• Nenhum resultado encontrado

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROPOSTA DE RESOLUÇÃO"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

RE\1059378PT.doc PE555.139v01-00

PT

Unida na diversidade

PT

PARLAMENTO EUROPEU 2014 - 2019 Documento de sessão 27.4.2015 B8-0365/2015

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

apresentada na sequência de uma declaração da Comissão

nos termos do artigo 123.º, n.º 2, do Regimento

sobre o segundo aniversário do desmoronamento do edifício Rana Plaza e os progressos registados no Pacto de Sustentabilidade do Bangladeche

(2015/2589 (RSP))

Jean Lambert, Ska Keller, Yannick Jadot, Ulrike Lunacek, Monika Vana, Karima Delli, Judith Sargentini, Davor Škrlec

(2)

PE555.139v01-00 2/10 RE\1059378PT.doc

PT

B8-0365/2015

Resolução do Parlamento Europeu sobre o segundo aniversário do desmoronamento do edifício Rana Plaza e os progressos registados no Pacto de Sustentabilidade do

Bangladeche (2015/2589 (RSP))

O Parlamento Europeu,

– Tendo em conta as suas anteriores resoluções sobre o Bangladeche, em particular as de 23 de maio de 2013, sobre as condições de trabalho e as normas em matéria de saúde e segurança na sequência dos incêndios em fábricas e do desmoronamento de um edifício recentemente ocorridos no Bangladeche1, de 17 de janeiro de 2013, sobre as vítimas dos recentes incêndios em fábricas de têxteis, nomeadamente no Bangladeche2, de 6 de setembro de 20073 e de 10 de julho de 20084,

– Tendo em conta as suas resoluções, de 25 de novembro de 2010, sobre os direitos humanos e as normas sociais e ambientais nos acordos comerciais internacionais5 e sobre a responsabilidade social das empresas nos acordos comerciais internacionais6, – Tendo em conta o Acordo de Cooperação entre a Comunidade Europeia e a República

Popular do Bangladeche em matéria de Parceria e Desenvolvimento7,

– Tendo em conta a declaração conjunta do ex-Comissário Europeu do Comércio, Karel de Gucht, e do ex-Comissário para o Emprego, os Assuntos Sociais e a Inclusão, László Andor, aquando do exame do primeiro ano do Pacto de Sustentabilidade do

Bangladeche,

– Tendo em conta o Quadro de Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho da OIT (2006, C-187) e a Convenção sobre Segurança e Saúde no Trabalho (1981, C-155), que não foram ratificadas pelo Bangladeche, bem como as respetivas recomendações (R-197); tendo igualmente em conta a Convenção sobre a Inspeção do Trabalho (1947, C-081), de que o Bangladeche é signatário, e respetivas recomendações (R-164), – Tendo em conta a Comunicação da Comissão intitulada «Responsabilidade social das

empresas: Uma nova estratégia da UE para o período de 2011-2014»

(COM(2011)0681), assim como os resultados da consulta pública sobre o trabalho da Comissão visando a sua política em matéria de responsabilidade social das empresas (RSE) após 2014,

– Tendo em conta os seus relatórios subordinados ao tema «Responsabilidade Social das

1

Textos Aprovados, P7_TA(2013)0230. 2

Textos Aprovados, P7_TA(2013)0027. 3 JO C 187 E de 24.7.2008, p. 240. 4 JO C 294 E de 3.12.2009, p. 77. 5 JO C 99 E de 3.4.2012, p. 31. 6 JO C 99 E de 3.4.2012, p. 101. 7 JO L 118 de 27.4.2001, p. 48.

(3)

RE\1059378PT.doc 3/10 PE555.139v01-00

PT

Empresas: Comportamento Responsável e Transparente das Empresas e Crescimento

Sustentável» e «Responsabilidade Social das Empresas: Promoção dos Interesses da Sociedade e via para uma Retoma Sustentável e Inclusiva»,

– Tendo em conta os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, que definem o quadro para os governos e as empresas protegerem e respeitarem os Direitos Humanos e que mereceu o apoio do Conselho de Direitos Humanos em junho de 2011,

– Tendo em conta a proposta da Comissão para um Regulamento que estabelece um sistema da União que visa assegurar o dever de diligência nas cadeias de

aprovisionamento e que tem por objetivo transpor para a legislação a Orientação de Diligência Prévia da OCDE para Cadeias de Fornecimento Responsável de Minerais de Áreas Afetadas por Conflitos e de Alto Risco,

– Tendo em conta o artigo 123.º, n.º 2, do seu Regimento,

A. Considerando que a UE mantém, desde há muito, boas relações com o Bangladeche, designadamente através do Acordo de Cooperação em matéria de Parceria e

Desenvolvimento, do Sistema de Preferências Generalizadas e da Iniciativa «Tudo menos armas»;

B. Considerando que, em 24 de abril de 2013, o Rana Plaza, um edifício situado em Savar, nos arredores de Daca, onde funcionavam várias fábricas de vestuário, ruiu, provocando a morte de mais de 1100 pessoas e deixando feridas cerca de 2500;

C. Considerando que o Bangladeche se tornou o segundo maior exportador mundial de vestuário a seguir à China, sendo os seus salários dos mais baixos do sector e representando o sector têxtil quase 85% das exportações do país; que 60 % da sua produção de vestuário se destina à UE, o principal mercado de exportação do Bangladeche; que um quarto da população do país depende indiretamente dos rendimentos desta indústria;

D. Considerando que, na sequência do termo do Acordo Multifibras, e tendo em conta a elevada intensidade de mão-de-obra do sector do pronto-a-vestir, países em

desenvolvimento como a China, o Bangladeche, a Índia e o Vietname passaram a ser produtores mundiais; que a reorganização do sector em torno do modelo de cadeia de valor integrada implicou que as encomendas só possam ser asseguradas através do aumento da produtividade e da redução dos custos de produção, o que torna os

trabalhadores do Bangladeche e de outros países em desenvolvimento particularmente vulneráveis;

E. Considerando que o Bangladeche, o Camboja e o Sri Lanca, países onde a economia depende fortemente do sector do pronto-a-vestir, registaram uma diminuição de salários, apesar do forte aumento de fábricas e da taxa de emprego;

F. Considerando que, de acordo com informações do Fórum Internacional dos Direitos do Trabalho, mais de 600 trabalhadores do sector do vestuário pereceram em incêndios em fábricas no Bangladesh desde 2005, ao passo que, de acordo com relatos de

(4)

PE555.139v01-00 4/10 RE\1059378PT.doc

PT

organizações dos direitos humanos, nenhum dos proprietários ou gestores dessas fábricas foi levado a tribunal;

G. Considerando que o proprietário da fábrica Rana Plaza, Sohel Rana, foi detido poucos dias depois da catástrofe e enfrenta atualmente acusações de assassínio, juntamente com mais 40 proprietários de várias unidades fabris instaladas no complexo de edifícios; H. Considerando que o edifício que ruiu e que fazia parte do complexo Rana Plaza foi

construído ilegalmente e não respeitava as normas de segurança; que, na sequência da catástrofe, 32 fábricas no Bangladeche foram encerradas definitivamente e 26

parcialmente devido a graves problemas de segurança; que um número significativo de fábricas tem ainda de elevar as suas normas de segurança para níveis satisfatórios; I. Considerando que, em 24 de abril de 2013, o Acordo «Rana Plaza» (fundo de

compensação) destinado a indemnizar as vítimas da catástrofe e as suas famílias foi assinado pelos representantes do Governo do Bangladeche, pelos fabricantes locais de vestuário e pelas marcas internacionais de vestuário, assim como pelos sindicatos locais e internacionais e pelas ONG internacionais; que o montante fixado para cobrir os custos de todos os pedidos de indemnização é de 30 milhões de dólares; que, em 24 de abril de 2015, o montante total dos donativos voluntários das empresas era de cerca de 27 milhões de dólares, faltando ainda 3 milhões de dólares; que não será possível pagar as despesas médicas das vítimas que necessitem de cuidados médicos de longa duração se o fundo permanecer subfinanciado;

J. Considerando que a catástrofe do Rana Plaza levou a UE a forjar, juntamente com o Governo do Bangladeche e a OIT, o «Pacto para a Melhoria Contínua dos Direitos dos Trabalhadores e da Segurança Laboral na Indústria do Vestuário Pronto-a-Vestir e Têxtil no Bangladeche» (o Pacto de Sustentabilidade), em julho de 2013, no âmbito do qual o Bangladeche se comprometeu a tomar medidas para melhorar as normas laborais e as condições de trabalho no sector do pronto-a-vestir no país;

K. Considerando que o primeiro exame do Pacto, que teve lugar em outubro de 2014, concluiu que, embora se tenham registado progressos, deveriam ser tomadas outras medidas importantes pelo Governo do Bangladeche, nomeadamente no que diz respeito ao aperfeiçoamento e à aplicação do Direito Laboral, melhorando os direitos laborais nas zonas francas de exportação (ZFE) e procedendo ao recrutamento de mais inspetores de trabalho; que o segundo exame do Pacto terá lugar no outono de 2015; L. Considerando que a legislação laboral foi alterada em julho de 2013; que esta legislação

continua aquém das normas internacionais e que, hoje em dia, continua a ser muito difícil para os trabalhadores no Bangladeche exercer os seus direitos laborais fundamentais sem retaliações; que, atualmente, apenas um pequeno número de sindicatos conseguiu negociar acordos coletivos;

M. Considerando que, um ano e meio mais tarde, o Governo do Bangladeche tem ainda de promulgar regras e regulamentos de execução da legislação laboral; que a aplicação da legislação é um requisito necessário à sua elegibilidade para o programa destinado a melhorar as condições de trabalho da OIT (Better Work Programme) e para o

(5)

RE\1059378PT.doc 5/10 PE555.139v01-00

PT

Incêndio no Bangladeche (o Acordo);

N. Considerando que, no Bangladeche, 10 % da força de trabalho no sector do pronto-a-vestir está empregado nas ZFE; que, em julho de 2014, o Governo promulgou uma nova Lei do Trabalho para as ZFE, a qual, entre outros aspetos, proíbe a constituição de sindicatos nas ZFE e atribui competências e funções extremamente limitadas aos tribunais do trabalho das ZFE e ao respetivo órgão jurisdicional de recurso em comparação com os tribunais de trabalho gerais e respetivo órgão de recurso; que as associações que pugnam pelo bem-estar dos trabalhadores não têm os mesmos direitos e privilégios que os sindicatos;

O. Considerando que, desde o início de 2013, cerca de 300 novos sindicatos foram registados no sector do vestuário; que, em 2014, foram rejeitados 66 pedidos, o que corresponde a 26 % do total dos pedidos apresentados; que, em 2015, o Governo do Bangladeche rejeitou a maioria dos pedidos de registo por razões não previstas na lei, e que, de uma certa forma, parecem visar os sindicatos independentes com maior sucesso até à data na constituição de organismos sindicais;

P. Considerando que, desde o lançamento do Pacto, se conhecem pelo menos 45 atos graves cometidos contra o sindicalismo por diversos intervenientes, alguns dos quais violentos;

Q. Considerando que o Bangladeche dispunha apenas de 92 inspetores para fiscalizar as cerca de 5 mil fábricas de pronto-a-vestir e outras indústrias no país antes do acidente; que o Governo do Bangladeche se tinha comprometido a recrutar mais 200 inspetores até ao final de 2013; que o governo não conseguiu atingir o seu objetivo e que, até ao momento, foram recrutados 173 novos inspetores; que as inspeções de trabalho continuam a ser pouco frequentes e ineficazes, nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento das normas laborais;

R. Considerando que, até presente, 175 marcas de moda e de venda a retalho assinaram o Acordo sobre a Segurança dos Edifícios e a Segurança em caso de Incêndio, um acordo juridicamente vinculativo entre marcas e sindicatos que abrange quase metade de todas as fábricas do Bangladeche para o mercado de exportação e dois milhões de

trabalhadores; que outras 26 empresas norte-americanas, tais como a Walmart e a Gap, aderiram à Aliança para a Segurança dos Trabalhadores do Bangladeche, com um acordo unilateral que visa reforçar a segurança nas fábricas, mas que, no entanto, não prevê qualquer papel para os sindicatos, nem que as marcas participem nas

indemnizações;

S. Considerando que o Bangladeche fez grandes progressos para reduzir as disparidades entre homens e mulheres na sociedade, tendo alcançado com êxito o terceiro Objetivo de Desenvolvimento do Milénio em matéria de igualdade dos géneros; que 3.2 dos 4 milhões de trabalhadores dos sectores do pronto-a-vestir são mulheres; que o seu emprego tem, em muitos casos, representado uma diferença positiva para o seu estatuto nas suas comunidades e famílias;

(6)

PE555.139v01-00 6/10 RE\1059378PT.doc

PT

transformado hoje comercializado no mundo e que o sector da indústria têxtil é considerado um dos sectores industriais mais poluentes; que a fiação, a tecelagem e a produção de fibras industriais deterioram a qualidade do ar, que o tingimento e a estampagem consomem grandes quantidades de água e de substâncias químicas e libertam na atmosfera numerosos agentes voláteis que são particularmente nocivos para os trabalhadores, os consumidores e o ambiente;

U. Considerando que, de acordo com a Associação de Defesa dos Direitos dos

Trabalhadores do Bangladeche, bastaria um aumento de 10 cêntimos no preço de cada uma das peças de vestuário que o Bangladeche vende anualmente às marcas ocidentais para que as normas de segurança das 5 mil fábricas de vestuário do país pudessem ser equiparadas às normas de segurança ocidentais; que não existem indicações de que os preços de vestuário e dos artigos têxteis tenham aumentado nos últimos dois anos; V. Considerando que o sector do pronto-a-vestir está principalmente dominado pelos grandes retalhistas, fabricantes e distribuidores de marca, que controlam as redes de produção mundiais e estipulam diretamente as especificações de fornecimento; que os fabricantes de têxteis e vestuário, no contexto da mundialização da indústria, muitas vezes não têm outra opção que não a de aceitar preços mais baixos, aumentar os padrões de qualidade, encurtar os prazos de entrega, reduzir as quantidades mínimas e assumir o máximo de risco possível;

W. Considerando que as fortes pressões competitivas, as assimetrias de poder e a

concorrência entre os países em desenvolvimento para atrair investimento estrangeiro que caracterizam o sector do pronto-a-vestir podem dificultar a tarefa dos governos quando se trata de abordar os direitos laborais e as questões de segurança;

X. Considerando que os cidadãos europeus apresentaram inúmeras petições e organizaram campanhas exigindo uma maior responsabilização das marcas de vestuário, de molde a assegurar que os seus produtos são fabricados de uma forma ética;

1. Recorda as vítimas por ocasião do segundo aniversário da tragédia do Rana Plaza, uma das catástrofes industriais mais devastadoras de sempre, e expressa a sua mágoa aos feridos, aos inválidos, bem como às famílias enlutadas;

2. Insta as marcas produzidas no Rana Plaza, ou com ligações significativas ao

Bangladeche, e as autoridades do Bangladeche a assegurar que os restantes 3 milhões para completar os 30 milhões de dólares para o fundo de compensação sejam atribuídos o mais rapidamente possível às famílias das vítimas; lamenta que, no segundo

aniversário da catástrofe, o pedido de pagamento das indemnizações decididas não tenha sido respeitado;

3. Recorda que o Acordo «Rana Plaza», a base para a criação do fundo de compensação, se destina a constituir o alicerce para o objetivo a longo prazo de criar um sistema permanente e sustentável de indemnização; exorta o Governo do Bangladeche a respeitar o compromisso que assumiu no quadro do Plano de Ação Tripartido Nacional para criar um regime nacional permanente de seguro de acidentes no local de trabalho, que, efetivamente e no futuro, altere a paisagem em matéria de saúde e segurança no trabalho no Bangladeche;

(7)

RE\1059378PT.doc 7/10 PE555.139v01-00

PT

4. Observa que o Acordo e a Aliança concluíram as inspeções de todas as fábricas sob a

sua alçada; urge o Governo do Bangladeche a complementar esta ação através da célere realização da inspeção das fábricas sob a sua responsabilidade e a adotar medidas corretivas adequadas; saúda o empenhamento dos fabricantes que pretendem melhorar as normas; encoraja o Acordo e a Aliança a melhorarem a sua cooperação e a

procederem ao intercâmbio sistemático de relatórios de inspeções às fábricas para evitar a duplicação de trabalho e a dualidade de critérios; insta a Aliança a publicar igualmente os seus relatórios em bengali e a ilustrá-los, de modo a que possam ser acessíveis a toda a população do país;

5. Observa que o salário mínimo na indústria do vestuário continua a ser baixo, não obstante o aumento de 2013, e insta o Governo, em consulta com os sindicatos e os empregadores, a instituírem um salário mínimo; exorta, para além disso, o Governo a assegurar que todas as fábricas de vestuário pagam, efetivamente, os salários devidos; 6. Toma nota das medidas tomadas pelo Bangladeche ao alterar a sua legislação laboral; lamenta que um certo número de restrições à liberdade de associação dos trabalhadores não tenha sido tido em conta e que a legislação esteja ainda longe de respeitar as convenções da OIT n.º 87 sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical e n.º 98 sobre o Direito de Organização e de Negociação Coletiva; insta o Governo e o Parlamento do Bangladeche a adotar, com caráter prioritário, as normas e os

regulamentos necessários para garantir a aplicação efetiva da lei;

7. Manifesta a sua preocupação com a situação nas ZFE e salienta que os que aí trabalham devem beneficiar dos mesmos direitos que os trabalhadores no resto do país; lamenta profundamente que a proposta Lei do Trabalho para as ZFE continue a proibir os trabalhadores de constituir sindicatos na Zona Franca de Exportação e que defina um nível global inferior de direitos dos trabalhadores; chama a atenção para o facto de as associações que pugnam pelo bem-estar dos trabalhadores não terem, de modo algum, direitos e privilégios comparáveis aos dos sindicatos; urge o Governo do Bangladeche a alargar de imediato a legislação laboral às ZFE;

8. Acolhe com agrado o registo de 300 novos sindicatos do sector do vestuário desde o início de 2013, mas lamenta profundamente que cerca de 30 sindicatos recém-registados já não estejam, ao que parece, ativos devido a situações graves de represálias contra os sindicatos, por vezes violentas, e que cerca de 30 outros sindicatos tenham sido dissolvidos devido aos encerramentos de fábricas; faz notar que os sindicatos recém-registados representam 4 % da mão-de-obra do sector do pronto-a-vestir; manifesta a sua preocupação face às crescentes ameaças, ao assédio e à violência física contra representantes dos trabalhadores e insta, por conseguinte, o Governo do

Bangladeche a abordar de forma eficaz as práticas laborais abusivas, aplicando as medidas necessárias para impedir, investigar e reprimir infrações — incluindo a discriminação antissindical e as represálias — de uma forma transparente e expedita; está persuadido de que a formação e sensibilização adequadas no domínio dos direitos laborais constituem uma forma eficaz de reduzir a discriminação sindical;

9. Reconhece as dificuldades em alcançar progressos no recrutamento de inspetores decorrente da necessidade de uma formação adequada antes do destacamento efetivo;

(8)

PE555.139v01-00 8/10 RE\1059378PT.doc

PT

deplora, no entanto, que nem o objetivo de recrutar mais 200 inspetores até ao final de 2013 tenha sido cumprido até abril de 2015 e salienta que 200 inspetores estão muito aquém do que é necessário para supervisionar um sector com mais de 4 milhões de trabalhadores; salienta que os inspetores do trabalho têm de estar habilitados a aplicar sanções contra violações do direito do trabalho e que as multas devem ser dissuasivas e efetivamente aplicadas;

10. Está confiante na realização de progressos substanciais em todas as questões do foro laboral e de segurança no quadro do segundo exame do Pacto de Sustentabilidade previsto para o outono de 2015;

11. Entende que os grandes retalhistas, fabricantes e distribuidores de marca a nível

mundial têm uma grande responsabilidade em evitar que os países fabricantes melhorem as condições de trabalho e os salários; está convicto de que poderiam ser criadas uma estrutura de mercado e condições sociais mais justas se essas empresas aplicassem, ao longo de toda a sua cadeia de abastecimento, normas internacionalmente reconhecidas em matéria de Responsabilidade Social das Empresas (RSE) e, em particular, as recém-atualizadas Orientações da OCDE para as Empresas Multinacionais, os dez princípios do Pacto Global das Nações Unidas, a Norma sobre Responsabilidade Social ISO 26000, a Declaração de Princípios Tripartida da OIT sobre Empresas

Multinacionais e Política Social, assim como os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos;

12. Convida a OCDE a definir um processo que envolva diversas partes interessadas sobre cadeias de fornecimento responsável de têxteis e vestuário, com vista ao

desenvolvimento de práticas de devida diligência, em consonância com as Orientações da OCDE sobre Empresas Multinacionais e a Declaração de Princípios Tripartida da OIT sobre as Empresas Multinacionais e a Política Social, para que as empresas assegurem que os seus produtos são fabricados exclusivamente em fábricas que

respeitam plenamente as normas de segurança e os direitos dos trabalhadores; considera que tal orientação de diligência prévia deve complementar e reforçar os esforços

nacionais e internacionais existentes e poderia constituir a base para a futura legislação, bem como para iniciativas de rotulagem para cadeias de fornecimento responsável no sector têxtil e do vestuário;

13. Exorta a Comissão a introduzir legislação que obrigue as empresas que pretendam operar no mercado europeu ao abrigo do Direito europeu a prestarem informações sobre toda a cadeia de fornecimento dos seus produtos, em conformidade com os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos e as Orientações da OCDE sobre Empresas Multinacionais, que inclua, entre outros aspetos, a

transparência da cadeia de fornecimento até à unidade de produção;

14. Solicita ao Conselho e à Comissão que incluam uma cláusula vinculativa e aplicável relativa à RSE em todos os acordos bilaterais de comércio e investimento assinados pela UE, que vincule os investidores europeus aos princípios da RSE definidos a nível internacional, inclusive na atualização de 2010 das Orientações da OCDE e nas normas definidas pela ONU – em particular, os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos – pela OIT e pela UE; sugere que essa cláusula

(9)

RE\1059378PT.doc 9/10 PE555.139v01-00

PT

harmonize as normas e conceitos existentes, a fim de assegurar a comparabilidade e a

justiça, e que preveja medidas para a monitorização da implementação efetiva desses princípios a nível da UE;

15. Reconhece que o emprego no sector do vestuário ajudou milhões de mulheres pobres de zonas rurais no Bangladeche, e não só, a escaparem às privações e à dependência do sustento masculino; faz notar que a mão-de-obra não sindicalizada no sector do pronto-a-vestir nos países desenvolvidos é essencialmente composta por trabalhadores pouco qualificados e por mulheres, que, frequentemente, não têm outra opção senão aceitar salários baixos, más condições de trabalho e modalidades de trabalho flexíveis para poderem manter os seus postos de trabalho; reconhece que os progressos em matéria de direitos e de proteção dos trabalhadores são vitais para a emancipação das mulheres, salienta a necessidade de aumentar a sua representação nos sindicatos, inclusive nos sindicatos recém-criados no Bangladeche, e congratula-se com o reconhecimento, pelo Pacto de Sustentabilidade, da importância da capacitação de género na melhoria das normas laborais;

16. Considera que um pequeno aumento do preço dos produtos finais pagos pelos consumidores pode aumentar substancialmente as condições de bem-estar dos trabalhadores e que é chegado o momento de negociar um salário mínimo adequado para o sector do vestuário em todo o mundo;

17. Solicita que, em futuros acordos comerciais da UE com países terceiros, a segurança e a saúde dos trabalhadores ocupem um lugar de maior relevo no âmbito da agenda para o trabalho digno e que a UE preste apoio técnico à aplicação dessas disposições, para que não constituam um obstáculo ao comércio;

18. Solicita a criação de um sistema de cooperação jurídica transnacional entre a UE e os países terceiros signatários de acordos de comércio bilaterais, de molde garantir que as vítimas de infrações à legislação social ou ambiental ou de inobservância dos

compromissos em matéria de RSE ou das práticas de comércio justo por parte de multinacionais ou das suas filiais imediatas tenham acesso efetivo à justiça no país em que as infrações ocorreram, e apoiar a implementação de processos judiciais

internacionais para garantir, se for caso disso, que as infrações à lei cometidas pelas empresas sejam punidas;

19. Observa que a iniciativa «Tudo menos armas» (TMA) desempenhou um papel

importante no desenvolvimento económico do Bangladeche e contribuiu para melhorar as condições materiais de milhões de pessoas, em especial das mulheres; está

persuadido, porém, de que, sem uma sólida condicionalidade em matéria de direitos humanos e laborais, a TMA e o SPG podem agravar ainda mais os baixos padrões de proteção dos trabalhadores e prejudicar o trabalho digno;

20. Insta a Comissão Europeia, no âmbito do seu sistema de monitorização e avaliação do SPG, a estabelecer e a assegurar o respeito do Bangladeche pelos direitos humanos internacionalmente reconhecidos, assim como pelas convenções laborais e ambientais; 21. Incentiva a Vice-Presidente/Alta Representante Mogherini e a Comissária Malmström a

(10)

PE555.139v01-00 10/10 RE\1059378PT.doc

PT

sanitárias e de segurança, quer no domínio da liberdade de associação, nos debates com o Bangladeche sobre a manutenção do acesso preferencial do país aos mercados; 22. Reconhece os progressos alcançados pelo Bangladeche no envolvimento das partes

interessadas e no empenhamento para melhorar a situação no terreno; insta a que mais empresas europeias adiram ao Acordo e incentiva a sua reprodução noutros países de alto risco;

23. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho, à Comissão, à Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, ao Governo e o Parlamento do Bangladeche, bem como ao Diretor-Geral da OIT.

Referências

Documentos relacionados

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

para o processo de investigação, uma vez que é com base nos diários de campo.. que os investigadores conseguem analisar e refletir sobre os dados recolhidos, permitindo

Considerando que, no Brasil, o teste de FC é realizado com antígenos importados c.c.pro - Alemanha e USDA - USA e que recentemente foi desenvolvido um antígeno nacional

By interpreting equations of Table 1, it is possible to see that the EM radiation process involves a periodic chain reaction where originally a time variant conduction

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Assim procedemos a fim de clarear certas reflexões e buscar possíveis respostas ou, quem sabe, novas pistas que poderão configurar outros objetos de estudo, a exemplo de: *

No primeiro livro, o público infantojuvenil é rapidamente cativado pela história de um jovem brux- inho que teve seus pais terrivelmente executados pelo personagem antagonista,

Finally,  we  can  conclude  several  findings  from  our  research.  First,  productivity  is  the  most  important  determinant  for  internationalization  that