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RISCOS DE POLUIÇÃO EM SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA

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Academic year: 2021

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RISCOS DE POLUIÇÃO EM SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Álvaro José Menezes da Costa(1)

Engenheiro Civil graduado em 1981 na UFAL-Universidade Federal de Alagoas; curso de especialização em Aproveitamento de Recursos Hídricos pela UFAL de 1991 a 1992 ; treinamento em Tóquio pela JICA-Japan International Cooperation Agency em Water Supply Engineering em 1996 ; engenheiro da CASAL-Cia.de Abast.d’Água de Alagoas;membro do Conselho Municipal de Proteção Ambiental em Maceió/AL.

Endereço(1): Rua Ubiracy da Costa Ferreira, 145 - Loteamento Stella

Maris - Jatiúca - Maceió - AL - CEP: 57036-780 - Brasil - Tel: (082) 235-3295 / 982-9144 / 221-6414 - Fax: (082 ) 221-4070 / 221-8532.

RESUMO

Os riscos de poluição e contaminação de água subterrânea em Maceió, tem sido motivo de discussões, debates e estudos a cerca dos prejuízos possíveis de serem causados ao aqüífero da formação Barreiras/Marituba que se estende por toda faixa litorânea de Alagoas e principalmente sob Maceió. O monitoramento deficiente e o baixo nível de controle, principalmente das etapas de exploração e aferição da qualidade da água dos poços profundos em operação na cidade, bem como a inexistência de regras legais que possibilitem a perfuração e o abandono dos poços, são fatores de risco para a preservação do aqüífero e para a qualidade das água.

Como em outras regiões do País, a falta de água nas zonas urbanas tem sido solucionada muito mais através da perfuração de poços que da adoção de medidas gerenciais capazes de reduzir as perdas e otimizar os sistemas existentes .No caso de Maceió, que pode captar água subterrânea em quase todo lugar e em face do baixo custo de construção de poços profundos, perfurar poços tornou-se uma ação permanente.

Assim, a partir de análise de dados referentes a alteração de indicadores operacionais e de qualidade da água de alguns poços profundos operados pela CASAL-Companhia de Abastecimento de Água e Saneamento do Estado de Alagoas, é possível constatar o avanço de algumas contaminações, que em certos casos tem levado ao abandono do poço ou a redução na sua vazão de exploração. Este trabalho procura destacar a necessidade urgente de se considerar a gestão eficaz de um sistema de captação de água subterrânea a única maneira de evitar sua degradação.

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INTRODUÇÃO

A cidade de Maceió, utiliza de forma regular, água subterrânea para abastecer aproximadamente 80% de sua população. Em 1974, atravessando séria crise no abastecimento d’água e após pesquisas hidrogeológicas, a CASAL-Companhia de Abastecimento de Água e Saneamento do Estado de Alagoas, iniciou a perfuração de poços profundos para regularizar a oferta de água na cidade.

Naquela ocasião, os poços foram perfurados em áreas predefinidas pelas pesquisas para exploração de água subterrânea, seguindo orientações operacionais que preservavam o aqüífero e o próprio poço. Os poços pioneiros foram perfurados nas regiões do Baixo Reginaldo, Bebedouro e Bolão.

Entre 1974 e 1987, a CASAL perfurou aproximadamente 50 poços profundos. Crescendo desordenadamente e aumentando sua população, Maceió passou a viver a partir de 1987 uma nova crise de falta d’água, que culminou com a implantação de um programa emergencial de perfuração de poços profundos, iniciado em 1987 e em vigor até a presente data.

Com 153 poços em operação pela CASAL e muitos outros perfurados, operados e mantidos por particulares, elevam-se os riscos e constatam-se casos de poluição com contaminação, de poços em regiões da cidade onde se localizam baterias muito importantes. A falta de gestão do sistema de captação de água subterrânea e o monitoramento ineficaz e sem controle da exploração dos poços, tem provocado o aparecimento de casos de redução do N.E. - nível estático e alteração nos padrões de qualidade da água.

Esta trabalho demonstra, através de casos práticos, a existência de alterações significativas no padrão de qualidade da água, associando a vazão de exploração e a localização dos poços, às contaminações constatadas.

ELEMENTOS PESQUISADOS

Foram escolhidos os poços das baterias da Ladeira do Brito, no centro da cidade; do Baixo Reginaldo, no Vale do Reginaldo e de Mangabeiras, em Mangabeiras, todos no município de Maceió. Nestas regiões já ocorreu abandono de poços face a sua contaminação e ainda hoje, devido a necessidade de manter os níveis de abastecimento d’água, há poços operando. Assim, tem-se, das baterias:

? Da Ladeira do Brito os poços PLB-01, PLB-02, PLB-03, PLB-04.

? De Mangabeiras os poços PM-01, PM-02, PM-03, PM-04, PM-05, PM- 06, PM-08, PM-09.

? Do Baixo Reginaldo os poços 01A, 01, 02B, 02A, 02, PBR-03A, PBR-03, PBR-04A, PBR-05A, PBR-06

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Muitos outros indicadores poderiam ser pesquisados, mas, devido a inconstância de alguns dados foram trabalhados apenas :

? Da análise físico-química: pH, Cloretos, Amônia, Nitrato, Ferro total e sólidos totais.

? A localização dos poços.

? Níveis estáticos e dinâmicos.

? Profundidade dos poços.

? Vazão de exploração.

? Data de perfuração.

CONSIDERAÇÕES

Embora existam muitos dados, sua consistência é até certo ponto falha posto que, não há uma rotina na sua coleta nem muito menos a análise dos mesmos se dá de maneira organizada. Como não há, no caso dos poços estudados monitoramento permanente, a avaliação das diferenças encontradas entre os indicadores de qualidade da água e operacionais, permite apenas inferir a existência de problemas na gestão do sistema.

Há que se observar ainda, que face a extrema necessidade de abastecer os moradores de Maceió, não tem sido destinado nenhum tempo para a realização de estudos e pesquisas que permitam definir claramente zonas de exploração, de preservação do aqüífero e de recarga. Assim, uma ação muito importante como a investigação dos recursos hídricos de subsuperfície, foi substituída pela perfuração em qualquer lugar. O estudo mais recente realizado em Maceió remonta ao início da década de setenta, quando se definiu após testes de perfuração e registro de dados, exatamente as áreas adequadas para perfuração das baterias de poços que poderiam operar sem degradar o aqüífero. Zonas de proteção e recargas também foram definidas porém a falta de controle, o desinteresse das autoridades e o crescimento desordenado da cidade fizeram com que todas estas áreas, até mesmo próximas aos poços em atividades, houvesse invasões e construções de moradias individuais e conjuntos habitacionais.

AVALIAÇÃO DE RISCOS DE POLUIÇÃO

As tabelas abaixo apresentam não só a variação dos indicadores físico-químicos mas, também, a alteração de parâmetros hidrogeológicos como o nível estático (NE), caracterizando indícios claros da degradação decorrente da exploração exagerada do aqüífero. Convém chamar atenção para algumas características das áreas onde estão localizados os poços estudados. Bateria da Ladeira do Brito: localizada em área comercial, entre o bairro do Farol e o do centro, formada por quatro poços profundos, cujas profundidades variam de 120,00 m a 150,00 m. Os poços situam-se em um quadrilátero de aproximadamente 500 m de lado em média.

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Tabela 1. PLB-1 22.9.87 7.6.89 27.8.90 12.4.91 2.9.92 22.3.93 7.1.94 8.1.96 9.6.97 NE(m) 32,12 31,00 32,10 32,10 31,50 35,40 35,40 35,30 34,80 Q (m3/h) 22,63 52,00 66,00 66,00 66,00 66,00 79,00 66,00 57,00 Cloreto (mg/l) - - - 133,00 102,00 - Nitrato (mg/l) - - - 10,00 9,50 - Amônia (mg/l) - - - 13,50 5,90 Tabela 2. PLB-4 3.7.91 10.1.92 17.9.93 17.2.95 10.9.96 7.12.96 NE(m) 42,60 42,80 42,30 46,10 48,00 48,10 Q(m3/h) 44,00 44,00 56,70 79,00 53,00 56,00 Cloreto - - 49,00 53,00 57,00 - Nitrato - - 4,0 8,00 7,50 - Amônia - - 6,75 10,25 3,05 - Fe.Total - - 0,18 1,10 0,82 - Bateria de Mangabeiras: formada hoje por apenas três poços, dos quais só dois estão em operação, esta bateria já possuiu oito ( 08 ) unidades operando há mais ou menos dez anos atrás. O grande problema desta região é a presença de Ferro bactéria em elevado teor causando impossibilidade de uso da água para qualquer fim. Recentemente, em uma área onde existiam dois poços desativados, foi perfurado um poço com 300 m de profundidade e proteção sanitária de zero a cem, visando-se sair da zona de contaminação. Os poços em operação são o PM-4A e o PM-8 e profundidades de 59 e 100 m respectivamente.

Destaque-se que o PM-8 está em operação desde 1984. Infelizmente não foi possível localizar análises recentes da água destes poços. Esta bateria situa-se em área residencial com a presença de comércio e indústrias.

Tabela 3. PM-4A 30.1.92 19.1.93 14.3.96 NE(m) 13,46 13,50 16,10 Q(m3/h) 79,20 158,00 158,00 Tabela 4. PM-8 21.2.84 19.7.90 1.2.91 4.6.91 16.10.92 16.3.93 6.5.95 27.7.96 NE(m) 9,30 10,20 9,50 9,40 9,50 11,40 14,00 13,70 Q(m3/h) 100,00 72,00 79,20 79,20 88,00 79,20 88,00 18,42

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profundidades que variam de 93 a 120 m, estes poços são motivo de muitas reclamações devido ao teor de cloretos presente na água e dureza. Face aos problemas sociais vividos pelos moradores desta região as áreas dos poços são objeto de uso inadequado pela população. Todos os poços originais desta bateria perfurada em meados da década de setenta já foram substituídos, estando todos ele dotados de revestimento e filtros em PVC geomecânico. Dos seis poços, cinco injetam permanentemente sua produção de água diretamente na rede de distribuição enquanto um, aduz sua produção para o reservatório R-02.

Tabela 5. PBR-1A 30.4.89 29.4.91 27.3.92 3.4.93 24.8.94 10.7.95 20.3.96 NE(m) 9,80 9,80 16,50 16,00 18,00 19,00 18,50 Q(m3/h) 158,00 158,00 198,00 198,00 198,00 198,00 198,00 Cloreto (mg/l) 57,00 - 101,00 - - - 120,00 Amônia (mg/l) 2,12 - 4,65 - - - 14,00 Nitrato (mg/l) 0,10 - 0,25 - - - 0,40 Fe.Total (mg/l) 0,35 - 0,75 - - - 3,12 Tabela 6. PBR-3B 30.11.94 28.11.96 NE ( m ) 16,07 17,10 Q ( m3/h ) 198,00 198,00 Cloreto ( mg/l ) - 95,00 Amônia ( mg/l ) - 9,00 Nitrato ( mg/l ) - 1,65 Ferro total ( mg/l ) - 1,37 Tabela 7. PBR-4A 12.10.89 3.7.92 19.3.93 13.7.93 17.3.95 NE (m) 12,46 16,80 16,80 18,10 19,90 Q (m3/h) 105,00 260,00 150,00 150,00 198,00 Cloreto (mg/l) - 142,00 220,00 215,00 235,00 Amônia (mg/l) - 0,02 0,10 0,15 0,10 Nitrato (mg/l) - 0,00 0,35 0,40 0,35 Ferro total (mg/l) - 0,12 0,10 0,17 0,75

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Tabela 8. PBR-6A 9.12.89 5.1.90 20.2.92 20.4.92 9.12.92 2.2.94 NE(m) 11,20 14,00 17,00 16,00 17,20 16,00 Q(m3/h) 35,00 99,00 99,00 79,20 88,00 79,20 Cloreto (mg/l) - - - 50,00 - 194,00 Amônia (mg/l) - - - 0,04 - 0,17 Nitrato (mg/l) - - - 3,00 - 0,15 Fe.Total (mg/l) - - - 0,30 - 0,38

De posse dos dados acima apresentados, seria importante que outras etapas deste trabalho pudessem ter sido desenvolvidas, caso houvesse monitoramento e controle das baterias de poços da CASAL e de particulares. Entre eles, por exemplo, seria bom determinar nas áreas aqui estudadas, poços de observação para registro de todas as ocorrências no aqüífero e na qualidade da água.

Nota-se em quase todos os poços profundos, preocupante redução do NE, o que atesta, aparentemente, que há um desequilíbrio entre o que está sendo captado em cada poço e sua real capacidade de exploração e recarga.

Em termos de produtos químicos naturais ou não, verifica-se que quando ocorre qualquer alteração significativa, via de regra ocorreu também alteração de vazão. Outra falha considerável é a ausência de análise físico-química e bacteriológica de forma sequenciada para traçado de toda história do poço e da água nele captada.

CONCLUSÃO

O trabalho apresentado é na verdade muito mais um alerta, que a determinação direta e objetiva das causas dos problemas já ocorridos nos poços da cidade de Maceió. Quais seriam ou são as causas de redução de níveis estáticos ? Porque se registra a presença de cloretos em teores tão elevados em vários poços de Maceió ? Que cuidados têm sido tomados durante a perfuração ? E após o abandono de um poço, o que vem sendo feito ?

Todas as perguntas conduzem, antes de tudo, a uma só resposta inicial : a ausência de efetiva gestão dos sistemas de captação de água é responsável pelos riscos gerais de poluição de aqüíferos, face a inexistência de rotinas de manutenção e pela adoção de poucos ou nenhum controle operacional desses sistemas. Acrescente-se a estes fatores não determinados ainda as deficiências gerenciais e financeiras, além da necessidade de se ter claramente definido toda legislação ambiental e de recursos hídricos, tanto a nível Federal quanto nas demais esferas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. LINSLEY, RAY KEYES, Engenharia de Recursos hïdricos ; MacGraw-Hill do Brasil ; Editora da Universidade de SP ; 1978.

2. DI BERNARDO, LUIZ, Métodos e Técnicas de Tratamento de Água ; Rio de Janeiro - ABES.

3. JICA-Japan International Cooperation Agency, Water Supply Engineering ; 1984. 4. INTERNATIONAL SEMINAR OF POLLUTION, PROTECTION AND

CONTROL OF GROUND WATER, Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas ; 1990. 5. ANAIS DO 17. Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, volume 2 e

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6. ÁGUA SUBTERRÂNEA E POÇOS TUBULARES ; Johnson Division ; São paulo, Cetesb, 1978.

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