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A EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA SOB O OLHAR DOS ALUNOS DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL CARIOCA: O ENSINO REMOTO E O DIREITO À EDUCAÇÃO EM DEBATE

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A EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA SOB O OLHAR DOS

ALUNOS DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL CARIOCA: O ENSINO

REMOTO E O DIREITO À EDUCAÇÃO EM DEBATE

Mayara Cristina da Silva Faustino 1

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo apresentar e discutir o contexto educacional atual das escolas municipais do Rio de Janeiro em meio ao cenário da pandemia da COVID-19 e a situação de isolamento social a partir do olhar dos alunos da rede. A pesquisa é de natureza quali-quanti e tem como problema central o seguinte questionamento: como vem se dando o processo de ensino-aprendizagem desses atores da Educação através de uma modalidade de ensino inédita que, até então, nunca antes fora prevista em nenhum documento legal, o ensino remoto? Como referencial teórico foram utilizados autores como Souza e Kerbauy (2017), além das bases legais da Educação como a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, decretos federais, municipais, dados do Qedu (2020), da Organização Mundial de Saúde, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e questionário de perguntas abertas e fechadas feitas através de expedientes tecnológicos para alguns alunos da rede. Tais recursos nos mostraram os problemas que esses alunos têm quando o assunto é acesso a instrumentos tecnológicos e redes de internet e a ineficiência do ensino remoto no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras chave: Ensino remoto, Educação na pandemia, Tecnologia

INTRODUÇÃO

O presente artigo visa discorrer sobre o contexto educacional atual das escolas municipais do Rio de Janeiro em meio ao cenário da pandemia da COVID-19, de forma a discutir a situação de isolamento social a partir do olhar de alunos da rede.

Nesse contexto, busca-se aqui compreender como vem se dando o processo de ensino-aprendizagem desses atores da Educação através de uma modalidade de ensino inédita, o ensino remoto, que até então, ainda não tinha sido previsto em nenhum documento legal. Nesta modalidade, que muito se diferencia da modalidade de educação à distância (EAD), as tecnologias da informação e comunicação (TICs) passam a ser o principal canal de comunicação entre professores e alunos.

1 Graduanda do Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FE/UFRJ), mayaracristinafaustino@yahoo.com.br;

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Dito isto, observa-se que esses sujeitos se enxergam em uma situação que reclama o desenvolvimento de habilidades e competências específicas para manusear equipamentos, ferramentas e softwares avançados que hoje figuram como elementos essenciais à atual prática pedagógica. E a partir dessas peculiaridades essa investigação buscou identificar, em forma de questionários respondidos pelos atores envolvidos, as barreiras que dificultam os mesmos a interagir como esse novo modelo pedagógico.

No que tange ao referencial teórico, por ser a temática um assunto novo, essa investigação contou com Decretos, Leis, periódicos científicos e documentos de dados estatísticos da Secretaria Municipal de Educação (SME), que versam sobre informações de como a educação passa a ser organizada a partir da pandemia e dados sobre quantitativos de equipamentos e alunos atendidos nesse momento de pandemia. Contamos também com artigos da OMS (Organização Mundial da Saúde) que abordam sobre a COVID-19, seu percurso e seu desenvolvimento pelo mundo.

Logo, esse artigo se justifica tendo em vista que durante o momento atual se faz necessário travar discussões que apresentem a real situação dos alunos da rede municipal do Rio de Janeiro em tempos de pandemia.

METODOLOGIA

Esta pesquisa é de natureza quali-quanti, isso porque para a realização dela foram utilizados métodos tanto qualitativos quanto quantitativos. A escolha por esse tipo de pesquisa se deu pelo fato de que se considera essencial para esse estudo o cruzamento dos dados em números com a devida fundamentação e discussão teórica acerca do assunto aqui abordado.

De acordo com Minayo e Sanches (1993, p. 247 apud SOUZA; KERBAUY, 2017, p.17):

A relação entre quantitativo e qualitativo, entre objetividade e sub-jetividade não se reduz a um continuum, ela não pode ser pensada como oposição contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as relações sociais possam ser analisadas em seus aspectos mais “ecológicos” e “concretos” e aprofundadas em seus significados mais essenciais. Assim, o estudo quantitativo pode gerar questões para serem aprofundadas qualitativamente, e vice-versa (MINAYO; SANCHES, 1993, p. 247) Na visão de Gatti (2002 apud SOUZA; KERBAUY, 2017, p. 17)

[...] quantidade e qualidade não estão totalmente dissociadas na pesquisa, na medida em que de um lado a quantidade é uma tradução, um significado que é atribuído à grandeza com que um fenômeno se apresenta e do outro lado ela precisa ser interpretada qualitativamente, pois sem relação a algum referencial não tem significação em si.

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Para coletar os dados necessários à pesquisa foi aplicado questionário on-line, através da ferramenta gratuita Google Forms, respondidos pelos alunos da rede, com um somatório de 12 participantes. O mesmo foi composto por 11 perguntas de resposta obrigatória (10 objetivas e 1 discursiva). A finalidade do questionário consistiu em conhecer e compilar as reais impressões e opiniões de alunos, sujeitos diretamente afetados pelo ensino remoto, através de uma amostragem.

Ademais, dados que se baseiam na estrutura das escolas quanto alunos e segmentos educacionais se encontram disponíveis no decorrer dessa investigação, bem como os resultados das entrevistas com os alunos.

1 O CONTEXTO DA PANDEMIA COVID-19

O COVID-19 foi identificado pelaOrganização Mundial de Saúde (OMS) no último dia do ano de 2019 na China, e depois disso vários foram os casos sinalizados nos continentes americano e europeu, até que no final de janeiro de 2020 a OMS, publica a necessidade de emergência no assunto O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a ter um caso confirmado em fevereiro de 2020, o que culminou a partir da metade do mês de março a quarentena. Mediante a esses acontecimentos, o Governo Federal e os seus setores, como o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde, elaboraram e divulgaram uma série de documentos legais (leis, protocolos, portarias) que, em suma, dispunham sobre as medidas de enfrentamento da pandemia, e ainda orientando os estados e municípios junto aos setores de saúde.

A Lei 13.979/2020 trata sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus. De acordo com o artigo terceiro da referida lei, tem-se como sugestões, dentre outras, as seguintes medidas:

I - isolamento; II - quarentena; III - determinação de realização compulsória de: a) exames médicos; b) testes laboratoriais; c) coleta de amostras clínicas; d) vacinação e outras medidas profiláticas; ou e) tratamentos médicos específicos; III-A – uso obrigatório de máscaras de proteção individual;( BRASIL, 2020, p.02)

Após a publicação desses decretos, no decorrer do tempo, foram realizadas diversas alterações na listagem dos serviços públicos considerados essenciais. Em nenhum deles, desde a publicação do primeiro decreto que dizia respeito a esse assunto, a Educação não se enquadrou na qualidade de atividade essencial.

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Nesse sentido, se fez necessário, adaptar ou até mesmo reinventar o ato de ensinar e o de aprender. A docência e o aprendizado se chocaram com novos obstáculos e reivindicavam o cruzamento de novas fronteiras.

2 A REDE MUNICIPAL CARIOCA E O ISOLAMENTO SOCIAL

A rede municipal de educação da cidade do Rio de Janeiro atende, prioritariamente, as primeiras etapas da Educação Básica, que vão desde a Educação Infantil (creche e pré-escolas) até os anos iniciais do Ensino Fundamental (1° ao 5° ano). Ao todo, hoje existem 1.542 unidades escolares em funcionamento e o total de 641.564 alunos atendidos pela rede. (SME, 2020). Observe abaixo:

Tabela 12

Unidades por tipo de atendimento3 Creche/EDI - unidades de Educação Infantil Escolas/CIE P com atendimento exclusivo de Educação Infantil Unidades exclusivas de Ensino Fundamental I Unidades exclusivas de Ensino Fundamental II Unidades com mais de uma modalidad e / segmento Educação Especial Exclusiva E J A Exclu siva Escolas Municipais Olímpicas Cariocas (Ensino Fundamental I) Escolas Municipais Olímpicas Cariocas (Ensino Fundamental II) Escolas Municipais de Aplicação Carioca (Ensino Fundamental II) 525 10 233 221 546 4 3 2 5 28

Abaixo tabela de atendimento da rede municipal de educação do Rio de Janeiro

Unidades por tipo de atendimento4 Creche/EDI - unidades de Educação Infantil Escolas/CIE P com atendimento exclusivo de Educação Infantil Unidades exclusivas de Ensino Fundamental I Unidades exclusivas de Ensino Fundamental II Unidades com mais de uma modalidad e / segmento Educação Especial Exclusiva E J A Exclu siva Escolas Municipais Olímpicas Cariocas (Ensino Fundamental I) Escolas Municipais Olímpicas Cariocas (Ensino Fundamental II) Escolas Municipais de Aplicação Carioca (Ensino Fundamental II) 525 10 233 221 546 4 3 2 5 28

Ao analisar o total de alunos por segmento, da rede municipal do Rio de Janeiro, é possível extrair os seguintes números:

Tabela 25

2 Tabela 1- Unidades por Atendimento. Disponível em http://www.rio.rj.gov.br/web/sme/educacao-em-numeros 3 Dados retirados do site SME Educação. Acesse em: http://www.rio.rj.gov.br/web/sme/educacao-em-numeros . 4 Dados retirados do site SME Educação. Acesse em: http://www.rio.rj.gov.br/web/sme/educacao-em-numeros .

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Total de alunos por segmento Educação Infantil: Creche e Pré-escola Ensino Fundamen tal Educação Especial: Classe Especial Projetos de correção de fluxo Educação de Jovens e Adultos Total 152.716 430.272 4.120 26.571 27.885 641.5 64

É notório que o número de alunos atendidos pela rede representa um quantitativo expressivo e demonstra, por conseguinte, a responsabilidade que o munícipio tem com a formação pedagógica, social e humana de cada um desses sujeitos.

Por isso, ao confrontar-se à realidade do contexto pandêmico, a rede pública municipal do Rio de Janeiro, assim como todas as outras redes, precisou desenvolver alternativas que preservassem a saúde e a integridade física e mental de seus alunos, ao mesmo tempo em que não se descuidassem das horas obrigatórias previstas ao ano letivo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 (LDB), que dispõe sobre as diretrizes e bases da educação nacional. (BRASIL, 2020).

Sendo assim, foi publicado no dia 21 de março de 2020, o Decreto nº 47282 que determina a adoção de medidas adicionais do município para enfrentamento da pandemia. Na redação, coube a Secretaria Municipal de Educação executar medidas tais como:

a)fechamento das escolas municipais até o dia 27 de março; b) disponibilização de aplicativo, para celular, de mecanismo de aprendizagem – Aplicativo SME Carioca 2020, e de computadores, através do endereço eletrônico https://app.vc/smecarioca2020; c) disponibilização de conteúdos específicos para a plataforma de aulas digitais da Microsoft Teams e a preparação de materiais impressos para fornecimento aos alunos da rede municipal, para realização de tarefas em domicílio; d) disponibilização de acesso das plataformas de matemática, pelos sistemas MATIFIC e ALFA E BETO; f) disponibilidade de Material de Complementação Escolar no sítio eletrônico multi.rio/mce, com disponibilização de recursos de apoio pedagógico ligados aos conteúdos curriculares dos segmentos de Escolaridade da Educação Básica;

Inicialmente, se acreditava que esta situação de isolamento social se estenderia por um curto espaço de tempo, sendo as escolas capazes de recuperar os dias letivos perdidos em médio prazo. Todavia, até o momento a perspectiva de retorno seguro para alunos e profissionais da educação ainda não é uma realidade.

Considerando isso, o ensino remoto foi se apresentando como uma solução provisória exequível capaz de dar continuidade ao ano letivo. Era preciso, então, conhecer, compreender 5 Tabela 2- Total de Alunos por Segmento. Disponível em<

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e se apropriar das características que compunham essa modalidade, que não possui as mesmas premissas da modalidade de educação à distância, a fim de garantir uma implementação mais eficaz e eficiente.

Para compreender as especificidades das modalidades de ensino remoto e EAD, observe abaixo a tabela que, didaticamente, define os conceitos, os tipos de aprendizagem, avaliação e o papel do professor em cada uma delas. (DESAFIOS DA EDUCAÇÃO, 2020). Tabela 36

A diferença entre ensino remoto emergencial e educação a distância

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O ensino remoto é uma medida extraordinária e temporária aprovada pelo MEC para que as instituições de ensino possam cumprir o cronograma de aulas presenciais em épocas normais, ou quando as circunstâncias impedirema reunião dos alunos.

A EAD é um modelo de ensino remoto, mas de forma planejada, e não emergencial. Todo ou parte do curso é ministrado à distância, com o apoio de tutores e recursos como vídeo, questionários, pdfs e podcasts. Inclui atividades

síncronas e assíncronas.

APRENDIZAGEM REMOTA APRENDIZAGEM A DISTÂNCIA

Aqui o modelo presencial é virtualizado. As aulas costumam ser ao vivo – com professores e alunos conectados ao mesmo tempo, nos mesmos dias e horários das aulas presenciais. Geralmente, a instituição de ensino não dispõe de um ambiente virtual adequado para a aprendizagem, improvisando as interações em plataformas de

videoconferência e aplicativos de mensagens.

A educação a distância tem como característica a flexibilidade. A maioria das aulas são gravadas, o que possibilita alunos, professores e tutores adequarem as atividades para o melhor horário de cada um. As instituições de ensino costumam investir em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA ou LMS, na sigla em inglês), estruturando atividades do curso através de vários recursos.

AVALIAÇÃO REMOTA AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA

Não existe um padrão de avaliação no ensino remoto. Mas o processo avaliativo pode sercontínuo e

diversificado – tanto em metodologias quanto em ferramentas.

Muitos cursos à distância ainda adotam a realização de provas em um polo presencial. Em

situações anormais, interações e demais atividades podem ser transferidas para o LMS.

O PROFESSOR DO ENSINO REMOTO O PROFESSOR DA EAD

No ensino remoto emergencial, o professor busca transmitir o conteúdo e sanar dúvidas do aluno – como no modelo presencial. A diferença é que no contato entre aluno e professor não ocorre na sala de aula, mas nos vídeos, por e- mail ou mensagem de texto.

Na educação a distância existe tanto o profissional professor, que conduz o ensino da disciplina, quanto o tutor, contratado para dar suporte ao aluno no ambiente virtual de aprendizagem. Por isso os docentes não costumam interagir tanto com os estudantes.

Analisando as informações contidas na tabela, torna-se possível identificar diferenças pontuais entre ensino remoto e EAD. Primeiramente, observa-se que ensino remoto traz

6 Tabela 3- Adaptado de https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/diferencas-ead-ensino-

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consigo características bem peculiares à sua natureza, que é emergencial, ao contrário do EAD que se classifica como uma modalidade de ensino previamente planejada.

Desta maneira, para compreender o universo e a realidade dos sujeitos dessa pesquisa no que tange ao acesso a essas TICs e a familiaridade com atividades que as envolvam, buscamos no site do Qedu (2020), na aba ‘Pessoas’, informações sobre essa questão.

Entretanto, ao explorar o site constatamos informações não muito positivas no que tange a disponibilidade desse acesso, fato que nos leva a questionar a progressiva viabilidade do ensino remoto.

Abaixo resultados da realidade dos alunos, no que se referem a acessos as tecnologias. Alunos-Figura 17

Professor –Figura 28

Em posse desses dados primários, compreende-se que a operacionalização do ensino remoto não se estruturaria de maneira fácil, levando em consideração a realidade apresentada no questionário tanto dos alunos quanto dos professores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O questionário aplicado para alunos da rede carioca municipal de educação teve como resultado 12 respondentes. Para tais participantes, cuja identidade não foi revelada, foi perguntado qual era o ano de sua escolaridade, em uma seção anterior que visava caracterizar

7 Figura 1- Fonte: https://www.qedu.org.br/cidade/2801-rio-de-janeiro/pessoas/aluno5ano

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e o público pesquisado, Como resultado, observamos que o público com o qual dialogaríamos eram, principalmente, alunos do 2º e 3º ano. Observe abaixo:

Verificou-se que 50% dos estudantes vivem com quatro pessoas ou mais em suas residências, enquanto 41,7% mora com duas a três pessoas e somente 8,3% vive somente com uma, apontando para uma realidade na qual a convivência se constrói e se expressa de forma mais diversa e complexa, pois todos precisam compartilhar, ao mesmo tempo, o espaço e significa-lo de diferentes formas a partir de suas demandas pessoais.

Quando perguntados se estavam realizando alguma atividade durante a pandemia, 50% dos respondentes afirmaram que estudavam. O que nos chama atenção, no entanto, é que 41,7% afirmam que, nesse período de isolamento social e fechamento das escolas, não estão realizando nenhuma atividade, enquanto 33,3% informa que estão realizando cursos/ atividades on-line.

Ao questionar se eles possuíam acesso à internet, obtivemos o seguinte panorama:

A metade dos participantes (50%) indicou também que, enquanto ferramenta de tecnologia da informação e comunicação, somente possuía smartphones. Apenas 16,7% acusou que dispunham de acesso a computadores, tablets, notebooks e smartphones, ao passo que 8,3% tinham acesso apenas a tablets e 25% não dispunha de nenhuma tecnologia mencionada.

Indo além, questionamos sobre as condições de assistir aulas on-line. Predominantemente, os alunos afirmaram que não possuíam condições (58,3%), o que era de

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se esperar se considerarmos, primariamente, os resultados das duas perguntas anteriores sobre o acesso à internet e às TICs.

Visando compreender como as atividades remotas estavam sendo desenvolvidas em suas escolas, perguntamos aos alunos quais as atividades que eles estavam sendo orientados a realizar. Veja abaixo as respostas:

Ao analisar o gráfico anterior, podemos verificar que a alternativa massivamente adotada para a realização das atividades remotas foi à aplicação de folhas de exercício, mesclando com revisões de assuntos já trabalhados na escola antes do período de isolamento social, expressando a opção dos professores em não dar continuidade ao conteúdo programático. A partir disso, indagamos se os estudantes consideravam que o momento atual justificava a implementação do ensino remoto como solução provisória. Como resposta, vimos que 58,3% indicaram que não.

Outrossim, os sondamos para descobrir quais seriam as dificuldades enfrentadas ao acompanhar as aulas remotas. Nenhum deles acusou não ter dificuldade durante o processo, indicando, portanto, falhas no alcance efetivo desses alunos, alvos principais da implementação do ensino remoto. Analise:

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Caminhando para a finalização do questionário, perguntamos aos estudantes se eles se consideravam atendidos pelo ensino remoto. A pergunta era de natureza não obrigatória e discursiva, pois objetivamos conseguir extrair dos participantes respostas de cunho subjetivo. Deixamos um espaço livre para manifestações de opiniões, impressões e comentários que julgassem pertinentes.

De 12 alunos, 6 afirmaram que não se sentiam atendidos pelo ensino remoto e declararam: só tem 6 respostas abaixo

Identificação9 Respostas

Aluno 1 Não, pois não tenho acesso fácil a internet e isso dificulta muito. Aluno 2 Não, por não ter acesso adequado ao material/videoaula. Aluno 3 Não. Sinto falta do convívio em sala, das perguntas feitas ao professor, da

explicação do professor.

Aluno 4

Não. Por que não dá total assistência como o presencial e as dificuldades com EAD, como por exemplo: internet ruim, falta de tempo, afazeres domésticos e entre

outros. E digo isso por um todo.

Aluno 5 Não. Os conteúdos dados pelo sistema são péssimos e de baixa qualidade.

Aluno 6 Não, pois não tenho acesso a nada. Tenho que usar celular de vizinho

Observações, impressões e apontamentos

O ensino esta difícil

Depreende-se, a partir dessas respostas, que o ensino remoto não está se colocando a serviço dos alunos e, definitivamente, não inclui a maioria deles por diversos motivos que são alheios às suas vontades, comprometendo o acesso e a permanência desses sujeitos na escola e violando, portanto, a premissa sobre o direito à Educação.

A maior parte das reclamações concentra-se na dificuldade ou ausência de acesso à internet, carecimento do convívio social e da relação entre professor-aluno e baixa qualidade do material didático enviado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista o desenvolvimento do presente artigo podemos considerar que em tempos de pandemia, o Brasil que conta com um universo significativo de sua população em

9 Por razões éticas, as identidades dos participantes não serão reveladas, tanto as dos alunos quanto dos professores. Nomeamos os respondentes por numeração para fins de interpretação.

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pobreza extrema, certamente não tem condições de inserir um modelo de educação remota que necessita de amparos tecnológicos.

Assim sendo, como vimos nas informações dadas pelos alunos, esse é um trabalho que não inclui os menos afortunados, mas sim os exclui do universo da construção de conhecimento. Vale ressaltar, que o direito fundamental a educação nessa ambiência não vem sendo respeitado dado as especificidades sociais em que se encontram os alunos da rede municipal carioca.

Nesse sentido, cabem aos gestores do sistema de ensino carioca, pensar em estratégias e empreender recursos que busquem atender tais necessidades, entre elas disponibilizar rede de internet e ou instrumentos que cheguem até o aluno em seu ambiente de moradia.

Referências

BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Lei n. 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional. 1996. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 06 ago. 2019. _____. Ministério da Saúde. Sobre a doença. Brasília, DF. 2020. Disponível em: < <https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e-covid>. Acesso em: 06 ago. 2020. _____. Lei n. 13.979. Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019. 2020. Disponível em: m https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.979-de-6-de-fevereiro-de-2020-242078735>. Acesso em: 06 ago. 2020

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO. Infográfico: as diferenças entre educação a distância e ensino remoto. 2020. Disponível em: < https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/diferencas-ead-ensino-remoto/?rdst_srcid=2132585&utm_source=linkedin>. Acesso em 06 ago. 2020. QEDU. Rio de Janeiro. 2020. Disponível em < https://www.qedu.org.br/cidade/2801-rio-de-janeiro/pessoas>. Acesso em 06 ago. 2020.

RIO DE JANEIRO. Decreto n. 47.282. Determina a adoção de medidas adicionais, pelo Município, para enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus - COVID - 19, e dá outras

providências. 2020. Disponível em:

<http://www.rio.rj.gov.br/documents/8822216/11086083/DECRETO_47282_2020.pdf> Acesso em: 07 ago. 2020.

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Educação em números. 2020. Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/web/sme/educacao-em-numeros>. Acesso em: 07 ago. 2020 SOUZA, Kellcia Rezende; KERBAUY, Maria Teresa Miceli. Abordagem quanti-qualitativa: superação da dicotomia quantitativa-qualitativa na pesquisa em educação. v. 31, n. 61. ed. Uberlândia: Educação e Filosofia, jan./abr. 2017. Disponível em:

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<http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/29099/21313>. Acesso em:06 ago. 2020.

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