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Breves noções dos instrumentos de Cooperação judiciária Internacional

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Academic year: 2021

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Breves noções dos instrumentos de Cooperação judiciária Internacional

O crescente fenómeno de globalização acentuou a necessidade de uma cooperação judiciária que proporciona uma assistência mútua entre Estados, com a finalidade de garantir a segurança e estabilidade para as relações internacionais.

Com efeito, quando a criminalidade e as demais relações jurídicas resultantes do Direito Civil, comercial, administrativo, económico, tributário, passaram a atravessar fronteiras os mecanismos que os diversos Estados dispõem para efectivar o poder jurisdicional e punir aqueles que violam as normas porque se rege a vida em sociedade, revelaram-se insuficientes para garantir a segurança e estabilidade das relações internacionais e passaram a sentir necessidade do reconhecimento da sua actividade jurisdicional fora dos seus limites territoriais, através da qual se reconheça força jurídica de certos actos de um Estado sempre com respeito pela soberania de cada um dos intervenientes.

Será, por isso, por meio desta cooperação que tem por base o ordenamento jurídico interno de cada Estado e os tratados ou convenções internacionais ratificados que se passou a reconhecer a legitimidade destes actos.

Se é assim a nível mundial, essa realidade é ainda mais visível, nos Países de língua oficial portuguesa.

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Estados, potencia esse fenómeno de migração de pessoas e bens e a necessidade de uma maior protecção jurídica é urgente.

A par disso, a crescente criminalidade organizada, como o tráfico de droga, tráfico de pessoas, de órgãos, reclamam uma melhor e mais eficaz cooperação para a combater, prevenir e reprimir.

Para se garantir a eficácia das medidas processuais de outros Estados, a cooperação judiciária internacional, é prestada através de certos instrumentos, merecendo especial destaque os Tratados internacionais, as Cartas Rogatórias, a Homologação de Sentença Estrangeira, a Extradição e o Auxilio Directo.

Também entre os Países de língua oficial portuguesa se tem dado passos no sentido de facilitar a segurança nas relações internacionais, como, mostram as três convenções assinadas em Cabo Verde em Novembro de 2005, a de extradição entre Estados membros da CPLP, de auxílio judiciário em matéria penal e transferência de pessoas condenadas. Estas convenções e outros instrumentos permitem que a cooperação judiciária nestes Países, torne eficazes as medidas processuais advindas de outros Estados.

Outras poderiam ser celebradas com o mesmo objectivo, como por exemplo, uma convenção contra a criminalidade transacional, uma convenção de diferendos relativos a investimentos, relações comerciais e económicas possibilitando uma segurança até agora inexistente e um convenção sobre adopções internacionais.

Também esta Rede judiciária, seria um precioso instrumento de agilização de procedimentos e teria um papel importante na cooperação internacional e tendo características que permitem associá-la à formação

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de recursos humanos que lidam com a mencionada cooperação judiciária e com matérias que cruzam a comunidade lusófona – criminalidade diversa (tráfico de droga, de pessoas, de órgãos e rapto de crianças entre outros) e, questões ligadas ao Direito Civil (adopções internacionais, questões de cidadania e estrangeiros, direitos comercias e relações económicas....), seria uma excelente ferramenta em termos de cooperação, possibilitando através de reuniões entre os pontos de contacto, colocados em cada Estado nas autoridades centrais do sistema judiciário, a partilha de contactos e experiências que permitiriam encontrar a melhor solução nessa luta por uma justiça que se quer justa e capaz de devolver a confiança ás pessoas.

I. Tratados Internacionais.

O Tratado Internacional é o acordo celebrado por escrito entre Estados soberanos no qual estabelecem direitos e obrigações entre si, com o objectivo de produzir efeitos jurídicos a nível internacional.

Sublinhe-se que se um Estado não estiver vinculado a outro Estado através de um tratado ou convenção internacional, este poderá recusar-se a prestar assistência judiciária internacional, a menos que seja obrigado a agir por força de normas internas.

Exemplos: Tratado de Roma, Convenção da Nações Unidas contra a corrupção; Convenção de auxílio em matéria Penal; Convenção sobre a simplificação de procedimentos relativo à cobrança de alimentos, Convenção sobre sequestros de crianças, Convenção relativa a processos de insolvência, entre outras.

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II. Cartas Rogatórias

Carta rogatória é um instrumento através do qual se solicita a uma autoridade judicial estrangeira a prática de qualquer acto judicial com respeito pelas Convenções internacionais e pelo Direito interno de cada Estado.

Transmite um pedido de auxílio judiciário, feito por uma autoridade nacional para permitir e viabilizar a investigação ou o julgamento de certos factos, a uma autoridade judiciária estrangeira.

Pretende-se assim, obter a realização de diligências, em fase de inquérito, instrução ou julgamento (como por ex: interrogatório do arguido ou réu, inquirição de declarantes ou testemunhas, ausentes no estrageiro, realização de buscas ou apreensões ou a submissão dos intervenientes a perícias, a convocação para certos actos processuais como seja a notificação para comparecer a julgamento, ou a notificação de despachos exarados pela autoridade judiciária competente, designadamente, notificação de despachos de acusação ou arquivamento, notificação do despacho que designa dia para julgamento ou de pronuncia, notificação de sentenças).

Os pedidos de auxílio judiciário em matéria penal, mormente os que revestem a forma de carta rogatória, encontram-se previstos e regulamentados na lei interna, designadamente no Código Processo penal e nas Convenções.

- Convenção de auxílio judiciário em matéria penal entre Estados membros da comunidade dos Países de língua portuguesa.

Requisitos de forma:

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- Devem identificar as autoridades judiciárias, requerente e requerida.

- Enunciar de forma sucinta os factos que fundamentam este pedido (em sede de julgamento deve ser enviado cópia da acusação e do despacho que designa dia para julgamento e em sede de inquérito deve dizer-se claramente qual a natureza e objecto da investigação).

- O pedido deve ser deve ser claro e identificar correctamente o nome e identificação completa, da pessoa que se pretende ouvir em caso de inquirição, tomada de declarações, inquirição de testemunhas ou peritagem.

- Identificar a qualificação jurídica dos factos e cópia das normas legais aplicadas.

- Deve ainda identificar o magistrado que formula o pedido e o numero de telefone, fax, email para que facilite o contacto da autoridade estrangeira em caso de dúvida.

Nota:

Este instrumento não pode ter uma finalidade executiva em matéria civil. Apreensão ou congelamento de bens e contas bancárias são possíveis apenas em matéria penal.

III. Homologação de Sentença Estrangeira.

É o mecanismo que possibilita o reconhecimento em determinado Estado de decisão judicial definitiva proferida por um Tribunal estrangeiro.

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Não permite que se reexamine o mérito da decisão, devendo apenas verificar-se se não ofende os princípios fundamentais e o direito interno do estado onde vai ser reconhecida.

De igual modo, deverá ser traduzida mediante juramento na língua oficial do Estado onde se pretende seja homologada e deve ter sido proferida por Juiz competente, transitado em julgado, se obedecem às formalidades necessárias à execução do lugar em que foi proferida e se as partes foram devidamente citadas.

IV. Extradição

A extradição é o mecanismo que permite a um Estado a entrega de pessoas que estejam nos respectivos territórios e forem procuradas pelas autoridades competentes de outro Estado contratante, para fins de procedimento criminal ou para cumprimento de pena privativa de liberdade.

Deve ser requerida através de via diplomática e o pedido tem de ser instruído com uma cópia autenticada ou certidão da sentença condenatória, do despacho que designa dia para julgamento, da decisão instrutória ou da pronúncia ou do despacho a determinar a prisão preventiva.

Formalidades:

O requerido é colocado à disposição da autoridade judiciária competente que deve indicar um Defensor ofícios se o arguido não tiver mandatário constituído.

O requerido pode ser preso preventivamente até ser extraditado e durante o prazo determinado por Lei.

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O estado requerente deve juntar:

- Os dados de identificação do arguido/ réu.

- Os documentos comprovativos do mandado de detenção ou sentença condenatória em pena de prisão efectiva já transitada em julgado

- Cópia autenticada dos autos que demonstrem indícios razoáveis da culpabilidade o arguido/ réu no caso de prisão preventiva, ou da sentença condenatória

- Cópia autêntica das disposições legais sobre o enquadramento jurídico dos factos e a acusação que lhe é imputada

O arguido/ réu tem um prazo legal para o contraditório.

É proferida decisão a conceder ou negar a extradição num determinado prazo legal de acordo com as normas vigentes em cada Estado e desta cabe recurso.

Se a extradição for negada o arguido/ réu é colocado em liberdade. Se a extradição for concedida o arguido/ réu é entregue à autoridade competente para proceder à sua entrega num determinado prazo findo o qual tem de ser colocado em liberdade.

Os gastos ficam a cargo do estado requerente.

V. Auxílio directo.

O auxílio directo é um instrumento que permite satisfazer uma solicitação de uma autoridade estrangeira, sem necessidade de carta rogatória, ou seja, sem a necessidade de intervenção dos Tribunais.

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É um instrumento mais simples e que agiliza o processo de cooperação judiciária internacional naqueles casos em que ainda não exista uma acção judicial...

São requisitos do auxílio directo:

- Base legal para efectuar o pedido – acordo ou garantia de reciprocidade.

- Indicação da autoridade requerente;

- Sumário com uma síntese do procedimento no País requerente; - Identificação completa da pessoa à qual o pedido se refere; - Descrição dos factos que originam o pedido;

- Normas legais aplicáveis;

- Descrição detalhada do auxílio solicitado;

- Descrição do pedido de cooperação internacional;

- Qualquer outra informação que possa ser útil à autoridade requerida, para facilitar o cumprimento do pedido de cooperação jurídica internacional;

- Assinatura da autoridade requerente, data e local.

VI. Transferência de pessoa condenada.

O instrumento através do qual o condenado pode cumprir a pena de prisão aplicada pela prática de um crime num País estrangeiro, no seu País de origem.

Tem um cariz humanitário e possibilita uma melhor reinserção ao viabilizar o cumprimento da pena no seu meio social e familiar.

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 Tendo em conta que alguns Países lusófonos ainda não dispõem de números de porta, nomes de ruas e de um serviço de distribuição de Correio eficaz deve neste pedidos de cooperação judiciária ter a preocupação de indicar para além da morada outros elementos que facilitem a notificação das pessoas, como seja, local de trabalho, email, telefone ou croqui com indicação precisa do lugar de residência.

 As autoridades competentes nos casos de cartas rogatórias, pedidos de extradição são os Tribunais ou Procuradorias consoante a fase processual e, no caso de homologação de sentença estrangeira e transferência de condenado são os Tribunais.

 Para o pedido de auxílio directo, como ainda não existe processo judicial são competentes as autoridades a que a Lei de cada Estado membro confira esse poder.

MODELOS

II. Homologação de sentença estrangeira.

Exmo. Sr.

Presidente do Tribunal da Relação ou S.T.J.

Nome... nacionalidade, profissão, data de nascimento, morada, n. Do bilhete de identidade ou passaporte, através do seu mandatário... identificação...vem respeitosamente requerer a homologação de sentença estrangeira, proferida em... País onde foi dada a decisão

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Factos. Direito Pedido.

Assim preenchidos os requisitos legais, a sentença proferida por juiz competente transitada em julgado e demais documentos requer a V. Exa. que a sentença seja homologada para que possa produzir todos os efeitos jurídicos no nosso País.

Local e data Assinatura

Aposição do selo branco.

Nota: Os documentos devem estar autenticados, a sentença deve estar

traduzida por intérprete ajuramentado.

Anexos: Sentença, cópia do cartão de identificação.

III. Transferência de pessoas condenadas.

Exmo. Sr.

Juiz do Tribunal Distrital de (identificação do Tribunal)

Eu, ... portador do Bilhete de Identidade/ passaporte n.º....de.../.../...de nacionalidade...., nascido em...no dia.../.../..., filho de....condenado pela ( indicação do crime, autoridade judicial de condenação e nº do processo) a cumprir uma pena de....cujo cumprimento teve inicio no dia...do ano de...( art.3, n. 1, al. C) da Convenção) , no estabelecimento

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prisional de..., pelo crime de..., solicito, pela presente forma, a minha transferência para ( Estado) para aí cumprir, junto do meu meio social e familiar de origem, com residência em...a parte restante da pena ou medida em que fui condenado.

Mais declaro que o presente requerimento traduz o meu consentimento na referida transferência.

Em..., em.../.../...( lugar e data) Assinatura.

Anexos: Cópia autenticada da sentença; cópia das disposições legais aplicáveis; Sempre que for caso disso relatório médico ou social sobre o condenado, qualquer informação sobre o seu tratamento no Estado da condenação e qualquer recomendação para a continuação do seu tratamento no estado de execução; liquidação da pena, tempo cumprido e que falta cumprir (art. 4, n. 3 da Convenção).

Referências

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