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A EDUCAÇÃO DO IDOSO COMO FATOR DE CONSCIENTIZAÇÃO DE SEUS DIREITOS E INCLUSÃO SOCIAL

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Academic year: 2021

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A EDUCAÇÃO DO IDOSO COMO FATOR DE CONSCIENTIZAÇÃO DE SEUS DIREITOS E

INCLUSÃO SOCIAL

GODOI, Marilda Piedade. margodoi@yahoo.com.br GODOI, Prado, Gabriela do. UNESP/Bauru. gabrielagprado@yahoo.com.br INTRODUÇÃO:

Dentro do processo do envelhecimento podemos contar com a participação cada vez mais efetiva do idoso na sociedade, não só como cidadão, mas como ser humano, que quer utilizar de sua autonomia, muito mais do que a independência. Um ser humano não poderá ser independente se não tiver a possibilidade de se comunicar com os outros e buscar esta dita autonomia que se propõe.

Dentro desta perspectiva, a Universidade Aberta da Terceira Idade – UNATI – da Universidade Estadual Paulista – UNESP – de São José dos Campos, propôs-se, num grupo de 141 alunos, a alfabetizar cerca de 20 alunos - analfabetos ou semi-analfabetos (assinavam os nomes) - diferenciando-os do processo de formação de jovens e adultos, por serem pessoas singulares que trazem em sua bagagem toda a sabedoria de vida de pelo menos 60 anos (idade estabelecida como idoso nos países em desenvolvimento, segundo a Organização Mundial da Saúde).

A intenção política de desenvolver a oferta da educação “ao longo da vida” convida-nos a repensar os modelos culturais que se esvaziam de sua significação. Conforme nos apresenta Pierre Dominicé (2008) diante da explosão dos pontos de referência, mas também dessa errância de percursos entregues à aventura individual, toda busca de sentido da existência requer o exercício prévio de um trabalho biográfico, o qual nos propusemos a desenvolver junto aos alunos da UNATI.

Após a triagem feita através de fontes (auto)biográficas, constituídas por histórias de vida, relatos orais, fotos, diários, autobiografias, biografias, entrevistas, etc. pode-se ampliar e produzir conhecimentos sobre a pessoa em formação, as suas relações com territórios e tempos de aprendizagem e seus modos de ser, de fazer e de biografar resistências e pertencimentos.

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Verificou-se a necessidade de se criar um grupo específico para esta área, dando-se especial atenção ao desenvolvimento de cada, usando do método do Educador Paulo Freire, onde as necessidades de educação eram trazidas pelos próprios participantes.

Desenvolveu-se um trabalho individualizado. Nesta formação-educação, ela é representada pelas correntes de histórias de vida, onde se esclarece os projetos pessoais e profissionais a partir da apropriação de uma “história pessoal”, onde o professor passa a trabalhar como um processo sócio-antropológico, explorando as variações culturais do ato de narrar a própria vida e estuda as condições da pesquisa, através dos estudos, e, dentro do progresso de cada aluno encaminha-se para o estágio classificatório passível de se proceder.

A formação de vida idosa, muito além da vida adulta, deve poder, portanto, beneficiar-se de uma pluralidade de suportes educativos, culturais e afetivos, assim como de espaços diversificados de socialização.

Analisando-se os relatos biográficos, destes idosos, nos deparamos com a diversidade de valores sociais e econômicos que nos limitam o desenvolver de uma tentativa de educabilidade padronizada neste nicho da população. Não podemos nos ater aos privilegiados – os que conseguiram ultrapassar os obstáculos dos currículos escolares e profissionais ou vivem protegidos da rejeição social, que poderia condená-los à marginalização, tornando-os dependentes de sua condição, num processo de desânimo e angústia como apresentado nos ciclos de vida de Eric Erikson no envelhecimento.

[...] pensar “biográfico” como uma das formas privilegiadas da atividade mental e reflexiva, segundo a qual o ser humano se representa e compreende a si mesmo no seio de seu ambiente social e histórico. [...] uma categoria da experiência que permite ao indivíduo, na inscrição sócio-histórica, integrar, estruturar, interpretar as situações e os acontecimentos vividos. DELORY-MOMBERGER (2008) No caso de idosos, a educação formal viria como uma variante no desenvolvimento de seus saberes, já que seus projetos de vida foram pré-determinados ao longo da vida, e, a partir deles passaríamos a desenvolver sua formação permanente e individual. Nenhuma instância acadêmica está em condições de perceber, do exterior, essas formas de saber, que seriam utilizadas como modelos ao desenvolvimento intelectual dos mesmos.

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As “histórias de vida em formação” detém, um lugar especial, na medida em que desenvolve uma metodologia específica, fundada sobre a exploração da história pessoal e, assume como objetivo de formação global.

DESENVOLVIMENTO:

Até os anos 1980 o Brasil ainda poderia ser considerado um país com população eminentemente jovem, a partir de então a diminuição da taxa de natalidade e o aumento contínuo da expectativa de vida observados nas últimas décadas vêm alterando gradualmente esse perfil. Venturi e Bokani (2007) demonstram na pesquisa que o contingente dos brasileiros com idade a partir de 60 anos já se aproxima dos 18 milhões de cidadãos, ou cerca de 10% da população (PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios -, 2005), devendo dobrar em termos absolutos por volta de 2030, e em termos relativos por volta da metade desse século, quando poderá corresponder a um quinto da população brasileira, segundo projeções da OMS (Organização Mundial da Saúde).

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FONTE: Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na 3ª. Idade – SESC/SP – Fundação Perseu Abramo, SP – 2007.

A educação ao longo de toda a vida e na velhice é considerada um instrumento fundamental à determinação de uma velhice bem-sucedida. Uma das funções da educação é ensinar algo que possa ser usado posteriormente. A escola ensina saberes, valores, competências, habilidades como base nessa presunção (Villar, 2004)

Na pesquisa elaborada em 2007 pelo SESC/Fundação Perseu Abramo, o tema educação reforça que a população idosa é menos escolarizada que as gerações mais jovens, sendo significativo o número de idosos que se declaram analfabetos e daqueles que dizem ter dificuldade para ler e escrever. Souza (1999) enfatiza que a população mais velha dificilmente é atingida pelas políticas atuais de educação, tem baixa taxa de superação do analfabetismo e que parte considerável da população em idade ativa será ainda analfabeta até o ano 2020. O autor destaca que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional prioriza a extensão da educação a outros grupos etários e o resgate da dívida social acumulada, garantindo a educação fundamental a todos que não tiveram acesso a ela na idade adequada.

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Quadro 2: Grau de escolaridade dos idosos no Brasil

FONTE: Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na 3ª. Idade – SESC/SP – Fundação Perseu Abramo, SP – 2007.

A baixa escolaridade limita o usufruto de bens e produtos culturais e a defesa dos próprios direitos, e constitui-se num dos principais fatores de exclusão social.

É importante que se garantam a todos os idosos, independentemente do grau de escolaridade, o acesso à educação ao longo de toda a velhice, aí incluídos o domínio de novas tecnologias e a participação, juntamente com as demais gerações, na produção e na difusão de bens culturais (SIQUEIRA, 2007).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS E RESULTADOS

Dentro desta proposta a Universidade Estadual Paulista (UNESP) de São José dos Campos, trabalhou com dados auto(biográficos) dos vinte alunos pré-selecionados – no período de 2006 a 2010 - montou um projeto de educação em formação contínua, dentro das necessidades apresentadas por cada um, sendo que a resposta ao anseio dos mesmos e nossos, vieram de encontro. O papel do comunicador social se fez presente no momento que se utilizou da mídia e desenvolveu junto aos idosos, uma melhor (in)formação do que lhe é de direito.E, hoje, após três anos de elaboração do mesmo, estamos com sete alunos concluindo os últimos estágios de supletivo do primeiro grau, quatro outros em encaminhamento e, exceto três casos de abandono por doença, os demais estão alfabetizados e em pleno desenvolvimento educacional, resgatando sua autonomia, e lutando por seus direitos sociais e políticos, como cidadãos brasileiros.

Esperemos que se cumpra a previsão dos visionários, segundo os quais os idosos do século XXI viverão mais, terão maior rendimento, mais saúde, mais instrução, melhores condições habitacionais, serão profissional e civicamente mais ativos, mais conscientes dos seus direitos e estarão mais disponíveis para usufruir da cultura e do lazer. Se assim for, em uma sociedade que se pretende de todas as idades, o lugar dos idosos será reinventado e sua identidade social recategorizada. (SIQUEIRA, 2007)

REFERÊNCIAS:

DELORY-MOMBERGER, C. Biografia e Educação: figuras do indivíduo-projeto. Natal- RN:EDUFRN; São Paulo: Paulus, 2008.

DOLL, J. . Educação, cultura e lazer: perspectivas de velhice bem-sucedida. In: Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade. / organizadora Anita Liberalesso Néri – São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições SESC-SP, 2007, p. 21-22.

DOMINICÉ, P. (2008) p.21-24 – Prefácio do Livro Biografia e Educação – Figuras do indivíduo-projeto, Christine Delory-Momberger, EDUFRN – Natal – RN, 2008.

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SIQUEIRA, M.E.C. – Velhice e políticas públicas. In: Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade. / organizadora Anita Liberalesso Néri – São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições SESC-SP, 2007, p. 21-22.

SOUZA, M.M.C. de. O analfabetismo no Brasil sob o enfoque demográfico. Texto para discussão n. 639. Brasília, Ipea, 1999.

VENTURI, G.; BOKANY, V. A velhice no Brasil: contrastes entre o vivido e o imaginado. In: Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade. / organizadora Anita Liberalesso Néri – São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições SESC-SP, 2007, p. 21-22.

VILLAR, P.F. Educación y personas mayores: algunas claves para la definición de una psicologia de la educación em la vejez. Revista Brasileira de Ciências do

Referências

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