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Análise do livro - Alem do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro (Friedrich Nietzsche)

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11 Friedrich Nietzsche foi um filósofo, crítico cultural e poeta alemão. Nasceu em Röcken, no Friedrich Nietzsche foi um filósofo, crítico cultural e poeta alemão. Nasceu em Röcken, no dia 15 de outubro de 1844.

dia 15 de outubro de 1844. Foi vítima de um Foi vítima de um distúrbio mental, provavelmente causaddistúrbio mental, provavelmente causado pela sífilis, o pela sífilis, ee morreu em 25 de agosto de 1900

morreu em 25 de agosto de 190011.. Além do Bem e do MalAlém do Bem e do Mal foi escrito no verão de 1885, na foi escrito no verão de 1885, na

Suíça e no inverno de 1885-6, em Nice, sul da França. Depois de ser recusado por vários editores, o Suíça e no inverno de 1885-6, em Nice, sul da França. Depois de ser recusado por vários editores, o livro foi publicado à custa do autor, em agosto de 1886, numa edição de trezentos exemplares. livro foi publicado à custa do autor, em agosto de 1886, numa edição de trezentos exemplares. Quase um ano depois, apenas 114 exemplares haviam sido vendidos e 66 tinham sido

Quase um ano depois, apenas 114 exemplares haviam sido vendidos e 66 tinham sido enviados paraenviados para  jornais e revistas. Nietzsche c

 jornais e revistas. Nietzsche considerava esta obra, juntaonsiderava esta obra, juntamente com "Assim Falou Zaratustra", o seumente com "Assim Falou Zaratustra", o seu livro principal abarcando uma maior multiplicidade de assuntos e

livro principal abarcando uma maior multiplicidade de assuntos e reflexões.reflexões.  Nesta obra, Nietzsche traz como um dos temas principais a precarie

 Nesta obra, Nietzsche traz como um dos temas principais a precariedade cultural e espiritualdade cultural e espiritual do seu tempo. Ele afirma a necessidade de que, no eterno retorno da vida e da história humana, os do seu tempo. Ele afirma a necessidade de que, no eterno retorno da vida e da história humana, os homens se ergam, aceitando a própria finitude, ultrapassando a própria condição e vivendo homens se ergam, aceitando a própria finitude, ultrapassando a própria condição e vivendo soberanamente no gozo e na dor da própria verdade. O livro é composto de nove capítulos, cujos soberanamente no gozo e na dor da própria verdade. O livro é composto de nove capítulos, cujos  parágrafos s

 parágrafos são numerados.ão numerados.  Nietzsche

 Nietzsche começa começa o o livro livro fazendo fazendo uma uma reflexão reflexão sobre sobre a a verdade, verdade, ou ou melhor, a melhor, a vontade vontade dada verdade já que é preciso questionar o valor dessa vontade. Assim, faz uma crítica à crença verdade já que é preciso questionar o valor dessa vontade. Assim, faz uma crítica à crença fundamental da metafísica na oposição de valores, na medida em que, a verdade é ofuscada pela fundamental da metafísica na oposição de valores, na medida em que, a verdade é ofuscada pela aparência, à vontade do engano, ao egoísmo e a cobiça. Portanto, o pensamento filosófico deve ser aparência, à vontade do engano, ao egoísmo e a cobiça. Portanto, o pensamento filosófico deve ser um pensamento consciente que também inclui atividades instintivas, ou seja, por trás da lógica há um pensamento consciente que também inclui atividades instintivas, ou seja, por trás da lógica há exigências fisiológicas para a preservação de uma determinada espécie. Mas o autor destaca que os exigências fisiológicas para a preservação de uma determinada espécie. Mas o autor destaca que os  juízos mais falsos são i

 juízos mais falsos são indispensávndispensáveis: renunciar a eis: renunciar a esses juízos é renunciar a vida. A filosofia que seesses juízos é renunciar a vida. A filosofia que se atreve a enfrentá-lo está além do bem e do mal.

atreve a enfrentá-lo está além do bem e do mal.

Qual seria então a definição de uma grande filosofia? Nietzsche a define como uma Qual seria então a definição de uma grande filosofia? Nietzsche a define como uma

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confissão pessoal do seu autor através de memórias involuntárias e inadvertidas. A filosofia não confissão pessoal do seu autor através de memórias involuntárias e inadvertidas. A filosofia não surge do conhecimento, este foi apenas um instrumento. Mas nasce de cunho moral, assim: todo surge do conhecimento, este foi apenas um instrumento. Mas nasce de cunho moral, assim: todo impulso ambiciona dominar e, portanto, procura fil

impulso ambiciona dominar e, portanto, procura filosofarosofar. O autor . O autor distingue odistingue o ‘‘homem doutohomem douto’’ do do

filósofo. Enquanto o primeiro se interessa pela família, negócios ou política, seria apenas um filósofo. Enquanto o primeiro se interessa pela família, negócios ou política, seria apenas um

“esperançoso trabalhador esperançoso trabalhador ””, para o segundo absolutamente nada é impessoal, sua moral dá um, para o segundo absolutamente nada é impessoal, sua moral dá um decidido e decisivo testemunho de quem ele é.

decidido e decisivo testemunho de quem ele é.  Nietzsche

 Nietzsche faz faz uma uma severa severa crítica crítica aos aos estóicosestóicos22 na perspna perspectiva deectiva destes de stes de viver conviver conforme aforme a

natureza. Na verdade viver é absolutamente o oposto disso. Viver é avaliar, preferir, ser injusto, ser natureza. Na verdade viver é absolutamente o oposto disso. Viver é avaliar, preferir, ser injusto, ser limitado e querer ser diferente. Mas os estoicos deixaram uma herança relevante: criou-se uma limitado e querer ser diferente. Mas os estoicos deixaram uma herança relevante: criou-se uma filosofia com o mundo a sua imagem e não consegue evitá-lo. Para Nietzsche, a filosofia é um filosofia com o mundo a sua imagem e não consegue evitá-lo. Para Nietzsche, a filosofia é um impulso tirânico, a mais espiritual vontade de poder (capacidade, autoridade, domínio)

impulso tirânico, a mais espiritual vontade de poder (capacidade, autoridade, domínio)  –  –  toda força toda força

 propulsora.

 propulsora. Assim, a própria vida Assim, a própria vida é a vontade é a vontade de poderde poder..

O saber não tem uma certeza imediata. O povo crê nessa certeza imediata, mas o filósofo O saber não tem uma certeza imediata. O povo crê nessa certeza imediata, mas o filósofo deve questionar esse conceito. De alguma forma t

deve questionar esse conceito. De alguma forma toda vontade é comandada pelo pensamento. Ela éoda vontade é comandada pelo pensamento. Ela é comandada pelo livre arbítrio. Somos ao mesmo tempo a parte que comanda e a que obedece e, comandada pelo livre arbítrio. Somos ao mesmo tempo a parte que comanda e a que obedece e, como a parte que obedece, conhecemos as sensações de coação, sujeição e resistência após um ato como a parte que obedece, conhecemos as sensações de coação, sujeição e resistência após um ato de vontade. Na verdade, o autor define livre arbítrio como cativo arbítrio,

de vontade. Na verdade, o autor define livre arbítrio como cativo arbítrio,

Somos nós apenas que criamos as causas, a sucessão, a reciprocidade, a Somos nós apenas que criamos as causas, a sucessão, a reciprocidade, a relatividade, a coarção, o número, a lei, a liberdade, o motivo, a finalidade; e relatividade, a coarção, o número, a lei, a liberdade, o motivo, a finalidade; e ao introduzir e entremesclar nas coisas desse mundo de signos, como algo ao introduzir e entremesclar nas coisas desse mundo de signos, como algo

‘em siem si’’, agimos como sempre fizemos, ou seja,, agimos como sempre fizemos, ou seja, mitologicamentemitologicamente. . OO

‘cativo-arbítriocativo-arbítrio’’não passa de mitologia: na vida real há apenas vontadesnão passa de mitologia: na vida real há apenas vontades

 fortes

 fortesee fracas fracas. (NIETZSCHE, 2014, p. 26). (NIETZSCHE, 2014, p. 26)

Essa não liberdade de arbítrio é vista

Essa não liberdade de arbítrio é vista por Nietzsche como um problema por duas razões: unspor Nietzsche como um problema por duas razões: uns não querem abandonar a fé em si, o

não querem abandonar a fé em si, o seu mérito, e os outros seu mérito, e os outros não desejam se responsabilizar por nadanão desejam se responsabilizar por nada e partem para o auto desprezo, estes quando escrevem tem uma espécie de

e partem para o auto desprezo, estes quando escrevem tem uma espécie de ““compaixãocompaixão

socialista

socialista””. O autor define moral como a teoria das relações de dominação sob as quais se origina. O autor define moral como a teoria das relações de dominação sob as quais se origina

o fenômeno

o fenômeno ‘‘vidavida’’e a força dos preconceitos morais penetrou, principalmente, o mundoe a força dos preconceitos morais penetrou, principalmente, o mundo

espiritual de forma muito nociva e inibidora. espiritual de forma muito nociva e inibidora.

 No

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saber sobre a base de uma vontade mais forte: a vontade de não saber. A ciência busca prender a saber sobre a base de uma vontade mais forte: a vontade de não saber. A ciência busca prender a esse mundo simplificado, completamente fabricado. Assim, todo homem seleto procura se

esse mundo simplificado, completamente fabricado. Assim, todo homem seleto procura se salvar dasalvar da multidão, onde possa esquecer a regra

multidão, onde possa esquecer a regra ‘‘homemhomem’’  enquanto exceção a ela,  enquanto exceção a ela, ““toda companhia étoda companhia é

má, exceto a companhia dos iguais

má, exceto a companhia dos iguais””(NIETZSCHE, 2014, p. 31). O cinismo é o meio em que as(NIETZSCHE, 2014, p. 31). O cinismo é o meio em que as almas vulgares se aproximam do que seja a honestidade, o homem superior fica atento a todo almas vulgares se aproximam do que seja a honestidade, o homem superior fica atento a todo cinismo grosseiro ou sutil. A inde

cinismo grosseiro ou sutil. A independência é algo para poucos. É prerrogativa dos pendência é algo para poucos. É prerrogativa dos fortes,fortes,

E quem procura ser independente sem ter a

E quem procura ser independente sem ter a obrigaçãoobrigação disso, ainda com todo disso, ainda com todo

o direito, demonstra que provavelmente é não apenas forte, mas temerário o direito, demonstra que provavelmente é não apenas forte, mas temerário além de qualquer medida. Ele penetra num labirinto, multiplica mil vezes os além de qualquer medida. Ele penetra num labirinto, multiplica mil vezes os  perigos que o viver já traz consigo; dos quais um do

 perigos que o viver já traz consigo; dos quais um dos maiores é que ningus maiores é que ninguéémm

 pode

 pode ver ver como como e e onde onde se se extravia, extravia, se se isola isola e e é é despedaçado despedaçado por por algumalgum Minotauro da consciência. Supondo que algu

Minotauro da consciência. Supondo que alguéém assim desapareça, issom assim desapareça, isso

ocorre tão longe do entendimento dos homens que eles não sentem nem ocorre tão longe do entendimento dos homens que eles não sentem nem compadecem: - e ele não pode voltar! Já não pode voltar sequer para a compadecem: - e ele não pode voltar! Já não pode voltar sequer para a compaixão dos hom

compaixão dos homens! ens! (NIETZSCHE, (NIETZSCHE, 2014, p. 34)2014, p. 34)

Com relação às virtudes, Nietzsche diz que o que é alimento para um homem superior deve Com relação às virtudes, Nietzsche diz que o que é alimento para um homem superior deve ser quase veneno para um tipo menor. As virtudes de um homem vulgar talvez significassem ser quase veneno para um tipo menor. As virtudes de um homem vulgar talvez significassem fraqueza e vício num filósofo. Um homem de alta linhagem, se degenerar ou sucumbir, adquire fraqueza e vício num filósofo. Um homem de alta linhagem, se degenerar ou sucumbir, adquire qualidades que o levariam a ser venerado como um santo,

qualidades que o levariam a ser venerado como um santo, ““não se deve frequentar igrejas quandonão se deve frequentar igrejas quando se deseja respirar ar puro

se deseja respirar ar puro”” (NIETZSCHE, 2014, p.35). (NIETZSCHE, 2014, p.35).  Nietzsche estabele

 Nietzsche estabelece o período pré-moral da humanidade quando os atos dos filhos recaíamce o período pré-moral da humanidade quando os atos dos filhos recaíam sobre os pais, o

sobre os pais, o ‘‘conhece-te a ti mesmoconhece-te a ti mesmo’’ não era conhecido e o período moral onde se origina a não era conhecido e o período moral onde se origina a

ação e não mais as consequências, que determina seu valor primeiro na tentativa do ação e não mais as consequências, que determina seu valor primeiro na tentativa do autoconhecimento. O valor da ação reside no valor da intenção. A intenção como origem é autoconhecimento. O valor da ação reside no valor da intenção. A intenção como origem é pré-histórica de uma ação: sob a ótica desse preconceito é que sempre se louvou, condenou, julgou e histórica de uma ação: sob a ótica desse preconceito é que sempre se louvou, condenou, julgou e também filosofou moralmente. O caráter errôneo do mundo é a

também filosofou moralmente. O caráter errôneo do mundo é a coisa mais firme e segura que nossocoisa mais firme e segura que nosso olho ainda pode apreender. Portanto, o princípio da

olho ainda pode apreender. Portanto, o princípio da ‘‘essência das coisasessência das coisas’’ é enganador. Mas não é enganador. Mas não existiria vida se não fosse à

existiria vida se não fosse à base de aparências e perspectivas. Se os filósofobase de aparências e perspectivas. Se os filósofos abolissem os abolissem o ‘‘mundomundo aparente

aparente’’  a sua verdade não resistiria a nada. O mundo visto de dentro, o mundo definido e  a sua verdade não resistiria a nada. O mundo visto de dentro, o mundo definido e designado conforme o seu

designado conforme o seu ‘‘caráter inteligívelcaráter inteligível’’ seria justamente seria justamente ‘‘vontade de poder vontade de poder ’’  e nada  e nada

mais. mais.

Para ser um bom filósofo é preciso ser seco, claro e sem ilusão. Nietzsche cita os caminhos Para ser um bom filósofo é preciso ser seco, claro e sem ilusão. Nietzsche cita os caminhos

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embora sejam porventura o jogo mais perigoso que se pode jogar e, em embora sejam porventura o jogo mais perigoso que se pode jogar e, em última instância, provas de que nós mesmos somos as testemunhas e os última instância, provas de que nós mesmos somos as testemunhas e os únicos juízes. Não se prender a uma pessoa: seja ela a mais querida

únicos juízes. Não se prender a uma pessoa: seja ela a mais querida –  –  toda toda

 pessoa é

 pessoa é uma prisão, uma prisão, e também e também um canto. um canto. Não se Não se prender a prender a uma pátria: uma pátria: sejaseja ela a mais sofredora e necessitada

ela a mais sofredora e necessitada –  –   menos difícil é desatar de uma pátria  menos difícil é desatar de uma pátria

vitoriosa o coração. Não se prender a uma compaixão: ainda que se dirija a vitoriosa o coração. Não se prender a uma compaixão: ainda que se dirija a homens superiores, cujo martírio e desamparo o acaso nos permitiu homens superiores, cujo martírio e desamparo o acaso nos permitiu vislumbrar. Não se prender a uma ciência: ainda que nos tente com os mais vislumbrar. Não se prender a uma ciência: ainda que nos tente com os mais  preciosos achados,

 preciosos achados, guardados especialmente guardados especialmente para para nós. Não nós. Não se prender se prender a a seuseu  próprio desligamento, ao voluptuoso abandono e afastamento do pássaro que  próprio desligamento, ao voluptuoso abandono e afastamento do pássaro que ganha sempre mais altura, para ver mais e mais coisas abaixo de si: - o ganha sempre mais altura, para ver mais e mais coisas abaixo de si: - o  perigo

 perigo daquele daquele que que voa. voa. Não Não nos nos prendermos prendermos às às próprias próprias virtudes virtudes e e nosnos tornarmos, enquanto todo, vítimas de uma nossa particularidade, por tornarmos, enquanto todo, vítimas de uma nossa particularidade, por exemplo, de nossa

exemplo, de nossa ‘‘hospitalidadehospitalidade’’: o perigo por excelência para as almas: o perigo por excelência para as almas ricas e superiores, que tratam a si mesmas prodigamente, quase com ricas e superiores, que tratam a si mesmas prodigamente, quase com indiferença, exercitando a liberdade ao ponto de torná-la um vício. É preciso indiferença, exercitando a liberdade ao ponto de torná-la um vício. É preciso saber

saber  pres preservar-ervar-sese: a mais dura prova de independência. (NIETZSCHE,: a mais dura prova de independência. (NIETZSCHE,

2014, p. 43) 2014, p. 43)

Portanto, os espíritos livres são os mais comunicadores e a natureza do filósofo tem três Portanto, os espíritos livres são os mais comunicadores e a natureza do filósofo tem três condições básicas: ser um espírito livre, um livre pensador e está além do bem e do mal. No condições básicas: ser um espírito livre, um livre pensador e está além do bem e do mal. No capítulo que destaca a fé religiosa, Nietzsche define a fé cristã como um sacrifício de toda capítulo que destaca a fé religiosa, Nietzsche define a fé cristã como um sacrifício de toda liberdade, todo orgulho, confiança do espírito em si mesmo. Há três caraterísticas da neurose liberdade, todo orgulho, confiança do espírito em si mesmo. Há três caraterísticas da neurose religiosa: solidão, jejum e abstinência sexual. Só a 'vontade de poder' que obriga ao homem se deter religiosa: solidão, jejum e abstinência sexual. Só a 'vontade de poder' que obriga ao homem se deter na frente do santo, ou

na frente do santo, ou seja, interrogá-lo.seja, interrogá-lo.

O autor faz duras críticas à Bíblia. No Velho Testamento (livro da justiça divina) há O autor faz duras críticas à Bíblia. No Velho Testamento (livro da justiça divina) há grandiosidade dos feitos

grandiosidade dos feitos –  –  relação do pequeno e grande. Já no Novo Testamento (livro da graça), relação do pequeno e grande. Já no Novo Testamento (livro da graça), “nele há muito cheiro úmido e adocicado dos beatos e das almas pequenas” (NIETZSCHE, 2014, p. “nele há muito cheiro úmido e adocicado dos beatos e das almas pequenas” (NIETZSCHE, 2014, p.

52). O autor considera a Bíblia o maior pecado contra o espírito que a Europa literária tem 52). O autor considera a Bíblia o maior pecado contra o espírito que a Europa literária tem consciência. Assim, a filosofia moderna é abertamente ou não anticristã, mas de nenhuma maneira consciência. Assim, a filosofia moderna é abertamente ou não anticristã, mas de nenhuma maneira antirreligiosa porque pensar é uma atividade para a qual um sujeito TEM que ser pensado como antirreligiosa porque pensar é uma atividade para a qual um sujeito TEM que ser pensado como uma causa.

uma causa.

 Nietzsche esta

 Nietzsche estabeleceu uma ebeleceu uma escala para descala para determinar a crueldadterminar a crueldade religiosa:e religiosa:

  Nível 1 Nível 1 –  –  Sacrificava ao Deus seres humanos; Sacrificava ao Deus seres humanos; 

  Nível 2 Nível 2 –  –  Na época da moral sacrificava os instintos mais fortes, a própria 'natureza'; Na época da moral sacrificava os instintos mais fortes, a própria 'natureza'; 

  Nível  Nível 33 –  –   Sacrificar o próprio Deus e, por crueldade a si  Sacrificar o próprio Deus e, por crueldade a si mesmo, “adorar a pedra, amesmo, “adorar a pedra, a imbecilidade, a gravidade e

imbecilidade, a gravidade e o destino” (NIETZSCHE, 2014, p. 54)o destino” (NIETZSCHE, 2014, p. 54)

Uma autêntica vida religiosa requer ócio. Um ócio que remete a um sentimento Uma autêntica vida religiosa requer ócio. Um ócio que remete a um sentimento

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verdade. Assim o filósofo se utilizará da religião para a sua obra de educação e cultivo da mesma verdade. Assim o filósofo se utilizará da religião para a sua obra de educação e cultivo da mesma forma que se utilizará das

forma que se utilizará das condições políticas e econômicas,condições políticas e econômicas,

Para os fortes, independentes, preparados e predestinados ao comando, nos Para os fortes, independentes, preparados e predestinados ao comando, nos quais se encaram a razão e a arte de uma raça dominante, a religião é mais quais se encaram a razão e a arte de uma raça dominante, a religião é mais um meio de vencer resistências para dominar: é um laço que une um meio de vencer resistências para dominar: é um laço que une dominadores e súditos, e que denuncia e entrega àqueles a consciência dominadores e súditos, e que denuncia e entrega àqueles a consciência destes, o que neles é mais íntimo e oculto, que bem gostaria de se subtrair à destes, o que neles é mais íntimo e oculto, que bem gostaria de se subtrair à obediência; e se algumas naturezas de origem nobre se inclinarem, por uma obediência; e se algumas naturezas de origem nobre se inclinarem, por uma elevada espiritualidade, a uma vida mais afastada e contemplativa, elevada espiritualidade, a uma vida mais afastada e contemplativa, guardando para si apenas a mais refinada espécie de domínio (sobre guardando para si apenas a mais refinada espécie de domínio (sobre discípulos eleitos ou irmãos de ordem), a religião pode ser usada inclusive discípulos eleitos ou irmãos de ordem), a religião pode ser usada inclusive como meio de obter paz frente ao barulho e à fadiga de modos mais como meio de obter paz frente ao barulho e à fadiga de modos mais

 grosse

 grosseirosiros  de governo, e limpeza frente a necessária sujeira de toda a  de governo, e limpeza frente a necessária sujeira de toda a

 política. (NIETZSCH

 política. (NIETZSCHE, 2014, p. 58)E, 2014, p. 58)

Mas a religião fornece a uma parte dos dominados a orientação e oportunidade de Mas a religião fornece a uma parte dos dominados a orientação e oportunidade de  preparar-se para dominar

 preparar-se para dominar algum dia. Assim, algum dia. Assim, para os para os homens ordinárioshomens ordinários –  –  que tem apenas o direito que tem apenas o direito

de 'existir'

de 'existir' –  –   a religião proporciona uma inestimável satisfação com seu estado e modo de ser.  a religião proporciona uma inestimável satisfação com seu estado e modo de ser.

 Nietzsche destaca que o grande mérito do

 Nietzsche destaca que o grande mérito do cristianismo e do budismo é cristianismo e do budismo é ter a arte ter a arte de ensinar, mesmode ensinar, mesmo nos mais humildes, a se colocar, pela devoção, numa ilusória ordem superior das coisas, mantendo nos mais humildes, a se colocar, pela devoção, numa ilusória ordem superior das coisas, mantendo assim o contentamento com a ordem real. O cristianismo é a mais funesta das presunções que assim o contentamento com a ordem real. O cristianismo é a mais funesta das presunções que transformou o destino da Europa e obteve uma espécie diminuída, um animal de rebanho, um ser transformou o destino da Europa e obteve uma espécie diminuída, um animal de rebanho, um ser doentio e medíocre.

doentio e medíocre.

 No

 No capítulo capítulo intitulado intitulado 'contribuição 'contribuição à à história história natural natural da da moral”, moral”, Nietzsche Nietzsche estabeleceestabelece

alguns tipos de moral: alguns tipos de moral:

 Que pretende justificar perante os outros o seu autor;Que pretende justificar perante os outros o seu autor; 

 Que pretende acalmá-lo e deixá-lo contente consigo mesmo;Que pretende acalmá-lo e deixá-lo contente consigo mesmo; 

 Quer crucificar e humilhar a si mesmo;Quer crucificar e humilhar a si mesmo; 

 Quer vulgarizar-se;Quer vulgarizar-se; 

 Quer esconder-se;Quer esconder-se; 

 Quer transfigurar-se e colocar-se nas alturas;Quer transfigurar-se e colocar-se nas alturas; 

 Exercer sobre a humanidade seu poder e seu capricho criador.Exercer sobre a humanidade seu poder e seu capricho criador.

Em suma, a moral não passa de uma 'semiótica dos afetos'. Toda moral é um pouco de Em suma, a moral não passa de uma 'semiótica dos afetos'. Toda moral é um pouco de tirania contra a 'natureza' e

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Para o autor, apenas a partir da experiência é possível opinar sobre a elevada questão da Para o autor, apenas a partir da experiência é possível opinar sobre a elevada questão da hierarquia. A declaração da independência do homem científico, sua emancipação da filosofia, hierarquia. A declaração da independência do homem científico, sua emancipação da filosofia, significa a autogl

significa a autoglorificação e exaltação do erudito se encontra em pleno florescimento, “ com o queorificação e exaltação do erudito se encontra em pleno florescimento, “ com o que

não se quer dizer que, nesse caso, o elogio de si mesmo tenha cheiro

não se quer dizer que, nesse caso, o elogio de si mesmo tenha cheiro agradável” (NIETZSCHE,agradável” (NIETZSCHE,

2014, p. 93). O

2014, p. 93). O verdadeiro filósofo não vive recluso, 'sabiamente', prudente e afverdadeiro filósofo não vive recluso, 'sabiamente', prudente e afastado. O verdadeiroastado. O verdadeiro filósofo vive de modo pouco filosófico, pouco sábio, sente o fardo e a obrigação das tentações da filósofo vive de modo pouco filosófico, pouco sábio, sente o fardo e a obrigação das tentações da vida

vida  –  –   ele arrisca a si próprio constantemente. O homem objetivo é um espelho: habituado a  ele arrisca a si próprio constantemente. O homem objetivo é um espelho: habituado a

submeter-se ao que quer ser conhecido. Nietzsche destaca que o ceticismo nasce quando se juntam, submeter-se ao que quer ser conhecido. Nietzsche destaca que o ceticismo nasce quando se juntam, de súbito, raças por longo tempo

de súbito, raças por longo tempo separadasseparadas..

A nova geração como que herda no sangue medidas e valores diversos, nela A nova geração como que herda no sangue medidas e valores diversos, nela tudo é inquietude, perturbação, tentativa, dúvida: as melhores forças inibem, tudo é inquietude, perturbação, tentativa, dúvida: as melhores forças inibem, as próprias virtudes não permitem uma à outra crescer e se fortalecer, no as próprias virtudes não permitem uma à outra crescer e se fortalecer, no corpo e na alma f

corpo e na alma faltam equilíbrio, gravidade, segurança perpendicular. Mas oaltam equilíbrio, gravidade, segurança perpendicular. Mas o que em tais mestiços adoece e degenera mais profundamente é a

que em tais mestiços adoece e degenera mais profundamente é a vontadevontade::

eles não conhecem mais a independência no decidir 

eles não conhecem mais a independência no decidir  , , o ousado prazer noo ousado prazer no

querer

querer –  –   duvidam até em sonhos da 'liberdade da vontade' (NIETZSCHE,  duvidam até em sonhos da 'liberdade da vontade' (NIETZSCHE,

2014, p. 100) 2014, p. 100)

 Nietzsche

 Nietzsche procura procura fazer fazer uma uma descrição descrição das das principais principais virtudes, virtudes, na na medida medida que, que, julgar julgar ee condenar moralmente é a forma favorita dos espiritualmente limitados se vingarem daqueles que o condenar moralmente é a forma favorita dos espiritualmente limitados se vingarem daqueles que o são menos. Seria uma forma de igualar a todos 'perante Deus' e para isso precisam crer em Deus. são menos. Seria uma forma de igualar a todos 'perante Deus' e para isso precisam crer em Deus. Para o autor, o sentido histórico é a capacidade de compreender rapidamente a hierarquia de Para o autor, o sentido histórico é a capacidade de compreender rapidamente a hierarquia de valorações

valorações –  –  foi adquirido através da semibarbárie em que a mistura de classes e raças mergulhou a foi adquirido através da semibarbárie em que a mistura de classes e raças mergulhou a

Europa. Isso acaba formando labirintos de culturas incompletas. Esse sentido histórico significa Europa. Isso acaba formando labirintos de culturas incompletas. Esse sentido histórico significa quase que sentido e instinto para tudo, gosto e língua para tudo: no que logo se revela o seu caráter quase que sentido e instinto para tudo, gosto e língua para tudo: no que logo se revela o seu caráter não nobre. Para exemplificar, Nietzsche faz uma

não nobre. Para exemplificar, Nietzsche faz uma dura crítica ao dura crítica ao dramaturgo Shakespeadramaturgo Shakespeare,re,

Shakespeare, essa estupenda síntese hispano-mouro-saxã do gosto, que faria Shakespeare, essa estupenda síntese hispano-mouro-saxã do gosto, que faria um antigo ateniense das relações de Ésquilo morrer de riso e de raiva: mas um antigo ateniense das relações de Ésquilo morrer de riso e de raiva: mas nós

nós  –  –   nós aceitamos, com secreta familiaridade e afeto, essa selvagem  nós aceitamos, com secreta familiaridade e afeto, essa selvagem

 policromia,

 policromia, essa essa miscelânea miscelânea do do que que é é mais mais delicado, delicado, mais mais grosseiro grosseiro ee artificial, nós o fruímos como um refinamento de arte reservado justamente artificial, nós o fruímos como um refinamento de arte reservado justamente  para nós, e nos sentimos tão pouco i

 para nós, e nos sentimos tão pouco incomodados pelos repugnantes miasmasncomodados pelos repugnantes miasmas e a promiscuidade da ralé inglesa, em que vivem a arte e o gosto de e a promiscuidade da ralé inglesa, em que vivem a arte e o gosto de Shakespeare (NIETZSCHE, 2014, p.

Shakespeare (NIETZSCHE, 2014, p. 116).116).

Para Nietzsche a honestidade é a grande virtude dos homens de 'espírito livre' e procura Para Nietzsche a honestidade é a grande virtude dos homens de 'espírito livre' e procura

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Mas um homem que tenha profundidade tanto no espírito como nos desejos, Mas um homem que tenha profundidade tanto no espírito como nos desejos, e também a profundidade da benevolência que é capaz de rigor e dureza, e é e também a profundidade da benevolência que é capaz de rigor e dureza, e é confundida facilmente com estes, não pode pensar sobre a mulher senão de confundida facilmente com estes, não pode pensar sobre a mulher senão de modo

modo oriental oriental   –  –   ele tem que conceber a mulher como posse, como  ele tem que conceber a mulher como posse, como

 propriedade a manter

 propriedade a manter sob sete chaves, como asob sete chaves, como algo destinado a lgo destinado a servir e que servir e que sósó então se realiza (NIETZSCHE, 2014, p. 129).

então se realiza (NIETZSCHE, 2014, p. 129).

 No último

 No último capítulo do capítulo do livre Nietzsche livre Nietzsche faz a faz a pergunta: o pergunta: o que é que é nobre? Nesse momento nobre? Nesse momento eleele vai melhor descrever sua concepção sobre a moral dos senhores e a moral dos escravos. Portanto, a vai melhor descrever sua concepção sobre a moral dos senhores e a moral dos escravos. Portanto, a moral dos senhores, entre outras características, é originada dentro de uma espécie dominante. moral dos senhores, entre outras características, é originada dentro de uma espécie dominante. Despreza os seres que divergem dos estados de elevação e orgulho. A oposição entre 'bom' e 'ruim' é Despreza os seres que divergem dos estados de elevação e orgulho. A oposição entre 'bom' e 'ruim' é 'nobre' e 'desprezível'. Despreza-se o covarde, o medroso, o mesquinho

'nobre' e 'desprezível'. Despreza-se o covarde, o medroso, o mesquinho  –  –  não é a moral das 'ideias não é a moral das 'ideias

modernas'. modernas'.

Já a moral dos escravos não é favorável a virtude dos poderosos: é cética e desconfiada. É Já a moral dos escravos não é favorável a virtude dos poderosos: é cética e desconfiada. É

cheia de compaixão e coração cálido, “A moral dos escravos é essencialmente uma moral de cheia de compaixão e coração cálido, “A moral dos escravos é essencialmente uma moral de utilidade”

utilidade” (NIETZSCHE, 2014, p. 158). (NIETZSCHE, 2014, p. 158).

Enfim, como diz o posfácio da edição estudada

Enfim, como diz o posfácio da edição estudada33, 'Além do Bem e do Mal' é uma obra, 'Além do Bem e do Mal' é uma obra

inesgotável. Nietzsche o permeia de razão mas, sobretudo, de emoção ao provocar nos leitores inesgotável. Nietzsche o permeia de razão mas, sobretudo, de emoção ao provocar nos leitores  profunda imersão em suas reflexõe

 profunda imersão em suas reflexões muitas vezes ácidas, muitas vezes poéticass muitas vezes ácidas, muitas vezes poéticas. É quase impossível. É quase impossível ler Nietzsche e ficar à

ler Nietzsche e ficar à margem dele.margem dele.

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