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A UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO E O SIGNIFICADO SOCIAL DA POLÍTICA PÚBLICA DE EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR NA BAIXADA FLUMINENSE

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A UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO E O

SIGNIFICADO SOCIAL DA POLÍTICA PÚBLICA DE EXPANSÃO DO

ENSINO SUPERIOR NA BAIXADA FLUMINENSE

Renan Arjona de Souza (1); Nádia Maria Pereira de Souza (1)

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) – renanarjona@gmail.com

Introdução

As transformações socioeconômicas advindas a partir dos idos de 1990, juntamente com as reformas da educação superior brasileira, bem como a expansão e diversificação do sistema de ensino superior e o surgimento do Estado Avaliador e de novas tecnologias, revelam a preocupação do poder público com a qualidade das Instituições de Ensino Superior (IES), tanto públicas quanto privadas.

No primeiro mandato do governo presidente Luis Inácio Lula da Silva, entre os anos de 2003 e 2006, se consolidou uma proposta impactante de política de ensino superior focada na expansão das IFES, para atender as metas do Plano Nacional de Educação e combater o atraso da ainda insuficiente oferta de vagas1.

Um ponto de destaque nos relatórios desta política de expansão foi a ênfase na melhoria dos índices sociais, levando o ensino superior a regiões menos desenvolvidas socioeconomicamente. E este trabalho abordou uma destas regiões, se propondo analisar um dos novos campi das 79 universidades federais expandidas no Brasil por intermédio deste primeiro período de expansão, o Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu da UFRRJ.

Consideramos que inúmeras variáveis podem interferir no processo de avaliação do impacto da criação de um campus universitário em uma região. Esta temática deveria compor a discussão sobre o processo formativo na educação superior. E para verificar o significado social deste processo, muitos indicadores podem ser elencados e muitos procedimentos de pesquisa de natureza qualitativa e quantitativa podem ser utilizados como ferramentas metodológicas.

Deste modo, o acesso cada vez maior ao ensino superior das camadas mais carentes da população, principalmente em nível de instituições públicas, seja pela expansão das vagas, seja pela

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política de cotas, seja pelas políticas de auxílio a permanência, nos parece estar acarretando mudanças significativas para a sociedade.

Para ter dimensão do impacto causado pela política pública existem diversos mecanismos de controle e de análise de indicadores macro para fornecer dados que permitem obter resultados aproximados, mas também é preciso ouvir o agente social que de fato, viveu este processo e seus efeitos, sejam estes positivos ou negativos.

Pensando em política educacional, Eloisa de Mattos Höfling afirma que para melhor compreensão e avaliação das políticas públicas sociais implementadas por um governo é fundamental a compreensão da concepção de Estado e de política social que sustentam tais ações:

Enquanto não se ampliar efetivamente a participação dos envolvidos nas esferas de decisão, de planejamento e de execução da política educacional, estaremos alcançando índices positivos quanto à avaliação dos resultados de programas da política educacional, mas não quanto à avaliação política da educação. (HÖFLING, 2001, p. 39)

Desta forma, uma política pública de expansão do acesso à educação superior, de elevação da qualidade e da avaliação no desenvolvimento humano e social, não deve ser mensurada somente através de índices quantitativos, pois o processo formativo é o centro das preocupações educativas, eeste parece ser o maior responsável pela transformação demandada na educação superior.

A região da Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, é conhecida hoje pela área plana localizada entre a Bahia de Guanabara, Serra do Mar e a Serra do Mendanha/Madureira, e o estudo da sua história de ocupação, relacionando-a com a do país, torna-se importante para compreender a organização social, econômica e política que existe hoje nesta região.

Os índices sociais da Baixada Fluminense também mostram que a região está distante de taxas de desenvolvimento humano aceitáveis. Na cidade de Nova Iguaçu-RJ, por exemplo, 61% dos domicílios têm renda familiar entre 1 e 5 salários mínimos e as famílias têm um rendimento familiar per capita mensal médio de R$ 640,45, contrastando com os R$ 1.784,44 da capital fluminense2.

Nos últimos anos houve um avanço quantitativo no número de matrículas no campo educacional brasileiro, que trazem para o século XXI problemas de qualidade do ensino atestado por diversas avaliações internacionais e nacionais. Este trabalho delimitará a análise à educação superior.

O contexto da reforma universitária brasileira iniciada na década de 1990, sob as influências do processo de globalização da economia e da consequente queda das fronteiras do conhecimento,

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impulsionaram a educação superior a (re) pensar o contexto do processo de formação seja em nível de graduação, seja ao nível da pós-graduação.

A preocupação com a formação dos professores em nível superior manifesta-se, ainda, no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei n. 10.172/2001, que definiu como meta para o decênio contar com, pelo menos, 70% dos docentes em exercício na educação básica formados em nível de graduação. (ZAINKO, 2010, p. 121).

O atual PNE (2014-2024), hoje, estabelece metas ainda mais ousadas para expansão da educação superior, ao estabelecer 50% para a taxa bruta de matrícula da população de 18 a 24 anos e 33% a taxa líquida, com pelo menos 40% destas novas matrículas no segmento público. E nota-se nestas metas um incentivo cada vez maior para as licenciaturas.

E, para atender a essa necessidade de mais professores, será necessário investir na ampliação da oferta de vagas nos cursos de licenciatura de boa qualidade, isto é, nas universidades públicas. (SAVIANI, 2011, p. 18).

Deste modo, as mudanças ocorridas no governo Lula promoveram uma alteração gradual na condução da política do governo, reorientando-o no sentido de uma maior intervenção do Estado, seja na economia, seja no âmbito das políticas sociais, bem como, nas políticas educacionais.

Especialmente nas universidades federais, no período entre os anos 2003 e 2007, ocorreu a primeira fase do processo de expansão com enfoque na interiorização, visando “o desenvolvimento regional, por meio da integração com a comunidade local e da participação efetiva das universidades no desenvolvimento da formação profissional e pesquisa regionais” (MEC, SESu 2015, p. 37), com a criação de 10 novas universidades e 79 campi.

O Governo Federal escolheu a região central da Baixada Fluminense para receber um campus de uma universidade federal, na cidade de Nova Iguaçu-RJ. As universidades federais mais próximas eram a Universidade Federal Fluminense (UFF), sediada em Niterói, e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sediada em Seropédica. Ambas consideradas distantes para a maioria da população desta região.

O Governo Federal concedeu à UFRRJ a administração do Pólo Universitário em Nova

Iguaçu, revelado no Ofício nº 2292/2005 MEC/SESu/DEDES, de 12 de abril de 20053, atendendo

ao protocolo de intenções assumido por esta Universidade e sua sintonia com as políticas do Governo.

A política de ensino superior pode potencializar (ou não) a função e o engajamento das instituições como expressão das políticas do governo na superação da miséria e na redução das desigualdades sociais.

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Existe uma demanda crescente de estudos sobre o ensino superior e seus impactos na sociedade. E pesquisas sobre egressos e formação docente tem ganhado destaque por produzirem informações necessárias ao poder público, que prioriza estas formações nos últimos Planos Nacionais de Educação.

Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa é analisar o significado social da expansão do ensino superior para a Baixada Fluminense, a partir da implantação do Campus Nova Iguaçu da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Destaca-se, entretanto, que a pesquisa encontra-se em desenvolvimento, no segundo semestre de 2015.

Os objetivos específicos são: descrever as políticas públicas de expansão da educação superior no Brasil; caracterizar a Baixada Fluminense do Rio de Janeiro com foco nas políticas educacionais, com ênfase ao período 2006-2009; caracterizar historicamente a implantação do Campus Nova Iguaçu da UFRRJ, com base nas políticas públicas de expansão da educação superior nos cursos de Licenciatura; analisar a percepção de docentes sobre o impacto do processo de formação de professores na UFFRJ no período considerado.

Metodologia, Resultados e Discussão

Destacaremos neste trabalho os cursos de licenciatura, pois estes reforçam a estratégia estatal do combate aos baixos índices de qualidade da educação escolar nacional. A pesquisa será realizada numa abordagem quanti-qualitativa, dividida em duas etapas.

Para isso, a primeira etapa da pesquisa será pautada em análise de dados quantitativos no âmbito do Campus Nova Iguaçu da UFRRJ (2006-2009) sobre: discentes de graduação ingressantes; os cursos de graduação com enfoque nas dimensões do IGC; e atividades acadêmicas realizadas significativas para a região da Baixada Fluminense;

Geralmente estes tipos de documentos não receberam tratamento analítico, e conforme destaca Gil (2008, p. 88), “é necessária análise dos seus dados, feita em observância aos objetivos e ao plano da pesquisa”.

A estratégia de análise de conteúdo será a construção iterativa de uma explicação, onde o pesquisador elabora pouco a pouco uma explicação lógica do fenômeno ou da situação estudados, examinando as unidades de sentido, as inter-relações entre essas unidades e entre as categorias em que elas se encontram reunidas (GIL 2008, p. 90).

Na segunda etapa da pesquisa, serão realizadas entrevistas semiestruturadas com testemunhas-chave com docentes do Campus Nova Iguaçu para relatarem suas percepções sobre o processo de formação de professores no período da pesquisa, de forma que possam enriquecer o

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detalhamento do processo político de instalação deste Campus em Nova Iguaçu e da formação dos discentes.

Na escolha dos docentes para entrevista, será considerado para cada curso, a sua atuação na implantação do Campus e que, preferencialmente, tenha exercido o cargo de coordenador de curso. Os coordenadores de curso da UFRRJ têm papel político, administrativo e acadêmico importante no processo de formação do discente.

A pesquisa será concluída com tabulação dos dados obtidos nas duas etapas, e a análise e interpretação do trabalho buscará a construção de novos conhecimentos ou ampliação dos já existentes, dentro do tema proposto.

Hoje, a pesquisa está em estágio inicial dentro da primeira etapa de levantamento de dados quantitativos. Bem como em revisão teórica para descrição do contexto histórico de implantação do Campus Nova Iguaçu.

Os dados preliminares revelam para o ano de 2004, nesta região, a oferta de apenas seis cursos de graduação presenciais de instituições públicas. Quatro pela Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF) da UERJ e dois ofertados pela Universidade Federal Fluminense (UFF) através de convênios com as prefeituras locais: um em Nova Iguaçu (desde 1992) e um em São João de Meriti (desde 2002)4.

A UFRRJ, uma instituição centenária com objetivo de promover a superação das desigualdades sociais, teve o Campus Nova Iguaçu como o principal expoente do seu processo de expansão, chegando a um crescimento de 36% na oferta de vagas de graduação entre os anos de 2004 e 2006.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP).

Censo da Educação Superior: 2003, 2004 e 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior (SESu). A democratização e

expansão da Educação Superior no país 2003-2014. 2015. Disponível em:

4 http://www.vestibular.uff.br/conhecendoaUFF.htm / Em Nova Iguaçu, a partir de 1992, eram ofertados três cursos de graduação

descontinuados: Administração, Ciências Contábeis e Direito; em 2004, apenas um estava sendo ofertado. Em São João de Meriti, o curso de Ciências Contábeis.

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<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=20954&Itemid=1329>

________. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – GRUPO DE TRABALHO INTERMINISTERIAL. Bases para o enfrentamento da crise emergencial das universidades brasileiras e roteiro para a reforma da universidade brasileira. Brasília, 2003.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. - 6. ed. - São Paulo: Atlas, 2008.

HÖFLING, Eloísa de Mattos. Estado e políticas (públicas) sociais. Cadernos Cedes, v. 21, n. 55, p. 30-41, 2001.

SAVIANI, Dermeval. Formação de professores no Brasil: dilemas e perspectivas. Poíesis

Pedagógica, v. 9, n. 1, p. 07-19, 2011.

SIMÕES, M. R. A cidade estilhaçada: reestruturação econômica e emancipações municipais na Baixada Fluminense. 292 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. 2007.

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) / Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI – 2006-2010. Seropédica, UFRRJ, 2006.

ZAINKO, Maria Amélia S. Políticas de formação de professores na universidade pública: uma análise de necessidades, entre o local e o global. Educar em Revista, n. 37, 2010.

Referências

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