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GT PROJETOS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA DE ENSINO

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Academic year: 2021

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GT PROJETOS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA DE ENSINO

PRÁTICAS SONORAS NO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL: EXPERIÊNCIAS, SUGESTÕES E REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE

ENSINO-APRENDIZAGEM1

FERNANDES, Márcio2

POLETTO, Thays3

RESUMO

Este trabalho relata experiências didáticas que buscam aliar teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem de conteúdos ligados ao áudio, para além das disciplinas clássicas que utilizam a mídia rádio, como Redação Radiofônica e Radiojornalismo. As atividades aqui sugeridas buscam propiciar aos alunos possibilidades compreender de maneira mais fácil determinados temas e dedicar-se à pesquisa, leitura e produção de textos a partir de exercícios práticos. Os exercícios buscam, de maneira prazerosa, trabalhar conteúdos importantes para comunicadores, de forma geral. Embora se concentrem na área de áudio, as atividades citadas podem ser aproveitadas em outras disciplinas, nas quais a cultura do visual é predominante, como Arte e Estética em Comunicação.

PALAVRAS-CHAVE

Áudio, ensino superior, comunicação, práticas experimentais.

RELATO

As práticas experimentais em debate

O presente relato dedica-se a tecer considerações sobre a pertinência da quebra de paradigmas, em decorrência das constantes e espetaculares mudanças sociais nos últimos anos, protagonizadas, sobretudo, pela chamada convergência das mídias, revolução que proporciona aos estudantes de Comunicação um acesso cada vez mais fácil, rápido e antecipado a conteúdos e técnicas de trabalho.

1

Trabalho enviado ao Grupo de Trabalho Projetos Pedagógicos e Metodologia de Ensino do IV Encontro de Professores de Jornalismo do Paraná e do II Encontro Paraná - Santa Catarina de Professores de Jornalismo, realizados em Joinville, Santa Catarina, em outubro de 2008.

2

Jornalista diplomado, com 12 anos de carreira, mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e coordenador de Comunicação Social na mesma instituição. E-mail: marciorf@globo.com

3

Jornalista, mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), professora do Curso de Comunicação Social das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil) e jornalista da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). E-mail: tpoletto@gmail.com

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Além desta reflexão, sugerem-se experimentos produzidos nos anos de 1998 a 2008, tanto na formação de leigos em todo Brasil pela Rede de Comunicadores Solidários à Criança (Recomsol) quanto na formação de alunos no ensino superior na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), ambas em Curitiba (PR), e na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava (PR). Os experimentos têm relação com disciplinas como Comunicação Comunitária, Arte e Estética em Comunicação, Introdução ao Jornalismo, História da Comunicação e Radiojonalismo.

Reflexões sobre o ensino de rádio e a utilização do áudio no ensino superior

No decadente universo cartesiano que vigora nas grades curriculares em muitos dos nossos cursos de Comunicação Social, é lugar comum que as chamadas disciplinas 'práticas' apareçam a partir do terceiro ano para dar conta, quase que anedoticamente, de sanar a ansiedade dos alunos (contida nos anos anteriores) em produzir programas de rádio ou de televisão. Infelizmente, dos anos iniciais perde-se muito da curiosidade, boa vontade e desejo de aprender sobre estes veículos quando se condiciona que apenas depois de passar por disciplinas teóricas (por vezes ministradas de maneira tão distante da realidade do aluno e de suas condições e necessidades que é compreensível o desgaste de sua motivação nos últimos anos) eles podem entrar nos estúdios. Disciplinas teóricas podem e devem trabalhar com exercícios que facilitem a compreensão dos alunos, que lhes dêem prazer – estudantes universitários também desejam aprender com o lúdico. Aí podem entrar exercícios que trabalham com o som e podem ser utilizados desde o início do curso universitário, antecipando o contato com esse tipo de proposta e dando ao aluno condições mais agradáveis e facilitadas de compreensão.

Outro clichê contemporâneo estipula que as mesmas práticas somente podem ser aplicadas a disciplinas específicas, o que significaria dizer, por exemplo, que ‘radiojornalismo’ somente se deve aprender/ensinar na disciplina com este nome, quando as produções em 'áudio' podem (e devem) ser utilizadas para a formação discente em muitas outras disciplinas – tanto porque facilitam a assimilação dos assuntos previstos na ementa como porque também são uma forma fácil e agradável de aprender.

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Sugestão de experiências didáticas 4

Em disciplinas que trabalham com rádio ou áudio (ou que utilizam exercícios ligados ao som), é essencial que os alunos sejam sensibilizados para a questão da escuta, pois cada vez mais, é estimulado o sentido da visão, em detrimento de todos os outros, inclusive da audição. No entanto, o som está presente cotidianamente em nossa vida (não só na fala ou no rádio, mas na buzina, na cadeira arrastada, na chuva torrencial, nas teclas do computador, no cinema, no salto da moça que sobe as escadas ao lado, no assobio do rapaz que a vê passando e se sente entusiasmado por uma música que toca na caixa de som da lanchonete ao lado) e há significados diversos nessa paisagem sonora5.

É interessante provocar a discussão sobre o que é som, antes mesmo de se trabalhar conceito de estética, sonoplastia, linguagem radiofônica, trilhas (para televisão, cinema, eventos...). Um exercício simples para começar a conversar sobre o tema é pedir que os alunos, em silêncio, fechem os olhos (uma venda também é uma boa ferramenta se a aula acontece durante o dia; à noite, apaga-se a luz da sala) por alguns instantes (entre três e cinco minutos, para que haja tempo para acostumarem-se a “sentir” a paisagem sonora que os cerca, concentrarem-se na atividade e para que consigam identificar os ruídos que constroem essa cena) e percebam os sons que estão à sua volta. O ideal é que possa ser realizado na sala de aula, desde que ela não esteja isolada no campus. A discussão que precede o exercício traz a percepção individual e coletiva dos alunos e é um tipo de atividade que ajuda a “limpar os ouvidos” e estimular a audição atenciosa do mundo ao seu redor.

Outra atividade que pode ser utilizada neste mesmo sentido é a criação de histórias sem palavras, apenas com o uso de efeitos sonoros6. Aqui, além de se trabalhar com a percepção auditiva, inicia-se o aprendizado sobre linguagem radiofônica,

4

Por conta do espaço exíguo, serão citadas apenas as sugestões mais simples.

5

Emprestamos o termo "paisagem sonora" (soundscape) de Murray Schaffer in: O ouvido pensante. São Paulo: Unesp, 1991. Embora o autor utilize estas palavras mais para referir-se à necessidade de se ampliar a compreensão musical para além dos sons atuais do que para a compreensão sonora do mundo que nos envolve, acreditamos que seu uso seria adequado aqui, já que a intenção é que a percepção auditiva (como um todo) seja estimulada e ampliada.

6

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(composta pelos elementos: voz, música, efeitos sonoros e silêncio). Pode-se pedir que os estudantes, divididos em grupos, contem uma história (como fizeram para chegar até a sala de aula, algum fato do dia anterior...) e apresentem para a turma ou gravem em estúdio para uma escuta e análise posterior com toda a classe.

Avalia-se com os alunos se as histórias conseguem ser compreendidas, que tipo de cena se cria com estes sons, que emoções trabalhamos, que cenários, que personagens. Ainda pode-se aproveitar para iniciar o estudo sobre planejamento e produção de roteiros, pesquisa e produção em áudio, entre outros temas. Outro passo, neste mesmo exercício, é a análise das produções comerciais hoje e do uso que elas fazem da “paisagem sonora”. Na disciplina Arte e Estética em Comunicação, do curso de Publicidade e Propaganda, é possível operar com tal técnica, no estudo das produções publicitárias para rádio.

Em História da Comunicação, outro exercício interessante é a pesquisa e a produção de programas de época pelos próprios alunos, sugerindo que leiam textos e ouçam programas da época que devem estudar, bem como que conversem com pessoas mais velhas sobre o que eles sabem a respeito. A pesquisa nessa disciplina deve ser um instrumento comum de aprendizagem e o resgate de documentos sonoros pode ser uma boa maneira de incentivar a pesquisa. Nesta atividade, aliam-se leitura, pesquisa e produção de texto (inclusive para os roteiros que serão apresentados). Em turmas em que esta proposta foi aplicada, o interesse pela disciplina cresceu porque estava baseada na curiosidade dos alunos e também aumentou o número de trabalhos de conclusão de curso voltados ao resgate de memória histórica. Assim, passa-se a conhecer detalhes de figuras emblemáticas da área, além de pormenores de emissoras pioneiras, tanto nacionais como locais.

Também em História da Comunicação, o resgate histórico da memória local pode ser feito através de gravações de entrevistas em áudio com as figuras locais. Esse tipo de gravação exige equipamento barato e técnicas muito simples de operação. Além de se produzir documentos sonoros de resgate da história, a atividade aproxima o estudante de sua cidade, da história local, proporciona o entendimento sobre patrimônio, documento e produção historiográfica.

Em Radiojornalismo, sobre a questão da atualidade das notícias, ou em outras disciplinas quando se trabalha sobre a diferença entre os veículos ou quando se ensina sobre produção de notícias para rádio, vale muito fazer a comparação do que foi noticiado em programas de rádio, jornais, televisão e internet num mesmo dia. Os

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alunos podem perceber linguagem, factualidade, superficialidade (ou não) nas coberturas, tipos de entrevistados, informações em destaque e outros aspectos que o professor queira trabalhar. O trabalho de analisar como o mercado trabalha com as notícias deve ser o passo inicial para que os alunos produzam seus próprios programas radiojornais.

Em Comunicação Comunitária, é importante fazer esse mesmo estudo comparativo, reconhecendo se notícias nos grandes meios interessam às comunidades, se a linguagem utilizada é de fácil compreensão e outros aspectos importantes. Como a sugestão dada para a disciplina de História da Comunicação, a aproximação com os interesses comunitários pode ser facilitada com a realização de programas de rádio que voltem-se para uma comunidade determinada ou uma emissora comunitária específica. Ganha-se especialmente com relação à redução do preconceito de universitários para com comunidades carentes e periféricas, compreensão do papel do comunicador e aproximação dos ideais de justiça e solidariedade. Há de se lembrar que dados oficiosos apontam a existência de 4 mil emissoras de rádio comunitárias no Brasil.

Em Introdução ao Jornalismo, é possível realizar atividades de análise de notícias através de gravações curtas realizadas com alunos em sala de aula. Em duplas, eles devem gravar a simulação de uma briga atendendo a papéis determinados (marido e mulher, vizinhos, irmãos) ou situações (calote, batida de carro, atraso no trabalho). A análise das gravações ajuda a compreender o conceito de crise, interesse pelos conflitos, a audiência, a produção da notícia e outras questões. Desperta ainda para a produção do gênero dramático, tão esquecido e mal utilizado na publicidade, em programas de informação ou entretenimento.

Ao final das contas, busca-se estimular entre os alunos o interesse por uma leitura de mundo que ultrapasse os meandros daquilo que podemos chamar de cultura do visual, estigma que domina a sociedade contemporânea. A oralidade, base do desenvolvimento da civilização durante séculos, pode, por estes tempos de pós-modernismo (marcado justamente pela ruptura dos paradigmas), seguir como um excelente complemento à referida cultura, sempre almejando, em última instância, a formação de um futuro comunicador com elevado senso estético e crítico, seja ele visual ou auditivo. Ou melhor, visual e auditivo.

Referências

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