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Estado nutricional de idosos hospitalizados em um hospital geral de alta complexidade do Estado do Rio Grande do Sul

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Zanchim MC et al.

Unitermos:

Idoso. Estado nutricional. Avaliação nutricional.

Keywords:

Aged. Nutritional status. Nutrition assessment. Endereço para correspondência:

Maria Cristina Zanchim

Rua 7 de agosto, 510, apt. 504 – Passo Fundo, RS, Brasil – CEP: 99025-030.

E-mail: cris_zanchin@yahoo.com.br

Submissão:

21 de maio de 2013

Aceito para publicação:

15 de agosto de 2013

RESUMO

Introdução: Avaliar o estado nutricional de 131 idosos hospitalizados, sendo 55,73% homens e 44,27% mulheres, com idade média de 71,1 ± 7,40 anos e 70,5 ± 6,69 anos, respecti-vamente, no período entre outubro de 2011 e abril de 2012, em um hospital geral de alta complexidade do estado do Rio Grande do Sul. Método: Foram analisadas as variáveis sexo, idade, diagnóstico clínico e nutricional por meio das medidas de circunferência do braço (CB), circunferência da panturrilha (CP), Mini Avaliação Nutricional (MAN), índice de massa corporal (IMC) e exames bioquímicos. Os dados foram expressos em frequências e médias e empregados os testes t de Student e qui-quadrado, com nível de significância p <0,05. Resultados: A maioria dos atendimentos foi realizada pelo SUS (89,32%), com tempo médio de permanência hospitalar de 1 a 10 dias (49,64%). O tratamento oncológico foi o motivo mais frequente de internação (38,19%). Dentre as comorbidades associadas destacou-se a hipertensão (41,21%). O perfil nutricional, pelo IMC, revelou prevalência de eutrofia (50,69%). Em relação à adequação da CB, 68,98% das mulheres e 65,73% dos homens apresentaram algum grau de desnutrição. Segundo a CP, 61,84% dos idosos apresentaram massa muscular adequada. A depleção imunológica foi constatada em 71,24% dos homens e 67,25% das mulheres. Por meio da MAN, 60% das mulheres encontravam-se desnutridas e 47,84% dos homens apresentavam risco nutricional. Conclusões: A desnutrição está presente em idosos hospitalizados de forma considerável, tornando-se importante diagnosticar precocemente riscos nutricionais e intervir adequadamente, melhorando assim o prognóstico e reduzindo o tempo de internação e os custos com a saúde.

ABSTRACT

Background: Evaluate nutritional condition of hospitalized 131 hospitalized elderly, 55.73% men and 44.27% women, mean age 71.1 ± 7.4 years old and 70.5 ± 6.69 years old, respectively, data were assembled between October 2011 and April 2012, in a general high complexity hospital in the South of Brazil. Methods: Descriptive research was realized and the variables analyzed were gender, age, clinical diagnosis and nutritional using arm circumference (AC), calf circumference (CC), Mini Nutritional Assessment (MNA), body mass index (BMI) and biochemical markers. Data were expressed in frequency and means. Tests t de Student and qui-squared, p<0.05. Results: The majority of the appointments was realized in SUS (Public Health Care System) patients (89,32%). The mean stay time found was 1 to 10 days (49.64%). Oncologic treatment was the main reason for hospitalization (38.19%). Hypertension was the most prevalent comorbidity (41.21%). Nutritional profile, considering BMI, revealed eutrophy (50.69%). When considering AC adequation, 68.98% of women and 65.73% of men presented malnutrition in any grade. Regarding CC, 61.84% of elderly had adequate muscular mass. Immune depletion was found in 71.24% of men and 67.25% of women (p=0.01). By MNA that 60% of women were malnourished and 47.84% of men presented nutritional risk. Conclusions: Malnutrition in hospitalized elderly is considerably prevalent. That way, it is highly important diagnosing precociously nutritional risk to treat patients adequately. Thus, we will obtain better prognosis, reduce admission stay and decrease health costs.

Maria Cristina Zanchim1

Rafaela Liberali2

Vanessa Coutinho3

1. Nutricionista pela Universidade de Passo Fundo (UPF); Especialista em Nutrição Clínica - Metabolismo, Prática e Terapia Nutricional, Universidade Gama Filho; Nutricionista Clínica Assistencial do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.

2. Professora do programa de Pós-graduação Lato Sensu em Nutrição Clínica – Fundamentos Metabólicos, Educadora Física e Mestre em Enge-nharia de Produção pela UFSC.

3. Nutricionista; Doutora em Ciências dos Alimentos; Coordenadora de curso de Nutrição Clínica da Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Estado nutricional de idosos hospitalizados em um

hospital geral de alta complexidade do Estado do

Rio Grande do Sul

Nutritional condition of hospitalized elderly in a general high complexity hospital in the South of Brazil

A

Artigo Original

(2)

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial característico tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, decorrente do rápido

declínio das taxas de mortalidade e fecundidade1-4. De

acordo com projeções estatísticas da Organização Mundial da Saúde, o Brasil será, no ano de 2025, o sexto país do

mundo com o maior número de pessoas idosas5-7.

A transição demográfica e o aumento da população idosa são desafios que causam preocupação, no que se refere ao bem-estar físico e emocional desse grupo etário, pois apesar do envelhecimento ser caracterizado como um processo natural, submete o organismo a alterações anatômicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, com repercussões nas condições de saúde e no estado nutricional8,9.

O processo de envelhecimento saudável está direta-mente relacionado à nutrição equilibrada e à manutenção do estado nutricional adequado, visto que pessoas idosas apresentam maior suscetibilidade a deficiências nutricio-nais e quadros de desnutrição, quando comparadas a

outras faixas etárias2,10,11. Dessa forma, a avaliação do

estado nutricional pode detectar precocemente desvios nutricionais e auxiliar os profissionais de saúde no trata-mento, recuperação e promoção da saúde, principalmente

no idoso hospitalizado2,12.

A desnutrição protéico-energética intra-hospitalar afeta entre 20% a 60% dos pacientes hospitalizados, e está intimamente associada com a morbi-mortalidade nos

idosos13-15. Essa realidade pode ser resultado de diferentes

fatores, tais como: deficiências nutricionais prévias por problemas socioeconômicos ou por doenças associadas; interação com medicamentos; tempo de permanência hospitalar; problemas psicológicos e longos períodos de jejum, afetando adversamente a evolução clínica dos pacientes internados, aumentando a incidência de infec-ções, retardo na cicatrização de feridas, maior tempo de permanência hospitalar, readmissões e custos adicionais

para o sistema de saúde14,16,17.

Portanto, o trabalho proposto tem como objetivo demonstrar o estado nutricional de idosos hospitalizados, de ambos os sexos, com idade entre 60 a 95 anos, por meio da aplicação da Mini Avaliação Nutricional, e de mensuração de índice de massa corporal, circunferência do braço, circunferência da panturrilha e exames labo-ratoriais, em um hospital geral de alta complexidade do estado do Rio Grande do Sul.

MÉTODO

Pesquisa descritiva18 realizada em um hospital geral

de alta complexidade do estado do Rio Grande do Sul, referência em saúde no sul do Brasil. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital São Vicente de Paulo.

Dos 744 idosos internados no hospital no período de outubro de 2011 a abril de 2012, foram analisados 131, por atenderem alguns critérios de inclusão: idade igual ou superior a 60 anos, tempo de internação hospitalar superior a 48 horas e assinatura do Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido. Foram considerados como os de exclusão: idosos que não deambulavam, os internados nas Unidades de Terapia Intensiva, aqueles incapazes de responder as perguntas da avaliação e que estavam sem acompanhante.

No que refere aos aspectos éticos, as avaliações não continham nenhum dado que identificasse o amostrado e que lhe causasse constrangimento ao responder. Foram incluídos no estudo os idosos que aceitaram participar voluntariamente, após a obtenção do consentimento verbal e autorização por escrito dos responsáveis. Dessa forma, os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki e na Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, foram respeitados em todo o processo de realização dessa pesquisa.

Para avaliação do estado nutricional, empregou-se um questionário de avaliação subjetiva - Mini Avaliação

Nutri-cional (MAN)19, que compreendeu 18 perguntas agrupadas

em 4 categorias: avaliação antropométrica; avaliação geral do estilo de vida, uso de medicamentos, mobilidade; avaliação dietética e a autoavaliação (percepção da saúde). O escore total obtido por meio da soma dos pontos, acima de 23,5, indica bom estado nutricional, de 17 a 23,5, risco de desnutrição e abaixo de 17, desnutrição. Na avaliação antropométrica, avaliou-se peso, altura, circunferência do braço e circunferência da panturrilha. O peso corporal

foi mensurado em balança digital da marca Toledo® (com

capacidade para 150 kg), com os idosos vestindo roupas leves, descalços, em posição ereta com pernas e calca-nhares juntos e braços ao longo do corpo. A aferição da estatura foi realizada com auxílio de antropômetro vertical fixo à balança (capacidade para 200 cm) com os idosos de pé, descalços, em posição ortostática, com os calcanhares juntos, costas retas e braços estendidos ao longo do corpo. Ambos, peso e estatura, foram mensurados conforme as

técnicas de Cuppari20.

A partir dessas medidas, calculou-se o índice de massa

(3)

classificando-se conforme os pontos de corte para idosos

propostos por Lipschitz21: baixo peso (IMC < 22 kg/m2),

2

27 kg/m2).

A circunferência do braço (CB) e da panturrilha foram aferidas com fita métrica inelástica, com 150 cm e precisão de 0,1 cm. A CB foi medida no braço não-dominante, flexionado em direção ao tórax em ângulo de 90 graus, onde localizou-se o ponto médio entre o acrômio e o olécrano e o valor da CB com o braço relaxado tendo-se cuidado para não comprimir os tecidos moles, seguindo-se

as técnicas de Duarte et al.22. Comparou-se essa medida

ao percentil 50, de acordo com sexo e idade,

preconi-zados por Frisancho23, sendo calculado o percentual de

adequação e realizada classificação segundo Blackburn

e Thornton24: desnutrição grave (CB<70%), desnutrição

A circunferência da panturrilha (CP) foi mensurada com os idosos sentados, com os pés ligeiramente afastados,

com a perna direita em ângulo de 45o, colocando a fita no

local da circunferência máxima da panturrilha, conforme

as técnicas de Duarte & Castellani22. A CP foi considerada

adequada se igual ou superior a 31 cm, para ambos os

sexos, conforme os dados da Organização da Saúde25.

Os exames bioquímicos foram coletados dos prontu-ários dos pacientes, sendo eles, linfócito, hematócrito, hemoglobina e contagem total de linfócitos (CTL). Os valores para classificação dos linfócitos foram os seguintes:

depleção leve: 1.200 a 1500/mm3; depleção moderada:

800 a 1.199/mm3 e depleção grave: < 800/mm326. Para

cálculo da CTL, utilizou-se a fórmula: CTL= leucócitos x % de linfócitos/100. Os valores para classificação da

CTL foram: depleção leve: 1.200 a 2.000/mm3; depleção

moderada: 800 a 1.199/mm3; depleção grave: <800/

mm326.

Assim como a hemoglobina, os valores de hematócrito são classificados, de acordo com o gênero, em normal, reduzido ou muito reduzido. Para os homens, os valores de hemoglobina são classificados em g/100ml, como: e os valores para hematócrito em percentagem (%), como:

22.

Para as mulheres, os valores de hemoglobina (g/100ml) e muito reduzido (<10); e os valores para hematócrito em

e muito reduzido (<31)22.

A análise descritiva dos dados serviu para caracterizar a amostra, com a distribuição de frequência (n,%), cálculo de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão). Foi utilizado o teste “t” de Student para amostras indepen-dentes para verificar a diferença entre as variáveis quanti-tativas. Para análise das variáveis categóricas utilizou-se o

teste x2 = qui-quadrado de independência: partição: l x c.

O nível de significância adotado foi p <0,05. O programa utilizado foi o SPSS 15.0.

RESULTADOS

Dos 131 idosos internados no Hospital São Vicente de Paulo, situado na cidade de Passo Fundo - RS, 44,27% (n=58) são mulheres e 55,73% (n=73) homens. A faixa etária variou de 60 a 95 anos, sendo que o teste “t” de Student para amostras independentes não demonstrou diferença significativa (p=0,59) entre o sexo masculino, que apresentou média de idade de 71,1 ± 7,40 anos e sexo feminino, 70,5 ± 6,69 anos.

Na análise do perfil, o teste qui-quadrado demonstrou asso-ciações estatisticamente significativas entre perfil social e sexo. No sexo feminino, prevalece o estado civil de casadas, com 89,07%, sendo 4,10% viúvas, 4,10% separadas/divorciadas e 2,73% solteiras, sendo 91,78% dos atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 8,22% referentes a outros convênios. No sexo masculino, a grande maioria era casada (62,08%), 31,03% viúvos, 5,17% solteiros e 1,72% separados/ divorciados, prevalecendo o atendimento pelo SUS (86,21%) com relação aos demais convênios (13,79%).

A utilização da MAN demonstrou, no sexo feminino, as classificações do estado nutricional, sendo 7,01% eutróficas, 40,34% com risco de desnutrição e 33,33% em desnu-trição. Já o sexo masculino apresenta como classificação, 10,95% eutrofia, 67,14% de risco de desnutrição e 21,91% desnutrição.

Na análise do perfil sobre a internação, o teste qui-quadrado demonstrou associações estatisticamente signifi-cativas entre os sexos. Mas observa-se que a grande maioria dos pacientes, de ambos os sexos, tem como principal motivo de internação o câncer, com tempo de permanência de 1 a 10 dias, apresentando a hipertensão arterial sistê-mica como doença associada (Tabela 1).

Na análise dos valores antropométricos, estratificado por sexo, o teste “t” demonstrou diferenças significativas no peso e na altura, apontando que os homens são mais altos e mais pesados. Os demais índices IMC, CB e CP são homogêneos entre os sexos, pois não apresentaram diferença significativa (Tabela 2).

(4)

Na análise do perfil da classificação do estado nutri-cional, o teste qui-quadrado demonstrou associação esta-tisticamente significativa entre os sexos. Porém observa-se que a grande maioria dos pacientes, de ambos os sexos, classificam-se como eutróficos pelo IMC e CP. Já pela clas-sificação da CB, no sexo masculino, se classificam como eutróficos e, no feminino, como desnutridos (Tabela 3).

Na análise dos valores hematológicos, o teste “t” demonstrou diferenças entre os sexos na média de hema-tócrito e de hemoglobina, constatando-se que os valores apresentaram-se muito reduzidos no sexo masculino e reduzidos no sexo feminino (Tabela 4).

A Tabela 5 apresenta a classificação dos valores hematológicos da amostra, demonstrando por meio do teste qui-quadrado, associações significativas entre os sexos na média para linfócitos, hematócrito, hemoglobina e CTL. Observa-se, em ambos os sexos, que o maior número classifica-se na faixa de normalidade para valores de linfócitos. Já para a classificação de hematócrito e hemoglobina apresentam-se como muito reduzidos no sexo masculino e reduzidos no feminino. A contagem total de linfócitos diagnosticou maior percentual de depleção leve.                                                                                                                             

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DISCUSSÃO

No presente estudo, houve prevalência de idosos do sexo masculino (55,73%), com média de idade de 71,1 ± 7,40 anos, em relação à população feminina (44,27%), com média de idade de 70,5 ± 6,69 anos, resultados similares

ao estudo de Navarro e Bennemann27, onde a população

do sexo masculino representava 58% e do feminino 42%

dos avaliados. Diferente do encontrado por Paula et al.28,

que avaliaram o estado nutricional de pacientes geriátricos e teve amostra composta na sua maioria por mulheres (53,7%).

Verificou-se que a maioria (77,11%) dos pacientes rela-tava ser casado e o convênio mais utilizado para internação era o SUS (89,32%). Neste estudo, encontrou-se como principal condição clínica para a internação o diagnóstico de câncer (38,19%), número superior ao encontrado por

Azevedo et al.14, que encontraram um percentual menor

(15%) de internações de pacientes oncológicos.

O estado nutricional pode ser influenciado por diversas

doenças 30-34 e a falta de capacidade em manter um estado

nutricional ótimo é comum entre pacientes com diagnóstico de câncer, em que o curso natural da doença neoplásica e seus tratamentos podem levar a desnutrição ou até mesmo agravar o estado nutricional se já estiver previamente

deple-tado29. Mas em relação ao IMC, nesse estudo observou-se

que 50,39% dos idosos apresentaram-se eutróficos,

resul-tado semelhante ao encontrado por Sperotto e Spinelli2,

que avaliaram pacientes geriátricos em uma instituição de Erechim-RS através do IMC e evidenciou que 50% estavam com peso normal; entretanto diferiu-se do encontrado por

Paula et al.28, que diagnosticou um percentual de 65,9%

de desnutrição e risco nutricional entre os idosos avaliados. Em relação à adequação do estado nutricional segundo percentil de CB, 67,16% apresentaram, em ambos os sexos, algum grau de depleção nutricional com diferença estatística entre os sexos, demonstrando que está melhor preservada no sexo masculino, quando comparada ao

femi-nino. Segundo Kamimura35, a CB representa a somatória

das áreas que compõe o tecido ósseo, muscular, gorduroso e epitelial do braço e sua diminuição está relacionada à perda de massa muscular e corporal causada pelo processo natural do envelhecimento.

Segundo Cuppari et al.20, a CP é medida mais sensível

para determinar massa muscular em idosos, sendo precisa

nessa faixa etária. Pesquisa realizada por Reis et al.38,

com o objetivo de avaliar o estado nutricional de idosos hospitalizados através da CP, diagnosticou que 81,2% apresentavam-se eutróficos, resultado superior ao do

presente estudo (61,84%). Em contrapartida, Panissa &

Vassimon39 e Sperotto & Spinelli2 diagnosticaram maior

perda de massa muscular em seus idosos avaliados (59% e 50%, respectivamente).

Os homens no presente estudo se apresentaram mais pesados e mais altos do que as mulheres. Um estudo

pros-pectivo, desenvolvido por Chumlea et al.30, que

acompa-nhou idosos por seis anos, com aferições anuais de peso e estatura, apresentou resultado semelhante a esse estudo, demonstrando que os homens são mais altos e mais pesados quando comparados às mulheres. Resultados semelhantes

foram encontrados nos estudos de Perissinotto et al.31 com

sujeitos idosos italianos, e nos de Janssen et al.32, com

indivíduos adultos e idosos.

No que se refere ao perímetro do braço, verificou-se, nesse estudo, uma média de 26,11 ± 3,44 cm, para homens, e 25,8 ± 4,32 cm para mulheres, não demons-trando diferença significativa entre os sexos. O resultado

encontrado foi inferior ao de Mastroeni et al.33 (29,83 cm e

31,02 cm, respectivamente) e Menezes e Marrucci34 (29,3

cm para homens e mulheres). Não houve diferença signifi-cativa nos valores médios de CP entre os sexos: 31,96 cm para homens e 31,27 cm para mulheres. Apesar dos valores médios de CP encontrados neste estudo serem inferiores, a semelhança entre os sexos também foi verificada nos

estudos de Marucci & Barbosa36 e de Rauen et al.37.

Avaliando-se o estado nutricional dos idosos por meio de parâmetros bioquímicos de hematócrito e hemoglobina, foi possível constatar que 86,26% e 82,45%, respectivamente, encontravam-se com o estado nutricional comprometido.

No estudo de Moraes et al.40 sobre diagnóstico nutricional

de idosos hospitalizados, os valores de hematócrito e hemoglobina foram próximos ao desse estudo, identificando maior percentual de pacientes com comprometimento do estado nutricional (83% e 81%, respectivamente). Os valores de hemoglobina e hematócrito são pouco utilizados para diagnóstico nutricional, pois se alteram nas perdas ou transfusões sanguíneas e estados de diluição sérica.

Na avaliação do estado nutricional por meio da CTL, foi observada maior frequência de idosos que apresentavam

algum grau de depleção (69,47%). Sena et al.41,

anali-sando esse parâmetro bioquímico, encontraram valores próximos aos desse estudo, com significativo percentual de inadequação do estado nutricional (63,1%). A CTL avalia as reservas imunológicas momentâneas e tem sido consi-derada indicador das condições de defesa do organismo, indicador de desnutrição e está relacionada com o mau prognóstico, entretanto seu uso sofre restrições em pacientes

(7)

sob uso de esteroides, quimioterapia ou com alteração no

perfil hematológico41.

A ocorrência de um maior percentual de indivíduos com risco nutricional, neste trabalho, foi obtida quando utilizada a classificação nutricional proposta pela MAN. Ao comparar os resultados de IMC e MAN estratificados por sexo, observou-se que dos 30% idosos do sexo masculino foram considerados eutróficos pelo IMC, 76,93% foram considerados em risco de desnutrição e 15,38% desnutridos segundo a MAN; para o sexo feminino 20% classificaram-se eutróficas pelo IMC e 84,63% em risco de desnutrição e 11,53% de desnutrição pela MAN. De acordo com

Guedes et al.8 e Guigoz et al.19, isso ocorre em decorrência

da provável sensibilidade e especificidade da MAN para detecção precoce de risco nutricional.

Emed et al.4, avaliando o estado nutricional de idosos

institucionalizados através da MAN, detectaram resul-tados diferentes ao deste estudo, onde 69,05% e 7,14% dos homens apresentavam-se em risco de desnutrição e desnutrição, respectivamente; e 55,56% das mulheres encontravam-se em risco nutricional e 5,56% estavam desnutridas.

Logo, enfatiza-se que, conforme Campos et al.3, a

desnutrição é uma doença comum em idosos hospitali-zados, agravando seu desfecho clínico e favorecendo o aparecimento de complicações associadas. Nesse sentido, instrumentos de avaliação geriátrica, entre eles a MAN, permitem identificar idosos de alto risco e estabelecer uma intervenção nutricional antecipada, contribuindo positiva-mente na recuperação e manutenção da qualidade de vida

do indivíduo3.

CONCLUSÕES

A partir do presente estudo, constatou-se que, nesta amostra, independente do sexo, a incidência de desnutrição e o risco dessa apresentaram-se elevados, a julgar pelos indicadores antropométricos (MAN, CB) e laboratoriais (CTL, hematócrito e hemoglobina). Destaca-se, também, que a classificação do estado nutricional por meio do IMC não é a melhor escolha quando utilizada isoladamente, pois por meio desse método obteve-se maior classificação de normalidade, enquanto que se utilizando outros parâmetros, detectou-se maior número de idosos em risco nutricional.

Ciente de que o processo de desnutrição leva a compli-cações clínicas e maior permanência hospitalar, torna-se evidente a necessidade de mais estudos sobre o assunto para comprovar a importância do acompanhamento nutricional

e a interferência da alimentação para a promoção e recu-peração da saúde desses pacientes, melhorando assim o prognóstico, diminuindo o tempo de internação e custos com a saúde.

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