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GEOHÍDRICA, v.1, n.1 (2017) p ISSN Eletrônico: XXXX-XXXX. Centro Paula Souza FATEC Jacareí

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GEOHÍDRICA – GEOHÍDRICA é uma Revista semestral da Faculdade de Tecnologia de Jacareí – FATEC Jacareí. Em formato eletrônico, publica artigos científicos originais e de revisão em diversas áreas: Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Geoprocessamento e áreas correlatas. Nos artigos científicos, diversos são os temas e assuntos abordados: Biologia e Ecologia, Geociências, Qualidade da Água, Geoinformação, Sensoriamento Remoto. Os artigos submetidos terão análise e aprovação de seu corpo editorial e técnico, sendo após o aceite, publicados objetivando contribuir para divulgação científica e tecnológica.

GEOHÍDRICA, v.1, n.1 (2017) p. 01-16.

ISSN Eletrônico: XXXX-XXXX

Centro Paula Souza – FATEC Jacareí

Av. Faria Lima, 155 – Jd. Santa Maria Jacareí, SP CEP 12.328-070

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Mulheres por um Fio: Um estudo ecofeminista sobre racismo ambiental

em Jacareí

Karla Regina Silva¹, Monique Carvalho Fonseca²

Faculdade de Tecnologia de Jacareí – FATEC Jacareí. Av. Faria Lima, Jd. Santa Maria – Jacareí – SP, 12.328-150. (karlla-regi@hotmail.com¹; cari-olinda@hotmail.com²)

Resumo: O artigo traz um estudo comparativo sobre racismo ambiental nos bairros Vila Ita e Jardim Flórida, no Município de Jacareí, SP. Os métodos utilizados foram entrevistas semiestruturadas com as moradoras, inspeção visual e registro de informações de campo. Por fim, os resultados mostraram que há diferenças relacionadas entre indicadores ambientais e de gêneros em uma ZEIS e em bairro vizinho. Ao final, discutem-se algumas possibilidades de superação por meio de políticas públicas.

Palavras chave: Racismo ambiental. Feminismo. Meio ambiente. Gênero. Saneamento Básico.

Abstract: The article presents a comparative study on environmental racism in Vila Ita and

Jardim Florida neighborhoods, in the city of Jacareí, SP. The methods were semi-structured interviews with the residents and visual inspection of field information. Finally, the results showed that there are differences between environmental and gender indicators in a ZEIS and its surroundings. At the conclusions, some possibilities for overcoming the situation are discussed in terms of public policies.

Keywords: environmental racism. Feminism. Environment. Gender. Basic sanitation.

1. Introdução

A forma como a sociedade relaciona-se com a natureza vem provocando uma série de conflitos e dentre os conflitos socioambientais pode-se destacar a questão do racismo ambiental. Para a socióloga Selene Herculano:

O conceito diz respeito às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma desproporcional sobre etnias vulnerabilizadas. O racismo ambiental não se configura apenas por meio de ações que tenham uma intenção racista, mas igualmente por meio de ações que tenham impacto racial, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem. Diz respeito a um tipo de desigualdade

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e de injustiça ambiental muito específico: o que recai sobre suas etnias, bem como sobre todo grupo de populações ditas tradicionais (HERCULANO, 2008, p. 16).

A discriminação ambiental recai sobre uma parcela da população que é mais vulnerável, principalmente no que se refere a grandes empreendimentos que obrigam a estas pessoas a buscarem abrigos em favelas sem condições de vida ambiental adequadas, fazendo com que elas tenham dificuldades de acesso a agua potável, saneamento básico, coleta de lixo, moradias precárias etc.

Para Herculano e Pacheco (2006), “embora totalmente diferente da forma como historicamente se manifestou e manifesta ainda nos Estados Unidos, o racismo está indubitavelmente presente na nossa sociedade”.

As mulheres são vítimas tanto do racismo ambiental quanto do machismo. Tanto as mulheres quanto a natureza são vistas como propriedades patriarcais, tratadas como mero objetos e nada mais. O ecofeminismo busca o equilíbrio de forças das mulheres em relação aos homens e aos governos, procurando obter uma vida melhor para todos sem distinção. Para a ativista Alicia Puleo:

(...) o ecofeminismo constitui uma das correntes do feminismo que assume a problemática ecológica como algo que pode ser abordado com as questões de gênero, trazendo novas compreensões as relações humanas com a natureza (PULEO, 2005 apud TAVARES, s/d).

A presente pesquisa parte da premissa de que a perspectiva ecofeminista pode trazer contribuições para uma crítica a respeito do racismo ambiental e tem como tema a comparação de indicadores ambientais e de gênero nas áreas urbanas de interface com as Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS.

De acordo com a Lei Federal nº 11.977/2009 (BRASIL, 2009), as ZEIS constituem parcela de área urbana instituída pelo Plano Diretor ou definida por outra lei municipal, destinada predominantemente à moradia de população de baixa renda e sujeita a regras específicas de parcelamento, uso e ocupação do solo. Segundo Gondim e Gomes (2012), o tipo mais comum de ZEIS abrange áreas ocupadas por assentamentos irregulares, incluindo favelas e cortiços e loteamentos e conjuntos habitacionais de baixa renda.

Assim, o objetivo geral desta pesquisa foi a realização de um estudo comparativo de alguns indicadores ambientais e de gênero em uma ZEIS e em bairro vizinho. Para isso foram definidos os seguintes objetivos específicos:

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2. Realizar entrevistas com as moradoras para coleta de informações e opiniões sobre suas visões de mundo, seu bairro e o bairro vizinho; 3. Comparar e discutir as respostas das mulheres de acordo com a região

de residência.

2. Materiais e Métodos

A área selecionada para o estudo do projeto foram os bairros Jardim Flórida e Vila Ita, no Município de Jacareí, Estado de São Paulo (Fig. 1). Esta área foi selecionada por reunir as seguintes características:

• A ZEIS da Vila Ita e bairro do Jardim Flórida estão próximos, separados apenas pela Avenida Mississipi;

• Proximidade a uma área de preservação ambiental – APP; • Localização próxima ao centro da cidade e fácil acesso.

Fig. 1: Croqui de localização da área de estudo.

Fonte: elaborado pelas autoras a partir de imagens do Google Maps (2017).

O trabalho de campo consistiu de duas etapas:

(1) realização de entrevistas com as moradoras (Anexo I): as entrevistas foram feitas com mulheres residentes na área de estudo por meio de questionário semiestruturado constituído por perguntas abertas.

(2) inspeção visual e registro de observações de campo (Anexo II): a inspeção de campo foi feita por meio de planilha de coleta de dados.

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O trabalho foi feito em duas etapas: uma visita à Vila Ita, em 09/11/2018 e outra ao Jardim Florida em 13/11/2018. Foram entrevistadas 10 moradoras, sendo cinco de cada bairro. O reduzido número de entrevistas deveu-se às restrições logísticas e de segurança para realização do trabalho de campo.

3.1. Resultados da Vila Ita

A figura 2 apresenta uma foto de campo da área de estudo.

Fig. 2: Imagem de campo da Vila Ita

Fonte: imagens do Google Street View, 2011.

A primeira pergunta foi o que a entrevistada pensa sobre seu bairro e o que ela acha que pode ser melhorado. Quatro entrevistadas mencionaram posto de saúde, uma mencionou creche, e outra, quadra de esportes.

A segunda pergunta foi quantos membros de sua família residem com ela. Uma respondeu que mora sozinha, outra com três pessoas, outra com quatro e outra com cinco pessoas. A terceira pergunta foi a idade da primeira maternidade. A primeira entrevistada respondeu 21 anos, a segunda respondeu 17 anos, a terceira respondeu 27 anos, a quarta respondeu 22 anos e a última respondeu 19 anos. A quarta pergunta foi sobre grau de escolaridade. Três responderam ensino médio completo e duas responderam ensino fundamental. A quinta pergunta foi se se considera a chefe da família. Quatro responderam não e uma respondeu sim.

A sexta pergunta foi sobre seu nível de satisfação com a limpeza do bairro, quatro responderam que não estão satisfeitas e uma disse que sim. A sétima pergunta foi sobre coleta de lixo e sua separação. Todas responderam que existe coleta, porém apenas uma disse que existe separação

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A oitava pergunta é sobre trabalho atual das moradoras. Uma respondeu artesã, outra comerciante, outra recicladora e duas não trabalham. A nona pergunta foi sobre o que gostam de fazer no tempo livre. Duas vão à igreja, outras duas fazem artesanato e uma fica com filho.

A décima pergunta sobre o sonho de vida das moradoras, uma ver os filhos formados, duas arrumar emprego e duas casas própria.

A decima primeira e sobre benefícios sociais. Todas responderam que não recebem nenhum benefício do governo. A decima-segunda foi se as crianças estão na escola. Todas responderam que sim.

A decima terceira é se existe coleta de esgoto, três responderam sim e duas não.

A decima quarta pergunta é sobre a renda total da família, uma respondeu R$ 1.200, outra R$ 2.000, outra R$ 2.300, outra R$ 1.480 e uma não tem renda. A decima quinta e sobre participação em associação do bairro, quatro não participam e uma sim.

A decima sexta é sobre opinião a respeito do aborto. Todas foram contrárias. A decima sétima é sobre a opinião das moradoras do Vila Ita sobre as moradoras do jardim Florida. Quatro não tem reclamações e uma diz existir discriminação.

A decima oitava é sobre a etnia das moradoras, todas se declararam negras.

A inspeção de campo na Vila Ita permitiu constatar que há muito lixo nas ruas, existem erosões de porte médio, não há ponto de ônibus e não existe arborização de rua.

3.2. Resultados do Jardim Flórida

A figura 2 apresenta uma foto de campo da área de estudo.

A segunda pergunta foi quantos membros de sua família residem com você. Uma entrevistada respondeu que reside com quatro pessoas, duas responderam que residem com duas pessoas e duas responderam que residem sozinhas. A terceira pergunta foi a idade da primeira maternidade. Duas entrevistadas responderam 22 anos, uma respondeu 18 anos, uma respondeu 19 e outra respondeu 49 anos. A quarta pergunta foi sobre o grau de escolaridade. Quatro entrevistadas responderam 2º. grau completo e uma respondeu ensino fundamental. A quinta pergunta foi se é chefe de família. Três entrevistadas responderam que sim e duas responderam que não.

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A sexta pergunta foi você está satisfeita com a limpeza do seu bairro. Quatro entrevistadas responderam que sim e uma que não. A sétima pergunta foi se há coleta de lixo e se é separado. Cinco entrevistadas responderam que sim e todas informaram que não sabem se o lixo é separado.

Fig. 3: Imagem de campo do Jardim Flórida

Fonte: imagens do Google Street View, 2011.

A primeira pergunta foi o que a entrevistada pensa sobre o bairro e o que ela acha que pode ser melhorado. Quatro entrevistadas mencionaram que não tem reclamação e uma mencionou que falta faixa de pedestre.

A oitava pergunta foi se trabalham atualmente. Duas entrevistadas responderam que são aposentadas, duas responderam que estão desempregadas e uma relatou que trabalha em um restaurante. A nona pergunta foi o que ela gosta de fazer em seu tempo livre. Uma respondeu que gosta de cuidar de orquídeas, outra gosta de passear, outra de cuidar dos filhos, outra gosta de fazer artesanato e outra gosta de descansar.

A décima pergunta foi qual seu sonho de vida. Uma disse casa própria, uma respondeu fazer uma faculdade e três disseram que não tem nenhum sonho. A decima primeira pergunta foi quanto aos benefícios sociais. Todas responderam que não recebem. A decima segunda pergunta foi se as crianças estão na escola. Quatro responderam que não possuem filhos em idade escolar e duas responderam que sim.

A decima terceira pergunta foi quanto a coleta de esgoto no bairro. Quatro entrevistadas responderam sim e uma respondeu não.

A decima quarta pergunta foi qual a renda total da família. Três entrevistadas não responderam, uma disse R$ 2.000 e outra R$ 2.900.

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A decima-quinta pergunta foi se participa de alguma associação de bairro. Todas as entrevistadas responderam que não participam.

A decima-sexta pergunta foi sua opinião sobre o aborto. Quatro entrevistadas responderam que são contra e uma respondeu que depende da situação.

A decima-sexta pergunta foi qual sua opinião sobre os moradores do bairro a frente. Três entrevistadas responderam que não tem reclamações, uma respondeu que há muita violência e outra respondeu que há muito lixo jogado na rua.

Décima sétima pergunta foi sobre a etnia das moradoras. Todas se declararam brancas.

A inspeção de campo no Jardim Florida mostrou que não há lixo nas ruas, não há erosões (o bairro é totalmente urbanizado). Há pontos de ônibus, arborização urbana, áreas verdes, escolas infantis, postos de saúde, água encanada e energia elétrica.

4. Discussão

Para facilitar a comparação e discussão dos dados e informações, as respostas foram tabuladas e produzidos gráficos para cada bairro das moradoras entrevistadas, apresentados a seguir.

Fig. 4: Que melhorias você gostaria para o seu bairro?

Fonte: dados da pesquisa.

0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita (%) Jd. Flórida (%)

Posto de saúde Segurança Quadra de esportes

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Aqui foi possível constatar que 80% das moradoras do Jardim Flórida estão satisfeitas com seu bairro. Já na Vila Ita nenhuma mostrou-se plenamente satisfeita, e 57% das entrevistadas informaram que falta posto de saúde no bairro.

Fig. 5: Quantos membros da sua família moram com você?

Fonte: dados da pesquisa. Nesta pergunta verificou-se que as famílias são mais numerosas na Vila Ita do que no Jardim Flórida.

Fig. 6: Você é chefe de família?

Fonte: dados da pesquisa.

0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita (%) Jd. Flórida (%)

Apenas um Dois Três Quatro Cinco ou mais

0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita (%) Jd. Flórida (%) Sim Não

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Fig. 7: Qual a idade da primeira maternidade?

Fonte: dados da pesquisa. Verificou-se que na Vila Ita a maternidade ocorre um pouco mais cedo, enquanto no Jardim Flórida ocorre na faixa de 21 a 25 anos.

Fig. 8: Qual seu grau de escolaridade?

Fonte: dados da pesquisa. Quanto à escolaridade, verificou-se que a maioria das moradoras da Vila Ita tem o ensino fundamental enquanto que as moradoras do jardim Florida tem o ensino médio. Destaca-se que bairro que apresenta escolaridade e renda mais baixas também apresenta maternidade mais precoce.

0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita (%) Jd. Flórida (%)

Até 17 anos De 18 a 20 anos De 21 a 25 anos Maior que 25 anos

0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita(%) Jd. Florida(%)

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Fig. 9: Você está satisfeita com a limpeza do seu bairro?

Fonte: dados da pesquisa. Em relação a limpeza do bairro a maioria das moradoras da Vila Ita estão insatisfeitas. Já no Jardim Flórida as moradoras estão satisfeitas. Aqui destaca-se que a inspeção de campo também verificou que as ruas da Vila Ita estão muito sujas, sem varrição, com terrenos baldios e lixo pela rua, enquanto no Jardim Flórida apresentam-se limpas.

Fig. 10: Há coleta de lixo? É separado?

Fonte: dados da pesquisa. Verificou-se que as moradoras da Vila Ita têm mais informações sobre os tipos de coleta do lixo. Já no Jardim Flórida as entrevistadas não sabem, talvez

0% 20% 40% 60% 80% 100% sim não

Vila Ita (%) Jardim Florida (%)

0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita (%) Jd. Flórida (%)

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porque não consideram este um assunto importante, ou não são elas que cuidam do lixo em suas casas.

Fig. 11: Você trabalha atualmente?

Fonte: dados da pesquisa. Em relação ao trabalho, verificou-se que 80% das moradoras da Vila Ita trabalham e apenas 20% das moradoras do Jardim Flórida não trabalham. Aqui cabe destacar que as visitas domiciliares foram realizadas em horário comercial, e parte das entrevistadas do Jardim Flórida se disseram aposentadas.

Fig. 12: Qual seu sonho de vida?

Fonte: dados da pesquisa. Em relação aos sonhos, verificou-se que que Na Vila Ita todas as moradoras têm sonhos, e eles estão relacionados ao desenvolvimento social,

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Vl. Ita (%) Jd. Flórida (%) Sim Não 0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita (%) Jd. Flórida (%)

Qualidade de vida para si e a familia Emprego

Melhor renda Casa própria

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como emprego, casa própria e qualidade de vida. Já no Jardim Flórida mais da metade das entrevistadas disseram que não têm mais sonhos. Como hipóteses, podem ser levantadas as possibilidades de que isto pode se referir à idade (muitas aposentadas) ou ao fato de já desfrutarem de alguma qualidade de vida.

Fig. 13: Qual a renda total da família?

Fonte: dados da pesquisa. Em relação a renda, verificou-se que as moradoras da Vila Ita têm renda menor se comparadas às moradoras do Jardim Flórida, um fator agravado levando-se em consideração o número de integrantes das famílias em cada bairro. Aqui cabe ressalvar, no entanto, que mais da metade das moradoras do Flórida não quis declarar sua renda.

Fig. 14: Qual a etnia das entrevistadas?

Fonte: dados da pesquisa. Em relação a etnia, todas as entrevistadas da Vila Ita são negras/pardas, enquanto no Jardim Flórida são brancas, indicando que entre os bairros há uma

0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita (%) Jd. Flórida

Sem renda Até 1 SM De 1 a 2 SM 3 ou mais SM Não informou

0% 20% 40% 60% 80% 100% Vl. Ita (%) Jd. Flórida (%)

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divisão não apenas socioeconômica e de qualidade ambiental, mas sobretudo étnica.

5. Conclusão

Este trabalho procurou realizar um estudo comparativo dos bairros Vila Ita e do Jardim Flórida na cidade de Jacareí SP para verificar questões de gênero e racismo ambiental.

Os resultados encontrados neste artigo têm semelhanças nos artigos de Almeida e Salib (2017), que identificou que problemas de saneamento básico afetam a todos os habitantes da cidade de Porto Velho de modo geral, mas os efeitos negativos dessas são sofridos com maior impacto pelas populações pobres e também com o de Herculano (2006) que identificou que as injustiças sociais e ambientais recaem de forma desproporcional sobre etnias vulnerabilizadas.

As mulheres que vivem em condição mais opressora, como as que vivem na Vila Ita, têm menor acesso à educação e políticas públicas adequadas, como saúde, educação, assistência social e geração de emprego e renda. Elas manifestaram ter sonhos a realizar, porém por sua condição socioeconômica vulnerável ainda não foi superada devido a estas dificuldades.

O fato de haver menos mulheres chefes de família na Vila Ita que no Florida indica que elas ainda dependem de seus cônjuges para se sustentar. Por não receberem nenhum tipo de ajuda do governo indica que as mulheres da Vila Ita não estão sendo informadas sobre as políticas públicas e não estão tendo acesso as mesmas.

Jacareí atualmente tem 13 vereadores, dos quais apenas 3 são mulheres. Isso indica que ainda há uma clara dificuldade das mulheres na política. Isto pode estar relacionado a elas ainda terem a demanda de todos serviços domésticos e cuidados com a família, tornando-as sobrecarregadas de tarefas e ao fato de que a maioria na política ainda é formada por homens.

Em estudos futuros, recomenda-se realizar mais entrevistas na área de estudo para validar os resultados encontrados neste artigo. Recomenda-se também realizar estudos em outras ZEIS da cidade de Jacareí para verificar se o padrão é o mesmo. Por fim, recomenda-se a divulgação dos resultados para além da comunidade acadêmica e desenvolver medidas capazes de aproximar o poder público das mulheres em situação de opressão.

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15 Referências

ALMEIDA, Ana Carolina Barros; SALIB, Marta Luiza L. RACISMO AMBIENTAL URBANO: Omissão do poder público na efetivação do direito humano ao saneamento básico na cidade de Porto Velho. Anais do I Congresso Acadêmico de Direito Constitucional. Porto Velho, RO, 23 de junho de 2017, p. 619 a 644.

BRASIL. Lei nº 11.977 de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 de julho de 2009.

GONDIM, Linda Maria; GOMES, Marília. O direito à cidade em disputa: o caso da Zeis do Lagamar (Fortaleza-CE). Cadernos Metrópole no. 14, 2012.

HERCULANO, S.; PACHECO, T. (Org.) Racismo Ambiental – I Seminário Brasileiro contra o Racismo Ambiental. Rio de Janeiro: Fase, 2006.

HERCULANO, Selene. O clamor por justiça ambiental e contra o racismo ambiental. InterfacEHS - Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. v.3, n.1, Artigo 2, jan./ abril, 2008

PULEO, Alicia. Feminismo y Ecologia, Disponível em: <http://www.mujeresenred.net/article.php3?id_article=226>. 2005. Acesso em 10 set 2018.

TAVARES, Manuela. Ecofeminismo(s). Centro de Documentação e Arquivos Feministas. Disponível em:< http://www.cdocfeminista.org/index.php/pt/arquivo/66-ecofeminismo-s>. Acesso em: 26 out 2018.

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Anexo I: Questionário de entrevistas com as moradoras

1. O que você pensa sobre seu bairro? Como você acha que ele pode melhorar? 2. Quantos membros de sua família moram com você?

3. Qual a idade da primeira maternidade? 4. Qual o grau de escolaridade?

5. Você é a chefe de família?

6. Você está satisfeita com a limpeza do seu bairro? 7. Há coleta de lixo? É separado?

8. Você trabalha atualmente? Se sim onde? 9. Qual sua profissão atual?

10. O que você gosta de fazer no seu tempo livre? 11. Qual seu sonho de vida?

12. Recebe auxilio do governo? 13. As crianças estão na escola? 14. Há coleta de esgoto?

15. Qual a renda total da família?

16. Você participa de alguma associação de bairro ou similar? 17. Qual sua opinião sobre o aborto?

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Anexo II: Roteiro de inspeção visual e registro de observações de campo

1) Há lixo nas ruas? ( ) Sim ( ) Não

2) Há erosões? ( ) inicial ( ) média ( ) moderada 3) Há pontos de ônibus ? ( ) sim ( ) não

4) Há arborização urbana ? ( ) sim ( ) não 5) Há áreas verdes? ( ) sim ( ) não

6) Qual o padrão construído? 7) Há escolas? ( ) sim ( ) não

8) Há postos de saúde? ( ) sim ( ) não 9) Há água encanada? ( ) sim ( ) não 10) Há energia elétrica? ( ) sim ( ) não 11) Qual o tipo de calçadas tipo de calçada?

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