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Dieta de Chelonia mydas (L.) no litoral do município do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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1 Anais do VI Congresso Brasileiro de Oceanografia, Itajaí (SC), 25-29 de outubro de 2014

Dieta de Chelonia mydas (L.) no litoral do município do Rio de Janeiro,

RJ, Brasil.

Alexandre de Gusmão Pedrini; Liana Rosa; José Lailson Brito Jr.; Gláucia Baur de Souza; Katiê Lima da Costa

IBRAG/FAOC, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier, 524, Campus Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; e-mail: pedrini@uerj.br

Introdução

A tartaruga verde é um animal com distribuição cosmopolita, normalmente encontrada ao longo da costa brasileira. Esta espécie é considerada ameaçada de extinção pela (IUCN). Após eclodirem dos ovos, os filhotes se dispersam pelos oceanos para uma fase de desenvolvimento pelágica (Bolten, 2003). Nesta fase de seu ciclo de vida, apresentam hábitos onívoros com forte tendência a carnivoria, sendo que após o recrutamento em ambientes costeiros, passam a se alimentar principalmente de algas e gramas marinhas (Bjorndal 1997).Estudos na costa brasileira reforçaram a importância de algas na dieta desses animais (Pedrini et al., 2010; Awabdi et al., 2013). Este estudo tem como objetivo caracterizar a dieta de C. mydas, em sua fase juvenil, no litoral do município do Rio de Janeiro.

Metodologia

Os exemplares de C. mydas foram encontrados mortos encalhados em praias ou capturados incidentalmente em rede de pesca. Foram coletados entre a praia da Bica na Ilha do Governador até Barra de Guaratiba, no litoral do município do Rio de Janeiro, uma área intensamente impactada, composta por praias expostas e urbanizadas. Todos os animais foram mensurados e pesados. A dissecção foi feita com base no manual de anatomia de Wyneken (2001). O trato digestório foi removido. Somente o conteúdo do esôfago e estômago foi utilizado para identificação e quantificação. As amostras foram de 2011 e 2012. O conteúdo foi lavado, triado e foi feita a identificação taxonômica até o menor nível possível. Depois cada item foi mensurado pelos métodos de volume deslocado (ml) e pesado em uma balança digital, para obtenção dos valores de massa (g). Os itens com

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2 massa e volume menor que 0,1 não foram considerados nas análises quantitativas, mas incluídos na frequência de ocorrência. Na análise com relação às estações do ano foi considerado os meses de janeiro, fevereiro e março como o verão; abril, maio e junho, como outono; julho, agosto e setembro, como inverno; outubro, novembro e dezembro, como primavera. Para a análise por classes de tamanho foi considerado o valor menor e maior e igual à média do CCC (comprimento curvilíneo da carapaça), equivalente a 42,5cm, por representar a média da amostra. Para tratar os dados foram calculadas as frequências de ocorrências, gravimétricas, volumétricas e os índices de importância alimentar, para massa e para volume.

Resultados e Discussão

Todos os vinte e três exemplares coletados eram juvenis de acordo com o CCC (médio 42,5cm). Apresentaram 26 itens alimentares em seus tratos, todos de origem vegetal. O consumo principal de macroalgas também foi evidenciado por Reisser et al. (2013) registrando um maior consumo de alga vermelha e por Gama (2012) a grama marinha Halodule wrightii. Das três divisões de algas registradas a Chlorophyta foi a mais abundante (38,46%). Diferente do estudo de Awabdi et al., (2013), que opontou a divisão Rhodophyta. As espécies Ulva fasciata (39,1%), Gelidium floridanum (30,4%) e propágulo de A. schaueriana (30,4%), apresentaram maior frequência de ocorrência, porém registraram baixas frequências gravimétricas e volumétricas. A Ulva lactuca apresentou maior frequência gravimétrica e volumétrica, 70,03% e 70,01% respectivamente e maior índice de importância alimentar (3,7 % para massa e volume). Semelhante ao trabalho de Awabdi et al. (2013), registrando a Ulva lactuca como um dos principais itens compostos na sua dieta. Estudo em áreas contaminadas por óleo, na Baia da Ilha Grande (RJ), em um terminal marítimo, estudado por Brito et al. (2002), registra a presença da Ulva lactuca nos costões rochosos. O gênero Ulva sp. é considerado oportunista, se adaptando a diversas situações, até mesmo a poluição, afetando os locais de desenvolvimento das tartarugas-verdes, até mesmo a biodiversidade das comunidades de algas, os itens consumidos pelas C. mydas estão diretamente relacionados com o habitat aonde se alimentam, provavelmente estes locais apresentavam uma abundância da clorófita Ulva lactuca.Também registrou um consumo baixo de uma grande diversidade de itens. Dentre os exemplares, seis tartarugas-verdes foram coletadas no verão (26,1%),

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3 seis no outono (26,1%), sete no inverno (30,4%) e quatro na primavera (17,4%). Nas analises estatísticas esses valores não foram significativos, não havendo sazonalidade. O gênero Ulva sp. ocorreu com mais frequência em todas as estações do ano, o Sargassum

cymosum foi o segundo item mais frequente aparecendo no outono e inverno. A grama

marinha Halodule sp. só não ocorreu no verão. Creed (1999) estudando 21 populações de

Halodule wrightii ao longo da costa do Rio de Janeiro não encontrou material reprodutivo

ou com sementes, as populações eram geralmente pequenas. Ressaltou também os baixos valores de biomassa em suas estruturas, sendo limitados pelas condições ambientais mais extremas na região estudada. Nos anos analisados o gênero Ulva sp. também foi o mais frequente, as espécies mais representativas foram a Ulva lactuca e Ulva fasciata. No ano de 2012 não houve consumo de nenhuma espécie de algas pardas, sugerindo que as tartarugas-verdes não se alimentaram em áreas de boa qualidade nutritiva. Entre as classes de tamanho menor que 42,5 cm o Codium taylorii foi o mais abundante, já para a classe maior que 42,5 a Ulva lactuca. Segundo McDermid et al. (2005), Reisser et al. (2013) o gênero Codium sp. tem baixo teor de fibra em seus tecidos, isso de favorecer uma digestão fácil e rápida. Os valores analisados para as frequências gravimétricas e volumétricas foram diferentes para cada item consumido, mas essa diferença não foi significativa nos resultados obtidos.

Conclusão

As C. mydas juvenis alimentaram-se basicamente de itens de origem vegetal, apresentando principalmente o consumo da Ulva lactuca, registrando maior frequência gravimétrica, volumétrica e maior índice de importância alimentar para massa e volume, sugerindo a abundância desde item no local estudado. O gênero Ulva sp. registrou maior ocorrência em todas as estações. A variação foi significativa entre as classes de tamanho menores e maiores que 42,5cm, apresentando em cada classe duas algas verdes como item mais consumido o Codium taylorii e a Ulva lactuca, respectivamente. No ano de 2012 não houve o consumo de algas pardas, sugerindo que as tartarugas-verdes não se alimentaram em locais com boa qualidade ambiental. Os dois métodos utilizados, massa e volume deslocado, não apontaram variação significativa entre si.

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4 Referências

AWABDI, D. R.; SICILIANO, S.; BENEDITTO, A. P. M. First information about the stomach contents of juvenile green turtles, Chelonia mydas, in Rio de Janeiro, south-eastern Brazil. Marine Biodiversity Records, v. 5, n. 6, p. 1-6, 2013.

BJORNDAL, K. A. Foraging Ecology and Nutrition of Sea Turtles. In: Lutz, P. L., J. A. Musick (Org.). Biology of Sea Turtles. Boca Raton: CRC Press, p.450, 1997.

BOLTEN, A. B. Oceanic developmental stages variation in sea turtle life history patterns neritic vs. In: LUTZ, P. L., MUSICK, J. (Org.) The Biology of Sea Turtles. Boca Raton, FLORIDA: CRC Press, 2003, v. 2, p. 243-257.

BRITO, L. V. R.; SZÉCHY, M. T. M.; CASSANO, V. Levantamento taxonômico das macroalgas da zona das marés de costões rochosos adjacentes ao terminal marítimo Almirante Maximiano Fonseca, Baía da Ilha Grande, RJ. Atlântica, Rio Grande, v. 24, n.1, p. 17-26, 2002

CREED, J. C. Distribution, seasonal abundance and shoot size of the seagrass Halodule

wrightii near its southern limit at Rio de Janeiro state, Brazil. Aquatic Botany, v. 65, p.

47-58, 1999.

GAMA, L. R. Ecologia alimentar de Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) no litoral do

Paraná. 2012. 59f. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Setor de Ciências

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MCDERMID K. J.; STUERCKE, B.; HALEAKALA, O. J. Total dietary fiber content in Hawaiian marine algae. Botanica Marina, Berlin, v. 48, p. 437–440, 2005.

PEDRINI, A. de G.; MESSAS, T. P.; ANDRADE-COSTA, E.S.; BRITO JUNIOR, J. L.. Algas e gramas marinhas no conteúdo estomacal de tartarugas marinhas (Chelonia mydas,

Caretta careta e Eretmochelis imbricata) encalhadas na costa da cidade do Rio de Janeiro

e arredores, RJ, Brasil (2007-2009). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FICOLOGIA, 17., , Anais..., Sociedade Brasileira de Ficologia Paraty, 2010. p. 1-2.

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5 REISSER, J.; PROIETTI, M.; SAZIMA, I.; KINAS, P.; HORTA, P.; SECCHI, E. Feeding ecology of the green turtle (Chelonia mydas) at rocky reefs in western South Atlantic. Marine Biology, p. 1-11, 2013.

SEMINOFF, J. A. (Southwest Fisheries Science Center, U.S.) 2004. Chelonia mydas. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 15 May 2014.

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