VI-062 - AVALIAÇÃO DE ASPECTOS DA FERTILIDADE E
BIODISPONIBILIDADE DE METAIS TÓXICOS NO SOLO DE COBERTURA DE
UM ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS VISANDO
SUA VEGETAÇÃO
Julio Cesar da Matta e Andrade(1)
Engenheiro Agrônomo - UFES (1988). M.Sc. em Engenharia Ambiental - COPPE/UFRJ (2000). Especialista em Perícia e Auditoria Ambiental - Estácio de Sá (1995). Especialista em Planejamento Ambiental - UFF (1994).
Claudio Fernando Mahler
Engenheiro Civil. D.Sc. (1994) COPPE/UFRJ. Coordenador de Projetos Ambientais com as Universidades de Osnabrück e Braunschweig na Alemanha, Professor da COPPE/UFRJ, consultor na Área Ambiental e Mecânica dos Solos, publicou mais de 80 trabalhos em revistas e congressos nacionais e internacionais.
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RESUMO
A partir da abertura de 12 cavas em área delimitada sobre a capa de cobertura do aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos de Santo Amaro/SP, foram retiradas amostras de solo em diferentes profundidades e efetuaram-se análises químicas com o objetivo de investigar a fertilidade, capacidade de suporte e possibilidade de biodisponibilização de metais tóxicos por plantas detentoras de raízes profundas.
Foi medida a espessura da camada final de cobertura e analisados os nutrientes: Al, Ca, Mg, Ca+Mg, P, K, matéria orgânica e os metais: Mo, Cr, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, Cd, Pb e Sn, em suas formas disponíveis (Mehlich 1) e pseudototais (água régia). Com a investigação verificou-se a presença de grandes diferenças na espessura da capa final de cobertura do aterro, que variou de 62 a mais de 277cm. Além disto esta apresentou heterogeneidade química bastante grande, mostrando a existência de condições diferenciadas para o desenvolvimento e suporte de plantas. Apesar da heterogeneidade química apresentada, foi verificado na maioria das cavas aumento do pH com a faixa de profundidade amostrada, evidenciando a ascensão do chorume de pH alcalino. Como conseqüência as cavas apresentaram com seu aprofundamento maiores teores disponíveis dos macronutrientes: fósforo, potássio, cálcio, magnésio e menores teores de alumínio. Teores de micronutrientes e metais pesados também aumentaram genericamente com a profundidade das cavas, pressupondo também para estes elementos, contribuição por ascensão do chorume.
Quanto à fertilidade do solo, verificou-se que o baixo teor disponibilizado de alguns macro e micronutrientes restringiria o cultivo de muitas espécies de plantas, fato que poderia ser contornado com o uso de insumos e de técnicas agronômicas apropriadas em um adequado programa de preparo do solo, correção e adubação. Em relação aos teores de metais tóxicos encontrados, seria remota a possibilidade de contaminação do ambiente pelo transporte e biodisponibilização de metais tóxicos através da vegetação, pois não foram encontrados, para os elementos analisados, teores que permitissem classificar o solo de cobertura como contaminado.
Deve-se observar também, que o aumento dos teores de metais tóxicos com a profundidade, ocorreu acompanhado de aumentos do pH e da quantidade de matéria orgânica; fatores que reduzem a possibilidade de disponibilização de metais tóxicos para incorporação pelas plantas. Apesar disto, deve-se observar que mudanças ambientais poderão alterar o equilíbrio e a situação atualmente existente.
PALAVRAS-CHAVE: Poluição do Solo, Aterros Sanitários, Transporte de Poluentes, Recuperação de Áreas
INTRODUÇÃO
O número crescente de aterros de Resíduos Sólidos Urbanos, atualmente desativados, em desativação, ou sofrendo remediação, aumenta a preocupação quanto ao uso futuro destas áreas e sua recuperação para benefício da população, a qual deve ser compensada pelos prejuízos sofridos durante o período de operação do aterro, com a melhoria de seu conforto ambiental e o acréscimo de uma nova área destinada, por exemplo, à prática de esportes e/ou lazer.
Comumente as “melhorias ambientais” obtidas, incluem o uso de vegetação associada a diferentes tipos de projetos, sendo este o motivo pelo qual o assunto é abordado e pesquisado em vários países.
No entanto existem muitas dificuldades técnicas que são agravadas pela impossibilidade de uso generalizado de informações que envolvam fatores dependentes de características biológicas, climáticas e ambientais, intrínsecas ao local de estudo e às espécies a serem implantadas. Além disto, o fato de existirem nos resíduos sólidos urbanos, poluentes como os metais tóxicos, preocupa quanto à possibilidade de sua mobilização pelas plantas e contaminação ambiental.
O desenvolvimento desse trabalho contou com o apoio de todo corpo técnico da ENTERPA Ambiental S.A., LIMPURB/ Prefeitura Municipal de São Paulo, EMBRAPA/Solos e EMBRAPA/Agrobiologia.
OBJETIVOS
Investigar o solo de um aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos quanto à possibilidade de cultivo direto de plantas detentoras de raízes profundas sobre a camada final de cobertura e o risco de biodisponibilização de metais tóxicos ao ambiente.
METODOLOGIA EMPREGADA
RETIRADA DE AMOSTRAS E DETERMINAÇÃO DA ESPESSURA DA CAMADA FINAL DE COBERTURA
O trabalho foi desenvolvido no Aterro Santo Amaro; um aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos, situado no bairro de Pedreira (Zona Sul de São Paulo), que foi desativado como receptor de resíduos no dia 20 de janeiro de 1995.
A investigação do solo foi efetuada a partir da abertura com retro-escavadeira de 12 cavas, distribuídas em parte do aterro que posteriormente seria destinada ao cultivo experimental de plantas.
Coletaram-se amostras nas seguintes profundidades: • 20 cm;
• 20 a 100 cm (quando a camada de cobertura possuía espessura superior a esta);
• de 100 cm até o local onde o solo da camada de cobertura começava a aparecer misturado ao lixo; • interface solo-lixo (no presente trabalho, apesar da não existência de uma superfície delimitada de
separação, optou-se pela denominação de interface solo-lixo, para descrever a camada em que o solo se apresentava misturado ao “lixo”, estando esta situada entre as fases ocupadas pelo solo e pelos resíduos sólidos urbanos).
2 0 a 1 0 0 c m . 1 0 0 c m . a té a in te rfa c e so lo -lixo In te rfa c e so lo -lixo
Figura n. º 01 - Perfil de amostragem.
As cavas tiveram a espessura de camada de cobertura medida e após descarte do material superficial (visando reduzir a contaminação entre superfícies promovida pela retro-escavadeira na abertura das cavas), o solo foi coletado com o corte longitudinal de fatias do material dentro de cada uma das faixas de profundidade demarcadas para estudo. Este solo foi depositado em recipiente plástico com capacidade para 20 litros, misturado e destorroado.
Retiraram-se então amostras com peso variando de 1 a 1,5Kg, que foram individualmente acondicionadas em sacos de papel numerados, visando a posterior análise de macronutrientes. Também foram retiradas e acondicionadas individualmente em sacos plásticos auto-selantes, porções de aproximadamente 100g, sendo estas destinadas à análise de micronutrientes e metais tóxicos.
Tabela 01 - Profundidade das cavas.
Cava 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Profundidade (cm) 170 269 154 * 213 62 86 71 207 232 118 110
*A retro-escavadeira alcançou com sua lança a profundidade de 277 cm, mas não conseguiu encontrar a interface solo/lixo.
ANÁLISE DA FERTILIDADE, VARIAÇÃO DO PH E TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA
Foram efetuadas análises rotineiramente utilizadas para determinação da fertilidade do solo pela EMBRAPA - Centro Nacional de Agrobiologia; tendo sido encontrados os resultados abaixo:
Tabela 02 - Resultados da análise de rotina.
Meq/100ml ppm ou mg/dm³ Cava Profundida de (cm) Registro no Laboratório Textura (determinação expedita) pH em água Al Ca+M g Ca Mg P K 01 0-20 2608/97 Argilosa 7,1 0,0 5,3 3,8 1,5 1 90 01 20-100 2609/97 Argilosa 7,1 0,0 4,5 3,4 1,1 0 51 01 100-170 2610/97 Argilosa 7,7 0,0 7,9 6,1 1,8 7 300 01 170 (interface solo/lixo) 2611/97 Argilosa 7,7 0,0 8,3 6,4 1,9 7 320 02 0-20 2612/97 Argilosa 7,1 0,0 5,4 4,0 1,4 2 69 02 20-100 2613/97 Argilosa 7,1 0,0 6,1 4,0 2,1 0 57 02 100-269 2614/97 Argilosa 6,9 0,0 4,2 2,5 1,7 0 71
03 0-20 2616/97 Argilosa 7,0 0,0 7,0 4,2 2,8 1 76 03 20-100 2617/97 Argilosa 7,1 0,0 6,4 4,3 2,1 1 78 03 100-154 2618/97 Argilosa 7,3 0,0 6,8 5,0 1,8 0 85 03 154 (interface solo/lixo) 2619/97 Argilosa 7,3 0,0 7,4 5,0 2,4 9 341 04 0-20 2620/97 Argilosa 5,6 0,2 4,3 2,8 1,5 1 43 04 20-100 2621/97 Argilosa 5,1 0,3 3,7 2,3 1,4 1 29 04 100-277 (a interface não foi atingida) 2622/97 Argilosa 6,1 0,0 4,2 2,6 1,6 0 30 05 0-20 2623/97 Argilosa 5,1 0,3 4,0 2,2 1,8 1 34 05 20-100 2624/97 Argilosa 5,6 0,2 3,7 2,1 1,6 1 31 05 100-213 2625/97 Argilosa 6,5 0,0 4,8 2,8 2,0 2 47 05 213 (interface solo/lixo) 2626/97 Argilosa 7,9 0,0 7,9 5,4 2,5 8 330 06 0-20 2627/97 Argilosa 4,5 1,0 3,0 1,8 1,2 2 70 06 20-62 2628/97 Argilosa 4,7 0,0 13,3 10,2 3,1 13 319 06 62 (interface solo/lixo) 2629/97 Argilosa 7,5 0,0 13,3 10,2 3,1 13 319 07 0-20 2630/97 Argilosa 6,3 0,0 4,0 2,5 1,5 1 55 07 20-86 2631/97 Argilosa 6,6 0,0 4,6 3,0 1,6 1 56 07 86 (interface solo/lixo) 2632/97 Argilosa 5,5 0,2 5,0 3,4 1,6 2 121 08 0-20 2633/97 Argilosa 4,6 0,7 2,6 1,8 0,8 2 37 08 20-71 2634/97 Argilosa 4,6 0,8 2,4 1,3 1,1 2 51 08 71 (interface solo/lixo) 2635/97 Argilosa 7,7 0,0 9,8 6,4 3,4 31 440 09 0-20 2636/97 Argilosa 4,5 0,6 2,6 1,5 1,1 5 56 09 0-100 2637/97 Argilosa 5,5 0,2 2,4 1,3 1,1 1 100 09 100-207 2638/97 Argilosa 7,4 0,0 3,8 2,3 1,5 1 165 09 207 (interface solo/lixo) 2639/97 Argilosa 7,7 0,0 4,1 2,4 1,7 1 539 10 0-20 2640/97 Argilosa 6,6 0,0 3,8 2,1 1,7 0 110 10 20-100 2641/97 Argilosa 4,9 0,5 2,5 1,3 1,2 0 35 10 100-232 2642/97 Argilosa 5,0 0,4 2,8 1,5 1,3 1 59 10 232 (interface solo/lixo) 2643/97 Argilosa 8,3 0,0 4,9 3,4 1,5 9 946 11 0-20 411/98 Argilosa 4,0 0,2 8,7 5,2 3,5 2 32 11 20-100 412/98 Argilosa 5,9 0,0 2,9 1,9 1,0 3 68 11 100-118 413/98 Argilosa 6,8 0,0 5,7 3,9 1,8 3 260 11 118 (interface solo/lixo) 414/98 Argilosa 8,0 0,0 5,8 3,7 2,1 21 590 12 0-20 415/98 Argilosa 6,4 0,0 4,1 2,4 1,7 3 40 12 20-100 416/98 Argilosa 7,1 0,0 5,8 3,3 2,5 3 52 12 100-110 417/98 Argilosa 7,3 0,0 7,1 4,1 3,0 5 280 12 110 (interface solo/lixo) 418/98 Argilosa 7,7 0,0 7,0 4,3 2,7 16 360
Cava Profundidade (cm) Registro no Laboratório Teor de Carbono (%) Matéria Orgânica (%) 01 0-20 2608/97 0,27 0,47 01 20-100 2609/97 0,06 0,10 01 100-170 2610/97 0,30 0,52 01 170 (interface solo/lixo) 2611/97 0,33 0,57 02 0-20 2612/97 0,18 0,31 02 20-100 2613/97 0,21 0,36 02 100-269 2614/97 0,06 0,10 02 269 (interface solo/lixo) 2615/97 0,72 1,24 03 0-20 2616/97 0,42 0,72 03 20-100 2617/97 0,48 0,83 03 100-154 2618/97 0,30 0,52 03 154 (interface solo/lixo) 2619/97 0,48 0,83 04 0-20 2620/97 0,21 0,36 04 20-100 2621/97 0,06 0,10
04 100-277 (a interface não foi
atingida) 2622/97 0,06 0,10 05 0-20 2623/97 0,27 0,47 05 20-100 2624/97 0,24 0,41 05 100-213 2625/97 0,06 0,10 05 213 (interface solo/lixo) 2626/97 0,60 1,03 06 0-20 2627/97 0,45 0,78 06 20-62 2628/97 0,30 0,52 06 62 (interface solo/lixo) 2629/97 1,38 2,38 07 0-20 2630/97 0,30 0,52 07 20-86 2631/97 0,15 0,26 07 86 (interface solo/lixo) 2632/97 0,54 0,93 08 0-20 2633/97 0,30 0,52 08 20-71 2634/97 0,06 0,10 08 71 (interface solo/lixo) 2635/97 1,20 2,07 09 0-20 2636/97 0,24 0,41 09 0-100 2637/97 0,15 0,26 09 100-207 2638/97 0,30 0,52 09 207 (interface solo/lixo) 2639/97 0,24 0,41 10 0-20 2640/97 0,39 0,67 10 20-100 2641/97 0,30 0,52 10 100-232 2642/97 0,09 0,16 10 232 (interface solo/lixo) 2643/97 0,54 0,93
11 0-20 411/98 não efetuada não efetuada
11 20-100 412/98 não efetuada não efetuada
11 100-118 413/98 não efetuada não efetuada
11 118 (interface solo/lixo) 414/98 não efetuada não efetuada
12 0-20 415/98 não efetuada não efetuada
12 20-100 416/98 não efetuada não efetuada
12 100-110 417/98 não efetuada não efetuada
ANÁLISES DE MICRONUTRIENTES E METAIS PESADOS
Foram realizadas pela EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa de Solos, análises de micronutrientes e de metais tóxicos em amostras retiradas das cavas 1, 5, 6, 7, 8, 9 e 10, obedecendo a seguinte metodologia: • teores disponíveis foram analisados a partir de digestão com solução de Mehlich 1, a qual é o padrão
utilizado pela EMBRAPA na análise de micronutrientes;
• teores pseudototais (erradamente denominados, por muitos autores, de teores totais; pois a extração total é praticamente impossível), foram analisados com solução de água régia.
É importante ressaltar que as leituras de todas as amostras foram feitas em triplicata, sendo utilizada a média entre as três leituras como resultado, reduzindo assim a margem de erro e que, embora o equipamento utilizado para avaliação dos teores tenha sido o mesmo (espectrofotômetro de plasma), ocorreram diferenças na sensibilidade das leituras efetuadas entre teores de pseudototais e disponíveis, pois no caso de disponíveis, foi utilizado acoplado ao espectrofotômetro um nebulizador ultrassônico, o qual aumenta a precisão das leituras em aproximadamente 10 vezes, o que não ocorreu na avaliação de pseudototais.
Outro ponto importante a ser levado em consideração é que, embora auxilie a interpretação da distribuição local e biodisponibilidade de alguns metais considerados como micronutrientes, não existem índices com aplicação generalizada para classificação dos teores disponíveis obtidos com o extrator Mehlich (VAN RAIJ, 1991).
Por outro lado, a extração com água régia permite que os teores pseudototais obtidos possam ser comparados com alguns teores internacionalmente utilizados na avaliação da contaminação do solo e resíduos.
Tabela 04 - resultado das análises de solo para metais.
disponível (mg/dm3)/pseudototal (mg/Kg) Amostra (cava) Faixa de Profundidade (cm) Mo Cr Mn Fe Co C1 0-20 */* 0,162/53,7 10,0/88,7 39,4/46166 0,125/* C1 20-100 */* 0,136/60,4 6,07/75,2 25,7/50050 0,071/* C1 100-170 */* 0,211/56,7 14,1/92,1 63,4/52800 0,203/4,81 C1 interface 170 */* 0,426/47,4 24,5/95,6 95,7/42900 0,333/* C5 0-20 */* 0,038/9,15 14,3/45,2 60,6/15100 0,049/* C5 20-100 */* 0,058/9,38 4,77/31,2 42,3/18850 0,047/* C5 100-213 */* 0,077/9,51 5,29/42,4 63,9/16750 0,044/* C5 interface 213 */* 0,323/24,6 33,5/99,6 729/26300 0,255/* C6 0-20 */* 0,056/16,9 13,5/67,4 67,9/18000 0,194/* C6 20-62 */* 0,193/23,6 41,1/85,4 88,0/20000 0,369/* C6 interface 62 */* 0,439/35,3 58,1/188 354/26600 0,440/* C7 0-20 */* 0,121/21,3 16,3/763 57,2/76,3 0,271/* C7 20-86 */* 0,213/36,0 36,4/102 89,1/29300 0,753/* C7 interface 86 */* 0,313/31,7 65,0/114 244/27650 0,857/* C8 0-20 */* 0,048/8,22 6,38/42,2 55,1/12800 0,064/* C8 20-71 */* 0,045/* 6,78/35,9 63,4/8520 0,059/* C8 interface 71 */* 1,15/37,6 47,8/120 379/23150 0,531/* C9 0-20 */* 0,048/34 13,2/77,6 51,6/62233 0,207/* C9 20-100 */* 0,096/28,5 21,8/88,3 94,4/31100 0,368/4,54 C9 100-207 */* 0,405/52,2 47,1/98,8 264/41700 1,10/5,84 C9 interface 207 */* 0,622/103 33,0/82,2 568/622333 0,367/5,77 C10 0-20 */* *0,05/50,0 15,9/98,8 26,5/53400 0,118/* C10 20-100 */* 0,099/14,3 9,30/68,6 83,8/17933 0,145/* C10 100-232 */* 0,268/32,4 84,5/133 197/35450 1,78/5,79 C10 interface 232 */* 0,680/23,4 23,4/79,2 1.400/22533 0,347/*
disponível (mg/dm3)/pseudototal (mg/Kg) Amostra (cava) Faixa de Profundidade (cm) Ni Cu Zn Cd Pb Sn C1 0-20 0,118/15,3 1,64/12,7 2,24/29,7 0,020/* 1,12/* */ C1 20-100 0,054/* 0,599/11,3 0,278/26,9 0,009/* 0,647/* */ C1 100-170 0,141/19,2 1,42/19,7 2,36/33,0 0,029/* 1,33/* */ C1 interface 170 0,376/* 2,85/17,5 7,71/48,5 0,072/* 2,67/* */ C5 0-20 0,069/* 0,446/5,36 */22,3 0,011/* 1,26/* */ C5 20-100 0,044/* 0,293/4,44 */16,0 0,006/* 1,01/* */ C5 100-213 0,093/* 0,632/4,75 */23,15 0,010/* 1,08/* */ C5 interface 213 0,425/12,0 2,66/14,2 3,70/39,5 0,081/* 2,81/* */ C6 0-20 0,064/* 0,372/5,89 */13,0 0,011/* 1,46/* */ C6 20-62 0,098/* 0,930/6,22 */13,2 0,012/* 2,23/* */ C6 interface 62 0,605/* 5,15/29,1 11,7/72,8 0,086/* 4,85/* */ C7 0-20 0,81/* 0,578/6,67 */15,7 0,011/* 1,32/* */ C7 20-86 0,130/* 1,16/10,9 0,414/19,1 0,012/* 1,76/* */ C7 interface 86 0,204/* 2,31/13,6 2,79/27,1 0,037/* 2,83/* */ C8 0-20 0,045/* 0,291/3,78 */10,2 0,007/* 1,62/* */ C8 20-71 0,026/* 0,257/* */10,5 */* 2,62/* */ C8 interface 71 1,26/* 10,9/27,2 20,8/75,6 0,253/* 5,62/* */ C9 0-20 0,065/* 0,552/15,1 */11,5 0,007/* 2,31/* */ C9 20-100 0,113/* 1,02/17,7 5,58/13,9 0,017/* 3,44/* */ C9 100-207 0,189/19,2 1,52/19,8 0,665/16,0 0,042/* 2,74/* */ C9 interface 207 0,222/22,2 0,937/8,94 0,430/20,0 0,061/* 1,59/* */ C10 0-20 0,070//* 0,327/12,3 */27,7 0,009/* 0,827/* */ C10 20-100 0,054/* 0,419/5,01 */16,9 0,008/* 1,22/* */ C10 100-232 0,114/12,3 1,84/15,7 2,72/15,7 0,024/* 4,72/* */ C10 interface 232 0,588/* 5,21/14,8 5,90/30,5 0,151/* 5,43/* */
*Teor do elemento abaixo do limite de detecção pela técnica utilizada. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Com a perfuração de cavas foi possível verificar a existência de grandes diferenças na espessura da capa final de cobertura do Aterro Sanitário de Santo Amaro, a qual variou de 62 a mais de 277cm (a lança da retro-escavadeira não alcançou maior profundidade). Além disto, análises químicas realizadas no solo de cada cava nas diferentes profundidades, mostraram grandes variações nos teores de elementos encontrados, evidenciando as diferentes origens e tratamentos recebidos pelo material de cobertura. Por estes motivos, as condições de suporte e desenvolvimento para as plantas, seriam diferenciadas pela localização na camada de cobertura.
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Apesar da heterogeneidade, foi verificado que em 11 das 12 escavações realizadas, ocorreu aumento do pH com a faixa de profundidade amostrada; tendo sido encontrados na camada de contato do solo com o lixo (denominada de interface solo-lixo) os índices mais elevados (superiores a 7 em 10 das 12 cavas analisadas),
Como conseqüência do aumento do pH, as cavas apresentaram, com a profundidade maiores, teores disponíveis crescentes dos macronutrientes fósforo, potássio, cálcio, magnésio e menores teores de alumínio. Teores de micronutrientes e metais pesados também aumentaram genericamente com o aprofundamento das cavas, fato que pressupõe a possibilidade de estar havendo contribuição de elementos pelos resíduos sólidos urbanos aterrados através da ascensão do chorume. O transporte destes elementos possivelmente deu-se por capilaridade (favorecida pelo alto teor de argila do solo); a qual também pode ter corroborado para o aumento dos teores de macronutrientes com a profundidade.
Em relação à fertilidade do solo, objetivando ao estabelecimento vegetal, os resultados foram comparados com algumas tabelas de interpretação e classificação existentes na literatura brasileira (TOMÉ JR, 1997; ABREU, 1997; MALAVOLTA, 1992; VAN RAIJ, 1991; BORKERT, BATAGLIA, FERREIRA E PESSÔA DA CRUZ em FERREIRA E PESSÔA DA CRUZ, 1991), observando-se que para muitas das plantas apresentadas, existiriam, na maior parte do solo analisado, restrições ao cultivo pelo baixo teor disponibilizado de alguns macro e micronutrientes, fato este que pode ser tecnicamente contornado com o uso de insumos agronômicos de eficiência consagrada.
Quanto à possibilidade de transporte e biodisponibilização de metais tóxicos por plantas; não foram encontrados, para os elementos analisados, teores que pela bibliografia pesquisada (ROCHA, 1998; SILVA, 1995; WEBBER et al., 1984), permitissem classificar o solo de cobertura como contaminado. Apesar disto, deve-se observar que os teores apresentaram, em sua maioria, valores bem mais elevados na camada de contato do solo com o lixo.
O assunto, no entanto, merece ser melhor estudado, pois embora o aumento dos teores de metais tóxicos com a profundidade ocorra acompanhado de aumento do pH e da quantidade de matéria orgânica, que são fatores capazes de reduzir a biodisponibilidade de muitos destes elementos e de seus quelantes, pode o equilíbrio atual ser modificado com o tempo, ocorrendo neste caso, possibilidade de fitodisponibilidade e contaminação. .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABREU, C. A. de, LOPES, A. S., VAN RAIJ, B. Análise de micronutrientes em solos brasileiros: situação atual e perspectiva. In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, julho de 1997, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ABCS, 1997.
2. BATAGLIA, O. C. Ferro. Apud FERREIRA, M. E., PESSÔA DA CRUZ, M. C. Micronutrientes na agricultura. Piracicaba: POTAFOS/CNPq. 1991. p.173-189.
3. BORKERT, C. M. Manganês. Apud FERREIRA, M. E., PESSÔA DA CRUZ, M. C. Micronutrientes na agricultura. Piracicaba: POTAFOS/CNPq. 1991. p.173-189.
4. FERREIRA, M. E., PESSÔA DA CRUZ, M. C. Cobre. Apud FERREIRA, M. E., PESSÔA DA CRUZ, M. C. Micronutrientes na agricultura. Piracicaba: POTAFOS/CNPq. 1991. p. 131-158.
5. MALAVOLTA, E. ABC da análise de solos e folhas. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1992. 124p. 6. MALAVOLTA, E. Manual de química agrícola: adubos e adubação. São Paulo: Ed. Agronômica
Ceres, 1981. 594p.
7. ROCHA, M. T. Utilização de lodo de esgoto na agricultura: um estudo de caso para as bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Orientador: Ricardo Shirota. Piracicaba: USP, 1998. Dissertação. (Mestrado em Economia Aplicada)
8. SILVA, F. C. da. Uso agronômico de lodo de esgoto: efeitos em fertilidade do solo e qualidade da cana-de-açúcar. Orientador Antônio Enedi Boaretto. Piracicaba: USP, 1995. Tese. (Doutorado em Agronomia)
9. WEBBER, M. B., KLOKE, A. TJELL, J. C. A review of current sludge use guidelines for the control of heavy metal contamination in soils. In: L’Hermite, P., OTT, h. Processig and use of sewage sludge: 3 rd, International Simposium: papers. Dordrecht: D. Reidel, 1994. p. 371-386.