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CONTROLE DE SISTEMAS MAX-PLUS LINEARES SUJEITOS A RESTRIÇÕES NO ESTADO: APLICAÇÃO A SISTEMAS DE TRANSPORTE

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Academic year: 2021

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CONTROLE DE SISTEMAS MAX-PLUS LINEARES SUJEITOS A

RESTRIC

¸ ˜

OES NO ESTADO: APLICAC

¸ ˜

AO A SISTEMAS DE

TRANSPORTE

C´ıntia Ribeiro Andrade1, Carlos Andrey Maia1,2

1PPGEE - Programa de P´os-Graduac¸˜ao em Engenharia El´etrica - UFMG 2Departamento de Engenharia El´etrica

Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais Av. Pres. Antˆonio Carlos, 6627 - Pampulha

31270-901 Belo Horizonte - MG - Brasil

cintia@cpdee.ufmg.br, maia@cpdee.ufmg.br

Resumo. Este artigo trata da modelagem e controle de sistemas a eventos discretos su-jeitos a fenˆomenos de sincronizac¸˜ao e de atraso no tempo que s˜ao descritos pela ´algebra max-plus. A partir da obtenc¸˜ao do modelo, a estrutura de controle ´e definida com base na realimentac¸˜ao de estados. O objetivo, nesse caso, ´e projetar um controlador que garanta que o sistema evolua sem violar restric¸˜oes temporais impostas ao estado. Para ilustrar a contribuic¸˜ao deste trabalho uma rede de tr´afego urbano ´e apresentada, sendo que o controlador ´e aplicado de forma a garantir que restric¸˜oes de temporizac¸˜ao sejam respeitadas.

Palavras-chave: Sistemas a eventos discretos, Controle de Sistemas de Tr´afego, ´Algebra Max-plus.

´

Area principal: LGT - Log´ıstica e Transportes

Abstract. This paper deals with the modeling and control of discrete events systems sub-ject to synchronization phenomena and time delay that are described by the max-plus algebra. From the developed model, the control structure is defined on the basis of the feedback of states. The objective, in this case, is to design a controller that guarantees that the system will evolve without violating timed restrictions imposed to the state. To illustrate the contribution of this work an urban traffic net is presented, where that the controller is designed in order to guarantee that temporization restrictions are respected. Keywords: Discrete Event Systems, Traffic Systems Control, Max-plus Algebra.

(2)

1. Introduc¸˜ao

A teoria dos Sistemas a Eventos Discretos (SED) (Cassandras and Lafortune, 1999) tem sido uti-lizada na modelagem de muitos sistemas de engenharia tais como redes de transporte, processos de manufatura, redes de comunicac¸˜ao, dentre outros. Estes sistemas se caracterizam por serem descritos por espac¸os de estados discretos e cuja dinˆamica ´e dirigida por eventos.

A ´algebra max-plus (Baccelli et al., 1992) ´e uma ferramenta utilizada na modelagem de sistemas sujeitos a sincronizac¸˜ao e fenˆomenos de atraso. Esses sistemas podem ser representados por Grafos de Eventos Temporizados (GET), um caso particular das redes de Petri temporizadas. Nesta ´area tem-se obtido muitos avanc¸os, n˜ao s´o na an´alise dos sistemas como tamb´em nos problemas de con-trole (Goverde, 2007). V´arias estrat´egias de concon-trole est˜ao sendo utilizadas na literatura tais como o controle por modelo de referˆencia (Maia et al., 2005, 2003; Maia, 2003) e o controle utilizando a teoria de espac¸os (A, B)-invariantes (Garcia et al., 2006; Katz, 2007).

O objetivo deste artigo ´e resolver um problema de modelagem e controle de sistemas atrav´es da ´algebra max-plus. No exemplo mostrado na Sec¸˜ao 4 (Garcia et al., 2006; Garcia, 2007), destaca-se um problema de tr´afego urbano. Um modelo ´e desenvolvido representando uma malha vi´aria e o controle ´e aplicado para a sincronizac¸˜ao dos sem´aforos de maneira que haja formac¸˜ao de ondas verdes(uma onda verde acontece quando os sem´aforos s˜ao coordenados de maneira que um ve´ıculo que receba sinal verde em um extremo de uma arterial, possa percorrˆe-la at´e a outra extremidade sem parar em nenhum sinal vermelho). Diferentemente dos resultados j´a apresentados na literatura, o controle proposto neste artigo utiliza propriedades alg´ebricas do sistema e, a partir do comporta-mento dinˆamico do sistema e de uma matriz de restric¸˜oes (que garantem o funcionacomporta-mento desejado para o sistema), a matriz de controle ´e encontrada. Esta matriz atua realimentada nos estados e ´e en-contrada resolvendo-se uma equac¸˜ao linear na ´algebra max-plus (Cuninghame-Green and Butkovic, 2003).

Os conceitos da ´algebra max-plus e das ferramentas necess´arias ao desenvolvimento do controle proposto s˜ao apresentadas na Sec¸˜ao 2. Uma proposta de modelagem e controle ´e descrita na Sec¸˜ao 3 e um exemplo ilustrativo ´e desenvolvido na Sec¸˜ao 4. A conclus˜ao ´e dada na Sec¸˜ao 5.

2. Conceitos b´asicos

Esta sec¸˜ao aborda os conceitos relativos aos sistemas a eventos discretos, dentre eles as redes de Petri P-temporizadas, os grafos a eventos temporizados e a ´algebra max-plus.

As redes de Petri s˜ao uma ferramenta para a modelagem gr´afica e matem´atica de muitos sistemas. Um estudo detalhado encontra-se em Murata (1989). Uma rede de Petri ´e um grafo bipartido, consistindo de dois tipos de n´os chamados de lugares e transic¸˜oes. Em uma representac¸˜ao gr´afica lugares s˜ao representados por c´ırculos e as transic¸˜oes por barras. Os arcos do grafo s˜ao direcionados e interligam lugares a transic¸˜oes e transic¸˜oes a lugares. Para cada arco direcionado da rede, o n´o origem ´e denominado n´o de entrada do n´o de destino e o n´o de destino ´e denominado n´o de sa´ıda do n´o de origem. Uma transic¸˜ao, que ´e associada a algum tipo de evento, ´e disparada quando o evento que ela representa ocorre e ´e esse conceito que permite modelar a evoluc¸˜ao dinˆamica do SED. Os lugares da rede definem as condic¸˜oes sob as quais as suas transic¸˜oes de sa´ıda s˜ao disparadas. As condic¸˜oes de disparo de uma transic¸˜ao e suas conseq¨uˆencias para a rede s˜ao formalizadas atrav´es do conceito de marcac¸˜ao da rede.Uma marcac¸˜ao associa a cada lugar um n´umero inteiro positivo. Este n´umero inteiro associado ao lugar indica seu n´umero de fichas. Uma transic¸˜ao ´e dita estar habilitada se cada lugar de entrada ´e marcado com pelo menos o n´umero de fichas igual ao peso do arco que conecta o lugar `a transic¸˜ao. Se a transic¸˜ao est´a habilitada ent˜ao ela pode disparar. Um disparo de uma transic¸˜ao habilitada retira um n´umero de fichas (igual ao peso do arco) de cada lugar de entrada e adiciona estas fichas em cada lugar de sa´ıda.

(3)

Pode-se temporizar uma rede de Petri de diversas maneiras, sendo usual fazˆe-lo atribuindo um atraso a cada lugar (rede p-temporizada). O atraso de um lugar ´e um n´umero inteiro positivo que tem como significado o intervalo de tempo entre o instante em que uma ficha ´e atribu´ıda `aquele lugar e o instante em que esta ficha contribui para a habilitac¸˜ao das transic¸˜oes de sa´ıda do lugar. A temporizac¸˜ao de uma rede de Petri ´e importante quando se deseja avaliar o desempenho de um sistema a evento discreto.

De uma forma geral, as redes de Petri s˜ao utilizadas para a modelagem de concorrˆencia a recursos e a sincronizac¸˜ao de tarefas. Os grafos a eventos s˜ao uma subclasse das redes de Petri na qual as situac¸˜oes de concorrˆencia n˜ao podem ocorrer. Um Grafo de Eventos Temporizado (GET) ´e uma Rede de Petri temporizada na qual cada lugar tem um tempo de espera associado e somente uma transic¸˜ao de entrada e somente uma transic¸˜ao de sa´ıda. Os GET modelam SED em que somente aspectos de sincronizac¸˜ao s˜ao observados.

A Figura 1 representa um GET. Os lugares s˜ao representados por c´ırculos, as transic¸˜oes por barras, os arcos por flechas, as fichas s˜ao os pontos e os n´umeros reais indicam os tempos de atraso. A transic¸˜ao u n˜ao ´e condicionada por nenhuma outra transic¸˜ao do sistema, u ´e a entrada do sistema. A transic¸˜ao y, chamada de sa´ıda dos sistema, n˜ao condiciona nenhuma outra transic¸˜ao. As demais transic¸˜oes s˜ao chamadas de transic¸˜oes internas.

u

y

x

1

x

2

5

2

5

2

2

Figura 1. Exemplo de um GET (Grafo de Eventos Temporizado)

Pode-se associar a cada transic¸˜ao x uma seq¨uˆencia de datas de disparos da transic¸˜ao, x(k), sendo que k ´e o n´umero do disparo. Cada elemento da s´erie representa o instante do k-´esimo disparo dessa transic¸˜ao. Considere o GET da Figura 1. O comportamento dinˆamico desse sistema ´e descrito pelas equac¸˜oes a seguir:

x1(k) = max {2 + u(k); 2 + x2(k − 1)}

x2(k) = 5 + x1(k) (1)

y(k) = max {2 + x2(k); 5 + x2(k − 2)}

O comportamento dinˆamico do sistema desse exemplo pode ser completamente descrito utilizando os operadores ”max” e ”+”. O operador ”max” est´a relacionado com a sincronizac¸˜ao do consumo de recursos e o operador ”+” com o tempo de processamento das diversas tarefas do processo. De uma maneira geral, o comportamento dinˆamico de um GET pode ser descrito utilizando a ´algebra (Max,+) na qual o operador ”max” ´e definido como ⊕ e o operador ”+” ´e definido como ⊗. Pode-se reescrever o sistema acima como:

x1(k) = 2 ⊗ u(k) ⊕ 2 ⊗ x2(k − 1)

x2(k) = 5 ⊗ x1(k) (2)

(4)

As equac¸˜oes acima ainda requerem que se especifiquem o estado inicial do sistema, ou seja, os valores de x1(k) e x2(k) para k < 0. Nesse caso, arbitra-se que todos os disparos anteriores a

k = 0 ocorreram em −∞. Conseq¨uentemente, a marcac¸˜ao inicial da rede j´a cumpriu o tempo de atraso de seus respectivos lugares e pode contribuir imediatamente para a habilitac¸˜ao de uma transic¸˜ao. Note que a marcac¸˜ao inicial promove deslocamentos na numerac¸˜ao dos disparos asso-ciados a uma transic¸˜ao. Tem-se portanto, um sistema de equac¸˜oes recursivas lineares numa nova ´algebra, denominada ´algebra max-plus.

2.1. ´Algebra Max-Plus

A ´algebra max-plus ´e um exemplo de uma estrutura alg´ebrica complexa, denominada di´oide ou semi-anel idempotente (Baccelli et al., 1992). Define-se ε = −∞ e e = 0 e denota-se por Rmax

o conjunto R ∪ {ε}, onde R ´e o conjunto dos n´umeros reais. Para os elementos a, b ∈ Rmax

definem-se operac¸˜oes ⊕ e ⊗ como:

a ⊕ b = max (a, b) e a ⊗ b = a + b (3)

A ´algebra max-plus ´e um di´oide caracterizado por um conjunto e as duas operac¸˜oes (soma e pro-duto), notado (D, ⊕, ⊗), tal que a soma seja associativa, comutativa e idempotente (a ⊕ a = a), e o produto seja associativo (mas n˜ao necessariamente comutativo) e distributivo `a esquerda e `a direita em relac¸˜ao `a soma. Al´em disso, devem existir elementos neutros para ambas as operac¸˜oes. O ele-mento nulo ε ´e absorvente em relac¸˜ao ao produto (a ⊗ ε = ε) e o eleele-mento e ´e unit´ario (a ⊗ e = a). Como na ´algebra convencional, a multiplicac¸˜ao tem prioridade sobre a soma.

Observa-se que:

a ≥ b ⇒ a ⊕ b = a (4)

Um di´oide ´e completo se ele for fechado em relac¸˜ao a somas infinitas e se o produto for distributivo em relac¸˜ao a somas infinitas. A estrutura (Z ∪ {−∞} ∪ {∞} , max, +) ´e um di´oide completo usualmente denominado Max-plus e notado por Zmax. Uma importante operac¸˜ao, definida em

qualquer di´oide, ´e a operac¸˜ao estrela de Kleene, definida por a∗ = L

i∈N

ai, com ai = a ⊗ a(i−1) e a0 = e. Verifica-se que, para qualquer inteiro positivo p, (a∗)p = a∗e (a∗)∗= a∗.

As matrizes tamb´em podem ser definidas pela ´algebra max-plus. Se A, B ∈ Rn×mmax, onde n, m ∈ N,

e i, j s˜ao, respectivamente, as linhas e colunas das matrizes, pode-se definir a soma das matrizes como [A ⊕ B]ij = aij⊕ bij = max(aij, bij) para i = 1 · · · m.

Se A ∈ Rn×lmax e B ∈ Rl×mmax ent˜ao o produto de matrizes ´e definido como [A ⊗ B]ik = l

L

j=1

aij ⊗

bjk = maxj∈l(aij + bjk) para i = 1 · · · n e k = 1 · · · m.

Doravante, para simplificar a notac¸˜ao, o s´ımbolo de produto ⊗ ser´a omitido quando conveniente. A ´algebra max-plus permite descrever a evoluc¸˜ao de eventos em um sistema sujeito a restric¸˜oes de sincronizac¸˜ao. Os sistemas s˜ao representados por equac¸˜oes lineares do tipo:

x(k) = Ax(k − 1) ⊕ Bu(k) | A ≥ I (5)

O vetor x(k) representa o estado do sistema e u(k) uma entrada externa.

A ≥ I, pois x(k + 1) ≥ x(k), isto ´e, as datas de disparo das transic¸˜oes s˜ao n˜ao-decrescentes. No exemplo dado na Figura 1 utiliza-se a descric¸˜ao por datadores, isto ´e, associa-se a cada transic¸˜ao x uma seq¨uˆencia de datas de disparos da transic¸˜ao, x(k), sendo que k ´e o n´umero do disparo.

(5)

2.2. Equac¸˜ao A ⊗ x = B ⊗ y sobre (max,+)

Para a soluc¸˜ao do sistema de equac¸˜ao linear A ⊗ x = B ⊗ y sobre (max,+), Cuninghame-Green and Butkovic (2003) desenvolveram um algoritmo que converge para uma soluc¸˜ao finita partindo de algum ponto inicial finito, caso exista tal soluc¸˜ao finita. Se os elementos finitos de A e B s˜ao todos inteiros, a convergˆencia deste algoritmo acontece em um n´umero finito de iterac¸˜oes. As matrizes A e B n˜ao podem ter nenhuma linha ou coluna infinita.

O algoritmo para solucionar a equac¸˜ao A ⊗ x = B ⊗ y ´e apresentado abaixo (Cuninghame-Green and Butkovic, 2003):

Inicialize

Escolha arbitrariamente um vetor finito x Setar r = 0; x(0) = x

Repita

Setar y = soluc¸˜ao principal de B ⊗ y ≤ A ⊗ x; y(r) = y Setar x = soluc¸˜ao principal de A ⊗ x ≤ B ⊗ y; x(r + 1) = x Setar r = r + 1

At´e convergir Fim

Um conjunto de desigualdades lineares do tipo A ⊗ x ≤ b sobre Zmax = ({−∞} ∪ Z, max, +),

sempre possui uma soluc¸˜ao. A maior soluc¸˜ao ´e

x = A∆⊗0b, (6)

sendo A∆ = [−aji] a matriz conjugada de A e ⊗ 0

´e definido como o operador de minimizac¸˜ao (min).

3. Modelagem e Controle de Sistemas Max-plus Lineares

O sistema que se deseja modelar e controlar ´e do tipo mostrado na Equac¸˜ao (5). Este sistema est´a sujeito a restric¸˜oes de sincronizac¸˜ao e pode ser escrito como:

x(k) = Ax(k − 1) ⊕ Bu(k), (7)

sujeito a:

Ex(k) ≤ x(k). (8)

Sendo A, E ∈ Zn×nmax, B ∈ Z n×p

max, com n transic¸˜oes internas (ou estados) e p entradas.

A matriz que cont´em as restric¸˜oes ´e a matriz E da equac¸˜ao acima. Supondo que:

Ex(k) ≤ x(k), (9)

pode-se observar o seguinte:

E.Ex(k) ≤ Ex(k) ≤ x(k) E3x(k) ≤ · · · ≤ x(k)

x(k) ⊕ Ex(k) ⊕ E2x(k) ⊕ · · · Enx(k) ⊕ · · · ≤ x(k) ⊕ x(k) ⊕ · · · (I ⊕ E ⊕ E2⊕ · · · )x(k) ≤ x(k)

(6)

Mas, I ≤ E∗ ⇒ Ix(k) ≤ E∗x(k) ⇒ x(k) ≤ E∗x(k). (11) Das Equac¸˜oes (10) e (11): E∗x(k) = x(k). (12) Mostrou-se que: Ex(k) ≤ x(k) ⇒ E∗x(k) = x(k). (13) Como E ≤ E∗: E∗x(k) = x(k) ⇒ Ex(k) ≤ x(k), (14) tem-se que: Ex(k) ≤ x(k) ⇔ E∗x(k) = x(k). (15)

Propriedade 3.1. Todas as condic¸˜oes iniciais fact´ıveis para o sistema devem satisfazer x(0) = E∗v, sendo v ∈ Znmax.

Demonstrac¸˜ao. Se a condic¸˜ao inicial ´e fact´ıvel, ent˜ao x(0) = E∗x(0), ou seja, x(0) = E∗v, sendo v = x(0).

Se x(0) = E∗v, ent˜ao E∗x(0) = E∗E∗v = E∗v = x(0), portanto a condic¸˜ao ´e fact´ıvel. 3.1. Controle por realimentac¸˜ao de estados

O objetivo ´e implementar uma lei de controle por realimentac¸˜ao de estados, isto ´e, u(k) = F x(k − 1), sendo F ∈ Zp×nmax, de forma que E∗x(k) ≤ x(k) ∀k ≥ 0.

Com isso o sistema da Equac¸˜ao (7) passa a ser escrito como:

x(k) = (A ⊕ BF )x(k − 1). (16)

A definic¸˜ao seguinte ´e necess´aria para o desenvolvimento da metodologia a ser apresentada. Definic¸˜ao 3.1 (Matriz G-astic (Cuninghame-Green and Butkovic, 2003)). Uma matriz ´e G-astic se em cada linha existir pelo menos um elemento finito.

Proposic¸˜ao 3.1. O problema de controle proposto apresenta soluc¸˜ao se e somente se: E∗(A ⊕ BF )E∗ = (A ⊕ BF )E∗

E∗AE∗⊕ E∗BF E∗= AE∗⊕ BF E∗ (17)

Demonstrac¸˜ao. Considere a equac¸˜ao x(k) = Ax(k)⊕Bu(k) sendo u(k) = F x(k−1). O problema ´e encontrar F |Ex(k) ≤ x(k). Dessa forma, deve-se assegurar que:

x(k) = (A + BF )x(k − 1), (18)

de forma a respeitar (veja Equac¸˜ao (15)),

(7)

Substituindo a Equac¸˜ao (18) na (19): E∗(A ⊕ BF )x(k − 1) = (A ⊕ BF )x(k − 1), ∀k ≥ 1 (20) Em particular para k = 1: E∗(A ⊕ BF )x(0) = (A ⊕ BF )x(0), (21) pela Propriedade 3.1: E∗(A ⊕ BF )E∗v = (A ⊕ BF )E∗v, ∀v E∗(A ⊕ BF )E∗ = (A ⊕ BF )E∗. (22)

Dessa forma, mostrou-se que (20) implica em (22). Deve-se mostrar que (22) implica em (20). Se (22) ´e verdadeira, lembrando que x(0) = E∗v, ent˜ao E∗x(1) = x(1), pois:

E∗(A⊕BF )E∗ = (A⊕BF )E∗ ⇒ E∗(A⊕BF )E∗v = (A⊕BF )E∗v ⇒ E∗x(1) = x(1). (23) Assumindo (22), deve-se mostrar que:

E∗x(k) = x(k) ⇒ E∗x(k + 1) = x(k + 1), ∀k ≥ 0. (24) A demonstrac¸˜ao ser´a feita por induc¸˜ao. Assume-se que E∗x(k) = x(k) ´e verdadeira e prova-se que E∗x(k + 1) = x(k + 1). Dessa forma, como

x(k + 1) = (A ⊕ BF )x(k)

E∗x(k) = x(k), (25)

tem-se que

x(k + 1) = (A ⊕ BF )E∗x(k). (26)

Como, por hip´otese, (22) ´e verdadeira, pode-se reescrever (26) como:

x(k + 1) = E∗(A ⊕ BF )E∗x(k). (27)

Portanto,

E∗x(k + 1) = E∗E∗(A ⊕ BF )E∗x(k). (28) Lembrando que E∗.E∗ = E∗e usando (27):

E∗x(k + 1) = x(k + 1). (29)

Lema 3.1. Se a matriz B ´e G-astic, ∀G ∈ Zn×nmax, ∃F |BF ≥ G.

Demonstrac¸˜ao. ´E direta a partir da seguinte observac¸˜ao: Se a matriz B ´e G-astic ((∀i)(∃l)/Bil 6= ε): ⇒ [BF ]ij =

p

P

l=1

BilFlj. Portanto ´e sempre poss´ıvel

(8)

Proposic¸˜ao 3.2. Para um sistema tal que B ´e G-astic, uma condic¸˜ao suficiente para a existˆencia do controlador ´e encontrar uma soluc¸˜ao (Zij 6= ε) para a equac¸˜ao:

E∗BZ = BZ. (30)

Demonstrac¸˜ao. a) se ∃Z|Zij 6= ε ⇒ bZ = Z ⊗ M (M = mI), matriz identidade (I) ∈ Zn×nmaxe

m ∈ Zmax, tamb´em ´e soluc¸˜ao para a equac¸˜ao (30) pois E∗BZ = BZ ⇒ E∗BZ ⊗ M = BZ ⊗ M .

b) De forma an´aloga, eF = bZE∗ tamb´em ´e soluc¸˜ao para (30).

De a) e b), em conjunto com o Lema 3.1, conclui-se que ´e sempre poss´ıvel fazer eF suficientemente grande, tal que B eF ≥ E∗AE∗, ou seja, E∗AE∗⊕ B eF = B eF . Dessa forma, utilizando a Equac¸˜ao (30), tem-se: E∗AE∗⊕ E∗B eF = B eF .

Contudo, B eF ≥ E∗AE∗, ent˜ao B eF ≥ AE∗, pois E∗≥ I. Logo, B eF ⊕ AE∗ = B eF . Dessa forma como, por construc¸˜ao, eF = eF E∗, obt´em-se que:

E∗AE∗⊕ E∗B eF = B eF = B eF ⊕ AE∗. (31) Como e F = bZE∗, (32) logo e F = eF E∗. (33) Dessa forma: E∗AE∗⊕ E∗B eF E∗= B eF E∗⊕ AE∗ E∗(A ⊕ B eF )E∗ = (A ⊕ B eF )E∗. (34)

Essa proposic¸˜ao permite, em conjunto com o algoritmo apresentado na sec¸˜ao 2.2, resolver a Equac¸˜ao (30) e encontrar a matriz de controle F que ´e dada por:

F = ZM E∗ (35)

4. Um exemplo de aplicac¸˜ao do problema de controle de tr´afego urbano

S

1

S

2

S

3

d

12

d

23

I

1

I

2

I

3

Figura 2. Exemplo de uma malha vi ´aria de 3 intersec¸ ˜oes

A aplicac¸˜ao apresentada nesta Sec¸˜ao foi extra´ıda de Garcia et al. (2006); Garcia (2007).Considere o sistema mostrado na Figura 2. Ele se refere a um conjunto de intersec¸˜oes de uma via. Os carros

(9)

podem trafegar em qualquer sentido indicado pelas setas. Nesta sec¸˜ao o objetivo ´e apresentar um modelo que representa esta via e desenvolver uma estrat´egia de controle que possa agir nos tempos de semaforizac¸˜ao, sincronizando-os, para que haja formac¸˜ao de ondas verdes (quando poss´ıvel). Os ve´ıculos que se deslocam entre as intersec¸˜oes s˜ao agrupados em pelot˜oes, e o tamanho do pelot˜ao ´e ignorado, considerando-o como um ponto indivis´ıvel. Os sem´aforos est˜ao representados por Sie

as intersec¸˜oes por Iicom i = 1, 2, 3. O tempo de deslocamento entre I1 e I2 ´e d12e entre I2 e I3 ´e

d23.

Primeiro, ser´a visto como a evoluc¸˜ao deste tipo de sistema pode ser descrita por sistemas dinˆamicos lineares da forma (5) na ´algebra max-plus. Os eventos que h´a interesse em modelar s˜ao as trocas de sinal dos sem´aforos e as passagens dos pelot˜oes pelas intersec¸˜oes.

A malha vi´aria pode ser modelada atrav´es de um GET. O modelo est´a na Figura 3. As transic¸˜oes que indicam a troca de sinal do sem´aforo s˜ao: Si1habilita o sinal verde e Si2habilita o sinal vermelho.

As transic¸˜oes xi1e xi2indicam a passagem de um pelot˜ao pelas intersec¸˜oes Ii. Os lugares gie ri

representam, respectivamente, os tempos de verde e vermelho do sem´aforo i com i = 1, 2, 3. Os lugares d12, d23, d21e d32representam o tempo de deslocamento entre as intersec¸˜oes. A marcac¸˜ao

indica que o sem´aforo est´a com o sinal vermelho e que h´a um pelot˜ao na via.

Para se obter uma malha semaforizada e poss´ıvel de ser controlada aplicam-se entradas de controle nas transic¸˜oes que representam a abertura dos sinais vermelho e verde (Garcia et al., 2006; Garcia, 2007). S11 S12 r 1 g 1 u 2 S21 S22 g 2 S31 S32 g 3 u 4 u 6 x 32 r 2 r 3 x 31 x 21 x 22 x 12 x 11 d 12 d 21 d 32 d 23 u 1 u 3 u 5

Figura 3. Modelo com entradas de controle

O estado do sistema pode ser expresso atrav´es da Equac¸˜ao (5) sendo x(k) = [S11(k) S12(k) x11(k) x12(k) S21(k) S22(k) x21(k) x22(k) S31(k) S32(k)

(10)

O sistema da Equac¸˜ao (5) ´e expandido para:

x(k) = A1x(k) ⊕ A2x(k − 1) ⊕ B1u(k), (36)

que pode ser expresso como (veja (Baccelli et al., 1992)):

x(k) = A∗1A2x(k − 1) ⊕ A∗1B1u(k). (37)

A matriz A1 ´e apresentada abaixo onde: g1 = g2 = g3 = 44, r1 = r2 = r3 = 20, d12 = d21 =

15, d23= d32= 20. As unidades das medidas est˜ao expressas em segundos.

A matriz A2possui dimens˜ao 12x12 onde a212 = r1, a256 = r2, a273 = d12, a2812 = d32, a2910 = r3

sendo os outros a2ij = ε.

A matriz B1possui dimens˜ao 12x6 onde b111 = b122 = b153 = b164 = b195 = b1106 = e sendo os

outros b1ij = ε. A1=                      ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε g1 ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε d21 ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε g2 ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε g3 ε ε ε ε ε ε ε ε ε d23 ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε                     

A matriz A da Equac¸˜ao (5) ´e A∗1A2e a matriz B ´e A∗1B1.

As equac¸˜oes que representam as transic¸˜oes s˜ao (est˜ao representadas as equac¸˜oes que representam as transic¸˜oes para I1, as demais s˜ao similares):

S11(k) = r1S12(k − 1) ⊕ u1(k)

S12(k) = g1S11(k) ⊕ u2(k)

x11(k) = S11(k)

x12(k) = d21x22(k) ⊕ S11(k)

´

E necess´ario definir um conjunto de restric¸˜oes operacionais para garantir o funcionamento desej´avel do sistema controlado. As restric¸˜oes que d˜ao origem `a matriz E s˜ao:

→ Habilitac¸˜ao da passagem do pelot˜ao apenas com o sem´aforo em verde. S11− x1i≤ 0, S21− x2i≤ 0, S31− x3i≤ 0, i = 1, 2

→ O tempo de verde deve ser capaz de absorver um pelot˜ao (ta´e o tempo de absorc¸˜ao).

x1i− S12≤ −ta1, x2i− S22≤ −ta2, x3i− S32≤ −ta3, i = 1, 2

→ O tempo de verde n˜ao pode ultrapassar um m´aximo m. Si2− Si1≤ mi i = 1, 2, 3

(11)

S11− S21≤ of f12, S21− S11≤ of f12, S21− S31≤ of f23, S31− S21≤ of f23

onde mi= 70, tai= 44, of f12= 5 e of f23= 40.

A matriz E para este exemplo ´e representada abaixo:

E =                      ε −m1 ε ε −of f12 ε ε ε ε ε ε ε ε ε ta1 ta1 ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε −of f12 ε ε ε ε −m2 ε ε −of f23 ε ε ε ε ε ε ε ε ε ta2 ta2 ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε −of f23 ε ε ε ε −m3 ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ta3 ta3 ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε ε e ε ε ε                     

Verifica-se nesse caso que a matriz B ´e G-astic. Dessa forma, atrav´es da soluc¸˜ao da Equac¸˜ao (30) foi poss´ıvel encontrar Z, e portanto foi gerada uma matriz F de realimentac¸˜ao de estados, dada por:

F =         64 20 64 64 69 25 69 69 69 25 69 69 123 79 123 123 123 79 123 123 133 89 133 133 64 20 64 64 64 20 64 64 74 30 74 74 108 64 108 108 113 69 113 113 118 74 118 118 64 20 64 64 64 20 64 64 74 30 74 74 128 84 128 128 128 84 128 128 138 94 138 138        

Uma poss´ıvel seq¨uˆencia para o estado inicial ´e:

x(0) = [0 44 0 0 0 44 0 0 0 44 0 0]T

x(1) = [69 133 69 89 74 118 74 74 74 138 94 74]T

x(2) = [163 227 163 183 168 212 168 168 168 232 188 168]T

O tempo de ciclo da malha vi´aria ´e de 94s. Foi utilizado o max-plus toolbox do Scilab (Quadrat, 2003; Hardouin et al., 2001) para realizar os c´alculos.

5. Conclus˜oes

Neste artigo foi apresentada uma estrat´egia de controle para sistemas a eventos discretos max-plus lineares sujeitos a restric¸˜oes de estado. Foi apresentada uma condic¸˜ao suficiente para a existˆencia do controlador que resulta em um algoritmo para o c´alculo da matriz de controle. Tamb´em foi apre-sentada uma aplicac¸˜ao da abordagem no controle da semaforizac¸˜ao de um conjunto de intersec¸˜oes de uma via. Uma proposta para trabalhos futuros seria a reestruturac¸˜ao da matriz B daqueles sis-temas que n˜ao satisfizessem a condic¸˜ao apresentada. Dessa forma seria poss´ıvel utilizar a estrat´egia de controle proposta neste trabalho.

Agradecimentos

Este trabalho foi parcialmente apoiado pela Coordenac¸˜ao de Aperfeic¸oamento de Pessoal de N´ıvel Superior, CAPES.

(12)

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