• Nenhum resultado encontrado

Primeiro Ppp Eb

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Primeiro Ppp Eb"

Copied!
88
0
0

Texto

(1)

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM

FUNDAÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLA BOSQUE PROFESSOR EIDORFE MOREIRA

(2)

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM

FUNDAÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLA BOSQUE PROFESSOR EIDORFE MOREIRA

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: UMA AÇÃO COLETIVA

Equipe Coordenadora: Ana Wilma Cordeiro da Luz Cilene Maria Valente da Silva Kátia do Socorro S. Homobono Maria do Socorro Pereira Lima Maria de Fátima Costa e Silva Maria do Socorro Monteiro Cabral Sônia Maria dos Anjos Mendes

Outeiro-Belém-Pa 1999

(3)

JUSTIFICATIVA

I. OBJETIVOS

II. CONTEXTUALIZANDO A ESCOLA BOSQUE

Origem e DenominaçãoLocalização e EntornoArquitetura

III. O FAZER PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DA ESCOLA BOSQUE

Uma concepção de Educação AmbientalRevendo a concepção de Educação Infantil

Ensino Fundamental: Em busca de uma escola inclusiva

Ensino Médio Profissionalizante: Uma Experiência em Construção

Redes de Conhecimentos: Uma Proposta em Construção para a Educação de Jovem e Adultos

PROJETOS E ESPAÇOS ALTERNATIVOSLaboratório de InformáticaSala de Leitura Projeto HerbárioColeção ZoológicaEducação NutricionalPlantas MedicinaisHortaViveiro de mudas

Escritório Piloto de Ecoturismo

Núcleo de Linguagem arte e cultura – NULACLaboratório Pedagógico

VideotecaBibliotecaBrinquedoteca

(4)

BIBLIOGRAFIA Anexos

INTRODUÇÃO

As novas exigências da cidadania que é identificada por avançar idéias da educação científica dos modelos prontos, ressalta a necessidade de um novo cenário para a educação, através da reflexão coletiva na construção do Projeto-Político Pedagógico. Compreendê-lo é o passo inicial para efetivá-lo.

(5)

“A construção do Projeto Pedagógico pelo coletivo, objetiva a democratização do ensino, cujo núcleo é a democratização do saber que passa agora a se diferenciar da democratização das relações internas, sem no entanto se desvincular delas” (Pimenta apud Silva [s/d])

Observa-se, portanto, a importância da democratização do ensino e essa concepção, para permear no convívio educacional só será possível através da integração das idéias que outrora eram fragmentadas.

A construção do Projeto Político Pedagógico implicará a explicitação da filosofia que a escola vai expressar com esse novo perfil, pois deve-se verificar o que está contido no Regimento Escolar, enquanto crença filosófica que poderá contribuir na construção de tão almejado projeto.

A reflexão crítica do grupo participante na efetivação do Projeto Político Pedagógico, deverá acontecer permanentemente a reflexão acerca do currículo e outros componentes do fazer escolar.

Na certeza de que a essência da escola é a realização do seu próprio Projeto Político Pedagógico, ressalta-se que esse propósito estará sempre em elaboração, tendo em vista que ele poderá ter vários pontos de partida mas não existirá um ponto final, isto é, a escola deverá ter consciência do que pretende, do que há, do que precisa, de onde vai partir e para onde quer ir. Inclui também nessa efetivação do projeto, os conceitos que se tem de educação, de escola, de ensino, de pessoa, de sociedade, etc. Isso significa a necessidade de fundamentos teóricos a respeito do que se vai pôr em prática, partindo da concepção de que escola é instituição que precisa se organizar através de um trabalho voltado para pessoas que vão construir conhecimentos.

I. JUSTIFICATIVA

Entendemos hoje a escola como uma instância de luta para transformação social. Assim, é concebida como lugar que reflete as contradições da sociedade na qual ela está inserida, logo, nela estão presentes os processos sociais contraditórios de reprodução e transformação. Nesse contexto, ela sofre também múltiplas determinações: tanto contém o que há de conservador na sociedade, quanto os germens da transformação social. Desse modo, a escola está envolvida nos jogos das contradições e, por isso, deve ser um espaço de ação na luta por uma sociedade mais justa.

No entanto, nada na história e na sociedade é feita repentinamente, e a transformação tão almejada não é construída somente na escola, mas num movimento recíproco: escola –

(6)

sociedade / sociedade – escola e, em uma instância educacional, a direção determinante será do social para a escola. Desse modo, nem a sociedade, nem a escola são neutras.

Querendo ou não a ação educativa em geral, a escola em particular, estão comprometidas com determinada perspectiva filosófico-política. Se a escola e a sociedade não têm clara essa concepção filosófica pautada na visão de homem, mundo e sociedade, a ação educativa tende a esvaziar-se e apoiar-se no senso comum, que muitas vezes perpassa a ideologia dominante. Ou seja, uma ideologia respaldada pelo autoritarismo, descompromisso, alienação, divisão de classe, etc.

Historicamente foi essa a trajetória educacional dessa sociedade, tendo como resultado indivíduos inquestionáveis, alienantes e alienados, acríticos e desprovidos de qualquer noção criativa. Em função desse resultado é que pesquisadores, professores e estudiosos da área educacional têm tido atualmente como objeto de estudo o Projeto Político-Pedagógico, tanto no âmbito nacional, estadual como municipal, em busca da melhoria de ensino.

É comum ouvirmos falar sobre a necessidade do Projeto Político-Pedagógico, não somente no contexto educacional macro, mas principalmente no escolar. Daí surgirem os questionamentos do que venha a ser o Projeto Político-Pedagógico.

É certo, que para alguns a resposta a tal questionamento está clara, entretanto, para a maioria, ainda se faz presente a importância de sua definição como marco que norteará a ação pedagógica de todos que fazem a escola, de acordo com suas necessidades.

Mas afinal, o que é o Projeto Político-Pedagógico? No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere que significa lançar para diante, plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento, redação provisória de lei. Plano geral de identificações (Ferreira, 1995: 144).

Projeto Político-Pedagógico logo, é a projeção dos fins da educação, dos objetivos a serem atingidos, dos caminhos a serem percorridos, dos meios a serem adotados.

Desse modo torna-se claro a necessidade de uma nova postura, no sentido de reverter a equivocada função que a escola vem efetivando. Partindo do entendimento do que seja o pensar e o agir do Projeto Político-Pedagógico para a instituição educativa possa tornar-se agente de mudanças, que objetive a transformação social.

Nessa premissa, vê-se que a escola tem a necessidade de construir um projeto que tenha sempre em seu bojo a vinculação estreita com a realidade, com o contexto social mais amplo, exigindo portanto, um compromisso com a prática educativa e que assim construa cidadãos conscientes, críticos e participativos, capazes de questionar os seus direitos com conhecimento de causa e assim conquistar seu espaço na sociedade.

Assim sendo, o Projeto Político-Pedagógico contempla um duplo objetivo. Segundo Marx, “os homens são produtos das circunstâncias sociais e da educação e, portanto, os novos

(7)

homens são produtos de circunstâncias distintas e de uma educação distinta. Mas não se deve esquecer que as circunstâncias são mudadas precisamente pelos homens e que o próprio educador precisa ser educado”. Portanto, só haverá mudanças na estrutura social se houver formação de um novo homem para atuar nesta sociedade. Entretanto, essa estrutura social só irá mudar se houver a formação desse novo homem.

O projeto é educacional e também político porque de alguma forma tem que impulsionar a concretização do projeto histórico nacional, já que os educadores têm que tomar consciência de que seu trabalho é uma das formas de politização mais efetiva. Essa conscientização não é e nem pode ser fruto do espontaneísmo ou do voluntarismo, mas conseqüência da organização e participação política como pré-requisitos, tanto da elaboração como da execução de um projeto alternativo.

Compreende-se que na construção do Projeto Político-Pedagógico, o educador deve ter consciência do que pretende, do que há, do que precisa, de onde vai partir e para onde quer ir. Deve-se, contudo, principiar definindo o tipo de homem que interessa educar e o tipo de sociedade que se quer promover.

O objetivo prioritário do Projeto Político-Pedagógico é o homem, até porque o homem é projeto, significando essencialmente um ser inacabado em sua plena realização “o homem, cada homem e qualquer homem, pode ser e será criador de sua própria história e não mais objeto da história de algum outro” (Garaudy, 1977 : 36)

É o homem e seu pleno desenvolvimento como ser transcendente que deve ocupar todo o horizonte de nossas preocupações.

A concepção de homem que permeia o projeto educativo deve considerar todas as dimensões e as potencialidades do ser e assentar-se em suas possibilidades reais e na compreensão de sua situação específica no mundo. Portanto, temos que projetar a imagem do homem que buscamos necessariamente, através dos traços e contradições do presente, somamos aos que permitam vislumbrar esse caminho até a sociedade do futuro. É no presente – que nos amarra fortemente à realidade – e no futuro – que nos impulsiona a superar os paradoxos do presente – que se encerra a popularidade que nos obriga à conquista de “um homem cada vez mais homem” e de “uma vida mais humana”.

Na construção do novo Projeto Político-Pedagógico implica explicitar a filosofia que a escola vai expressar nesse novo perfil de homem tomando como ponto de partida a proposta original da Escola Bosque enquanto linha filosófica que poderá contribuir nessa almejada construção.

Deste modo, esta linha procura desenvolver na Escola Bosque um trabalho que alia currículo mínimo obrigatório a currículos específicos que abarcam a questão ambiental, questão esta, prioritária de nosso tempo uma vez que a educação ambiental visa destacar “que

(8)

o indivíduo torna-se consciente de sua condição humana, ao estabelecer relação com os outros seres humanos e com o meio ambiente onde está inserido. É relacionando-se com o semelhante e com a natureza que esse indivíduo objetiva-se em essência enquanto ser histórico e social, produtivo, criador, que transforma a si próprio e ao mundo”. (Ponte, 1994 : 12) Neste contexto a educação ambiental permeará todo o trabalho pedagógico e de pesquisa buscando as inter-relações entre o ambiente natural , social e cultural, objetivando envolver crianças, jovens e adultos, que terão deste modo, condições e responsabilidades em pensar, discutir e agir a favor da melhoria do ambiente em que vivem.

Assim sendo, esta linha de trabalho chama a atenção para que possamos perceber que a ameaça à natureza e à miséria são decorrentes da crise de percepção humana, que nos tem levado a um olhar inadequado do mundo. Neste enfoque, temos que adquirir um novo olhar, baseado na cientificidade e na sistematicidade que nos mostra os sistemas vivos integrados, desde a menor bactéria até a sociedade, e sobre esta nova ótica obviamente estamos integrados.

É propósito desta linha de trabalho também, fazer refletir sobre nosso papel como integrante deste sistema. O que estamos fazendo para o progresso que ora vivenciamos chegue até nós de forma menos desastrosa? O que fazer para minimizar a crise ecológica que vivemos no planeta terra?

Sabemos que o que se observa ao longo da história é que em nome do progresso, da ciência e do desenvolvimento notamos a instauração de imensas zonas de miséria, fome, destruição ambiental, desemprego, marginalidade opressiva, ociosidade, solidão, angustia, exclusão social, etc.

Logo é preciso que se diga que não haverá verdadeira resposta à crise ecológica a não ser em escala planetária e com a condição de que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural reorientando os objetivos da produção de bens materiais e imateriais, o que resume em um novo conceito de crescimento econômico, contrariando o atual que tem como finalidade do trabalho social regulada de maneira unívoca por uma economia baseada no lucro e em relações de poder nem sempre democráticos, levando assim a dramáticos impasses como a que pesa sobre o Terceiro Mundo conduzindo a algumas de suas regiões a uma pauperização absoluta e de certa forma irreversível.

OBJETIVOS

• Construir uma gestão democrática com vistas a conferir à escola a importância estratégica que lhe é devida como espaço legítimo das ações educativas e como agente de prestação

(9)

de serviços educacionais de boa qualidade, consolidada na implantação de seu Projeto Político-Pedagógico;

• Conhecer melhor a realidade da Escola Bosque de modo a construir uma gestão democrática conferindo a mesma a importância estratégica que lhe é devida como Centro de Referência em Educação Ambiental, cujo marco norteador do processo educativo, visando a melhoria da qualidade de vida de sua clientela nos diversos níveis de ensino; • Encaminhar um processo de diagnose com a comunidade intra e extra escolar através de

pesquisas sócio-antropológicas;

• Construir e ampliar ações que possibilitem a participação de todos os segmentos da Comunidade escolar;

• Garantir que a Educação Ambiental seja o fio condutor do processo educativo;

• Fortalecer o Conselho Escolar enquanto mecanismo de viabilização da gestão democrática; • Dinamizar o Conselho de Ciclo como elemento integrador da ação pedagógica entre

técnicos, professores, pais e alunos visando o aperfeiçoamento do processo educativo de modo participativo e qualitativo.

III. CONTEXTUALIZANDO A ESCOLA BOSQUEOrigem e Denominação:

A Escola Bosque assim inicialmente designada, pelos primeiros que a conceberam possível, os membros do CONSILHA (Conselho de representantes da Ilha de Caratateua) o qual surgiu em 1991 como uma nova expressão de luta popular, uma vez que este nasceu da necessidade de fortalecer a luta popular pela melhoria da qualidade de vida dos moradores da ilha. Quando o CONSILHA se estabeleceu oficialmente em 06/01/91 estavam presentes diversos representantes do movimento popular organizado da Ilha, entre os quais podemos citar o Sociólogo Mariano Klautau que muito contribuiu com a efetivação do Projeto. Luta essa que foi encampada por outros membros do CONSILHA como a Arquiteta Dula de Lima, a qual idealizou o projeto arquitetônico compatível com a região. Era preciso contribuir respeitando a fauna e a flora nativa dos 120.000 m² onde hoje é a Escola Bosque.

O Centro de Referência em Educação Ambiental – Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, instituído pela Lei Municipal Nº 7.747 de 02 de janeiro de 1995, reordenada pelas Leis Delegadas nº 002 de 20 de novembro de 1995 e Nº 003 de 28 de dezembro de 1995, criado pelo Decreto Municipal Nº 2883/96 de 13 de junho de 1996, com sede neste município, na rua Nossa Senhora da Conceição, s/n, Distrito de Outeiro – Ilha de Caratateua, é uma

(10)

Fundação de direito público, sem fins lucrativos, com prazo de duração indeterminado, vinculada ao Gabinete do Prefeito.

É relevante antes de prosseguirmos, saber quem foi o homem que deu nome a Escola. Um homem do qual ele mesmo afirmava ter “Tendências Solitárias”, temperamento retraído, esquivando-se sempre de todas as homenagens que lhe quiseram prestar, bem como à participação em instituições culturais científicas ou literárias. O filósofo da geografia, que tão bem estudou e conceituou a Amazônia dedicando especial atenção à Belém, sem esquecer de sua parte insular, o qual se chamou Eidorfe Moreira.

Eidorfe Moreira (morreu em 2 de janeiro de 1899 aos 77 anos de idade), professor, geógrafo, filósofo e escritor, debruçou-se especificamente sobre a região amazônica, mas produziu ainda obras de cunho geográfico-literário e sobre a história cultural do Pará, como bem fala o professor e filósofo Dr. Benedito Nunes – em nota crítica escrita para a edição de suas obras reunidas:

“Eidorfe Moreira considerou o que há de mais específico nessa ciência (a Geografia) e, sem recorrer a elementos que lhe sejam estranhos, distendeu até suas extremas possibilidades o ponto de vista geográfico. Esse ponto de vista que permite um contato em extensão e profundidade tanto com a extensão exterior quanto com a realidade humana, torna-se uma posição problemática que força o pensamento a iniciar a sua trajetória filosófica, no intuito de interpretar a vida tomando por base a amplitude cósmica do universo, onde o homem está em constante diálogo com a natureza”.

Eidorfe Moreira foi o mais Paraense dos Paraibanos que aqui viveram e razões não faltam para essa justa homenagem.

Esta Escola objetiva desenvolver atividades educativas que preparem indivíduos para conviver de maneira propositiva dentro do contexto em que vivemos, reconhecendo que é necessária a formação de cidadãos que tenham por objetivo fundamental a compatibilização entre desenvolvimento e respeito ao meio ambiente, tendo o homem como mediador dessa relação. Neste sentido, isso se inicia na Escola Bosque, no âmbito da Educação Básica – compreendendo-se Ensino Infantil, Fundamental e Médio – tendo ainda a opção de Técnico Profissionalizante em Meio Ambiente com habilitação em Ecoturismo, Fauna e Flora (cuja instalação dos cursos foi imprescindível para preencher lacuna existente no Sistema Formal de

(11)

Ensino da Região Norte, devendo preparar jovens para o bom gerenciamento dos bens naturais da Amazônia, tão carente de pessoas especializadas – técnicos – para lidar com a sua fauna, flora e meio físico) tendo como apoio para essa realização: laboratórios, biblioteca, auditório, espaço para exposições e área de plantio. A escola é principalmente, um espaço aberto à população.

A Escola Bosque como Centro de Referência em Educação Ambiental, também se dedica à Educação não Formal buscando fornecer subsídios à pesquisa e atuando em programas especialmente voltados à demanda comunitária.

Localização e Entorno:

A Escola Bosque localiza-se na Ilha de Caratateua, à 35 Km do centro urbano do município de Belém, à rua Nossa Senhora da Conceição, s/nº, bairro de São João do Outeiro.

A Ilha de Caratateua, possuí uma área total de 31.449.074.467 m², sendo 11.934.297.051 m² de área urbana e 19.514.777.416 m² de área rural, distante 20 Km de Belém ao Norte do Centro Urbano de Belém, possui uma área de 3.226.66 hª, com acesso pela Rodovia Augusto Montenegro, situando-se a área estudada, entre os paralelos de 01º 13’ e 01º e 17’, entre os meridianos de 48º 25’ e 48º 30’. É separada da sede do Distrito de Icoaraci a sudoeste, e da Ilha de Mutum, a sudeste pelo Furo do Rio Maguari, da Baía de Santo Antônio, e da Ilha de Mosqueiro, a noroeste do município.

O Distrito Administrativo de Outeiro teve seu início na história, quando várias de suas áreas serviram de cemitérios para os índios nos tempo antes da fundação de Belém (especialmente no bairro que hoje chama-se Itaiteua)

A ilha era chamada por eles de Caratateua, que no dialeto Tupi-guarani, quer dizer, “lugar das grandes batatas”). Os Portugueses batizaram de Outeiro, que para eles quer dizer “pequenos morros”.

Em abril de 1731, o Governador da Província do Grão-Pará, Capitão Geral Alexandre de Souza Freire, concedeu Outeiro à terceiros (através da carta das sesmarias, que oficializava a doação de terras a particulares, objetivando sua ocupação).

A segunda fase da colonização de Outeiro deu-se no ano de 1893, quando foi criada a colônia de Outeiro (Núcleo Modelo de Colonização), uma segunda hospedaria em Outeiro foi implantada na antiga colônia agrícola, onde funcionava as dependências do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças – CFAP, que recebeu em 14 de abril de 1893, 14 famílias Italianas, que deram o pontapé definitivo na colonização de Outeiro.

Até meados de 1990, Outeiro era subordinada ao Distrito de Icoaraci. No ano de 1994 aos 12 de janeiro, foi decretado pelo prefeito Hélio Gueiros a criação das 8 (oito)

(12)

Administrações Regionais de Belém, assim Outeiro passaria a ser Distrito e teria sua própria autonomia (inclusive foi criado o plano diretor das ilhas de Outeiro e Mosqueiro) O intuito só passou a vigorar à partir da gestão do Prefeito Edmilson Rodrigues em 1997, que oficializou a de Belém em 08 distritos.

Observando a forma geográfica da Ilha de Caratateua, onde se localiza a Escola Bosque, a mesma pode ser comparada a uma taça, com maior largura de 10 km voltada para a Baía de Santo Antônio e a menor de 6 km ladeada pelo Furo do Maguari, que a liga com a Baía de Guajará, fazendo parte do contexto insular de Belém.

A referida ilha é mais conhecida como Outeiro, cuja denominação é usada por geomorfólogos para descrever os aspectos geográficos e as pequenas elevações que a ilha possui.

A Lei nº 7806, de julho de 1996, dispõe apenas sobre a existência de quatro bairros na ilha: bairro da Brasília, de São João do Outeiro, do Itaiteua e da Água Boa. Entretanto, existem também os bairros do Fidélis, do Fama e do Tucumaeira. O bairro mais antigo é o de Itaiteua onde se originou a concentração populacional na ilha. Composta de sete praias: do Amor, do Outeiro (do Barro Branco, dos Artistas e Praia Grande), da Brasília e do Redentor, a Ilha de Caratateua se constitui numa alternativa de lazer à população de Belém.

Com a construção da ponte Enéas Pinheiro, que liga Belém a Outeiro, a ilha sofreu um processo de ocupação intensa, facilitando o acesso da população aos balneários existente na ilha, chegando a registrar taxa de crescimento de 13,15%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE , senso de 1993

Caratateua sofreu um processo de ocupação sem precedentes, pois em 1991, o número de habitantes correspondia a 7.682; em 1993 aumentou para 12.461; segundo dados fornecidos pela Agência Distrital local, o número de habitantes estava estimulado em 35.000, o que já era preocupante naquele momento, tendo em vista que a ilha não possuía infra-estrutura para atender nem metade daquele quantitativo. Atualmente, segundo o senso do IBGE/2000,o Distrito de Outeiro-DAOUT, possui uma população de 26.225 habitantes, sendo sua área de extensão de 111,395 e densidade demográfica 235,42, distribuídas em sete bairros (Brasília, São João do Outeiro, Água Boa, Fama, Tucumaeira , Fidelis e Itaiteua) Dentre estes, temos quatro bairros que apresentam grandes índices populacionais:

Brasília: área de 2.776.779,051 m², população 5.158;

São João do Outeiro: área 5.587.524,047 m², população 7.693; Itaiteua: área 2.112.567,153 m², população 1.245;

Água Boa: área 1.457.434,972 m², população 5.676;

No momento da inauguração da Escola Bosque, em 1996, a estrutura econômica local era de baixa renda das famílias. As condições de vida da população eram precárias e

(13)

deficientes. A mão-de-obra vinculava-se ao emprego informal, condicionada à venda de alimentos nas praias, com inúmeras tabernas, pequenos armarinhos e mercearias que compunham o perfil econômico da ilha.

No que se refere à saúde, o distrito possui apenas uma Unidade de Saúde (Programa Família Saudável), com 12 leitos, urgência e emergência, e o ambulatório (São João do Outeiro) e extensão do programa para os bairros do Fama e do Fidélis, para atender toda a população local, assim como uma Unidade Fluvial Pedro Pomar (Intinerante)

No que tange à educação, a comunidade outeirense conta com: Unidades Escolares Municipais:

- Escola Bosque Prof. Eidorfe Moreira (São João do Outeiro) - Escola Municipal Monsenhor José Maria Azevedo (Itaiteua) - Escola Municipal da Brasília (Brasília)

- Escola Municipal Helder Fialho (Brasília), possuindo um anexo no bairro do Fidelis.

Unidades Escolares Estaduais:

- Escola Estadual do Outeiro (São João do Outeiro) - Escola Estadual Geny Gabriel (Água Boa)

- Escola Estadual da Brasília (Brasília) Unidades de Educação Infantil:

- U.E.I de Itaiteua (Itaiteua) - U.E.I Comunidade Estrelisa

Unidades Conveniadas com a rede municipal: - Escola de produtores rurais (Itaiteua) - Escola Colônia do Fidelis (Itaituea)

Quanto à Segurança Pública, observamos uma grande carência deste serviço, uma vez que temos apenas uma delegacia para atender a demanda da Ilha, que vem se agravando devido ao aumentando desordenado da populaçãoo e ao grande índice de violência, principalmente na segunda -feira , quando da realização de festas no Areião , Caldeirão do Alan entre outros. Apesar de tudo temos apenas dois órgãos responsáveis pela segurança na Ilha:

- Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praça (CFAP) - Delegacia de Polícia Civil do Outeiro.

A economia da ilha de Caratateua esta representada pelo comércio varejista (mercadinhos, armarinhos, farmácias, estâncias, etc...) , por atividades comerciais (hotéis, pousadas, restaurantes, bares, casas noturnas, etc...), e por prestadores de serviços autônomos, possuindo 3 pequenas feiras livres: São João do Outeiro, comunidade água boa, e Brasília.

(14)

ARQUITETURA

O Projeto arquitetônico da Escola Bosque, elaborado por Dula Maria Bento de Lima e Milton José Pinheiro Monte, caracteriza-se por sua estrutura leve e elementos vazados integrando o espaço construído ao espaço natural.

As instalações físicas ocupam 3% de uma área total de 12ha de floresta tropical preservada. A arquitetura dos prédios valoriza e adapta-se às condições ambientais de maneira a permitir uma consistência harmônica entre o homem e o meio ambiente. Priorizou-se o aspecto octogonal para as salas de aula característica diferenciada da escola.

Os módulos que integram a estrutura física da escola, compreendem: • pórtico (entrada principal da escola):

• bloco administrativo: composto de (vários) cinco espaços onde funcionam: a secretaria da escola, o setor administrativo da Fundação com sala de espera, sala de computação, sala da direção e sala de reuniões;

• setor pedagógico: sala dos professores, coordenação pedagógica, sala de acompanhamento em orientação educacional, cinco banheiros.

• o prédio denominado multiuso, possui forma octogonal, com seis salas conjugadas, janelas envidraçadas, dois banheiros, ao centro um jardim de inverno , funcionam como laboratório pedagógico, sala de leitura e as demais salas para a educação infantil, podendo sofrer novas adaptações conforme sejam necessárias;

• do mesmo formato, octogonal, existe o espaço cultural Chico Mendes, com alguma alteração na forma das salas, pois as mesmas possuem portas largas de treliça em madeira, sem janelas mas com ventilação, nestas salas funcionam o Escritório Piloto de Ecoturismo, sala do curso de Ecoturismo, Atelier de arte, lanchonete, a Coordenadoria de Desenvolvimento Comunitário – CDC – espaço reservado à comunidade, dois banheiros .

• a escola possui ainda, como parte de sua estrutura física: uma biblioteca, uma brinquedoteca, 15 salas de aula divididas em três blocos, além de três salas de aula separadas umas das outras , todas as salas de aula são de formato octogonal. Os 3 blocos possuem banheiros e pátios para recreação e estão divididos entre si por alamedas sem calçamento e ajardinadas denominando-se de trilhas:

• em seqüência aos espaços físicos, há um prédio que comporta a videoteca e uma sala de aula;

• outro prédio com um Laboratório Multidisciplinar onde são realizados diversos cursos e oficinas;

(15)

• uma área de alimentação com um restaurante amplo, aberto nas laterais, com vista para o lago em formato de borboleta que o liga ao espaço Chico Mendes; possui uma cozinha ampla. No mesmo prédio da cozinha há sala do nutricionista e um almoxarifado com recepção. Este prédio possui dois banheiros e bebedouros;

• caminhando pelas trilhas da Escola Bosque pode-se ainda visualizar os alojamentos compostos de dois prédios com 8 quartos com banheiros;

• um pouco distante do portão principal da escola, num segundo portão, localiza-se o auditório, cuja arquitetura define-se como moderna, possuindo escadaria na entrada, banheiros nas laterais receptivas, camarins com banheiros, uma sala para reuniões e outra para o setor de educação física O auditório possui infra-estrutura física para comportar 300 pessoas;

• próximo ao auditório há espaços alternativos para a prática da educação física ainda sem edificações.

Além dos espaços já mencionados, a escola dispõe ainda de seis anexos distribuídos em: três unidades em Cotijuba, uma unidade em Jutuba I e uma unidade em Jutuba II. Fazendo o atendimento em Educação Infantil, Ciclo Básico I, II e III.

Para finalizar sobre a estrutura física da Escola Bosque, convém ressaltar que a escola possui um local denominado "bosquinho" que é considerado histórico, pois foi onde toda a história de criação da mesma começou. Este lugar serve como alternativa para variadas atividades lúdicas / pedagógicas.

Atrelado a tudo isso, faz parte do patrimônio da Escola o Parque Zoobotânico, uma área de 13ha localizada próximo à sede da Instituição, constituindo-se num laboratório vivo para o desenvolvimento de pesquisas e atividades desenvolvidas pelo Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira.

O FAZER PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DA ESCOLA BOSQUE

“Reconhecendo que a Escola não é o único local de aprendizado e que o processo educativo não se inicia nem se esgota no espaço escolar, torna-se fundamental dialogar com o conhecimento que as pessoas têm acerca do ambiente, aprendido informalmente e empiricamente em sua vivência e prática social, respeitando-as, questionando-as, levando-as a repensarem o aprendido. Enfim, possibilitando que elas formulem e expressem suas ideias e descobertas, e elaborem seus enunciados e propostas” (Meyer, 1991, p. 42)

(16)

As relações entre o homem e o meio ambiente em que vive, deve ser entendida como o lugar onde mora o outro além de si próprio, e que se repartido, pode vir a ser “mundo” não só para a sobrevivência, mas também um lugar de emancipação de um número cada vez maior de pessoas.

Porém, o que se observou, foi que com o surgimento da sociedade moderna o homem transpôs todos os limites naturais através do uso indiscriminado de tecnologias pesadas, marcadas pela utilização excessiva do espaço natural, o que se agravou com o advento da sociedade industrial, onde o homem começa a gerar para si, a qualquer custo, maior conforto e benefícios. Vivemos aí a centralização na individualidade, característica do Renascimento, que permeia até hoje as relações entre os seres humanos.

Isso reflete um estilo de vida insustentável dos segmentos mais ricos que exercem imensa pressão sobre o meio ambiente, enquanto os segmentos mais pobres não têm condições de serem atendidos em suas necessidades de alimentação, saúde, moradia e educação.

“(...) Ao avanço tecnológico-industrial, com a integração seletiva de determinados contingentes de população, corresponde o retrocesso econômico em regiões periféricas e a exclusão de um amplo expectro do grupo social, aos quais é negado o acesso ao emprego, a educação e a uma renda familiar estável. Torna-se importante frisar que segundo a dinâmica deste sistema, não existiriam possibilidades concretas de melhoria das condições e da qualidade de vida para a maioria da humanidade” (Rattner, 1993, p. 178)

Esse modelo de desenvolvimento, apoiado na modernização econômica, mas sem contrapartidas sociais e políticas, gerou a concentração de riquezas e desigualdades econômicas e sociais em nível mundial, o que é agravado pelo capitalismo que atribui a cada região da vida social uma independência que na realidade não existe, gerando entre outras coisas a compartimentalização do conhecimento científico como se a sociedade pudesse ser apreendida em fatias econômicas, sociológicas, tecnológicas e psicológicas.

A educação, como não poderia deixar de ser, padece desse mal social intrínseco à sua existência, uma vez que vivenciamos um processo de fragmentação na nossa prática cotidiana, na separação entre o econômico e o simbólico numa sociedade gerada sob o capitalismo e essa fragmentação é parte constitutiva do conhecimento produzido sobre a realidade.

Esse modelo civilizatório está sendo questionado, uma vez que os problemas atuais, entre eles o ambiental, exige uma visão mais global que supere as abordagens fragmentadas, disciplinares, mecanicistas, as quais não conseguem atacar os problemas em suas raízes,

(17)

acabando por escamoteá-los e é nessa perspectiva que reside a emergência da Educação Ambiental, que surge como um instrumento democrático, participativo, transformador da realidade enquanto processo conscientizador do ser humano, contribuindo para a formação de postura reflexiva para com a problemática ambiental global.

A problemática sócio-ambiental, em amplitude e complexidade anima o ser humano a elaborar variadas explicações a questões ainda não resolvidas, o que ratifica a necessidade de transformação na estrutura e processo do conhecimento científico ocidental, arraigado à visão pontual, caracteristicamente mecanicistas, reducionista o que implica mudanças comportamentais, formas de pensar e agir.

Nesse sentido, a democracia é condição, e meta fundamental, que permite a todos proporem alternativas e soluções, e a educação ambiental como educação política está empenhada na formação da cidadania local, nacional, continental e planetária, baseando-se no diálogo de culturas e de conhecimento entre povos, gerações e gêneros, buscando a mudança de valores, atitudes, como forma de superação de um estágio de desenvolvimento forjado pela cultura humana, incompatível com suas necessidades atuais.

“Como pode o homem utilizar os elementos da situação se ele não é capaz de intervir nela, decidir, engajar-se e assumir pessoalmente a responsabilidade de suas escolhas? Sabemos quão precárias são as condições de liberdade do homem brasileiro, marcado por uma tradição de inexperiência democrática, marginalização econômica, política, cultural. Daí a necessidade de uma educação para a libertação: é preciso saber escolher e ampliar as possibilidades de opção”. (Saviani – 1986, p.43)

Em razão dessa necessidade de transformação, a Educação ambiental, é instrumento para a transformação gradual do homem e da sociedade capitalista em que está inserido, para uma sociedade pautada dentro de um desenvolvimento com bases sustentáveis visando a melhoria da qualidade de vida da população.

Sustentabilidade pressupõe o tratamento concomitante das dimensões econômica, social, ecológica, sob uma postura ética que visa equidade social entre as nações ricas e pobres, assim como entre gerações e segundo esse raciocínio, não se pode falar em igualdade entre nações, quando inúmeros países são carecedores de infra-estrutura e serviços a oferecer como saneamento básico, educação, moradia e lazer

“A maior parte dos problemas ambientais têm suas raízes na miséria, que, por sua vez, é gerada por políticas e modelos econômicos concentradores de riquezas e geradores de

(18)

desemprego e degradação ambiental. Tais modelos são adotados nos países pobres como os nossos por imposição dos países ricos, interessados na exploração dos nossos recursos naturais.” (DIAS, 1994, p.9).

Uma das recomendações de Tibilisi assegura o caráter transformador da Educação Ambiental uma vez que possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanças de atitudes, objetivando a construção de uma nova visão das relações dos seres humanos com o seu meio e adoção de novas posturas individuais e coletivas em relação ao ambiente. Ela estimula a formação de uma sociedade socialmente justa e ecologicamente equilibrada.

Neste contexto, surgiu a necessidade de dar-se respostas através da educação ambiental à alguns problemas sócio-ambientais que afligem a sociedade, uma vez que a grandeza territorial da Amazônia, as pressões internas e externas exigem a conservação de sua biodiversidade aliada a um gerenciamento de seus recursos naturais em bases sustentáveis e duradouras.

Sendo o Estado do Pará, a sua parte mais significativa, por ocupar uma área que reúne em diversidade e volume, quase todos os recursos naturais renováveis ou não, presentes na Amazônia e sendo sua capital, Belém, a única capital do país que possui um conjunto de ilhas adjacentes, cerca de 100, entre ilhas e ilhotas, ficou presente a necessidade de implantar-se no Pará, unidade de transformação de recursos humanos habilitados, comprometidos com o equilíbrio ambiental e com as formas de produção e trabalho.

A complexidade das questões ambientais nos colocou frente ao grande desafio de construir uma proposta de Educação ambiental que levasse em conta todas as contradições inerentes ao processo histórico social vivenciado cotidianamente pela sociedade moderna.

Nesse Sentido, o processo de construção pedagógica de educação ambiental no contexto da globalização fundamenta-se no diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento reformulou das práticas e concepções que permitam uma maior aproximação do real em sua multidimensionalidade.

Azevedo, enfatiza a que cada indivíduo tece ao longo de suas vidas, múltiplas e complexas relações que podem ser expressivas através das redes sociais onde se dão as relações interpessoais, culturais e das relações de poder existente na sociedade e que atravessam todas essas outras relações.

O desafio do processo pedagógico, segundo os trabalhos de Paulo Freire, enfatiza que a leitura do mundo que de cada indivíduo faz é construída a partir da sua realidade concreta e virtual, concebendo assim, validade às leituras populares, sem por isso desconsiderar as leituras

(19)

mais elaboradas e assim, permitindo interpretações de problemas ambientais mediante horas dialógicas entre pessoas com distintas leituras.

Pensar a problemática ambiental na sua multiplicidade e complexidade é o ponto de partida do processo pedagógico, que segundo Reigota (1999) é um processo aberto, em permanente mutação, sem respostas fechadas e verdades absolutas, sem um conhecimento específico a ser adotado, mas idéias a serem discutidas, desconstruídas e reconstruídas.

A proposta pedagógica da Escola Bosque, enquanto síntese dialética, configura-se a partir das seguintes premissas: a inserção da Educação Ambiental de caráter propositivo; A formação do sujeito holístico, sujeito da totalidade histórica, capaz de compreender-se no meio ambiente como aquele que propõe e intervém qualitativamente nesse ambiente buscando a sustentação econômica, política e social.

“Nesse contexto a Educação Ambiental como instrumento propiciador de transformação de valores, atitudes, atividades práticas ante os problemas concretos, trabalhará no domínio cognitivo, por meio de informações que permitam o conhecimento de fatos, conceitos e necessariamente no domínio afetivo, quando promove a conscientização crítica, através da percepção do meio e da sensibilização ante a realidade.” (Tanner, 1978)

Essas premissas nos remetem aos eixos temáticos que nortearão as ações pedagógicas em sala de aula: SER HUMANO-NATUREZA-SOCIEDADE-TRABALHO-CULTURA.

A integração entre esses elementos se faz necessária para o desenvolvimento das ações educativas uma vez que buscamos a concepção de homem, enquanto sujeito da natureza que constrói a si mesmo e a sociedade, o que não pode ser concebido de maneira desarticulada do modo como esse sujeito se relaciona com o seu meio ambiente.

O trabalho desenvolvido na Escola Bosque tem como linha norteadora a discussão e o repensar da ação humana no meio ambiente e das condições sócio-históricas dessa intervenção, uma vez que toda forma de pensar e agir se insere numa situação sócio-histórica concreta e deve ser compreendida sempre, tendo-se em vista configuração coletiva específica. Esse trabalho tem a pesquisa como princípio metodológico, como atitude, que significa base da produção científica e base da educação, ancorada no manejo e produção do conhecimento, capaz de construir um diálogo crítico com a realidade.

O educando sujeito de sua história que pensa a realidade, que tem direito de conhecer e transformar com autonomia a tempo e o espaço no qual se insere. Esse sujeito deve e precisa conhecer o saber sistematizado para não ser por ele dominado. O educando necessita conhecer a arte, a filosofia, as ciências e a cultura da humanidade para afirmar sua cultura , deve

(20)

conhecer sua história e assumir-se enquanto sujeito que faz história, e para tanto a escola deve assegurar a unidade do conhecimento constituindo-se num movimento de ação-reflexão-ação, prática-teoria-prática, e dentro da práxis pedagógica, ele é o sujeito que busca uma nova determinação em termos de patamar crítico da cultura elaborada. Ou seja, o educando é o sujeito que busca adquirir novos conhecimentos , habilidades e modo de agir. É para isso que busca a escola. Ir à escola, forma institucionalizada de educação da sociedade moderna, não tem por objetivo a permanência no estágio cultural em que está, mas sim, a aquisição de um novo patamar, a partir da ruptura que se processa pela (re) construção ativa do conhecimento sistematizado.

Dentro dessa perspectiva, o educando não deve ser considerado, pura e simplesmente, como uma massa a ser informada, mas sim como sujeito, capaz de construir a si mesmo, através de atividades, desenvolvendo seus sentidos, entendimentos, inteligência etc. pois são as experiências e desafios externos que possibilitam ao ser humano, através da ação-reflexão-ação, o crescimento, o amadurecimento, o descobrir-se enquanto cidadão.

As atividades baseadas nesses aspectos proporcionam atitudes de pesquisa que subsidiam a prática pedagógica na escola de forma regular e progressiva que no processo a construir um currículo vivo de trabalho.

Os alunos da Escola Bosque desde os níveis iniciais da Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, estão vinculados a pesquisa e análise dos problemas sócio-ambientais da Ilha de Caratateua e para tanto se utilizam de todo o instrumental científico na compreensão desses problemas e sua superação.

Assim, a Escola Bosque busca trabalhar a (re) construção do conhecimento a partir de metodologias, que visam a resignificação deste espaço escolar, transformando-o em um espaço vivo de interações, aberto ao real e as suas múltiplas dimensões. O trabalho desenvolvido nos projetos traz uma nova perspectiva para entendermos o processo da construção do conhecimento. O ato de aprender deixa de ser um simples ato de memorizar, de repassar conteúdos. Todo conhecimento é construído em estrita relação com o contexto onde o (a) aluno (a) está inserido (a), sendo por isso, impossível separar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais presentes no processo.

Considerando a criança como pertencente a uma família que seta inserida numa sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico, torna-se necessário ao pensar/construir uma proposta curricular que respeite essa realidade , a partir do desvelamento da mesma, possibilitando o surgimento de discussões das questões prementes à formação da cidadania. Traduzir esses

(21)

sentimentos, que norteiam as diretrizes de uma educação de qualidade em uma proposta curricular, implica no comprometimento político de respeito a criança como sujeito de direito. (Projeto Político-pedagógico da Escola Cabana. Prefeitura municipal de Belém,2002)

Essa prática busca enfatizar o respeito e a valorização das diferenças individuais a e pluralidade sócio-cultural, contrapondo-se às propostas segregacionistas e excedentes. A efetivação da inclusão social, implica em lutas sociais , mudanças de mentalidade e valores, inscrição em leis e legislação social, planejamento e implementação de políticas públicas.

REVENDO A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL :

Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. (Paulo freire)

A Educação Infantil constitui hoje, um segmento importante do processo educativo. Na reflexão que se faz no momento atual. acerca da evolução deste segmento de ensino, percebe-se que ela configurou-percebe-se ao longo da história, apenas para abrigar, guardar e proteger a criança em espaço pouco estruturado sem nenhum objetivo educativo, retirando assim suas possibilidades de participação na sociedade, enquanto cidadãos.

A partir do século XVII, com as mudanças na organização da sociedade, surge um outro sentimento de infância que ocorre com a "cumplicidade sentimental da família" (Aries, 1991). A criança passa a ser considerada um ser incompleto e puro que necessita de um período de preparo e aprendizagem antes de ingressar no mundo adulto, porém em razão de sua pureza (natural da essência infantil) essa aprendizagem precisaria também cumprir um papel moral, preservando-a da corrupção do meio e fortalecendo seu caráter.

Entre nós, o atendimento às crianças provindas de famílias de baixa renda já nasceu obedecendo parâmetros assistencialistas quando muito procurou reproduzir uma pálida e distorcida visão da prática pedagógica das pré-escolas frequentadas por crianças de classe média, que procuravam pautar-se em procedimentos "mais científicos". Assim surgem as diferentes tendências, como nos fala Sônia Kramer.

A Tendência Romântica concebe a pré-escola como um "jardim de infância", onde a criança é "sementinha" ou "plantinha" que brota e a professora a "jardineira". Tal concepção, demonstra que a criança por ser inocente necessita ser educada, moralizada, com isto deixam de considerar os aspectos sociais e culturais que interferem tanto nas crianças quanto nas professoras e até mesmo, no próprio papel que exerce a pré-escola.

(22)

A Tendência Cognitivista trata a criança como sujeito que pensa e a pré-escola é o lugar de tornar as crianças inteligentes: "A educação deve favorecer o desenvolvimento cognitivo" (idem Kramer, 1989). Nesta concepção a finalidade maior está na preparação da criança, visando o sucesso no desempenho escolar principalmente das crianças de baixo nível sócio-econômico, evitando os fracassos futuros. Assim, os objetivos da educação, nesta concepção, consistem na formação de homens criativos, inventivos e descobridores e "não a criança histórica e socialmente situada, com suas atividades reais e significativas, em função do seu contexto sócio-cultural de origem". (idem Kramer)

Ainda, segundo Kramer, na Tendência Crítica a pré-escola é lugar de trabalho, a criança e o professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis - a educação deve favorecer a transformação do contexto social. Aqui privilegia-se os fatores sociais e culturais, como os mais relevantes para o processo educativo visto que toda a vida humana está impregnada de significados e influências do meio social e cultural por meios de processos que ocorrem em diversos níveis. Então, educar na pré-escola, tem um significado importante, por considerarmos a interação entre crianças e seus pares, tendo como mediador o professor para que conduza o processo de aprendizagem partindo dessa vivência cotidiana de conhecimentos da realidade dessas crianças, no sentido de construir a autonomia, a cooperação crítica e criativa.

As diferentes formas de considerar a criança, têm implicações na construção de sua subjetividade. A inserção direta no mundo dos adultos, a convivência com eles, suas histórias, suas crenças, suas festas, enriquecia a experiência da criança, ao lado disso, a convivência mais coletiva, possibilitava uma maior rigidez nas trocas afetivas e nos papéis sociais.

Essa retrospectiva histórica da pré-escola nos leva a questionar sobre o que significa ser criança hoje e qual o lugar a elas reservado na sociedade atual.? Que "tipo" de educação realiza o que acredito necessário? Essas são questões que nos puxam maior reflexão e nos levam a discutir e rever um pouco nossas idéias de criança e de escola, que são na verdade, nossas idéias sobre a pessoa humana.

"Ela é alguém hoje, em sua casa, na rua, no trabalho, no clube, na igreja, na creche, na pré-escola, ou na escola, construindo-se a partir das relações que estabelecem cada uma destas instâncias ou em todas elas geradas por homens e mulheres que pertencem a classe sociais, têm e produzem cultura, vinculam-se a uma religião, possuem laços étnicos e perspectivas diversas segundo seu sexo. As crianças já nascem com uma história. Assim elas fazem e se fazem na cultura, pertencem a uma classe social e vão

(23)

se fazendo nessa história, cidadãs de pouca idade que são..."(Kramer e Souza, 1991, p. 70)

Refletir sobre o que Sônia Kramer nos fala, tem sido um pouco do que estamos discutindo com as professoras deste segmento de ensino e nossa Escola, buscando melhor entender e atender nossas crianças, que para muitas destas, a infância é uma fase bastante reduzida, uma vez que precocemente estão inseridas no mundo adulto e do trabalho. Portanto, pensar que a escola precisa aprender a trabalhar com a criança concreta que está aí inserida numa classe social, determina condições de acesso com permanência de sucesso ou não, mas que devemos respeitá-la em sua diversidade cultural e social.

Educação Infantil: buscando significado na interação entre sujeitos

Embora a educação pré-escolar exista no Brasil há bastante tempo, somente agora ela aparece numa lei geral de educação. Ganhou um capítulo próprio, é tratada na seção II, do capítulo II da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sancionada em 20 de dezembro de 1996.

A Educação Infantil é entendida como a primeira etapa de educação básica, é o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art. 22 da Lei: "A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornece-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores".

O pressuposto de que a educação escolarizada é importante para crianças de 0 a 6 anos, é fundamental, pois nos permite reconhecer que essa função deve atender as peculiaridades das crianças , bem como as características da pré-escola.

A criança se desenvolve antes e fora da instituição de educação infantil: na família, no contexto social, em toda parte onde esteja, em decorrência de fatores genéticos, ambientais, culturais e humanos. A educação infantil não pode ser mais vista apenas pela aprendizagem x desenvolvimento. Hoje parece-nos válido falar simultaneamente em desenvolvimento, aprendizagem e em construção do conhecimento.

Levar em conta o sujeito singularizado significa arriscar-se em uma perspectiva diferente, esquecendo práticas de conformização, ajustada a modelos preestabelecidos, substituindo-as

(24)

por práticas que ofereçam condições para afirmação da competência comunicativa do sujeito capaz de fala e ação.

Vygotsky afirma que o bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento, ou seja, à capacidade de promoção, de avanços no desenvolvimento do aluno. Por isso é necessário repensar o agir pedagógico da educação infantil que muitas vezes se apresenta alienante ou espontaneísta, transformando naquele que atenda às necessidades reais das crianças de classes populares. Este novo agir pedagógico supõe pensar na função social da pré-escola, pensar em porque ela é necessária, a quem ela se dirige, que contribuições ela deve dar às crianças e que benefício social ela deve oferecer à comunidade como um todo. É preciso esclarecer que função é essa e como ela se caracteriza na prática.

Kramer enfatiza que "reconhecer o papel social da pré-escola significa justamente reconhecer como legítimos e, mais do que isso, assumir, junto com a escola pública, a tarefa de universalização dos conhecimentos. Reconhecer o papel social da pré-escola significa compreender que ela tem função de contribuir com a escola. Nem inútil, nem incapaz de resolver todos os problemas futuros, nem tão pouco importante em e por si mesma, a pré-escola tem sim , como papel social o de valorizar os conhecimentos que as crianças possuem e garantir a aquisição de novos conhecimentos, exercendo o que me acostumei a chamar de função pedagógica da pré-escola para diferenciá-la das demais".

Encarar a educação infantil na sua função pedagógica, é a nosso ver, considerarmos as crianças como seres sociais e portanto, indivíduos que vivem em sociedade. Por isso, precisamos atentar para o modo como elas se inserem no grupo social e seus valores, para sua história de vida, linguagem, para os trabalhos que executam e os brinquedos com os quais brincam, para que cada uma seja valorizada e possa desenvolver sua autonomia, criatividade, responsabilidade, criticidade e solidariedade com os demais, integrando a escola, família e a comunidade.

Para Kramer uma proposição de educação infantil em que as crianças desenvolvam, construam, adquiram conhecimento e se tornem autônomas, implica pensar ainda, a formação permanente dos profissionais que atuam. Eles precisam de condições capazes de viabilizar, um tipo

de educação que não apenas eleve seus números, ou seja o acesso e permanência, a qualidade do serviço prestado à população. É preciso que esses profissionais tenham acesso ao conhecimento produzido na área de educação infantil e da cultura geral, pois assim, poderão

(25)

repensar sua prática e reconstruir seu novo agir pedagógico, visto que, a partir de reflexão sobre o desenvolvimento infantil e a aprendizagem escolar, os profissionais vão conhecendo as condições em que esta se dá, de modo a proporcionar proveitosas situações de ensino.

Enfim, a pré-escola que queremos deve ser a que forma seres pensantes, reflexivos e capazes de desencadear significados de suas manifestações, tornando-os sujeitos autônomos, críticos e solidários, como nos diz ainda Vygotsky, "é nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental". Segundo este teórico, na medida em que o sujeito interage com o objeto e o seu meio sócio-cultural, ele vai produzindo sua capacidade de conhecer.

Portanto, é fundamental que a educação infantil parta de atividades que tenham um significado concreto para a vida das crianças, que as faça progredir cada vez mais, levando-as por uma visão nova e diferente, assim, ao mesmo tempo em que estão aprendendo, as crianças estão reformulando seus próprios mecanismos de aprender, bem como a construção do conhecimento ultrapassa o localismo e pode favorecer o acesso aos conhecimentos da cultura dominante. Esta, sim, é a verdadeira função pedagógica a que referimos para a pré-escola.

Neste sentido e diante do que foi observado nos itens anteriores, as áreas de conhecimento e expressões integrantes na pré-escola deve trabalhar "simultaneamente no contexto sócio-cultural em que as crianças estão inseridas, no seu desenvolvimento e no seu processo de construção dos conhecimentos, bem como no saber acumulado historicamente" (Kramer, 1989). É preciso, no entanto, definir os pontos básicos a serem trabalhados, tais como: Linguagem, Afetividade, Raciocínio Lógico e Ludicidade, por acreditar que é nas inter-relações entre aprendizado e desenvolvimento que o professor pode criar um enfoque que corresponda as característica de globalização e as necessidades de concretização apresentado pelo pensamento da criança na faixa de 4 a 6 anos.

Linguagem

A fala infantil indica, a forma como a criança pode expressar e relacionar elementos de sua experiência. Por trás da fala, que às vezes achamos engraçado, há toda a seriedade do pensamento das crianças, que procura conhecer o mundo conversando sobre ele com outras pessoas. Segundo Vygotsky, a conquista da linguagem representa um marco no desenvolvimento do homem: "A capacitação especificamente humana para a linguagem habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superarem a ação impulsiva, a planejarem a solução para um problema antes de sua execução e a controlarem seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para as crianças primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas. As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se então base de uma forma nova e superior

(26)

de atividade nas crianças, distinguindo-as dos outros animais (Vygotsky, 1984). Sendo assim, a linguagem tanto expressa o pensamento da criança como age como organizadora desse pensamento.

Afetividade

A vida emocional sadia contribui muito para o desenvolvimento satisfatório. Na educação infantil a sociabilidade exerce um papel essencial, visto que, é na infância que desencadeiam-se sentimentos hostis e defensivos que se bem analisados podem responder por boa parte das resistências à aprendizagem. Não será tarefa fácil, exige que o educador desmonte e depois remonte a rede de relações com a aprendizagem que a criança traçou no decorrer de seu desenvolvimento bio-psico-afetivo.

Como nos fala, Zilma de Oliveira "Cognição não é, pois um processo apenas mental, mas parte da ação e dos significados que ela aponta, ou seja, desejos, portanto plenos de Afetividade". Esta posição é desafiante para nós educadores de crianças pequenas, mas acreditamos que é na relação dialógica que será possível proposições e transformações que deverão proporcionar novas perspectivas na relação com crianças em sala de aula e prover um melhor aprendizado.

Raciocínio Lógico

Na pré-escola através da interação entre as crianças e o seu modo de brincar, elas aprendem a jogar, a contar, a distribuir, a distinguir e a organizar, desenvolvendo noções e representações matemáticas. É nessa etapa que a práxis pedagógica deve estar voltada para a organização e o aprofundamento dessas idéias no sentido de incentivar e desafiar:

♦ A interiorização das ações-construção das imagens mentais. Este processo redimensiona seu curso com a aquisição da noção de que os objetos têm permanência, independente de estarem ou não, sendo vistos (mais ou menos aos 8 meses de idade). A permanência do objeto dá novo salto de desenvolvimento com aquisição da linguagem, quando esta se torna processo interdependente do pensamento.

♦ Análise de situações, fenômenos e fatos no sentido de estabelecer relações e superar a leitura bruta dos mesmos.

♦ Levantamento, investigação, estabelecimento de princípios de causalidades.

♦ Discussão, realização de agrupamentos e inclusões ( I Fórum de Educação da Rede Municipal de Belém – 1997, p. 42).

(27)

Atividades Lúdicas

Brincar é uma atividade cotidiana na vida das crianças. Desde as épocas mais antigas crianças brincam, procuram decifrar o mundo através de adivinhas, faz-de-conta, jogos com bolas, arcos, cordas, bonecos e outras ações lúdicas.

O brinquedo é a estrada que a criança percorre para entender os conflitos, para desfazer os temores, para explorar o desconhecido. A repetição, o fazer sempre de novo, tão presente e intrínseco no brinquedo "Favorece o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança, dado que contem todas as tendências do desenvolvimento de forma condensada". (Vygotsky, 1993. P. 117).

Quem ensina, sabe que o ambiente lúdico é o mais propício para a aprendizagem. Aliás é o único que produz verdadeira aprendizagem e por conseguinte o que promove o desenvolvimento da criança. Segundo Walter Benjamen "A essência do brincar não é um simples fazer, mas um fazer sempre de novo, transformação da experiência mais comovente em hábito". Brincando as crianças recriam o mundo, refazem os fatos, para não mudá-los simplesmente ou para contestá-los, mas para adequá-los à capacidade de assimilação, aos filtros de compreensão.

"E aí há dois filtros: o cognitivo e o afetivo. Algo pode caber no

cognitivo, mas não no afetivo. O brinquedo e o jogo facilitam o trânsito do cognitivo para o afetivo (Vital Dionet).

Portanto, brincar é típico da criança, se a infância é uma idade de jogo, se a atividade mais extensa, mais intensa, mais característica da infância é a ludicidade, não se pode conceber a infância sem o brinquedo. Impedir-lhe o brincar, equivale a roubar-lhe a infância, a antecipar a vida adulta.

Avaliação

A avaliação é uma questão polêmica, mais ainda quando se trata da criança, pois é mais fácil avaliar conteúdos de aprendizagem do que comportamentos. Por isso, uma Proposta Pedagógica deve ser fundamentada e orientada por princípios que redimensionem os diversos aspectos da ação humana.

Nesta sentido, na avaliação do desenvolvimento global da criança o que importa não é a quantidade de comportamentos evidenciados, mas a qualidade das experiências vivenciadas que levam à construção de novos conhecimentos.

(28)

Não se trata, contudo, de categorizar os alunos em relação a estágios de desenvolvimento que eles teriam ou não cumprindo plenamente, atribuindo-lhes qualificativos problemáticos como 'imaturo" e outros, mas de melhor conhecer o nível evolutivo apresentado pelas crianças no decorrer do processo de escolarização. O acompanhamento da criança é uma responsabilidade permanente de todos os adultos que convivem com ela. Nesse sentido, deve ser considerado um processo de múltiplas dimensões que ocorre de modo contínuo durante o ano escolar.

Importa avaliar não uma conduta isolada do aluno, um procedimento específico do professor ou uma característica da escola, mas um conjunto de evidências, tentando articulá-las qualitativamente, no decorrer de um certo período. Nesse acompanhamento sistemático, cada criança é vista como parâmetro de si mesma, pois aquilo que uma criança compreenda ou realiza não pode servir de base para avaliação de outras crianças embora da mesma idade cronológica

Concordamos com Jussara Hoffmann, ao apontar que "Redimensionar a prática

avaliativa da pré-escola compreende avaliar sua própria especificidade, ou seja, refletir sobre a dimensão em que aborda a problemática da educação infantil em nosso país, e em que medida a criança garante, no Projeto político-social, seu direito de ser verdadeiramente criança.”

"A própria legislação no que diz respeito à Educação Infantil,

estabelece o ato de avaliar enquanto processo de inclusão, ao estabelecer na Lei 9.394/96 (LDB-Art.31), que a avaliação neste nível de ensino, far-se-á através do acompanhamento de registro do desenvolvimento da criança, sem o objetivo de promoção, mesmo para o ensino fundamental, assim como, a resolução 003/96 do Conselho Municipal de Educação (Art.16), que estabelece avaliação enquanto processo contínuo de obtenção de informações, visando ao aprimoramento do trabalho da escola". ( I Fórum de Educação da Rede Municipal de Belém – 1997).

Neste sentido, sugerimos que a prática de avaliação na Educação Infantil torne-se uma ação permanente, processual, numa perspectiva de acompanhamento, onde o educador possa observar atento o curioso sobre as manifestações de cada criança e refletir sobre o significado dessas manifestações em termos de seu desenvolvimento (Hoffmann, ).

(29)

A prática avaliativa necessita ser entendida como um processo promotor de avanços, como espaços de reflexão sobre as práticas pedagógicas e da vida, do professor e dos alunos, que ao retornarem a elas, mais que julgá-las, as aperfeiçoam e reformulam, tornando-as mais comprometidas e qualificadas.

Na Educação Infantil, constituem em recurso de avaliação a observação e os registros de certos episódios que ocorrem em classe, visto que, na relação cotidiana com os alunos, o professor encontra valiosas oportunidades para compreender a forma pelo qual eles a prendem diferentes situações e reagem a elas, e como essa forma se modifica ou não no decorrer da escolarização. A observação e o relatório servem como memória pedagógica de cada turma. O professor muito aprende ao registrar a caminhada de cada aluno, pois, testemunha os sucessos, os avanços, conquistas e dificuldades, ao invés de só permanecer nas constatações frias. Um trabalho assim, fruto de observações diárias registradas em anotações contínuas, reflete a ação educativa, presta atenção às manifestações do aluno, encaminha novas buscas. Assim, estaremos nos empenhando em construir algo novo, em nos reconstruirmos enquanto educadores e cidadãos responsáveis coletivamente pelas nossas ações.

ENSINO FUNDAMENTAL: EM BUSCA DE UMA ESCOLA INCLUSIVA

Vivemos em um mundo de constantes mudanças, as quais se fazem sentir em diversos níveis e aspectos. Mudam os ordenamentos econômicos e sociais, os modelos teóricos e com eles os conceitos, as práticas, as relações entre as pessoas. Enfim, a forma de interagir com o mundo. Na educação não poderia ser diferente.

No processo histórico da educação no Brasil, por exemplo, percebe-se que, de acordo com o contexto que se apresenta, o sistema educacional modifica-se para atender as necessidades emergentes daquele momento. Assim a educação acaba não recebendo a atenção que deveria ter e não é tratada com a devida seriedade.

A realidade vivenciada no cotidiano das escolas sob influência da concepção tradicional de educação, traz-nos a visão de propostas pedagógicas construída predominantemente sob a ótica em que o aluno é um sujeito passivo, subordinado ao professor, que detém os conhecimentos e os transmite aos poucos para assimilação acrítica pelos alunos.

Na realidade essa assimilação constitui-se numa pseudo-aprendizagem caracterizada pela simples memorização que logo se extingue, haja vista não traduzir questões significativas para o aluno. Os currículos sob a ótica dessa concepção tradicional, estão engajados em uma proposta elitista que prima e defende a cultura erudita como única e verdadeira, portanto como única fonte de conhecimento e saber.

Referências

Documentos relacionados

A análise desta variável nos remete a abordagem de alguns aspectos importantes relacionados à assistência e à gestão em saúde hospitalar, embora o número de suspensão de

A metodologia desenvolvida pelo IPT tem como característica criar um nível inicial de aproximação da empresa aos princípios da indústria 4.0, aliando

O Fundo poderá utilizar instrumentos financeiros derivados para cobertura do risco e para prossecução de outros objetivos de adequada gestão do seu património, nos termos e

Este estudo questiona se os serviços de alimentação prestados junto aos meios de hospedagem gaúchos, em especial hotéis da capital gaúcha, efetivamente são considerados

Na última década do século XX, a autoajuda foi colocada em evidência. A proliferação de discursos exaltando o poder do indivíduo na resolução de seus problemas e a necessidade

Este estudo apresenta um diagnóstico realizado com Pequenas e Médias Empresas (PMEs) do setor gráfico localizadas no estado do Paraná, o qual teve o objetivo de avaliar

Neste tipo de situações, os valores da propriedade cuisine da classe Restaurant deixam de ser apenas “valores” sem semântica a apresentar (possivelmente) numa caixa

A suplementação alimentar para animais em pastagem possibilita um melhor uso da forragem, aumentando a eficiên- cia de todo o sistema e contribuindo para a produção de carne de