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TRATAMENTO
BÁSICO DE LESÕES
NO ESPORTE: LESÕES
POR OVERUSE ll
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TRATAMENTO
BÁSICO DE LESÕES
NO ESPORTE: LESÕES
POR OVERUSE ll
CONTEÚDO: PEDRO LUIZ GUIMARÃES
CURADORIA: PEDRO LUIZ GUIMARÃES
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SUMÁRIO
PREVENÇÃO DE LESÕES POR USO EXCESSIVO (OVERUSE) ... 4 PREVENINDO A INATIVIDADE ... 4 REFERÊNCIAS ... 7
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PREVENÇÃO DE LESÕES POR
USO EXCESSIVO (OVERUSE)
Poucos estudos prospectivos de alta qualidade descrevem intervenções para evitar as lesões de uso excessivo. Como sempre reforçamos, o fator de risco mais importante na lesão esportiva, em geral, é ter uma lesão anterior. Por isso, a reabilitação adequada é de extrema mportância na prevenção de novas lesões.
A reabilitação de cada uma das principais lesões esportivas será abordada nas suas respectivas apostilas e aulas. Nosso objetivo aqui é de dar uma noção básica de como podemos atuar na prevenção e recuperação das lesões de um modo geral. Do ponto de vista prático, o fator mais importante para evitar uma lesão de uso excessivo é corrigir eventuais erros de treinamento. As regras gerais incluem as seguintes:
• Realizar as seguintes mudanças apenas uma de cada vez: aumentar a volume ou intensidade, mudança de superfície, uso de novos equipamentos ou tipo de treinamento;
• Aumentar apenas em 10% por
semana e individualmente o
volume, duração ou intensidade do treinamento;
• Garantir tempo adequado para
recuperação dentro do cronograma
de treinamento, por exemplo: dias de folga, dias de treino leve e dias treinamento integrado;
• Manter um registro de treinamento e siga o cronograma de
treinamento;
• Monitorar a frequência cardíaca, o
peso e a qualidade do sono. Um
aumento no frequência de repouso de mais de 10% ou uma mudança repentina no peso ou na qualidade do sono indica que o corpo pode estar estressado e precisar de mais tempo de recuperação.
Um tema muito importante dentro da medicina do exercício e do esporte é o de overtraining e overreaching (excesso de treinamento e supercompensação, respec-tivamente). Muitas dessas medidas pro-postas, além de evitarem lesões, podem ajudar a reduzir as outras consequências prejudiciais do treinamento em excesso ao indivíduo. Ambos os conceitos serão apro-fundados nas suas respectivas aulas e apostilas.
PREVENINDO A INATIVIDADE
Pacientes que têm uma lesão de uso excessivo muitas vezes reduzem seu nível de atividade, seja por conta própria ou porque foram informados pelos
5 profissionais de saúde. Uma parte
importante do tratamento de qualquer lesão é garantir que as partes saudáveis do corpo sejam mantidas em forma para permitir que o indivíduo retorne ao esporte o mais rápido possível com a melhor condição física possível. O tecido muscular imobilizado perde aproximadamente 10% de sua força nas primeiras 2 semanas, equivalente a 1% de força e área transversa do músculo por dia de imobilização. A inatividade também afeta a cartilagem, os ligamentos e outros tecidos, e, por isso, a inatividade, particularmente a imobilização completa, deve ser evitada. Apesar da imobilização ser o exemplo mais claro de situação que ocorre atrofia muscular, não é a única. Existem outras
situações que podem levar à atrofia muscular, como a inibição do reflexo da dor ou nas articulações. Considerando os tipos de fibras musculares, as fibras musculares aeróbicas (fibras tipo I) atrofiam mais rápido, e ainda pode haver transição entre os tipos de fibras. Realizar contrações isométricas podem ajudar a neutralizar a atrofia, mas não podem impedi-la completamente. Já a estimulação elétrica da musculatura também pode ser utilizada para reduzir a atrofia, mas é reservada princip almente para situações em que contrações voluntárias não são possíveis.
O tecido muscular não é o único prejudicado com uma imobilização ou inatividade. A cartilagem articular (cartilagem hialina) é particularmente
6 vulnerável. As alterações histológicas são
visíveis a partir de 6 dias após a imobilização, com redução da síntese e agregação dos proteoglicanos. A osteoartrose pode ocorrer se esse mecanismo continuar, embora o ponto em que isso se torna irreversível ainda seja desconhecido. O que é bem estabelecido para essa população (indivíduos sem degeneração articular prévia) é que a carga sobre as articulações e a atividade física neutralizam essa deterioração. A mobilização precoce é fundamental e o movimento passivo continuo é muito útil em situações como a pós-cirurgia, onde o paciente é incapaz de mover a articulação
por conta própria. Nessas abordagens, os resultados parecem ser particularmente bons para pequenas articulações que não suportam peso. Quando a atividade é retomada após um período de atividade sem carga sobre a articulação, deve-se começar com cautela a introdução de carga sobre a articulação para evitar uma sobrecarga tecidual. Atividade muito intensa pode danificar ainda mais a cartilagem. Tendões, cápsulas e ligamentos também são afetados pela inatividade, de modo que após 8 semanas, 40% de força e 30% de rigidez nos tendões são perdidos.
Gráfico 2 – Alterações de diversas estruturas musculoesqueléticas após um período de imobilização
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REFERÊNCIAS
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@jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko
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