SÍNTESES
DE
MEMORIAL DO CONVENTO
O autor
José Saramago (1922-2010)
• Estudos secundários;
• Variadas profissões (serralheiro, desenhador, funcionário administrativo, jornalista, …);
• Escritor multifacetado (poesia, teatro e narrativa);
• Um dos mais célebres escritores portugueses do séc. XX devido à originalidade da sua prosa;
• Obras traduzidas em diversas línguas;
• Vários prémios literários, destacando-se o Prémio Nobel da Literatura (1998);
O título
MEMORIAL DO CONVENTO
• Registo escrito sobre algo que se pretende guardar na memória;
• Convento de Mafra, mandado construir por D. João V, entre 1717 e 1744, suportado pelas remessas de ouro do Brasil;
• Obra exemplar do estilo barroco, considerado na época um dos maiores da Europa.
A contracapa do romance
Remissão para 4 planos da narrativa / 4 linhas de ação:
• a do rei D. João V e da promessa da construção do convento;
• a dos trabalhadores do convento (o povo anónimo esquecido pela História e que Saramago faz questão de elevar/enaltecer/imortalizar);
• a de Baltasar e Blimunda (o casal popular, exemplo do amor puro e espontâneo);
• a do padre Bartolomeu, que abraçou o sonho de voar.
A intenção crítica do autor
• Opulência e exuberância do rei e da nobreza, contrastando com a extrema miséria do povo;
• Sujidade da cidade de Lisboa;
• Adultério (a mulher que trai o marido ingénuo);
• Frades (falso celibato – envolvimento com mulheres, levando-as para as celas);
• Freiras (falso celibato – relação do rei D. João V com a irmã Paula do convento de Odivelas);
A intenção crítica do autor (cont.)
• Inquisição – a repressão que exerce sobre o
povo;
• Povo, ignorante que se diverte com os autos
de fé;
• Rei que recruta friamente trabalhadores para
a concretização da sua promessa;
• Infante D. Francisco, pelo seu comportamento
infantil
(divertimento
em
espingardear
marinheiros);
O sonho de:
• D. João V – ter descendentes; construir o convento de forma megalómana;
• D. Maria Ana – cumprir a missão de dar descendentes;
• Frades franciscanos – ter um convento;
• Populares – sobreviver, ganhando algum dinheiro na construção do convento; viver felizes com as
O sonho de (cont.)
• Padre Bartolomeu – construir a Passarola; procurar constantemente o saber;
• Scarlatti – tocar música quando a Passarola voasse; • Baltasar – ser útil sem a mão esquerda; ajudar na
construção da Passarola; ser feliz;
• Blimunda – ser feliz; contribuir para a construção da Passarola; encontrar Baltasar.
A simbologia
Duas construções:
- convento: prisão/privação/peso (construção
realizada à custa do esforço humano)
- Passarola: liberdade/leveza/imaginação/
sonho/ evasão (construção realizada à custa
das vontades humanas)
A simbologia (cont.)
Os números:
3 – perfeição; totalidade; magia (Baltasar – trabalho físico;
Blimunda – trabalho espiritual; Bartolomeu – trabalho
científico);
4 – a totalidade do Universo (Scarlatti liga-se à triunidade,
estabelecendo a união pela via artística);
7 – totalidade; perfeição:
• 7 trabalhadores individualizados, vindos de 7 regiões diferentes do país e respetivas 7 narrativas (cap. XVIII);
• Data do lançamento da 1ª pedra do convento (17 de novembro de 1717, cujas cerimónias começaram às 7 da manhã)
A simbologia (cont.)
• 7 vezes que Blimunda passou por Lisboa à procura de Baltasar (cap. XXV);
• 7 bispos que batizaram a princesa Maria Bárbara; • Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas.
9 – o prémio, o coroamento dos esforços; o fim de um
ciclo; o fim e o recomeço:
• 9 anos procura Blimunda Baltasar (o reencontro; o fim da procura; a comunhão completa).
A simbologia (cont.)
• Os defeitos físicos / psicológicos dos trabalhadores do convento (manetas, zarolhos,
coxos, orelhudos, parvos, … - cap. XIX) – símbolo da marginalização social, mas, ao mesmo tempo, da superação, devido à contribuição para a construção do convento/Passarola);
• As (duas mil) vontades – símbolo das vontades que movem o mundo;
• A música de Scarlatti – simboliza a regeneração (recupera o estado de saúde de Blimunda) e contribui para atenuar a dureza do trabalho de Baltasar com a Passarola (cap. XV).
O narrador
• Heterodiegético (3ª pessoa ) – exterior à história;
• Homodiegético (1ª pessoa) – estabelecendo uma cumplicidade entre o narrador e o narratário;
• Focalização omnisciente (revelador de um conhecimento total dos acontecimentos, pensamentos e sentimentos das personagens, movimentando-se com facilidade no tempo e no espaço) – estatuto que lhe permite viajar no tempo, saltando, com frequência , do presente para o futuro e para o passado (prolepses e analepses);
O narrador (cont.)
• Focalização interna – quando dá voz a várias personagens (por exemplo, ver a apresentação de Sebastiana Mª de Jesus [cap. V]; …) - narrador
polifónico;
• Comentador valorativo – quando formula juízos de valor positivos (Baltasar/Blimunda/Bartolomeu) – a
epopeia do trabalho;
• Comentador depreciativo – sarcástico, irónico, crítico (rei, rainha, clero, Inquisição, …) – a farsa
palaciana;
• Narrador que se mistura com o autor,