• Nenhum resultado encontrado

A RELAÇÃO PÚBLICO X PRIVADO DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS PRESTADOS NA REGIÃO OESTE NOS ANOS DE 2006 E

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A RELAÇÃO PÚBLICO X PRIVADO DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS PRESTADOS NA REGIÃO OESTE NOS ANOS DE 2006 E"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

A RELAÇÃO PÚBLICO X PRIVADO DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS

PRESTADOS NA REGIÃO OESTE NOS ANOS DE 2006 E 20071

CHRISTIANE KARLA SPIELMANN2

INTRODUÇÃO

Por muitos anos a assistência social foi vista com caridade, benesse para com os “mais fracos”, e não como um direito do cidadão. Foi através das mobilizações ocorridas na década de 1980 para a aprovação da Constituição Federal de 1988, que a Assistência Social foi definida como umas das Políticas de Seguridade Social Brasileira, ao lado da Saúde e da Previdência Social.

Posteriormente, em 1994 aprovou-se a Lei Orgânica da Assistência Social (que havia sido vetada por Fernando Collor de Mello), que define a assistência social como política não contributiva, dever do Estado e direito do cidadão. A partir de então, outros documentos foram aprovados, de forma a efetivar a responsabilidade estatal no desenvolvimento desta política, como o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e a Norma Operacional Básica (NOB/SUAS).

Para melhor compreender o desenvolvimento da política de Assistência Social na Região Oeste do Paraná, optou-se por desenvolver a pesquisa, que tem como foco principal o mapeamento dos serviços socioassistenciais nesta região.

A pesquisa desenvolvida é do tipo exploratória, tipo de pesquisa que, para Gil (2008, p. 27), tem como objetivo aproximar-se de determinado fato/objeto, proporcionando uma visão geral, para desenvolver posteriores estudos.

Para os fins da coleta de dados, o instrumento adotado foi a pesquisa bibliográfica e a análise documental.

1

O presente artigo é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido no ano de 2009, tal pesquisa desenvolveu-se a partir da aproximação com o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), orientado pela Professora Dra. Esther Luiza de Souza Lemos.

2 Assistente Social, graduada em 2009 pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).

Estudante do curso de Especialização em Gestão, Planejamento e Avaliação de Políticas Públicas, da UNIOESTE. Atualmente assistente social dos Centros de Revitalização da Terceira Idade (CERTI‟s) do Município de Toledo. Contato: (45) 9927-3791, email:as.christiane@hotmail.com

(2)

Em um primeiro momento da pesquisa, o instrumental utilizado foi a pesquisa bibliográfica, assim se procedendo para aprofundar o conhecimento sobre a temática e para construir o embasamento teórico do estudo. Posteriormente partiu-se para a análise dos Relatórios de Gestão encaminhados pelos municípios à Secretaria de Estado do Trabalho e Promoção Social (SETP). Para a pesquisa foi utilizada a totalidade, ou seja, foram analisados 50 Relatórios de Gestão dos 50 municípios da Região Oeste do Paraná, respectivos aos anos de 2006 e 2007, totalizando 100 relatórios3.

O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO OESTE PARANAENSE E A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

A Região Oeste do Paraná possui características distintas do resto do Estado, seja pelo processo de colonização, que aconteceu tardiamente, seja pelas populações que aqui se estabeleceram, a maioria dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

O processo de emancipação dos municípios da região começou a acontecer de maneira efetiva a partir da década de 1950. Até então havia na região somente os municípios de Foz do Iguaçu (1914) e de Laranjeiras do Sul (1946). A partir desses, em especial do território de Foz do Iguaçu, emanciparam-se os núcleos urbanos, como Cascavel (1951) e Toledo (1951).

Atualmente (2009) a Região Oeste do Paraná possui 50 municípios4, organizados na Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (AMOP), criada em 1969.

A AMOP caracteriza-se pela representação política que realizada para os municípios nas demais instâncias da federação e pela integração entre os 50 municípios

3 Dos Relatórios de Gestão dos 50 municípios, não foi possível analisar os Relatórios de Anahy (2006 e

2007), de Ibema, de Jesuítas e de Guaíra (referentes aos ano de 2006).

4

Anahy, Assis Chateaubriand, Boa Vista da Aparecida, Braganey, Cafelândia, Campo Bonito, Capitão Leônidas Marques, Cascavel, Catanduvas, Céu Azul, Iracema do Oeste, Corbélia, Diamante do Oeste, Diamante do Sul, Entre Rios do Oeste, Formosa do Oeste, Foz do Iguaçu, Guaíra , Guaraniaçu, Ibema, Iguatu, Itaipulândia, Jesuítas, Lindoeste, Marechal Cândido Rondon , Maripá, Matelândia, Medianeira, Mercedes, Missal, Nova Aurora, Nova Santa Rosa, Ouro Verde do Oeste, Palotina, Pato Bragado, Quatro Pontes, Ramilândia, Santa Helena, Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste, Santa Terezinha de Itaipu, São José das Palmeiras, São Miguel do Iguaçu, São Pedro do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu, Terra Roxa do Oeste, Toledo, Três Barras do Paraná, Tupãssi, Vera Cruz do Oeste.

(3)

que a constituem, sendo uma organização estratégica no processo de desenvolvimento da região. Dentre suas ações destacam-se os eventos culturais, como o Festival de Música dos Municípios do Oeste do Paraná e o Prêmio Amop de Jornalismo. Sua estrutura administrativa possui os departamentos de Educação, de Agricultura, de Turismo, de Saúde e de Esporte, que realizam trabalhos com o objetivo de garantir o desenvolvimento social, econômico e cultural da região, tendo atribuição de assessoramento aos municípios.

Ao refletir sobre as manifestações da “questão social” na região oeste do Paraná, observa-se que estas são peculiares ao processo histórico do desenvolvimento do Estado.

Nas décadas de 1970/1980, com a construção da Hidrelétrica de Itaipu, houve transformações na realidade regional. Para a construção do reservatório da usina, foi necessário alagar 1.350 km2 das terras brasileiras. Sendo assim, os oito municípios do Oeste paranaense5 que foram afetados deixaram de colher “mais de 100 mil toneladas de soja, cerca de 31 mil toneladas de trigo, quase 34 mil toneladas de milho, cerca de 1.500 toneladas de feijão, mais de 27 mil toneladas de mandioca, em torno de 1.700 toneladas de arroz e 24 toneladas de café” (JORNAL NOSSO TEMPO, 3 dez. 1980, p. 8 apud RIBEIRO, 2002, p. 27).

Observa-se que, com o alagamento produzido pela formação do lago da hidrelétrica, inúmeras famílias tiveram que sair de suas terras, ou seja, aproximadamente 40 mil pessoas, em território brasileiro, foram desapropriadas entre 1978 e setembro de 1982. As famílias que não partiam para outras cidades tinham muitas dificuldades em permanecer, dificuldades devidas à infraestrutura, visto que farmácias e lojas haviam sido indenizadas e deixavam a região (RIBEIRO, 2002, p. 28-29).

Por outro lado, a região de Foz do Iguaçu recebeu grande impulso migratório com a construção da Itaipu. Segundo dados da Itaipu (2009b, s/p), o canteiro de obras da construção localizava-se entre as duas margens, onde mais de 9 mil moradias foram construídas para abrigar os homens que trabalhavam na obra. Até um hospital foi

5 Municípios afetados pelo alagamento: Foz do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Matelândia,

Santa Helena, Marechal Cândido Rondon, Terra Roxa e Guaíra. Atualmente esse número é maior devido à emancipação posterior de alguns municípios.

(4)

construído para atender os trabalhadores. No pico da construção da barragem, Itaipu mobilizou diretamente cerca de 40 mil trabalhadores no canteiro de obras e nos escritórios de apoio no Brasil e no Paraguai.

É nesse período de efervescência, ganhando a cena pública, que as contradições do modo de produção capitalista se manifestam na região como “questão social”. Um processo crescente de migração ocorre, não só de brasileiros, mas também a emergência dos brasiguaios6.

Os últimos dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES (2000) sobre o Índice de Desenvolvimento Humano7 (IDH), demonstram que, dos 50 municípios integrantes da Região Oeste, 4 deles apresentam IDH abaixo de 0,700, o que demonstra que esses municípios apresentam médio desenvolvimento humano. Os municípios são: Boa Vista da Aparecida, Campo Bonito, Diamante do Sul e Ramilândia. Entre 0,700 e 0,799 tem-se 35 municípios e, com IDH, entre 0,800 e 0,899, tem-se apenas 11 municípios. O menor IDH da região é o da cidade de Diamante do Sul, com 0,675. Por outro lado, a cidade que apresenta o maior IDH é Quatro Pontes, com 0,851, aproximando-se do índice dos países com alto desenvolvimento humano, como a Islândia (0,968, segundo dados de 2007 – 2008). Observam-se, no gráfico, a seguir esses dados:

Outra importante fonte de dados sobre os municípios é a Taxa de Pobreza8, divulgada em 2001 pelo IPARDES, que revela disparidades na Região Oeste.

A Taxa de Pobreza é calculada levando-se em consideração o número de pessoas que sobrevivem com renda per capita de até ½ salário mínimo. Os índices de pobreza na Região Oeste são relativamente altos quando se considera que a região apresenta

6 Para Silva (2006, p. 92 apud OLIVEIRA; NOGUEIRA, 2009, p. 1), brasiguaios é a forma como os

brasileiros, moradores de Foz do Iguaçu, denominam os brasileiros que residem na fronteira do lado paraguaio. Os brasiguaios, em alguns casos sem documentação, recorrem ao sistema de seguridade social brasileiro para satisfazer suas necessidades, em especial no que tange à saúde e à assistência social.

7 O Índice de Desenvolvimento Humano é uma das partes que integra o Relatório de Desenvolvimento

Humano desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano. Tem como finalidade indicar a qualidade de vida das populações. São considerados dados de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida e natalidade, por exemplo (SOUZA; MORAES, 2007, s/p).

8 Optou-se por utilizar como fonte de dados o IDH e a Taxa de Pobreza, pois esses dados representam

(5)

amplo desenvolvimento econômico. Dentre os 50 municípios que formam a região, 37 apresentam taxa de pobreza superior a 21%. O município cuja taxa de pobreza é mais elevada é Diamante do Sul, onde 48,85% da população sobrevive com menos de ½ salário mínimo per capita. Em outro extremo, tem-se a cidade de Quatro Pontes, cujo índice de pobreza atinge apenas 7,92% da população. Ressalta-se que esse município apresenta o maior IDH da região.

Em contrapartida aos dados acima apresentados, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2008) revela que, o Oeste do Paraná produziu 2.816,048 toneladas de soja e 307.902 toneladas de trigo. Exportou o equivalente a US$ 1.206.594,70. Quanto às condições de habitação, os dados mostram que, em 2000, dos 318.099,000 domicílios, 260.068,000 tinham água canalizada, 309.519,69 iluminação elétrica e apenas 69.404.000 possuíam instalações sanitárias.

Desta maneira pensar a Política de Assistência Social nesta região requer uma análise crítica sobre esta realidade que apresenta muitas particularidades em relação ao restante do Estado paranaense.

A Assistência Social alcança o patamar de Política Pública com a Constituição Federal de 1988 (artigos 203 e 204) e somente em 1993 tem sua lei orgânica aprovada, e já em seu artigo 1o define que,

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (BRASIL, LOAS, 2007, p. 211).

Após 10 anos da aprovação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), aconteceu a IV Conferência Nacional de Assistência Social. A conferência representou um avanço para a construção das novas bases da Política Nacional de Assistência Social e marcou a comemoração dos 10 anos da LOAS. Dentre as deliberações da IV Conferência destaca-se a construção de uma agenda, “[...] para 2004, para que, sob a coordenação do Ministério da Assistência Social, seja implantado/implementado o SUAS de forma descentralizada, regionalizada e hierarquizada, com base no território” (BRASIL, MDS, 2009f, p. 26).

(6)

Para atender ao que havia sido proposto na IV Conferência, no dia 23 de junho de 2004, o MDS apresenta ao CNAS a proposta da nova PNAS, que tem como foco a implantação e a implementação do SUAS. Sendo assim, no dia 15 de outubro de 2004, através da Resolução no. 145, o CNAS aprova a nova Política Nacional de Assistência Social. A PNAS busca incorporar as demandas postas na sociedade brasileira e efetivar a assistência social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado (BRASIL, PNAS, 2007, p. 566).

Algumas inovações foram trazidas com a PNAS, como a territorialização. Como a própria PNAS destaca, além do reconhecimento das demandas setoriais e segmentadas, é necessário “considerar as desigualdades socioterritoriais”, além da construção de uma rede de serviços que atue de maneira intersetorial (BRASIL, PNAS, 2007, p. 567).

Em 2005, o MDS propõe ao CNAS a NOB/SUAS – Construindo as bases para

a implementação do Sistema Único de Assistência Social. Esta é a Resolução n. 130, de

15 de julho de 2005, do CNAS. Assim, portanto, a NOB/SUAS “[...] disciplina a gestão pública da Política de Assistência Social no território brasileiro” (BRASIL, NOB/SUAS, 2007, p. 474).

A NOB/SUAS traz, como já foi mencionado, um novo ordenamento para a assistência social. Lopes (2006, p. 83) apresenta algumas particularidades da NOB/SUAS: atendimento da necessidade do usuário por níveis de proteção, oferta de serviços baseada em territórios de maior vulnerabilidade dos municípios (territorialização), família como “princípio matricial e ordenador das ações a serem desenvolvidas pelo pode público”, gestão compartilhada e cofinanciamento, definição das competências de cada ente federal e participação da sociedade civil, repasse fundo a fundo e sistema de informação, monitoramento e avaliação.

Apesar das dificuldades que a assistência social encontrou e ainda encontra para sua efetivação enquanto política pública, ela é uma possibilidade de concretização dos direitos sociais. Nas palavras de Pereira (2000, p. 187), “[...] o direito a ser concretizado pela política de assistência social afigura-se ao mesmo tempo como um dever de

prestação por parte do Estado e um direito de crédito, por parte da população”

(7)

OS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS NA REGIÃO OESTE DO PARANÁ As ações do âmbito da política de assistência social são dividas em 4 grupos: Benefícios, Serviços, Programas e Projetos. Cada uma dessas ações apresenta características peculiares. São complementares umas às outras e, juntas, devem atender às demandas dos diferentes segmentos atendidos pela política de assistência social9.

Ao estudar os dados da Região Oeste do Paraná, podemos observar a predominância de alguns tipos de ações sobre outros, como destacam os dados a seguir: GRÁFICO 1 – AÇÕES SOCIOASSISTENCIAIS

Fonte: Dados coletados dos relatórios de gestão, 2006-2007.

Através do Gráfico 1 pode-se observar que o maior número de ações socioassistenciais é o dos serviços que têm caráter continuado e, conforme o artigo 23 da LOAS, são “[...] atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas” (BRASIL, LOAS, 2007, p. 217). Os serviços que mais aparecem nos relatórios são os de atendimento sociofamiliar e

convivência e sociabilidade, no âmbito da proteção social básica. Na proteção social

9 O artigo 2o da LOAS define como objetivos da assistência social e, consequentemente, como alvo

dessas políticas, os seguintes segmentos: “ I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família” (BRASIL, LOAS, 2007, p. 210). E, em seu artigo 23, com a inclusão da Lei Federal no. 11.258, de 30/12/2006, passam a constituir-se como alvo da assistência social os moradores de rua.

(8)

especial, destaca-se o trabalho de atendimento à população em situação de trabalho

infantil.

Em seguida, o destaque é para os benefícios que, segundo a LOAS, podem ser de prestação continuada e eventuais, conforme definem os artigos 20 e 22 da LOAS.

O terceiro grupo de ações mais desenvolvidas refere-se aos programas e aos projetos. A LOAS define, em seu artigo 24, como programas as ações complementares, que possuem objetivos, tempo e área de abrangência definidos. Têm os programas como objetivo melhorar e qualificar os benefícios e os serviços assistenciais. Os programas são definidos e aprovados de acordo com os respectivos Conselhos de Assistência Social. Nos relatórios analisados destaca-se o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF).

Os projetos, segundo o artigo 25 da LOAS, compreendem o investimento econômico e social em grupos populares, “[...] buscando subsidiar, financeira e tecnicamente, iniciativas que lhes garantam meios, capacidade produtiva e de gestão para melhoria nas condições gerais de subsistência [...]” (BRASIL, LOAS, p. 218). A LOAS ainda define que os projetos serão o resultado de articulações de áreas governamentais e não governamentais, bem como da sociedade civil.

Segundo a NOB/SUAS (apud MUNIZ, 2006, p. 140), o SUAS rompe com os serviços organizados com base nos segmentos populacionais e passa a articulá-los em níveis de serviços de proteção (básica e especial), conjuntamente mediante benefícios, programas e projetos que garantem a acolhida, o convívio, a renda, o desenvolvimento da autonomia e da sobrevivência diante dos riscos circunstanciais.

Dessa maneira, as instituições públicas e privadas de um município formam a rede socioassistencial e oferecem benefícios, serviços, programas e projetos. A rede de serviços socioassistenciais é formada por todos os serviços continuados prestados pelas organizações e podem ser destinados a diferentes segmentos. Há uma determinada variação entre o número de serviços prestados por cada organização, dependendo do porte do município.

(9)

GRÁFICO 2 – RELAÇÃO DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS PÚBLICOS E PRIVADOS NOS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE I

Fonte: Dados coletados dos relatórios de gestão, 2006-2007.

Nos municípios de pequeno porte I prevalecem os serviços socioassistenciais prestados por organizações públicas, ou seja, tanto no ano de 2006 quanto no ano de 2007, os serviços públicos ofertados foram superiores aos privados. Como exposto em discussão anterior, os municípios de pequeno porte I são jovens e não possuem muitas entidades organizadas.

Nos municípios de pequeno porte II, a dinâmica de serviços socioassistenciais é outra, seja devido ao porte e à complexidade dos municípios ou pela composição da rede socioassistencial. Quanto à relação público x privado, os dados são os seguintes:

GRÁFICO 3 – RELAÇÃO DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS E SUA NATUREZA NOS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE II

Fonte: Dados coletados dos relatórios de gestão, 2006-2007.

O número de serviços socioassistenciais públicos (27) prestados em 2006 é semelhante ao de serviços privados (25). Em 2007, essa proporção é de 31 serviços públicos para 25 privados. Observa-se um aumento no número de serviços públicos, que

(10)

pode ser decorrente da implantação dos CRASs. Em comparação com os municípios de

pequeno porte I, pode-se inferir que os municípios de pequeno porte II têm uma

presença maior de organizações privadas, discussão essa já pautada anteriormente. No que se refere aos municípios de grande porte, obteve-se os seguintes dados quanto aos serviços socioassistenciais:

GRÁFICO 4 – RELAÇÃO DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS E SUA NATUREZA NOS MUNICÍPIOS DE GRANDE PORTE

Fonte: Dados coletados dos relatórios de gestão, 2006-2007.

Os serviços socioassistenciais públicos prestados em 2006 foram 32, enquanto que os privados foram, 74, ou seja, mais do que o dobro dos prestados por organizações públicas. Em 2007, o número de serviços públicos aumentou para 40, enquanto que o dos privados caiu para 69, mas, mesmo assim, o número de serviços privados continua prevalecendo. Em contrapartida ao que pode ser observado nos municípios de pequeno

porte I e pequeno porte II, nos municípios de grande porte predominam os serviços

socioassistenciais ofertados por organizações privadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos resultados obtidos, observou-se que, na Região Oeste do Paraná, há o predomínio da prestação dos serviços socioassistenciais, em detrimento dos benefícios, programas e projetos. Entretanto, algumas indagações se fizeram presentes após a realização da pesquisa: Qual a qualidade dos serviços socioassistenciais prestados na Região Oeste do Paraná? Com a PNAS, os serviços socioassistenciais estão realmente sendo efetivados, ou o que se tem é a mera transferência de responsabilidades e substituição de nomenclaturas, enquanto as práticas continuam as mesmas?

(11)

Outro dado importante é que, nos municípios de pequeno porte I e II os serviços socioassistenciais públicos se sobressaem aos privados, enquanto nos municípios de grande porte há o predomínio dos serviços socioassistenciais prestados por organizações privadas. Ao observar este dado deve-se levar em consideração que os municípios de grande porte são os mais antigos da região (emancipados em 1914 e na década de 1950). Yazbek (1996, p. 52), reforça que, muitas vezes, as relações estabelecidas entre as ações desenvolvidas pelas entidades da sociedade civil (que possuem caráter filantrópico e voluntário) e pelo Estado, para o enfrentamento da pobreza, “[...] contribuem para uma versão assistencialista e „desprofissionalizada‟ na constituição de padrões de intervenção no campo da assistência social”.

Sendo assim, os resultados aqui apresentados não se constituem como fim, mas como mais uma aproximação com o objeto de estudo, com vistas a instigar novas pesquisas e alternativas no âmbito da Política de Assistência Social em todos os níveis, principalmente regional, para que está se solidifique, cada vez mais como uma política de direito.

REFERÊNCIAS

BRASIL. LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social, n0 8. 742. In: Legislação social: cidadania, políticas públicas e exercício profissional. Curitiba: CRESS 11a Região, 2007.

BRASIL. MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Relatório da IV Conferência Nacional de Assistência Social. Disponível em:

http://www.mds.gov.br/ cnas/conferencias-nacionais/iv-conferencia-nacional. Acesso em: 25 out. 2009f.

BRASIL. NOB/SUAS - Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social. In: Legislação social: cidadania, políticas públicas e exercício profissional. Curitiba: CRESS 11a Região, 2007.

BRASIL. PNAS - Política Nacional da Assistência Social. In: Legislação social: cidadania, políticas públicas e exercício profissional. Curitiba: CRESS 11a Região, 2007.

(12)

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Perfil dos

municípios 2000. Disponível em

http://www.ipardes.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6. Acesso em 14 abril 2009.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Produção de Soja, trigo e

exportações da região oeste do Paraná - 2008. Disponível em:

http://www.ipeadata.gov.br/ipea

web.dll/ipeadata?SessionID=417074523&Tick=1256919991281&VAR_FUNCAO=Ser _TemasNiv%281410842077%2C4%29&Mod=R. Acesso em: 29 out. 2009a.

ITAIPU. História. Disponível em: http://www.itaipu.gov.br/?q=node/356. Acesso em: 10 jul. 2009b.

LOPES, Márcia Helena Carvalho. O tempo do SUAS. Serviço Social e Sociedade, ano XVII, n. 87. São Paulo: Cortez, 2006.

MUNIZ, Egli. SUAS e os serviços socioassistenciais. In: Serviço Social e Sociedade, Ano XXVII, n. 88. São Paulo: Cortez, 2006.

PEREIRA, Potyara A. P. Necessidades humanas: subsídios à crítica dos mínimos sociais. São Paulo: Cortez, 2000.

RAICHELIS, Raquel. Esfera Pública e Conselhos de Assistência Social: caminhos da construção democrática. São Paulo: Cortez, 1998.

RIBEIRO, Maria de Fátima B. Memórias do concreto. Cascavel, PR: Edunioeste, 2002 (Coleção Thésis).

YAZBEK, Maria Carmelita. Classes subalternas e assistência social. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1996.

(13)

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Contudo, pelas análises já realizadas, as deformações impostas às placas pelos gradientes térmicos devem ser consideradas no projeto deste tipo de pavimento sob pena de ocorrer

Box-plot dos valores de nitrogênio orgânico, íon amônio, nitrito e nitrato obtidos para os pontos P1(cinquenta metros a montante do ponto de descarga), P2 (descarga do

Este fluido é bombeado para a caixa metálica onde passa por entre as aletas do dissipador e retira o calor proveniente da resistência pelo princípio de convecção de calor e

Em equipa, todos nos envolvemos numa estratégia ainda mais forte e focada em dar a oportunidade a novos elementos.. Diariamente, todos estávamos comprometidos em

Portanto, mesmo percebendo a presença da música em diferentes situações no ambiente de educação infantil, percebe-se que as atividades relacionadas ao fazer musical ainda são

Cabem-se resgatar nesta conclusão as duas hipóteses tratadas na introdução da pesquisa. A primeira está relacionada ao modelo adotado pelos aplicativos de revista, ainda atrelado ao