estatísticas descritivas da amostra de 565 empresas, cujas candidaturas para o subsídio SI Qualificação foram aprovadas, para o período em análise (2012).

Tabela 1 - Estatísticas Descritivas das Variáveis

ROA(t+1) ROA(t+2) ROA(t+3) SUB(t) LnASSET PROD

Média 332.93 328.58 381.74 179995.1 7.34 30.15 Mediana 103.43 92.968 101.90 147468.0 7.43 25.17 Máximo 15269.64 7149.7 9454.30 1134864.0 11.19 442.97 Mínimo -1827.26 -3448.1 -2114.5 9.65 1.78 -143.72 Desvio-padrão 947.16 774.23 902.15 161513.2 1.56 34.64 Skewness 8.70 3.6125 4.83 1.43 -0.45 6.36 Kurtosis 121.01 25.11 37.73 6.23 3.15 77.47 Jarque-Bera 328438.7 12267.92 28648.09 440.8435 19.93023 124874.8 Probabilidade 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000047 0.000000 Observações 554 544 529 565 562 525

Diferentemente de estudos anteriores que selecionaram uma pequena amostra para análise, este estudo conta com uma amostra de aproximadamente 560 empresas. Foi identificado que o tamanho das empresas é bastante amplo, ou seja, em 562 empresas foi registado um Log(ativo) mínimo de 1,78 e um máximo de 11,19. Portanto, constata-se que o tamanho das empresas pode ser um fator que contribui para a variabilidade da rentabilidade das empresas. Destaca-se ainda que o subsídio expresso através da variável SUBt apresenta a

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5.2 – Resultados Multivariados

Relativamente aos resultados multivariados, estimou-se o modelo base anteriormente apresentado, em que a variável dependente é representada pelo ROA, a variável explicativa de interesse é a variável SUB, enquanto LnATIV e PROD representam as variáveis de controlo.

Tabela 2 - Estimação dos Modelos

2015 2016 2017

Variable Coeffficient t-Statistic Prob. Coeffficient t-Statistic Prob. Coeffficient t-Statistic Prob.

C -7.219961 -2.588920 0.0099 -7.667144 -1.226271 0.2207 -19.41159 -0.596782 0.5509

SUB -2.53E-06 -0.747542 0.4551 2.85E-06 0.373249 0.7091 5.30E-05 1.316719 0.1886

LnATIV 1.240139 3.271021 0.0011 0.757589 0.892514 0.3726 -0.837153 -0.189783 0.8496 PROD 0.038313 2.193513 0.0287 0.089474 2.184661 0.0294 0.305499 1.443928 0.1494 R-squared 0.037040 0.014571 0.009102 Adjusted R-squared 0.031308 0.008598 0.002973 F-statistc 6.462043 2.439695 1.485074 Prob(F-statistic) 0.000268 0.063692 0.217755

Modelo I (2015) - ROA(t+1) 01 SUBit2 LnATIVit3 PRODi(t-1)it. Modelo II (2016) - ROA(t+2) 01 SUBit2 LnATIVit3 PRODi(t-1)it. Modelo III (2017) - ROA(t+3) 01 SUBit2 LnATIVit3 PRODi(t-1)it.

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Os resultados mostram que, para o ano 2015, e para o ano t+1, o coeficiente para a variável SUB é negativo, embora não estatisticamente significativo. Desta forma, rejeita-se a hipótese H1. O resultado é consistente com Nogueira (2016), cujos resultados obtidos sugerem que o subsídio não tem impacto na rentabilidade após o encerramento do projeto. De referir ainda que a produtividade expressa através da variável PROD possui impacto positivo no ROA (5% de significância), ou seja, quanto maior for a produtividade dos empregados maior o será ROA. Este resultado está de acordo com Voulgaris et. al (2014), que sustentam que a produtividade dos funcionários é um dos fatores mais importantes subjacentes à competitividade das empresas. Nos resultados obtidos através da variável LnASSET, verifica-se que o coeficiente é positivo e estatisticamente significativo (5% de significância), isto é, significa empresas de maior dimensão apresentam maior rentabilidade. Relativamente ao ano de 2016, apenas a variável PROD apresenta significância estatística; a variáveis SUB não apresenta significância estatística, pelo que, tal como H1, também se rejeita H2. Finalmente, para o ano de 2016, os resultados não são estatisticamente significativos.

5.3 – Análise adicional

Uma vez que os resultados apresentados anteriormente não permitem validar as hipóteses em análise, foi efetuado uma análise adicional, com o propósito de analisar especificamente o caso das empresas que receberam dois subsídios no mesmo ano, e não apenas um, como no caso anterior. O objetivo é perceber se as empresas com dois subsídios são ou não diferentes das empresas que receberam apenas um subsídio. Especificamente, a análise concentrou-se nos indicadores ROA, autonomia financeira (AF) e liquidez geral (LG). A questão colocada é, portanto, a seguinte: as empresas com dois subsídios têm maior ou menor ROA, AF ou LG, relativamente às empresas que receberam apenas um subsídio?

Para esta análise, forma identificadas 26 empresas que, no ano de 2012, receberam dois subsídios (SI Qualificação e SI I&DT).

Para se efetuar a análise, procedeu-se a uma comparação, para as variáveis ROA, AF e LG,

entre a média dos dois grupos de empresas: grupo que recebeu dois subsídios e grupo que recebeu apenas um subsídio. Os resultados são apresentados na tabela 3.

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Tabela 3 – Teste de diferença das médias (“TEST-T”)

Ano 2015 (t+1) Ano 2016 (t+2) Ano 2017 (t+3)

Indicadores a) AF p-value >5% >5% >5% média 1S 0,415 0,424 0,425 média 2S 0,421 0,361 0,365 b) ROA p-value <5% <5% <5% média 1S 4,51 4,423 3,945 média 2S 1,580 -12,691 -82,435 b) LG p-value <5% >5% <5% média 1S 2,174 2,295 2,546 média 2S 0,365 2,331 3,645 Indicadores:

a) Autonomia Financeira (indicador de estrutura); b) ROA (indicador de rentabilidade) e c) Liquidez Geral (indicador de liquidez)

Amostras:

(1S) Empresas com 1 subsídio (2S) Empresas com 2 subsídios

Nota:

p-value < 5% (0,05) a diferença é significativa

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Os resultados da Tabela 3 mostram que, em geral, e em termos de autonomia financeira, as empresas que receberam dois subsídios não são estatisticamente diferentes das que receberam apenas um subsídio. Todavia, em termos ROA e grau de liquidez geral, as empresas que recebem apenas um subsídio parecem ter, sob o ponto de vista estatístico, um melhor desempenho. Importa referir que, além dos indicadores e informação contabilística, existem outros fatores que influenciam certamente a atribuição de subsídios, por exemplo, a estratégia, o caráter inovador dos produtos ou a fase do ciclo de vida em que se encontram. Estes e outros fatores poderão explicar as diferenças encontradas naqueles indicadores.

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6 – CONCLUSÃO

O objetivo desta dissertação foi estudar o impacto que os subsídios ao investimento têm na rentabilidade das empresas. Para tal, foram recolhidos dados económico-financeiros das empresas que, para o ano de 2012, tiveram aprovação no subsídio SI Qualificação.

Os resultados mostram que a atribuição do subsídio não tem impacto na rentabilidade do ativo das empresas analisadas, o que é consistente com alguns estudos anteriores. Em sentido inverso, os resultados sugerem que a produtividade e dimensão das empresas contribuem positivamente para o aumento da rentabilidade.

Em termos de análise adicional, foi efetuada uma comparação entre as empresas que receberam dois subsídios (SI Qualificação e SI I&DT) e as que receberam apenas um subsídio (SI Qualificação), no ano de 2012. Em termos de estrutura financeira, e, em particular, no que se refere à autonomia financeira, não existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos. Curiosamente, as empresas que receberam apenas um subsídio parecem evidenciar quer um melhor desempenho em termos de rentabilidade do ativo quer um melhor grau de liquidez geral. Certamente que outro tipo de fatores, como a estratégia ou o tipo de produtos/mercados em que as empresas operam, explica estas diferenças.

As limitações deste estudo compreendem principalmente o período de análise, a dimensão da amostra e o contexto geográfico. Investigações futuras podem explorar o impacto que os subsídios ao investimento têm na rentabilidade das empresas que recebem apoios públicos, não só no âmbito do território português, mas, por exemplo, na Comunidade Europeia. Para além disso, existem outros programas de incentivos em vigor em Portugal, por exemplo, o atual programa de apoio comunitário Portugal 2020. Adicionalmente, dado que análise se centrou num período temporal relativamente reduzido, seria interessante analisar o impacto dos subsídios ao investimento no longo prazo. Seria igualmente interessante avaliar outras dimensões em termos de impacto dos subsídios ao investimento, por exemplo, capacidade de crescimento, taxa de sobrevivência ou probabilidade de falência.

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