Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Centro Acadêmico do agreste - CAA
Núcleo de Design
COSTURA INDUSTRIAL: ONDE A CONFECÇÃO COMPLEMENTA A CRIAÇÃO
Aluno (a): Thaís Verçosa de Oliveira Orientador (a): Iracema Tatiana Ribeiro Leite
CARUARU 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE
NÚCLEO DE DESIGN CURSO DE DESIGN
COSTURA INDUSTRIAL: ONDE A CONFECÇÃO COMPLEMENTA A CRIAÇÃO
Thaís Verçosa de Oliveira
Monografia apresentada a Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Design.
Orientadora: Iracema Tatiana Ribeiro Leite
CARUARU 2016
Catalogação na fonte:
Bibliotecária – Simone Xavier CRB/4 - 1242
O48c Oliveira, Thaís Verçosa de.
Costura industrial: onde a confecção complementa a criação. / Thaís Verçosa de Oliveira. – 2016.
68f. il. ; 30 cm.
Orientadora: Iracema Tatiana Ribeiro Freire
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Design, 2016.
Inclui Referências.
1. Costura. 2. Designers. 3. Moda. 4. Mercado de trabalho I. Freire, Iracema Tatiana Ribeiro (Orientadora). II. Título.
740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2016-158)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE – CAA
NÚCLEO DE DESIGN
PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE PROJETO DE
GRADUAÇÃO EM DESIGN DE
THAÍS VERÇOSA DE OLIVEIRA
“Costura Industrial: Onde a confecção complementa a criação”
A comissão examinadora composta pelos membros abaixo, sob a presidência do primeiro, considera a aluna THAÍS VERÇOSA DE OLIVEIRA,
APROVADA
Caruaru, 15 de julho de 2016
___________________________________________________________________ Profª Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo
Prfª Flávia Zimmerle da Nóbrega Costa
“Você só pode quebrar as regras se conhecê-las, e assim criar efeitos inovadores”.
AGRADECIMENTOS
É com enorme felicidade que deixo aqui explícita a minha gratidão a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão desta grande etapa da minha vida, sobretudo:
- À minha orientadora, professora Tatiana Leite por ter sido tão paciente e prestativa em meio a tantas dificuldades de execução, e ter me orientado de forma tão generosa confiando em minhas ideias.
- À minha mãe que me apoiou e incentivou mesmo a distância durante todo o tempo do curso.
- Aos meus amigos que me incentivaram e foram pacientes em meio a tantos momentos de reclusão para a execução deste projeto.
- Ao meu grande Amigo Antonio Carlos por me auxiliar com seus conhecimentos nos últimos momentos da pesquisa.
- E aos meus colegas de trabalho, onde aprendi muito do que sei hoje em dia, e que me inspiraram na escolha do tema deste trabalho.
RESUMO
A seguinte pesquisa propõe apresentar as influências que a técnica de costura industrial tem sobre algumas etapas criativas do desenvolvimento de peças do vestuário, e quais as contribuições que este conhecimento técnico traz a um futuro designer de moda que deseja ingressar no mercado da indústria da moda. Apresentando de forma clara todas as etapas que envolvem o desenvolvimento de um produto de moda no âmbito industrial, quais os profissionais responsáveis por cada setor, e as principais exigências deste mercado para introduzir novos profissionais neste ramo. A metodologia qualitativa foi escolhida para a construção da pesquisa com métodos exploratórios e descritivos como entrevistas e pesquisas de campo a fim de esclarecer e alcançar todos os objetivos que norteiam esta pesquisa.
ABSTRACT
The following research aims to present the influences that industrial sewing technique has on some creative steps to develop garment pieces, and what contributions this expertise brings a future fashion designer who want to enter the fashion industry market. Presenting clearly all steps that involve the development of a fashion product in industry, which professionals responsible for each sector, and the main requirements of this market to introduce new professionals in this field. The qualitative methodology was chosen for the construction of research with exploratory and descriptive methods such as interviews and field research in order to clarify and achieve all the goals that guide this research.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Primeiros indícios de agulhas usadas na pré-história 15
Figura 02 – Primeiras agulhas de ferro 16
Figura 03 – Primeira máquina Singer 16
Figura 04 - Chão de fábrica Triangle Shirtwaist 1908 17 Figura 05 – Esquema de desenho técnico industrial 24 Figura 06 – Modelo de ficha técnica para indústria 26 Figura 07 – Desenvolvimento de modelagens planas 28
Figura 08 – Desenvolvimento através de Moulage 29
Figura 09 – Criação através de alfaiataria 29
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Resultados em relação a eficiência dos cursos profissionalizantes 38 Gráfico 02 – Resultados sobre noções de costura dos entrevistados 42
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Etapas de desenvolvimento de um produto de moda 19 Quadro 02 – Relação de profissionais no desenvolvimento criativo 20 Quadro 03 – Informações a serem inseridas na ficha técnica 25 Quadro 04 – Competências Específicas de um profissional de Modelagem 31
Quadro 05 – Informações sobre os entrevistados 36
Quadro 06 – Informações sobre formações dos entrevistados 37 Quadro 07 – Relação de opiniões de acordo com a eficiência dos cursos
profissionalizantes 39
Quadro 08 – Relação das dificuldades encontradas ao ingressar no mercado de
trabalho 40
Quadro 09 – Relação de etapas de desenvolvimento de coleção com base nas
experiências dos entrevistados 41
Quadro 10 – Relacionadas a influência da costura nas diversas etapas de
desenvolvimento de coleção 43
Quadro 11 – Relação de possíveis erros pelo não conhecimento de costura 44 Quadro 12 – Relação de atividades relacionadas a costura na opinião dos
entrevistados 44
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
2 COSTURA INDUSTRIAL: UMA VISÃO HISTÓRICA 15
3 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO DE MODA 18 3. 1 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO CRIATIVO 20 3.2 O DESIGNER DE MODA ENQUANTO PROFISSIONAL ESTILISTA 22
3. 2. 1 Desenho Técnico do Vestuário 23
3. 2. 2 A Ficha Técnica 24
3.3 O DESIGNER DE MODA ENQUANTO PROFISSIONAL DE MODELAGEM 26 3. 3. 1 Processos de Modelagem Industrial 27
3. 4 MERDADO DE TRABALHO E SUAS EXIGÊNCIAS 31
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 34
4.1 TIPO DE PESQUISA 34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 36
5.1 SOBRE A EFICIÊNCIA DOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES 38 5.2 SOBRE AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA PRÁTICA E AS EXIGÊNCIAS
DE MERCADO 40
5.3 SOBRE ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO 41
5.4 SOBRE A TÉCNICA DE COSTURA 42
5.5 SOBRE AS FUNÇÕES DE UM DESIGNER DE MODA NA INDÚSTRIA 45
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 46
REFERÊNCIAS 48
APÊNDICES 50
APÊNDICE A – Entrevista Sujeito 1 51
APÊNDICE B – Entrevista Sujeito 2 54
APÊNDICE C – Entrevista Sujeito 3 57
APÊNDICE D – Entrevista Sujeito 4 59
APÊNDICE E – Entrevista Sujeito 5 61
APÊNDICE F – Entrevista Sujeito 6 63
APÊNDICE G – Entrevista Sujeito 7 65
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1 INTRODUÇÃO
Ao longo da história foi possível perceber a grande evolução nos processos criativos de moda, não só em relação a criação mas também a confecção. Com a criação das primeiras máquinas de costura, houve também uma evolução nas técnicas de costura, o que tornou o processo criativo muito mais rápido e dinâmico. Jones (2005) explica que, as primeiras indústrias de confecção tiveram um grande progresso decorrente da revolução industrial. O aumento na produção de roupas e na fabricação de tecidos fez com que as indústrias de moda começassem a delimitar o tipo de produto a ser produzido, por exemplo: jeans, alfaiataria, camisaria, malharia, etc.
A partir de então, as etapas de criação passaram a ser subdividas em diversos setores de uma única fábrica, onde foram estabelecidas funções específicas para cada setor, funções estas que exigem dos profissionais uma certa qualificação e especialização para cada área de atuação.
Engana- se quem acha que Design de Moda se restringe apenas ao ato de esboçar uma ideia criativa no papel, para que esta ideia seja de fato criada ela passa por um processo de planejamento, pesquisa de tendências, organização de ideias, para finalmente vir a ser produzida e confeccionada. .
O conteúdo abordado nas universidades e cursos profissionalizantes em relação a técnica de costura industrial é visto de forma simplificada, resumida ao que de fato é praticado no setor industrial, então, a proposta desta pesquisa é mostrar que todo este processo complexo de confecção industrial tem grande influência no aprendizado de estudantes interessados em áreas práticas do setor criativo de moda. O estudo tem a pretensão de mostrar a futuros profissionais da área, um pouco das exigências deste mercado e o que pode influenciá-los a aperfeiçoar seus conhecimentos para tornarem-se profissionais capacitados.
Foram escolhidas duas áreas práticas do ramo da moda para objeto de estudo tais como, a de desenho técnico de moda e modelagem plana, áreas que estão diretamente relacionadas com a técnica de costura usada na confecção do produto. Com base nas teorias que norteiam esta pesquisa, percebeu-se que é primordial para um designer de moda de um setor industrial ser capaz de identificar
possíveis erros, fazer correções e dar orientações aos costureiros responsáveis pela confecção de uma peça.
Todo cuidado deve ser tomado antes e durante a confecção do vestuário, resultando num produto de qualidade, como também o público consumidor necessita de profissionais que sejam capazes de desenvolver produtos que satisfaçam suas necessidades, proporcionando conforto, beleza, elevando sua autoestima. O presente estudo propõe um aperfeiçoamento dos futuros profissionais que estão sendo formados na área de design de moda, apresentando benefícios tanto para o profissional quanto para a empresa contratante.
Diante da realidade vivenciada no mercado de trabalho, a presente pesquisa tem como objetivo geral apresentar a técnica de costura industrial como conhecimento essencial e de grande influência no desenvolvimento criativo de um produto de moda, associando-a as etapas criativas que antecedem o processo de confecção e que valor tem este conhecimento na prática do designer. Aliados a esta principal proposta foram delimitados como objetivos específicos:
Compreender o desenvolvimento da indústria da moda; Apresentar as áreas práticas de setor criativo de moda;
Exibir a relação direta destas áreas com o processo de costura e os profissionais envolvidos;
Identificar quais as dificuldades encontradas por novos profissionais ao ingressar no mercado de trabalho;
Para uma melhor compreensão da proposta do trabalho a pesquisa encontra-se dividida nas seguintes etapas:
Etapa 1: Fundamentação Teórica
Nesta etapa foram coletadas informações com bases teóricas a fim de explorar o universo da indústria da moda, com informações específicas das etapas de construção de um produto do vestuário e os profissionais responsáveis pelo desenvolvimento criativo das áreas de modelagem e de desenho técnico de moda. Foram abordados também temas como a função de um designer como modelista e estilista numa indústria de moda, apresentando o que o mercado de trabalho exige e
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quais as qualificações que o estudante deve possuir para ser considerado um bom profissional.
Etapa 2: Procedimentos metodológicos
Nesta etapa será aplicada a pesquisa qualitativa o método de entrevistas para obtenção de dados, com estudantes/estagiários de design de moda que desejam se profissionalizar no ramo vestuário. Este método foi aplicado a fim de identificar as principais dificuldades encontradas pelos entrevistados no setor de desenvolvimento criativo, e descobrir as principais exigências identificadas ao ingressar no mercado de trabalho. A entrevista foi realizada com profissionais da área a fim de comprovar todo conteúdo teórico abordado na pesquisa. Por conseguinte fazer uma análise dessas informações para obter resultados positivos na conclusão desta pesquisa.
Etapa 3: Análises dos resultados
Nesta etapa serão analisadas todas as respostas obtidas nas entrevistas, a fim de responder a pergunta desta pesquisa comprovando então as contribuições que o conhecimento da técnica de costura industrial tem sobre o processo criativo de uma peça do vestuário, apontando então a importância e necessidade do conhecimento técnico para desenvolvimento de produto de moda.
Etapa 4: Considerações Finais
Após a análise dos resultados obtidos com as entrevistas serão feitas considerações sobre as contribuições que a pesquisa terá para o âmbito do design de moda, lembrando que o grande objetivo é dar instruções básicas a estudantes de moda de modo a esclarecer suas dúvidas em relação a construção de um produto do vestuário com caráter industrial.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2 COSTURA INDUSTRIAL: UMA VISÃO HISTÓRICA
As habilidades com costura surgiram involuntariamente na época pré-histórica, com a necessidade de proteção do corpo em relação ao ambiente frio local. Portanto, Nery (2004) ressalta que as técnicas de tecelagem e fiação ainda não eram utilizadas pelos povos da pré-história, então para prender suas roupas ao redor do corpo eles passavam ossos de animais ou cordões de fibra vegetais através de pequenos furos, usando espinhos, ossos ou pedras perfuradas. E a assim foi descoberta a costura com agulhas (Figura 01), após caçar os animais para ser retirado o couro, aprenderam a curti-lo, deixando-o maleável para poder cortá-lo e moldá-lo melhor ao corpo.
Figura 01 – Primeiros indícios de agulhas usadas na pré-história
Fonte: Blog Tudo junto e misturado, 2016.
Feghaly e Dwyer (2006, p. 38) afirmam que “as peles dos animais colocados no ombro do homem primitivo impediam os seus movimentos. Foi preciso então criar adaptações para liberá-los. Assim surgiram a cava e o decote (...) e foi a partir das necessidades físicas humanas que as diferentes formas do vestuário surgiram.”
Com a grande evolução nas formas das vestimentas foi possível também desenvolver bastante as técnicas de montagens das roupas, as agulhas que antes eram feitas de ossos, madeiras, ao longo dos séculos foram adaptadas para uma versão de meta (Figura 02).
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Figura 02 –Primeiras agulhas de ferro
Fonte: Blog Tudo Costurado, 2016.
Numa visão mais histórica, de acordo com Day (2011) só foi possível produzir roupas em grande escala com a invenção da máquina de costura a partir de 1829, quando um americano chamado Isaac Merrit Singer que observava durante anos algumas máquinas de costura numa oficina em Boston, substituiu o uso da agulha curva por uma reta e a fez mover-se em vai-e-vem e não em círculos como era de costume e também adaptou pedal nas máquinas tornando –as automáticas. Em poucos dias e com baixo custo, estava pronta a primeira máquina de costura que era realmente eficiente para uso doméstico. Então surgiu a Singer, empresa que iniciou a fabricação em série de máquinas elétricas de costura (Figura 03), que passaram a dominar o setor industrial.
Figura 03 – Primeira máquina Singer
A partir da revolução industrial da Grã Bretanha e Europa, Jones (2005) afirma que aos poucos foram desenvolvidas práticas de trabalho mais rápidas e eficientes onde os chefes das fábricas perceberam que se as peças fossem confeccionadas por partes o trabalho sairia com mais agilidade. Este processo foi de uma eficiência excepcional, tanto que este sistema de produção ainda hoje é o mais comum nas fábricas, chamado de confecção (Figura 04).
Figura 04 – Chão de fábrica Triangle Shirtwaist 1908.
Fonte: Laborarts.org, 2016.
Sobretudo, houve também uma melhoria na qualidade dos acabamentos e as roupas perderam as características de peças feitas em casa. Jones (2005) considera que, a qualidade e aceleração desta série de pequenos processos possibilitou que a indústria respondesse com mais rapidez as demandas do mercado.
De acordo com Nunes(2001) as confecções estão situadas na etapa final da cadeia têxtil, em que se encontram após as empresas têxteis (fiação, tecelagem e acabamento) e na etapa anterior às empresas comerciais. Elas vendem o serviço de conversão da matéria-prima em produtos e o lucro obtido está diretamente relacionado aos gastos com o processo de produção. Desta forma, reforça-se a importância do planejamento do desenvolvimento criativo no setor industrial, onde serão analisadas e testadas todas as etapas de produção, visando sempre melhorar a qualidade do produto, evitar possíveis erros e economizar o tempo de produção.
3 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO DE MODA
O processo de desenvolvimento de um produto de moda caracteriza-se como um conjunto de atividades, que engloba diversas etapas, envolvendo diferentes setores de uma indústria com o objetivo de criar novos produtos que supram as necessidades do mercado consumidor. Rech (2008, p.27) conceitua produto de moda como “qualquer elemento ou serviço que conjugue as propriedades de criação, qualidade, vestibilidade, aparência e preço, a partir das vontades e anseios do segmento de mercado ao qual o produto de destina”.
O produto produzido industrialmente segue uma sequência operacional que se inicia no planejamento e termina em uma peça produzida em grande escala dependendo do porte da empresa. Todo esse processo de produção vai exigir maquinários apropriados, profissionais qualificados, e uma boa estratégia organizacional da produção.
Na etapa inicial, o produto é criado e analisado detalhadamente, tanto em seu processo de confecção quanto na escolha dos materiais utilizados em sua construção. Todos estes detalhes relacionados à produção, desenho, aviamentos, materiais, processo de lavagem, quantidade de peças, serão encontrados numa ficha técnica que acompanha a peça-piloto na produção em série da mesma. Para Biermann (2007), todas as etapas do produto são importantes para finalizar uma peça com alta qualidade, portanto a gestão do processo produtivo é relevante para a indústria de confecção e deve ser desempenhada ligando um processo ao outro. Para que todo o processo ocorra com qualidade, é necessário que o mesmo tenha um planejamento adequado para que todos alcancem os mesmos objetivos.
O designer tem um papel muito importante na construção das ideias para o desenvolvimento do produto, deve estar ciente de todo funcionamento do setor criativo e também das etapas que antecedem a produção, como a pesquisa de tendências, o perfil de cliente da empresa, matéria- prima, fornecedores, etc, sendo capaz de aprovar e orientar as demais etapas de produção. A seguir as etapas de desenvolvimento do vestuário de acordo com Heirich (2010):
Quadro 01 – Etapas de desenvolvimento de um produto de moda
Criação
Pesquisa de tendências, definição de conceitos, planejamento da coleção e croquis.
Desenvolvimento Técnico
Desenvolvimento de ficha técnica na qual constam o desenho técnico e o detalhamento descritivo do produto.
Modelagem
Desenvolvimento do molde da peça- piloto ou protótipo com base nas informações da ficha técnica.
Pilotagem
Corte e montagem do protótipo de acordo com a modelagem desenvolvida e as especificações para o desenvolvimento.
Aprovação
São avaliadas as questões referentes à modelagem, aos custos de produção e à viabilidade de vendas dos produtos.
Alteração
Caso sejam necessários, efetuam-se as devidas correções na ficha técnica ou nos moldes.
Graduação
Com a peça piloto aprovada, são feitas as graduações para todos os tamanhos a serem produzidos, de acordo com a tabela de medidas da empresa. O ideal é pilotar todas as graduações e aprová-las.
Produção
O planejamento e controle de produção chamado PCP é o setor que planeja, organiza, acompanha e controla todo o processo produtivo das peças até sua expedição.
Fonte: Heirich, 2010.
Pode-se perceber que todas estas etapas estão interligadas entre si, elas seguem uma sequencia organizada onde uma depende da outra para o trabalho ser concluído com êxito concluir seu trabalho, o que exige pré-conhecimento das etapas anteriores para evitar possíveis erros que causem atrasos na produção.
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3. 1 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO CRIATIVO
Desde o início da industrialização, há uma necessidade de desenvolver produtos que supram as necessidades dos consumidores, e estejam de acordo com a realidade da empresa, portanto aos poucos foi se elaborando formas projetuais de organização de ideias, para projetar esses produtos, “o processo de desenvolvimento é cíclico e requer uma equipe com várias pessoas que desempenham funções específicas (RENFREW, 2010, p.26)”. A equipe normalmente é composta por um estilista, um modelista, um cortador de peças piloto, um costureiro pilotista e um gerente de custo e produção. Também pode haver pessoas especializadas para seleção de tecidos, aviamentos, designers têxteis e designers gráficos.
Como responsável pelo setor criativo numa indústria o designer de moda está sempre ciente, de todos esses pré-requisitos, ele precisa conhecer a posição da empresa diante do mercado de moda, introduzindo tendências que se adequem as necessidades dos clientes. Treptow (2007, p.98) diz que “ele é responsável, não apenas pelo aspecto estético dos produtos, mas também por sua viabilidade comercial, financeira e de produção.”.
De forma sintetizada, de acordo com a teoria de RENFREW (2010) o quadro a seguir traz algumas definições dos profissionais envolvidos no desenvolvimento de um produto de moda e suas funções:
Quadro 02 - Relação de profissionais no desenvolvimento criativo
Estilista É o principal membro da equipe e é, em última análise responsável pela criação da coleção, das fases iniciais de concepção à supervisão dos primeiros protótipos para venda. O estilista entrega o brienfing a seus assistentes ou à equipe de criação a fim de gerar novas pesquisas ou comentários para o desenvolvimento.
Modelista Trabalha a partir de imagens e desenhos do estilista, que transmitem o direcionamento e a estética da coleção. Colaborando geralmente com o estilista e o costureiro pilotista, o modelista é responsável por ajudar a concretizar uma ideia ou visão em três dimensões.
Pilotista É diferente de um costureiro de produção industrial: é especializado em adaptar novos modelos junto ao modelista para criar as primeiras peças piloto cortadas no tecido.
Cortador Alguns ateliês empregam cortadores que trabalham com grande velocidade e precisão a fim de cortar os primeiros moldes de peças-piloto no tecido certo para o costureiro pilotista confeccionar a peça. Em empresas menores são os modelistas que desempenham esta tarefa.
Gerente de produto Em uma empresa que emprega uma equipe de estilistas e modelistas, um gerente de produto coordena todas as funções dos processos de confecção de peças-piloto à produção.
Gerente de Custos Todas as peças de uma coleção que serão produzidas para venda devem ser custeadas. Isso pode ficar a cargo do estilista ou, em empresas maiores, de um gerente de custos. O custeio baseia-se em dois elementos principais: materiais (custo direto) e mão de obra (custo indireto). Stylist e relações
públicas
Os estilistas e produtores trabalham com um stylist para pensar em como apresentar a coleção para a imprensa.
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
Assim como as etapas de desenvolvimento criativo, os profissionais envolvidos neste meio devem trabalhar em sincronia de atividades, pois a troca de informações técnicas é essencial para uma boa execução dos trabalhos, e organização do setor de produção.
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3. 2 O DESIGNER DE MODA ENQUANTO PROFISSIONAL ESTILISTA
Nas etapas criativas do desenvolvimento de uma coleção, o profissional fundamental que norteará esta etapa é o designer de moda. Ele é o profissional que irá esclarecer o conceito de uma coleção independentemente do mercado a ser atingido, pode ser um profissional terceirizado ou contratado, é encarregado por delimitar um planejamento de coleção coerente e temas ligados as questões técnicas da confecção.
No desdobramento da criação, o designer deve considerar não apenas os aspectos sociais e artísticos dos consumidores, mas também a motivação de satisfazer as tendências e avanços industriais, onde a cada estação, acontecem mudanças em relação ás cores, de tecidos, preços, etc.
Sorger e Udale (2009) descreve que, primeira tarefa de um designer para uma empresa, na criação de uma coleção é a pesquisa, tendo assimilado a pesquisa, os modelos são esboçados para desenvolvimento da coleção. Um desenho de especificações (técnico) é feito para cada roupa, onde amostras de tecidos e aviamentos são selecionados. Para desenhar todo ou parte de um objeto ou imagem, é interessante entender suas formas, o que, por sua vez, permite traduzir essas linhas em um modelo ou modelagem. Os autores ainda complementam que:
Os designers não ficam apenas em uma escrivaninha desenhando belas roupas. Eles precisam pesquisar e desenvolver um tema, descobrir tecidos, e criar uma proposta coesa com ambos. Um bom designer entende as diferentes propriedades do tecido e suas aplicações, e a compreensão das técnicas de confecção de roupas é essencial ao design de moda. Ao desenvolver uma coleção um designer precisa pensar para quem está desenhando, que tipo de roupa está criando e para qual estação (SORGER; UDALE, 2009, p.8)
Em empresas de pequeno porte, o profissional designer acaba por desenvolver mais de uma tarefa no setor criativo além da função de desenhista de fato, como modelista, pilotista e gerenciamento de produto, tarefas que estão totalmente interligadas no desenvolvimento da coleção. “[...] É preciso que um profissional desta área seja sensível o bastante para entender a importância de sua atividade dentro do conjunto de produção [...] (FEGHALY; DWYER, 2006 p.103)”.
À medida que a coleção vai tomando forma, e o designer consegue de fato organizar suas ideias, transferindo suas ideias em forma de esboço e anotações, esses esboços serão analisados e aprovados de forma definitiva e transformados num desenho mais detalhado chamado croqui ou desenho técnico.
3. 2. 1 Desenho Técnico do Vestuário
Leite e Veloso (2009) definem que, desenhos técnicos são os desenhos mais aprofundados dos produtos. Pequenas explicações gráficas onde são desenhadas de forma bem clara mostrando todos os detalhes de construção das peças, como costuras, pregas, bolsos, fechos e pespontos. Os desenhos são representados de uma forma planificada sem a representação de uma figura, não tem indicação de cor, textura ou forma, nem movimento.
Esta é a forma de representação mais utilizada no setor industrial, de forma a facilitar a interpretação no setor de produção, após ser desenvolvido é direcionada para os setores de modelagem e por fim, o de confecção. “No desenvolvimento desses desenhos, o designer responsável deverá lembrar que suas orientações servirão de base para a confecção da roupa e que esta, fora do corpo, é uma superfície plana, mas que ganha volume quando vestida, tornando-se tridimensional (LEITE; VELOSO, 2009, p.8)”.
Este desenho pode ser desenvolvido de forma manual ou através de softwares específicos para desenho digital, a depender do porte do setor de criação da empresa. De acordo com Maluf (2003) o designer de moda deve conhecer a fábrica para evitar a criação de produtos inviáveis à confecção. Ele deve, antes de elaborar os modelos, conhecer os equipamentos, a matéria-prima e os aviamentos disponíveis.
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Figura 05 – Esquema de desenho técnico industrial
Fonte: Audaces, 2016.
O desenho técnico pode ser produzido manualmente ou através de programas específicos para desenho, a forma digitalizada exige um pouco mais de prática do profissional que está criando porém, é uma das formas de criação mais utilizadas nas indústrias, pois possibilita a memorização de modelos prontos, deixando o trabalho mais vigoroso, e criativo.
3. 2. 2 A Ficha Técnica
Este é o documento onde é detalhada toda a produção de uma peça, é de extrema importância que as informações estejam coerentes com as etapas de produção, para evitar possíveis falhas e gastos desnecessários. Leite e Veloso (2004) afirmam que esse documento tem o objetivo de comunicar informações inerentes do produto, que são o desenho técnico e as informações detalhadas das matérias-primas e o modo de produção.
Treptow (2007) informa que é a partir desta ferramenta que o setor de custo e departamento comercial estipularão o preço de venda dos produtos, que o setor de controle de produção irá calcular os gastos em matéria-prima (tecidos e aviamentos) para a fabricação das peças.
O desenvolvimento da ficha técnica em si, não é uma responsabilidade do designer, mas o mesmo deve estar ciente das etapas registradas para evitar possíveis erros em relação a má interpretação de sua representação. Não existe um modelo específico de fichas a serem aplicadas nas indústrias, porém as informações devem ser basicamente as mesmas, todas direcionadas a confecção do produto. Segue abaixo um quadro, de acordo com Treptow (2007) com as principais informações requeridas na ficha técnica, para melhor interpretação e organização desta etapa. Em seguida o modelo de ficha técnica com estas informações inseridas na mesma.
Quadro 03 – Informações a serem inseridas na ficha técnica
Nome da coleção Referência Descrição Designer responsável Grade de tamanhos Modelista responsável Data de aprovação
Desenho Técnico (frente e costas)
Tecidos e aviamentos (nomes, fornecedores, composição, consumo, lote, largura, rendimento, cores, etc..)
Combinações de cores
Etiquetas, Tags
Sequencia Operacional
Fonte: Treptow, 2007.
A ficha técnica (figura 6) é um documento que circula toda a linha de produção, após seu preenchimento ela passa em todos os setores de criação e finaliza no setor de confecção, por isso contém informações específicas de diversos setores para que todas sejam cumpridas a risca , trazendo um perfeito encadeamento no processo produtivo, evitando atrasos nas etapas posteriores.
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Figura 06 – Modelo de ficha técnica para indústria
Fonte: Blog Lloks da moda ,2016.
O formato da ficha técnica vai depender das exigências impostas por cada empresa, e o controle organizacional da produção, em empresas de grande porte, que trabalham com produção em série, algumas informações são trabalhadas com códigos que já é uma espécie de comunicação entre os setores.
3.3 O DESIGNER DE MODA ENQUANTO PROFISSIONAL DE MODELAGEM
O modelista é o responsável por elucidar o desenho de moda e possibilitar a produção das peças através de recortes que se encaixem dando forma à roupa. Digamos que, de modo geral, a interpretação da modelagem é o processo de transformação de um desenho em partes para um molde a formas básicas, visando a construção de um produto de vestuário (OSÓRIO,2007). É o profissional responsável pelo desenvolvimento da coleção, logo o mesmo precisa estar por dentro das técnicas e estudo de mercado, ter noções de ergonomia e escolha de materiais, o que resultará numa peça que atenda os anseios do público-alvo.
Jones (2005) complementa que mesmo sem planos de se tornar um expert em modelagem é necessário ter noção da importância da transferência dessas medidas para um molde na hora de fazer um desenho ou trabalho de criação. Para ter um bom desempenho é essencial que o profissional tenha uma boa formação na construção básica de moldes para os principais tipos de roupas, além de conhecer aviamentos e as etapas do processo de montagem, tipos de tecido e seu caimento, ou seja, um bom profissional que irá trabalhar com modelagem deve possuir noções de proporção, matemática, anatomia, ergonomia e antropometria.
Uma boa preparação profissional com conhecimentos específicos, como cursos técnicos, profissionalizantes ou até mesmo faculdades, já dá uma boa visão do contexto aplicado no setor criativo. “Tais conhecimentos permitem ao modelista a reprodução mais fiel possível de um projeto de criação incluindo todos os seus detalhes de estrutura da modelagem, como fio, costura, prega, pences, piques, aberturas, abotoamentos, etc.” (SABRÁ, 2009, p.78)
A modelagem pode ser desenvolvida manualmente ou através de softwares específicos, manualmente pode ser produzida de forma tridimensional (através de um manequim) ou bidimensional (desenhado de forma plana no papel), já o processo computadorizado é um processo mais complexo porém muito eficaz e ágil, feito só de forma bidimensional através de uma reprodução digitalizada de modelagens produzidas no papel, onde faz-se a variação de tamanhos, e encaixe automático para corte em grande escala.
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3. 3. 1 Processos de Modelagem Industrial
A modelagem por ser uma técnica muito complexa, podendo ser explicadas por diversas metodologias facilmente encontradas em livros e apostilas de cursos de formação profissional. A técnica é transpor a ideia exposta num croqui (desenho) a partir de medidas anatômicas pré- calculadas em recortes de tecido ou papel, para a produção do produto de moda. Existem também diversos procedimentos usados para desenvolver modelagens, sejam elas bidimensionais, tridimensionais, computadorizadas, alfaiataria e modelagem para malharia.
Com base nas metodologias de Sabrá(2009) e Heirich(2010) foram definidos os tipos variados de modelagem, que serão apresentados a seguir:
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Modelagem Plana (Bidimensional)
Figura 07 – Desenvolvimento de modelagens planas
Fonte: EduK, 2016.
É uma técnica utilizada para reproduzir, em segunda dimensão, algo que será usado sobre o corpo humano, em tecido ou similar, de forma tridimensional. Esta é uma das etapas mais importantes dentro do setor de criação onde o modelista é o profissional encarregado na criação dos moldes. Trabalhar com a forma bidimensional é mais rápido, economicamente viável para a indústria da moda onde tempo é dinheiro. Depois de concluída a construção do molde, aplica-se o molde sobre o tecido onde é cortado o que chamamos de peça-piloto.
A peça piloto é o nome que se dá à primeira peça confeccionada a partir de um molde interpretado, cujo objetivo é testar a nova modelagem e verificar o caimento, a vestibilidade e a conformidade entre a ideia passada pela ideia pelo designer e o produto finalizado (SABRÁ, 2009, p.78)
Este método é utilizado em todos os ambientes industriais que desenvolvem produtos de moda, a forma mais eficaz e precisa de interpretação de croquis de moda, porém um método bastante complexo que exige muita prática e habilidade do profissional responsável.
Moulage (Tridimensional)
Figura 08 – Desenvolvimento através de Moulage
Fonte: ObservaSC, 2016.
Esta técnica é realizada através da manipulação do tecido de forma tridimensional. Trabalha-se com o tecido sobre os manequins, que têm suas medidas padronizadas. Na moulage, podem ser feitos os ajustes direto nas curvas do corpo, resultando em um caimento perfeito. Em alguns casos, após testadas as formas e caimentos dos tecidos, os recortes elaborados em moulage são reproduzidos num papel para ser cortado de forma bidimensional.
Alfaiataria
Figura 09 – Criação através de alfaiataria
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Como técnica a alfaiataria é a mais antiga da qual se conduzem as demais técnicas geométricas. Os alfaiates combinavam a modelagem plana desenvolvida diretamente sobre o tecido e os ajustes realizados sobre o corpo do usuário como uma espécie de moulage humana.
Modelagem para Malhas
É uma adaptação da modelagem executada para tecidos planos, que sofre uma redução percentual de acordo com a elasticidade do material que ele irá atender, para que o tecido, ao ser esticado, se acomode ao corpo com a elasticidade do material que ela irá atender.
Sistema CAD/CAM
Figura 10 – Desenvolvimento de modelagem computadorizada
Fonte: Blog Entre linhas, agulhas, costura e tecidos, 2016.
A modelagem industrial plana, conforme já mencionado, também pode ser desenvolvida por meio de sistemas CAD/CAM, com softwares criados com ferramentas específicas para a confecção dos moldes, a graduação e o encaixe. Criando peças básicas de vestuário em cinco minutos e evitando o desperdício de tecidos na hora do corte. Esses sistemas facilitam o processo produtivo por representarem uma grande economia de tempo, permitindo que os moldes sejam desenvolvidos por meio da alteração de bases arquivadas no sistema ou da digitalização de moldes produzidos fora do sistema.
3. 4 MERCADO DE TRABALHO E SUAS EXIGÊNCIAS
O mercado de consumo está cada vez mais exigente, as indústrias de confecção de produtos do vestuário buscam das mais variadas ferramentas competitivas para se diferenciar isto inclui principalmente a procura por profissionais competentes e com conhecimento técnico especializado, o que não é tarefa muito fácil.
Para ingressar na área de moda, não é necessário fazer curso, muitas vezes os profissionais mais antigos inseridos no meio industrial adquirem experiência apenas com a prática, mas o mercado está precisando, cada vez mais, de pessoas com preparação e conhecimento técnico. Feghali e Dwyer (2006) indicam que antes de entrar em cursos de moda de nível superior é ideal que o estudante faça uma rápida passagem por cursos profissionalizantes de nível médio, para que tenha uma visão prática da área e possa realmente se identificar com o âmbito escolhido.
De acordo com Sabrá (2009) em 2001, o comitê Técnico Setorial do Segmento Têxtil, sob a coordenação do SENAI/RJ, que contou com participação de alguns representantes de empresas do Ramo, elaborou um quadro de competências específicas: que será mostrado a seguir:
Quadro 04 – Competências Específicas de um profissional de Modelagem
Competência 1: Interpretar e adaptar estilos.
Competência 2: Identificar tipos de tecidos e aviamentos, suas propriedades e aplicações.
Competência 3: Medir diferentes partes do corpo para uso em modelagem
Competência 4: Elaborar moldes
Competência 5: Identificar tipos de máquinas de costura e aparelhos Competência 6: Orientar processo de construção de protótipos Competência 7: Identificar e reparar defeitos em protótipos Competência 8: Elaborar graduação de moldes.
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A partir deste quadro foram listados pelos 12 pontos-chaves de
conhecimentos necessários para um profissional da área de modelagem do vestuário, tais como:
1. Interpretar a representação gráfica das peças propostas pela equipe de criação em todas as possíveis formas de traçado, especialmente o desenho técnico.
2. Conhecer os possíveis materiais empregados nos produtos do segmento de sua especialidade, incluindo as propriedades físicas e mecânicas dos mesmos, como caimento e maquinário apropriado para montagem, dentre outras.
3. Propor condições de viabilidade técnica para determinada vestibilidade do produto, de acordo com uma proposta ergonômica, bem como diagnosticar melhor a forma de montagem do produto, antes e após a confecção de uma primeira peça, conhecida como peça-piloto.
4. Desenhar tecnicamente os moldes de forma que reproduzam a proposta do design, por meio de uma melhor metodologia seja por métodos tradicionais ou por intermédio de ferramentas CAD.
5. Complementar a base de dados da Ficha Técnica de Produto, em especial quanto à definição dos materiais, fornecedores, consumo e detalhes-chave de qualidade e de montagem.
6. Conhecer acabamentos, lavagens e customização da indumentária em geral e em profundidade, os aplicados na sua especialização.
7. Medir e interpretar medidas sob o ponto de vista antropométrico.
9. Conhecer e ter condições de aplicar características de normalização, padrões de qualidade e definições de conformidade aos produtos desenvolvidos.
10. Entender a linguagem de moda para se relacionar com a equipe de criação.
11. Apresentar uma atitude empreendedora para atuar como autônomo e gerir seu próprio de negócio.
12. Além dos conhecimentos técnicos, características como organização e perfeccionismo são essenciais ao modelista.
Segundo Sabrá (2009, p.81):
É importante que o profissional possa se enquadrar às especificidades, como: segmentos da cadeia têxtil (confecção de tecidos planos, não tecidos, malhas, etc.); artigos (alfaiataria, camisaria, malharia, roupa de festa, roupa de trabalho); tipos de confecção (sob medida, prêt-à-Porter (prontos pra vestir), ateliê ou pequena, média ou larga escala de produção); recursos (manuais ou alta tecnologia); públicos/tamanhos (feminino,masculino,infantil,recémnascido,cadeirantes,obesos,etc.) ou seja, o profissional de modelagem deve conhecer e dispor de todas as ferramentas existentes para saber como adequá-las a cada situação.
O designer de moda como foi visto anteriormente, é capaz de desenvolver várias habilidades do setor de criação, isto se enquadra como uma vantagem em relação aos outros profissionais, onde o designer de moda é capaz de orientar e avaliar o desempenho dos profissionais de etapas específicas.
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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 TIPO DE PESQUISA
Gil (2006) define que a pesquisa é o percurso onde se aplicam métodos sistemáticos e racionais a fim de solucionar as respostas dos problemas, ela é formada por uma sequência de várias fases que vão desde a definição do problema até a apresentação dos resultados.
O presente estudo tem o objetivo de apresentar a técnica de costura industrial como conhecimento essencial e de grande influência no desenvolvimento criativo de um produto de moda apontando as principais dificuldades encontradas por novos e antigos profissionais ao ingressar no mercado.
Este estudo distingue-se como descritivo, com foco no setor criativo da indústria do vestuário, as informações obtidas através de estudantes e profissionais da área permitiu um levantamento de opiniões sobre as exigências do mercado e suas especificações.
Foi aplicada a pesquisa qualitativa como forma de obter estas informações, este tipo de pesquisa permite identificar a reação dos agentes participantes dentro do ambiente estudado. Rampazzo (2011, p.60) diz que a pesquisa qualitativa “busca uma compreensão particular daquilo que estuda: o foco da sua atenção é centralizado no específico, no peculiar, no individual, almejando sempre a compreensão e não explicação dos fenômenos estudados”.
Em busca desta compreensão, a pesquisa partirá do método de coleta de dados em que será feita por meio de entrevistas com alguns estudantes/estagiários de design de moda que tenham interesse na área de construção do vestuário e profissionais da área. A entrevista de acordo com, Marconi e Lakatos (2003, p.195) “é um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.” Com base nas teorias fundamentadas nesta pesquisa foram elaboradas perguntas para obter informações em torno das opiniões dos sujeitos entrevistados acerca da problemática proposta.
Os agentes participantes desta pesquisa serão profissionais antigos e estudantes recém-inseridos no mercado de trabalho, mais especificamente o setor criativo da indústria de moda.
Para delimitar quais profissionais a serem entrevistados, foram escolhidas duas áreas específicas do setor criativo como desenho técnico de moda e modelagem plana, atividades diretamente relacionadas ao processo de costura utilizado no meio industrial. Foram elaboradas 16 perguntas objetivas onde a principal intenção é mostrar com base nas experiências profissionais dos sujeitos, a forma como a relação da confecção com a criação é apresentada em cursos profissionalizantes específicos da área e a opinião acerca da eficiência destes cursos como preparatórios para a prática profissional. Estas respostas foram destrinchadas em quadros e gráficos apontando opiniões consensuais sobre os temas aplicados nos resultados a seguir.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados 8 estudantes e profissionais com média de 28 anos de idade sendo 5 do sexo feminino e 3 do sexo masculino, dentre os entrevistados apenas 1 não tem curso superior, os demais já cursaram ou estão cursando graduação em design de moda. Embora boa parte sejam estudantes, todos possuem certa experiência na área adquiridos em estágio ou profissionalmente numa faixa de 2 a 10 anos de prática conforme tabela abaixo:
Quadro 05 – Informações sobre os entrevistados
Entrevistados Idade Sexo Tempo de experiência
Escolaridade
Sujeito 1 25 Masculino 6 meses Superior cursando Sujeito 2 23 Feminino 1 ano Superior cursando Sujeito 3 23 Masculino 4 anos Superior incompleto Sujeito 4 20 Feminino 5 anos Superior cursando Sujeito 5 25 Feminino 3 anos e meio Superior incompleto Sujeito 6 24 Feminino 7 anos Superior cursando Sujeito 7 28 Feminino 10 anos 2 grau completo Sujeito 8 27 Masculino 8 anos Superior cursando
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
Na tabela a seguir é possível perceber que os participantes em sua maioria possuem interesse pela área de moda desde a infância, em que 2 dos entrevistados tiveram grande influência familiar onde a mãe já trabalhava na área e os conhecimentos foram repassados de forma empírica, tornando-os profissionais da área só pela vivência, uma espécie de cultura local que já define o nicho profissional a ser seguido. Os outros entrevistados perceberam logo cedo boas habilidades com
criatividade e trabalhos manuais o que influenciou na escolha dos cursos de especialização e da área de atuação.
Todos os entrevistados realizaram cursos específicos para suas áreas de atuação tanto para aperfeiçoar seus conhecimentos quanto para se qualificar para o mercado de trabalho. Apenas 1 entrevistado não possui curso superior, porém, formação em escola técnica com um conhecimento mais específico.
Quadro 06 – Informações sobre formações dos entrevistados descritas por eles
Entrevistados Sobre cursos na área de moda
Sujeito 1 Cursei Técnico em Modelagem do Vestuário no ITEP/CTMODA. Comecei cursando design e aí surgiu a oportunidade desse curso que é na área de moda.
Sujeito 2 Atualmente faço curso de Design e minha ênfase é moda além de ter acesso à vários portais de moda como UseFashion e alguns cursos on-line.
Sujeito 3 Fiz design e estilo SENAC. E atualmente estudo design com ênfase em moda na UFPE.
Sujeito 4 SENAI - técnico em vestuário e ITEP - modelagem do vestuário Sujeito 5 Curso Design de moda para aperfeiçoar o que eu tenho vontade de
seguir profissionalmente.
Sujeito 6 Fiz técnico em modelagem no ITEP, styling e vitrine de moda no SENAC. Para ter qualificação profissional.
Sujeito 7 Fiz técnico em vestuário e Produção de Moda no SENAI. Sujeito 8 Fiz curso de desenho de moda e corte e costura pelo SENAC
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
Todos os entrevistados encaram a experiência do estudo como forma de qualificação profissional, até mesmo os que já tinham experiência prática através da família, vê como uma forma de aperfeiçoar seus conhecimentos, delimitar uma área de atuação e se diferenciar dos demais concorrentes numa possível entrevista de emprego.
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5.1 SOBRE A EFICIÊNCIA DOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES
Um dos questionamentos da pesquisa em relação ao tema é saber por parte dos entrevistados se o conteúdo abordado nos cursos técnicos ou profissionalizantes cursado por eles era suficiente para a prática do mercado de trabalho, a fim de captar o que realmente é praticado nas indústrias ou de que forma é aplicado alguns dos assuntos abordados cursos.
Gráfico 01 - Resultados em relação a eficiência dos cursos profissionalizantes
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
É possível perceber que boa parte dos entrevistados não apresentou satisfação ao pôr em prática o conteúdo abordado nos cursos, onde citam que a prática no trabalho funciona de uma forma diferente da que lhes foram apresentadas, o que também não desmerece o conteúdo aplicado dos cursos, já que 2 dos entrevistados acreditam que os cursos embora sejam apresentados de uma forma superficial, ainda são uma base, uma espécie de apresentação da área a ser atuada.
SOBRE A EFICIÊNCIA DOS CURSOS
PROFISSIONALIZANTES
SIM NÃO
Quadro 07 – Relação de opiniões de acordo com a eficiência dos cursos profissionalizantes
Entrevistados
Sujeito 1 Não, porque a prática das Instituições de ensino sem a prática de mercado não forma um profissional de moda que deve atender às demandas das empresas [...]
Sujeito 2 Não, [...] às vezes você aprende de uma forma na faculdade e quando chegam ao mercado de trabalho as coisas funcionam de forma diferente [...]
Sujeito 3 Acredito que em partes, sempre é o meio termo, nem tudo que se aprende no curso se aplica no mercado, muitas vezes é aplicada apenas uma síntese.
Sujeito 5 Com certeza, o curso de design é o diferencial pois concede uma visão mais ampla da área.
Sujeito 6 [...] Na universidade não aprende a usar máquinas que usariam na indústria [...] modelagem gráfica os alunos desconhecem onde para um modelista e para uma empresa de grande porte é essencial [...]
Sujeito 8 Achei a prática das empresas muito diferente do que é ensinado nesses cursos, é uma base, mas não é suficiente.
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
A expectativa dos estudantes em relação aos cursos profissionalizantes era grande, onde o desejo inicial era estar 100% aptos e seguros para exercer as funções escolhidas, como o setor industrial é um ambiente muito técnico com diversas etapas, nem todas as informações são passadas detalhadamente como de
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fato são aplicadas no ambiente de trabalho, deixando-os um pouco inseguros na hora de pôr em prática o conteúdo aprendido.
5.2 SOBRE AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA PRÁTICA E AS EXIGÊNCIAS DE MERCADO
O trabalho na indústria exige muito comprometimento e habilidade do profissional que esteja atuando, é um ambiente onde o tempo não pode ser desperdiçado com pequenas falhas e por isso as exigências são muitas na hora de contratar um bom profissional do setor criativo. Todos os entrevistados tiveram suas experiências ao ingressar no mercado de trabalho e puderam listar quais suas maiores dificuldades encontradas ao colocar os conhecimentos em prática. A partir destas dificuldades listadas é possível filtrar algumas informações e identificar, as principais exigências de algumas indústrias do setor criativo.
Quadro 08 – Relação das dificuldades encontradas ao ingressar no mercado de trabalho
Aplicar conhecimentos adquiridos nos cursos no mercado
Domínio de softwares : Photoshop, Corel...
Dar um bom acabamento nos trabalhos manuais
Conhecer termos técnicos
Falta de oportunidades para ingressar no mercado
Experiência nos trabalhos práticos
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
O interesse pelo ramo da moda vem crescendo ao longo dos anos, é possível observar o grande interesse de jovens por esta área criativa, o que aumenta ainda mais a concorrência ao disputar uma vaga no mercado de trabalho, e os jovens profissionais estão a cada dia tomando conhecimento dessas poucas oportunidades e investindo em aperfeiçoamentos profissionais, a fim de ficar o mais próximo possível da realidade industrial.
5.3 SOBRE ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO
Boa parte dos entrevistados trabalha no setor criativo de empresas, o que os deixa conhecedores de todas as etapas que envolvem o desenvolvimento de uma coleção.
É de extrema importância que os profissionais de moda estejam cientes de todas estas etapas, isso contribui na própria criatividade, evita possíveis erros economizando o tempo de produção. Com base nas suas experiências na função de designer de moda e estudos compartilhados nos cursos profissionalizantes, cada entrevistado listou as etapas que consideram fazer parte do desenvolvimento de uma coleção que vai desde a identificação do público- alvo à divulgação da coleção planejada (Quadro 09).
Quadro 09 – Relação de etapas de desenvolvimento de coleção com base nas experiências dos entrevistados
Identificação de público-alvo
Pesquisa de tendências
Escolha de materiais (tecidos /aviamentos) e tabela de cores
Desenvolvimento de desenhos (croquis / desenho técnico)
Geração de alternativas
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Desenvolvimento de Fichas técnicas
Modelagens
Pilotagem
Escolha de lavanderia
Fazer prova
Elaboração de catálogos para expor a coleção
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
Os profissionais entrevistados desempenham ou já desempenharam mais de uma atividade no setor onde trabalham, o que os torna profissionais polivalentes característica comum praticada por muitos designers de moda.
5.4 SOBRE A TÉCNICA DE COSTURA
Foi questionado sobre o conhecimento dos entrevistados sobre as técnicas de costura, para obter informações posteriores relacionadas a este conhecimento com as atividades exercidas nas empresas.
Gráfico- 2 Resultados sobre noções de costura dos entrevistados
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
NOÇÕES DE COSTURA
Possui Não possui
Todos os entrevistados têm noções de costura, e mostraram entender a importância que esta etapa tem no desenvolvimento de uma coleção, nas fábricas o processo de costura é totalmente industrial o que exige certo conhecimento prévio do maquinário que será utilizado em cada peça criada e a margem de costura. Segue algumas falas dos sujeitos entrevistados (Quadro 10)
Quadro 10 – Relacionadas a influência da costura nas diversas etapas de desenvolvimento de coleção
Sujeito 1 “[...] é uma prática que se faz necessária para o desenvolvimento dos desenhos de croquis, claro que sem noções de costura seja possível gerar croquis, porém não haverá um entendimento do que é possível ou não de acordo com as máquinas disponíveis pela empresa. [...]”
Sujeito 5 “[...]é muito importante para um designer de moda ter noções de costura, pois estas auxiliarão na criação dos modelos de forma que ao chegar na etapa da costura, possíveis erros serão evitados. [...]” Sujeito 6 “É bom ter conhecimento nessa área sim, para poder saber o que está sendo construído, como está sendo e qual melhor técnica de costura pode ser mais bem aplicado no tipo de produto desejado”.
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
Nos trechos citados acima, foi possível perceber a convergência na opinião dos entrevistados em relação à importância do aprendizado de costura, e a preocupação com o bom desempenho do trabalho. Com base em suas experiências profissionais foi possível extrair dos entrevistados alguns possíveis erros que podem ser cometidos aos profissionais que não tem conhecimento em técnicas de costura, que foram listados abaixo (Quadro 11):
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Quadro 11 – Relação de possíveis erros pelo não conhecimento de costura
Criar peças que sejam impossíveis de ser reproduzidos (Criando recortes complexos e inviáveis para indústria)
Erros na representação da ficha técnica
(Como erros nas representações das costuras, erros na descrição do maquinário que será utilizado, erros nas metragens dos tecidos)
Desenvolver peças para um maquinário não disponível na empresa
Erros na interpretação das modelagens
(Como erros nas margens de costuras ou recortes inadequados para determinado maquinário)
Peças de má qualidade, com acabamento ruim
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
As etapas mais citadas como as que mais necessitam de um pré-conhecimento em costura, com base no aprendizado profissional dos entrevistados são as etapas que estão diretamente relacionadas ao processo de confecção, onde devem ser detalhados procedimentos de costura, sejam em desenhos (croquis/ modelagens) ou em planilhas (ficha técnica), ou na própria confecção em si.
Quadro 12 – Relação de atividades relacionadas a costura na opinião dos entrevistados
Pesquisa
Desenvolvimento de croquis Elaboração de ficha técnica Modelagem
Pilotagem
Estas atividades listadas necessitam de informações técnicas específicas de confecção para serem executados, tais como formas, recortes, detalhes como, pespontos, travetes, margem de costura para cada máquina específica, e a própria montagem da peça.
5.5 SOBRE AS FUNÇÕES DE UM DESIGNER DE MODA NA INDÚSTRIA
O designer de moda por estar envolvido com várias etapas do desenvolvimento de coleção é capaz de desenvolver várias atividades práticas numa indústria. De acordo com a percepção e prática dos entrevistados foram listadas algumas funções possíveis de serem desenvolvidas na indústria.
Quadro 13 – Relação de funções de um designer de moda na indústria
Pesquisador de Têndencias (Cool Hunter) Estilista
Modelista Pilotista
Gestor de Qualidade Diretor criativo
Designer Têxtil (Estampas/ bordados) Consultor
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
O designer de moda pode não só executar estas tarefas como também é capaz supervisionar e aprovar as demais tarefas mencionadas dependendo de suas capacidades profissionais.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As etapas que compõem o processo de desenvolvimento criativo industrial estão totalmente interligadas, como numa sequência operacional, então não estar a par do funcionamento de todas as tarefas acaba prejudicando o desempenho do trabalho, causando também possíveis erros técnicos.
O processo de costura, ou confecção como é conhecido industrialmente, é a etapa que desencadeia todo desenvolvimento criativo que a antecede, onde a confecção é idealizada durante o processo de criação e não depois que já transferido pros setores de modelagem.
Com o objetivo de apresentar a técnica de costura como conhecimento essencial e de grande influência no desenvolvimento criativo, a pesquisa baseia-se em teorias que relatam a evolução da costura desde os primórdios até chegar ao setor industrial. Estas evoluções desencadearam novos ramos nas etapas de criação, gerando assim, novas habilidades técnicas, como por exemplo, desenho de moda, e modelagem plana do vestuário. Para cada habilidade dessas existe um profissional responsável, estas podem ser facilmente exercidas por um designer de moda como foi esclarecido em teoria. A relação destas áreas com o processo de costura foi apresentada na forma como cada função é executada, e com base nas experiências absorvidas pelos entrevistados, foi percebido que o objetivo geral foi alcançado quando as informações extraídas nas entrevistas estão condizentes com a teoria fundamentada na pesquisa.
A relação das dificuldades encontradas mostra envolvimento com a falta de uma visão prática do mercado, na qual experiências como estágios profissionais supririam muitas das necessidades intelectuais desses novos profissionais. Ainda que nos cursos profissionalizantes o conteúdo aplicado seja apresentado de uma maneira superficial como mencionado por alguns entrevistados, é importante ter uma base, um conhecimento prévio do que é aplicado na indústria, para que o futuro profissional sinta-se familiarizado com as informações apresentadas identifique a sua área de atuação.
Através dos resultados obtidos, concluiu-se, que o designer de moda que deseja se inserir no setor industrial, deve estar preparado para as diversas exigências técnicas do mercado de trabalho, procurando se especializar em
atividades práticas do setor criativo, que dão base para o trabalho desenvolvido na indústria, sem esquecer que atividades encaradas de forma superficial como a técnica de costura se mostram primordial, contribuindo de forma criativa em todas as etapas de desenvolvimento de um produto de moda.
A intenção da pesquisadora ao apresentar essa pesquisa é mostrar também que com base em suas primeiras experiências no mercado de trabalho, na função de designer de moda, sempre há muito a aprender e praticar. Estas experiências profissionais listadas configuram-se como uma forma de auxiliar novos profissionais em uma melhor capacitação para o mercado.
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