• Nenhum resultado encontrado

Comunicação IMAGENS DIGITAIS: TRÂNSITOS POSSÍVEIS ENTRE A ESCOLA E A SUBJETIVIDADE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Comunicação IMAGENS DIGITAIS: TRÂNSITOS POSSÍVEIS ENTRE A ESCOLA E A SUBJETIVIDADE"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Comunicação

IMAGENS DIGITAIS: TRÂNSITOS POSSÍVEIS ENTRE A ESCOLA E A SUBJETIVIDADE

MARTINS, Alice Fátima ELLER, Rogéria1

Palavras-chave: Internet, Cultura-visual, Imagens digitais

Neste trabalho, são apresentadas algumas reflexões que resultam de pesquisa em andamento, com foco nas vivências culturais imagéticas propiciadas pelas interações de jovens estudantes no ambiente daInternet, e nas relações que a escola tenha estabelecido, ou não, com essa dimensão da cultura contemporânea.

A pretensão desta pesquisa, portanto é tentar perceber, apontar e registrar as vivências que transitam em uma realidade virtual configurando uma prática recorrente de um comportamento crescente na contemporaneidade.

A Internet se configura no contexto escolar como proposta de currículo para conhecimento e educação, sendo denominada de arquivo universal, na qual todo navegador tem acesso a qualquer tipo de informação, desde que ali disponibilizada. Esse suporte vem a ser um lugar amplo, cujas possibilidades parecem tornar-se infinitas.

Neste ínterim, em uma parte significativa da população, fazem parte do dia-a-dia , blogs, fotologs, sites de imagens e de relacionamentos, edição de imagens fixas e em movimento produzidas de aparelhos celulares e câmeras fotográficas digitais, e não por acaso também dos meios de comunicação, gerando um diferencial, a interatividade. Novos adeptos, de diversas idades, rendem-se às novidades principalmente crianças e jovens que têm dedicado parcelas significativas de seu tempo nas práticas desse processo. Esses indivíduos são, em sua maioria, alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio, que se dedicam a cada vez mais, fora do contexto escolar, se inteirar das novidades que chegam a todo instante, em alta velocidade.

1

(2)

Em alguns depoimentos divulgados pelo Governo Federal, sobre o Programa de Informatização das Escolas, professores afirmam que, com o computador, as escolas passaram a possuir todos os livros. O computador, portanto é divulgado como um milagre para a educação, um milagre à espera, tão somente, de umclique no mouse...

Mas encontrar informações e produzir conhecimento a partir da rede mundial de computadores não é tarefa fácil: requer habilidades, discernimento, e capacidade seletiva, pois seus conteúdos são configurados com propósitos comerciais, de entretenimento, e tantos outros, nem sempre explicitados.

Observa-se um descompasso entre os procedimentos escolares e os trânsitos dos estudantes no ambiente da Internet, em que os próprios professores e demais profissionais da educação não se familiarizaram, de fato, com os processos implicados na chamada Informatização das Escolas. A esse respeito, basta notar que, fora do ambiente escolar, em casa ou em Lan Houses2, os alunos acessam, com muito mais freqüência, a rede mundial de computadores, para, além do entretenimento, fazer os trabalhos escolares.

As instituições escolares sabem, também, muito pouco sobre a freqüência e o tempo que seus jovens alunos têm dedicado à navegação na Internet, e como distribuem esse tempo, a que tipos de atividades (sites de relacionamentos, tarefas escolares, etc.). Em contrapartida, é notório o aumento do número de Lan Houses, em especial nos espaços que circundam as escolas, cujo principal público alvo são os estudantes da educação básica, e que não só investem no horário de término das aulas, mas, e, sobretudo, concorrem mesmo com os horários regulares do ensino escolar.

Os alunos tem sido alvo dessa prática efervescente sendo eleita por muitos sua prioridade diária. Este fenômeno tem transferido os aprendizados e mesmo muitos referenciais de processos criativos para o ambiente virtual. Os estudantes, em contrapartida têm demonstrado desinteresse em fazer o uso da escrita em sala de aula ao sentir falta de mouse ou de teclas de atalho para construir suas aprendizagens.

2

Lan House, conforme a Enciclopédia, é um estabelecimento comercial onde, à semelhança de um cyber café, as pessoas podem pagar para utilizar um computador com acesso à Internet e a uma rede local, com o principal fim de jogar em rede. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Especial. Acesso em 25.06.07.

(3)

Nesse contexto virtual, os alunos são "bem mais entendidos" do que seus professores. Navegam pela internet, transitam por atalhos e links num total domínio e familiaridade que se atualizam a cada dia, a cada nova navegação, observando modos de relacionamentos, normatividades e demandas desse "mundo virtual" que concorrem e subtraem o interesse e a motivação do que aconteça no ambiente das salas de aula, onde os professores não conseguem estabelecer espaços efetivos de diálogos em detrimento dos professores que não conseguem dialogar com eles de igual como ressalta Lemos:

“A juventude acostumada a interagir na Rede, não quer mais ser platéia do conhecimento. A resposta do educador será a politização dos meios de comunicação e interação. No caminho desta politização, ele terá de se auto-educar no sentido de uma relação mais interativa com o conhecimento, a cultura e o educando.” (LEMOS, 1999).

Alguns defendem a idéia de que a Internet educa tão somente pelo fato de ser um extenso campo de pesquisa; outros alertam que ela não educa, configurando sim, um veículo privilegiado para propagar algumas informações, mas, principalmente, o lixo cultural de sempre, em forma de todo o tipo de quinquilharias e comportamentos massificados (LEMOS,1999). Diante de tantas inovações na era da “Placa Mãe” a escola se vê circundada pela Deusa Mãe, a Internet, onde o trânsito de imagens faz parte do cotidiano dos alunos. E quais são essas imagens? O que dizem essas imagens? Quem fala das imagens?

Podemos considerar que a Internet pode ser vista como campo de aprendizado na compreensão das imagens, construção subjetiva, elaboração a partir de certos contextos? Quais relações a escola mantém com esse fluxo emergente, e o que os teóricos dizem sobre essas construções? Elas de fato são construídas?

Hernandez (2005) argumenta que a marca do nosso tempo seja a aceleração na produção e circulação das imagens visuais de maneira extraordinária, até o ponto que a circulação global de imagens se tenha convertido em uma finalidade em si mesma. Esta popularidade das imagens analógicas e digitais, juntamente com o advento das tecnologias produtoras de imagens virtuais, sobretudo as distribuídas através da Internet, tem aberto um campo de investigação e interesse sobre as imagens em relação aos meios de produção da visão.

As imagens tecnológicas, portanto estão produzindo uma nova realidade mediante a inter-visualidade global. Este fenômeno, e outros mais vinculados aos novos meios de produção e representação das imagens, supõe um salto qualitativo,

(4)

por sua visualidade, diferente da imagem do cinema ou do simulacro da cultura observados a partir dos anos 80.

Essas imagens nos colocam frente a uma realidade imaterial, na medida em que nos relacionamos com uma imagem codificada matematicamente. Ela configura novas realidades, e nos leva a estabelecer relações especulando que a visão não se separa do cotidiano e da construção subjetiva nos aspectos da vida diária do indivíduo, principalmente no olhar a si mesmo, nas suas idiossincrasias.

A busca de compreender tais processos a partir do cotidiano dos sujeitos. Possibilita-nos a reflexão sobre os fenômenos emergentes, com ênfase nas subjetividades e nos olhares alternativos que estão sobre os comportamentos humanos neste terceiro milênio.

A identidade do indivíduo contemporâneo está no devir de um processo conhecido como “globalização”, fenômeno que tem deslocado as identidades culturais através de um complexo, de escala global, que atravessa fronteiras nacionais, conforme explica Hall (2005), integrando e conectando comunidades e organizações em novas e diferentes contigüidades, tornando o mundo mais interconectado.

A Internet, ferramenta que comprime o espaço-tempo, acelerando os processos globais, é um suporte que tem se tornado acessível a uma porcentagem muito elevada de espectadores, por se tratar de um acesso rápido, fácil e, sobretudo por depender da iniciativa do próprio interator cotidianamente.

Narrativas pessoais têm sido lançadas numa esfera gigantesca através de práticas como o trânsito de textos, fotos, vídeos, freqüentes no contexto virtual, a partir de espaços como e-mails, blogs, fotologs, orkut, youtube, etc. Tais narrativas, assim como no cinema, propõem sensações, ilusões, impressões da realidade, com um diferencial que configura o espetáculo: a projeção da própria imagem em um veículo de alcance mundial. Neste contexto subjetivo, podemos sinalizar as relações indivíduo-objeto a partir das narrativas visuais proporcionadas no contexto virtual, permitindo que o interlocutor seja absorvido pelo simulacro, com sua imagem digital.

O paradigma aqui especulado aponta para as imagens, analógicas, digitais e tecnológicas, geradas, manipuladas e deslocadas por jovens inseridos num contexto virtual que estabelecem novas articulações no que nomeamos construção subjetiva em relação às vivências contemporâneas.

(5)

O conteúdo das imagens é parte dinâmica e integrante da cultura, cujas visualidades articulam referências da história geral e local, tendo em vista a heterogeneidade numa abordagem educacional policêntrica que tenham em conta as mudanças na arte e na cultura.

BIBLIOGRAFIA

ALVES-MAZZOTTI, A. J. ; GEWANSZDNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisas quantitativas e qualitativas. 6. ed. São Paulo: Pioneira, 2004.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: PP&A, 2005.

HERNANDEZ, Fernando. “De qué hablamos cuando hablamos de cultura visual?” Educação & Realidade 30(2): 9-34, jul/dez 2005.

LEMOS, Maria A. B.; WINCK, João.A Internet educa? Disponível em:

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho tem como objetivos principais: relatar as etapas de produção de óleo e gás com enfoque nas tecnologias de separações mais utilizadas (líquido/líquido,

Após ter criado um novo projeto gráfico, uma tela em branco deverá se abrir juntamente com a barra de ferramentas para edição.. Dê um duplo clique na área

Porque os certificados auto-assinados estão usados como o certificado CA raiz para a validação do certificado de servidor quando você usar o suplicante EAP do Microsoft, e porque

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

A ginástica aeróbica foi a primeira atividade aeróbica a merecer destaque. Praticamente foi esta a responsável pela popularização dos exercícios aeróbicos de

Em relação ao segundo critério determinado pelo artigo 1º, significa dizer que nenhum Estado ou grupo social tem o direito de negar a identidade a um povo indígena ou tribal que