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Paulo Jorge Paixão Miguel

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Paulo Jorge Paixão Miguel

Escola Superior de Desporto de Rio Maior (Portugal)

ppaixmiguel@esdrm.pt

Comunicação apresentada no: II Simpósio

TREINO E AVALIAÇÃO DA FORÇA E POTÊNCIA MUSCULAR MAIA – 14 a 16 de Março 2003

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RESUMO

Diversos estudos e autores se têm referido à relação entre a força explosiva e o rendimento em corridas de velocidade, especialmente nas provas de velocidade curta (Hennessy & Kilty, 2001; Mero, 1987, citado por Badillo & Gorostiaga, 1999; Vittori 1996; Manou et all, 2000; Locatelli, 1996; Bosco, 1994; Donatti, 1996). Já nos 400m, parece que apresenta maior importância a capacidade de manter e produzir elevados níveis de força durante muito tempo (Numella et all, 1994; Costa, 1996). Com efeito, a Força elástico-explosiva (FE-E), o stiffness muscular1, bem como a associação destas duas expressões de força com a Resistência, parecem ser aspectos determinantes na corrida de 400m. Desta forma, o conhecimento da relação que as manifestações de força apresentam com rendimento, pode fornecer pistas adicionais no auxilio a uma maior compreensão desta especialidade desportiva, quer ao nível das suas exigências quer ao nível da própria Metodologia do Treino. Por outro lado, o estudo das referidas manifestações, pode também constituir-se como um importante meio de controlo do treino.

Os objectivos deste estudo foram: a) Identificar as manifestações de força exigidas na corrida dos 400m; b) Avaliar as referidas manifestações em corredores de 400m; c) Determinar a relação de cada manifestação de força com o resultado na corrida de 400m; h) Determinar a variação dos níveis força (de cada manifestação) ao longo da época.

Três corredores de 400m, participaram voluntariamente neste estudo (recordes pessoais - 47,15; 49,47 e 49, 83 seg.; Idade – 20, 19 e 18 anos; Altura – 182, 180 e 178 cm; Peso – 72, 71 e 66 Kg). Todos os sujeitos foram avaliados durante o decorrer da época de 2001, sendo que um deles também o foi, na época seguinte. Os seguintes testes, foram realizados nas fases de preparação e competitiva (nesta última com uma periodicidade quinzenal, e 48horas após cada competição de 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 saltos de Reactividade (stiffness) e 30”CMJ. Os procedimentos estatísticos utilizados foram: a Média e Desvio padrão, e ainda o Coeficiente de Correlação de Pearson (1-tailed) para determinar as associações entre as diferentes variáveis decorrentes da avaliação das manifestações de força e o resultado competitivo em 400m (T400).

Os resultados médios obtidos pelos sujeitos foram os seguintes: CMJ (56,48; 56,26; 50,66 e 46,58 cm); 15 saltos Reactividade (61,09; 59,15; 77,66 e 66,04 watt/Kg); 30”CMJ (41,57; 39,97; 39,06 e 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 e 50,72 segundos), respectivamente para o Sujeito A em 2001 e 2002, e Sujeitos B e C em 2001. Com estes sujeitos, os níveis de manifestação de força variaram ao longo da época desportiva (3,32 a 10,48%). Foram encontradas, para o Sujeito A, relações significativas (p<0,05) entre o tempo obtido em competição de 400m (T400) e: a Potência média reactiva (-0,753); Altura média de salto (hméd) no teste 30”CMJ (-0,910); hméd 0-15 e hméd 15-30 (primeira e segunda metades do teste: -0,811 e –0,872); e Índice de resistência (relação hméd 30”CMJ/ hCMJ: -0,814).

Os resultados alcançados neste estudo comprovam a existência da relação entre o resultado em 400m e: o stiffness muscular e a Resistência à FE-E. Sugerem ainda que para o corredor de 400m parece importante evidenciar um determinado nível de FE-E sob o qual se desenvolverá a Resistência de força. Contudo outros estudos (transversais e longitudinais) são necessários a fim de verificar: Até que ponto desenvolver a Força explosiva? Se será mais importante um nível médio de FE-E e um nível elevado de Resistência de força, ou vice-versa?

Palavras Chave: Força explosiva, Resistência de Força rápida, corridas de velocidade,

Avaliação da Força, CMJ

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I – INTRODUÇÃO

A força é uma capacidade física que determina as possibilidades de obtenção de um bom resultado nas corridas de velocidade, nomeadamente a força explosiva uma vez que é necessário aplicar força rapidamente, quer para produzir uma acelaração inicial, quer para alcançar e manter a máxima velocidade (Chelly & Denis, 2000). Com efeito, a relação entre a força explosiva e o rendimento em corridas de velocidade, especialmente nas provas de velocidade curta, tem sido estudada por diversos autores (Hennessy & Kilty, 2001; Mero, 1987, citado por Badillo & Gorostiaga, 1999; Vittori 1996; Manou et all, 2000; Locatelli, 1996; Bosco, 1994; Donatti, 1996).

Já nos 400m, parece que apresenta maior importância, a capacidade de manter e produzir elevados níveis de força durante muito tempo (Numella et all, 1994; Costa, 1996). Neste sentido, a Força elástico-explosiva (FE-E), o stiffness muscular, bem como a associação destas duas expressões de força com a Resistência, parecem ser aspectos determinantes nesta corrida. Desta forma, o conhecimento da relação que as manifestações de força apresentam com rendimento, pode fornecer pistas adicionais no auxilio a uma maior compreensão desta especialidade desportiva, quer ao nível das suas exigências quer ao nível da própria Metodologia do Treino. Por outro lado, o estudo das referidas manifestações, pode também constituir-se como um importante meio de controlo do treino.

Os objectivos deste estudo foram: a) Identificar as manifestações de força exigidas na corrida dos 400m; b) Avaliar as referidas manifestações em corredores de 400m; c) Determinar a relação de cada manifestação de força com o resultado na corrida de 400m; h) Determinar a variação dos níveis força (de cada manifestação) ao longo da época.

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II - METODOLOGIA

1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A nossa amostra foi constituída por três atletas portugueses do sexo masculino, os quais participaram voluntariamente no presente estudo, depois de lhes terem sido explicados quais os objectivos, riscos e vantagens da sua participação.

As características e melhores marcas dos atletas podem ser consultadas na tabela 1.

Tabela 1

2. PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO

Os 3 sujeitos foram avaliados ao longo da época de 2001, num período compreendido entre Abril e Agosto, correspondente a uma fase intermédia do Período Preparatório e a todo o Período de Competições, sendo que nesta fase os testes foram realizados de 15 em 15 dias mas com adaptação ao calendário competitivo dos atletas.

O sujeito A foi também avaliado em Dezembro de 2001 e entre Março e Julho de 2002. Inicialmente tínhamos previsto avaliar todos os sujeitos ao longo das duas épocas, no entanto alterações na vida pessoal e desportiva dos sujeitos B e C levaram a que tal não fosse possível.

2.1. Testes

Os testes foram organizados por forma a cumprir com as indicações do autor (Bosco, 1994), quer no que respeita à execução, quer no que respeita à sequência escolhida, sendo que os testes mais fatigantes se realizam no final. Assim sendo, tivemos a seguinte sequência:

- CMJ (figura 1), com três ensaios intercalados por uma pausa de 2 minutos, sendo escolhido o melhor resultado alcançado;

- Teste de 15 saltos de reactividade (figura 2); e - 30” CMJ.

Figura 1 Figura 2

A pausa entre cada teste foi escolhida de modo a que os sujeitos pudessem recuperar para o seguinte, mas não demasiado grande por forma a que diminuíssem o seu nível de activação. Neste sentido, o tempo entre os dois primeiros testes foi de 3

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minutos e, entre o segundo e o terceiro teste os sujeitos tinham um tempo de recuperação que variava entre os 4 e 5 minutos.

O supervisionamento das provas foi sempre efectuado pelo mesmo observador, o qual tinha para o auxiliar um secretário/a a fim de recolher manualmente todos os registos de saltos, tempos de contacto, tempos voo, alturas de saltos, etc...

2.2. Condições Prévias

 Infra-estruturas e condições ambientais

Todos os testes foram realizados em idênticas condições. Ou seja, todos eles foram realizados numa sala coberta (sala do Estádio Municipal de Rio Maior e Ginásio anexo à Pista de Vila Real de Santo António (este último apenas na 1ª avaliação de cada ano, a qual foi realizada em estágio que ali decorreu) com temperaturas que variaram entre os 18 e 25º e, em horário compreendido entre as 18.00h e as 20.00h.

O equipamento utilizado pelos sujeitos foi o que habitualmente utilizam nas suas sessões de treino, a saber: sapatilhas de atletismo, calção ou calças de licra e t-shirt ou swet-shirt.

 Aquecimento

Os sujeitos realizaram o seu aquecimento habitual para uma sessão de treino de saltos, ou seja composto por: 8 a 10 minutos de corrida ligeira seguida de alguns exercícios de mobilização geral/ articular e de flexibilidade, intercalados com exercícios muito dinâmicos para uma adequada activação. Para finalizar eram realizados alguns saltos de baixa e média intensidade idênticos aos que iriam realizar nos respectivos testes (reactivos só com trabalho da articulação do pé e explosivos com contramovimento e trabalho das articulações do pé e joelho).

 Treino anterior

Os testes foram realizados 48 horas após cada competição de 400m, por forma a que permitisse aos sujeitos uma recuperação mais efectiva do esforço aí desenvolvido.

Todos os testes decorreram durante o período normal de treino ou de treinos entre competições.

Os sujeitos receberam a indicação de que no dia anterior e no próprio dia dos testes deveriam repousar ou submeter-se apenas a cargas/ treinos leves ou de muito baixa intensidade. Neste sentido, foram eliminados os resultados dos testes em que se

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soube que os atletas tinham realizado treinos de grande desgaste na véspera dos protocolos.

 Conhecimento dos Protocolos

Todos os sujeitos que foram submetidos a este estudo, à data do seu início, conheciam e tinham experiências anteriores na realização deste tipo de testes.

2.3. Competições de 400m

No sentido de verificar quais as relações o T400 e as manifestações de força considerámos apenas as competições em que se verificaram condições óptimas (e sempre semelhantes) para que os atletas pudessem expressar o seu máximo rendimento do momento, principalmente no que respeita ao âmbito da competição e adversários, bem como às condições climatéricas (temperatura e vento).

3. INSTRUMENTOS DE MEDIDA

O instrumento que utilizamos para realização dos testes de avaliação das manifestações de força referidas, foi o Tapete Ergojump – Bosco System, Made by Globus – 1998. O sistema é constituído por uma plataforma de material sintético, com ligação a um receptor que possui todo o software (Ergo tester).

O instrumento mede os tempos de contacto e tempos de voo dos saltos realizados. Efectua os cálculos da altura, altura média e potência média, consoante o protocolo (Bosco, 1994).

O cálculo da elevação do c.g. (h) medido a partir do tempo de voo empregue em cada salto, é realizado com base na fórmula de Asmussen & Bonde-Petersen (1974, citados por Bosco, 1994):

h= tv²x1,226;

em que tv= tempo de voo

Para cálculo da potência de cada salto no teste de Reactividade (ou Bosco-Vittori) foi utilizada a fórmula proposta pelos autores (Bosco & Vittori, 1985 citado por Gallozi, 1996):

W= 19,86 x h Tc

em que Tc= ao tempo de contacto h= altura do salto

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Visto ser um teste de saltos contínuo, tal como Locatelli (1996), considerámos a potência máxima a partir dos três melhores saltos, enquanto que a potência média foi obtida a partir do seu total.

Para cálculo da potência média das duas metades da prova de 30”CMJ, foi utilizada a fórmula:

W= g² x Ts x (Ts+Tc) 4n (Tc)

em que Ts= ao tempo de suspensão Tc= ao tempo de contacto n= ao número de saltos g= 9.81m/s

A fim de obter a potência média da prova, tal como Bosco (1994, 2000) sugere, efectuámos uma média dos resultados obtidos nos primeiros e nos segundos 15 segundos do teste.

A fiabilidade dos testes e instrumento foi calculada seguindo as indicações do autor (Bosco, 1994) e de G. Ayestaran & Lopez Calbet (2001).

4. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

Para tratamento dos dados recorremos aos seguintes programas informáticos: Excel 2000 e SPSS para Windows – 11.0.

Todos os dados foram tratados estatisticamente de forma descritiva através da média e desvio padrão (SD).

O cálculo da variação percentual das manifestações de força ao longo da época, foi efectuado por comparação relativa ao resultado da primeira recolha.

A normalidade das amostras foi testada com recurso ao teste de Kolmogorov – Smirnov.

Recorremos ainda aos seguintes procedimentos:

- Coeficiente de Correlação de Pearson (1-tailed) para determinar as associações entre as diferentes variáveis decorrentes da avaliação das manifestações de força e o resultado competitivo em 400m (T400);

- Regressão linear simples para ilustrar a associação entre T400 e hmed 30”CMJ; O grau de significância adoptado foi de p= 0,05.

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III - RESULTADOS

Os resultados médios dos sujeitos em estudo podem ser observados na tabela 2. Tabela 2

As manifestações de força consideradas variaram ao longo da Época desportiva, sendo que se verificaram oscilações compreendidas entre os 3,32% - para hCMJ do sujeito B (figura 3), e os 10,48% - para Pmáx. Fr também do sujeito B (figura 4).

Figura 3 Figura 4

Considerando as marcas obtidas pelo Sujeito A, foram encontradas fortes relações (p<0,05) entre o T400 e a Resistência de força rápida, nomeadamente nos parâmetros respeitantes à hmed 30”CMJ (-.910), hmed 0-15 (-.811), hmed 15-30 (-.872) e Índice de resistência (relação hmed30”CMJ/ hCMJ: -.814). Foi também encontrada uma forte relação entre a Pmed Fr e o T400 (-.753). Não encontrámos relação entre hCMJ e o T400.

Na figura 5, podemos observar a recta de regressão que ilustra a relação entre o resultado aos 400m e a elevação média do c.g. no teste 30”CMJ obtidos pelo sujeito A.

Figura 5

O sujeito C apresentou também fortes relações entre o resultado competitivo obtido e alguns dos parâmetros das manifestações de força. Assim, destaque para a relação entre T400 e hmed 15-30 (-0,988 p=0,05), bem como T400 e hCMJ, e T400 e h30”CMJ, ambas superiores a -0,80 mas não significativas. Quanto ao sujeito B, apenas realizou duas competições de 400m pelo que não faria qualquer sentido apresentar essas relações.

IV - DISCUSSÃO

 Alterações ao longo da Época

Os resultados deste estudo demonstram que as várias manifestações de força variam ao longo da época desportiva. De facto, em qualquer dos sujeitos observados com maior ou menor ênfase, todas as variáveis apresentaram modificações ao longo da temporada (positivas ou negativas – tomando como referência o primeiro controlo realizado). A maior oscilação verificada foi de 10,48% na Pmax Fr do Sujeito B. No lado oposto a menor oscilação corresponde à variação de valores no teste CMJ do Sujeito B com 3,32 %.

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Estas alterações e flutuações na capacidade de manifestar determinado tipo de força, podem dever-se à ênfase posta no treino de força (Sale, 1995). Reiß (1992) sugere que nas especialidades cíclicas (especialidades de RCD e 400m incluídos) o treino da força deve desenvolver-se todo ano, ainda que se deva efectuar uma distinção entre meios de preparação geral e especial, e meios especiais. Com efeito, como sugere o primeiro autor, o facto de melhorar numa(s) e não noutra(s) manifestação(ões) de força pode dever-se à especificidade do treino. Assim, as flutuações de rendimento (com tendências de evolução positiva ou negativa) ocorridas com estes sujeitos na avaliação das manifestações de força referidas, podem dever-se a um ou vários dos seguintes factores:

- ênfase do treino no que se refere aos conteúdos abordados, com maior ou menor predominância das diferentes manifestações de força relativamente a outras capacidades;

- estratégia de preparação e programação adoptada para o treino da força e sequência de manifestações a desenvolver e/ou exercícios realizados em cada momento da época;

- Carga de treino aplicada no momento ou nas semanas imediatamente anteriores; - Nível atlético e características dos sujeitos (pontos fortes e fracos e perfil atlético); - Outros aspectos relacionados com a preparação.

 Relação entre a corrida 400m e as Manifestações de Força

Como pudemos verificar na apresentação de resultados relativos ao sujeito A, o T400 não apresenta qualquer tipo de relação com a hCMJ. Quanto ao sujeito C, ainda que se correlacionem os resultados por si obtidos nas referidas variáveis, não apresentam significado estatístico. Desta forma e no que se refere à comparação de resultados intra-sujeito, verificou-se que não existe relação entre a Força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m.

Relativamente à Força Reactiva ou stiffness muscular, devemos referir que no que respeita ao Sujeito A quaisquer dos parâmetros que consideramos apresentaram relação com o T400, ainda que apenas a Pmed Fr seja a única variável com significado estatístico (r= -0,753; p< 0,05).

No teste de reactividade interessa-nos tanto a quantidade de força manifestada (medida pela altura de voo), como o tempo necessário para manifestá-la (tendo como base os tempos de contacto – quanto menores maior a potência desenvolvida). Maior

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eficiência se terá com: uma maior altura de voo e os mesmos tempos de contacto, menor tempo de contacto sem variação das alturas de voo, ou com um aumento da altura de voo e uma diminuição dos tempos de contacto (Velez Blasco, 2000). Ou seja, em qualquer das situações estamos a contribuir para que se aumente a potência desenvolvida, parâmetro que habitualmente se utiliza a fim de expressar o nível de stiffness muscular (Garcia Manso et all, 1998; Locatelli, 1996, 1996b). No entanto, não quisemos deixar de considerar neste estudo os dados relativos à altura de salto, a fim de verificar se poderiam eventualmente ocorrer comportamentos diferenciados dos referidos parâmetros.

Assim, uma vez que a Potência desenvolvida se apresenta como o parâmetro mais adequado a fim de caracterizar a reactividade, e que as alturas de salto ainda que não apresentem significado estatístico, se relacionam com o T400. Como a Pméd Fr e o T400 se relacionam de forma significativamente estatística, podemos concluir que existe relação entre a reactividade (stiffness muscular) e o resultado na corrida de 400m.

O facto da relação entre a Potência desenvolvida e o T400 apresentar significado estatístico apenas para os valores médios, leva-nos a considerar que quanto mais saltos realizados, mais forte é essa relação. Assim, estes dados sugerem que para o corredor de 400m para além de ser importante um nível elevado de stiffness muscular, mais importante é conseguir manter esse nível, ou aproximado, durante um determinado tempo. Ou seja, é a capacidade Resistência associada com esta manifestação de força.

No que respeita à Resistência à força explosiva, ainda que diversos parâmetros considerados tenham apresentado relação com o T400 (quer no que se refere aos dados do sujeito A, quer do sujeito C), a hmed 30”CMJ, a hméd 0-15, a hméd 15-30 e hmed/ hCMJ obtidos pelo sujeito A, e a hmed 15-30 obtido pelo sujeito C, foram as variáveis que apresentaram significado estatístico.

Como sugere Bosco (2000), os factores determinantes do desenvolvimento da força rápida ou da resistência à força rápida (RFR) são de natureza neuromuscular e, bioquímica segundo a duração da actividade. Desta forma, se considerarmos que as variáveis, hméd 30”CMJ e hméd 15-30 dizem respeito à capacidade de RFR em regime de máxima solicitação do metabolismo anaeróbio láctico (potência anaeróbia láctica), então a relação encontrada entre estas variáveis e a performance em 400m está de acordo com o que os trabalhos de Hirvonen e colls (1992) e Numella e colls (1992; 1994) relativamente à importância da capacidade de manter níveis de força elevados em regime de máxima solicitação do referido metabolismo. Esta relação está também de

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acordo com o que Harre & Leopold (1987; 1987b, citados por Arcelli & Franzetti, 1997) sugerem, relativamente à RFR como um aspecto determinante para o resultado competitivo nas provas de velocidade prolongada.

Todavia, não nos podemos esquecer que na parte inicial de qualquer exercício de elevada intensidade (neste caso a corrida de 400m e o teste 30”CMJ) a energia provém fundamentalmente do metabolismo anaeróbio aláctico (Hirvonen et all, 1992; Arcelli, 1995; Bosco, 1994; Bosco, 2000). Assim, se na corrida de 400m podemos ter uma importante contribuição do sistema ATP-CP, em maior ou menor escala dependendo de atleta para atleta e do seu estado de treino (Gorostiaga Ayestaran & Santos, 1999), o mesmo se passará no teste 30”CMJ. Em termos teóricos, a hméd 0-15 pode ser um bom indicador da RFR em regime de capacidade aláctica, sendo que desta forma podemos sugerir que os dados relativos ao sujeito A, nos indicam a existência de uma forte relação entre esta RFR em regime de capacidade aláctica e o T400 (não sendo no entanto uma relação tão forte como as referidas anteriormente). No entanto, não podemos afirmar que tais processos se passem efectivamente desta forma – por um lado porque a hméd 0-15 não foi avaliada em teste exclusivo (os valores foram retirados do teste 30”CMJ), o que poderia proporcionar valores diferentes dos apresentados. Por outro lado, porque não consideramos em parte alguma deste estudo, qualquer forma de avaliação dos regimes metabólicos solicitados. Daí que não possamos afirmar efectivamente qual a contribuição dos sistemas energéticos solicitados, podemos sim deduzir teoricamente.

Do mesmo modo, também não sabemos se as melhorias se devem principalmente a incrementos de origem neuromuscular ou metabólica, ou das duas. Bosco (2000), sugere que em 30”CMJ se recrutem fundamentalmente fibras FTb e Fta , sendo que à medida que nos aproximamos do final do teste por fadiga daquelas, o trabalho passa a ser assegurado pelas ST. Com efeito, não sabemos se quando ocorrem melhorias neste teste, elas decorrem de uma menor fadiga das fibras FTb, ou se existe uma melhor resposta das restantes, aquando as primeiras entram em colapso. É bastante provável que se existir um incremento da hméd 30”CMJ com correspondente melhoria do valor de CMJ, e portanto mantendo-se ou diminuindo o índice de resistência, as alterações sejam ao nível das FTb. Pelo contrário se existir um incremento da hméd 30”CMJ com um decréscimo do valor de CMJ, e portanto um incremento do índice de resistência, as alterações sejam ao nível das Fta.

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Resumindo, o que podemos afirmar é que o Índice de Resistência (hmed/ hCMJ), a hmed 30”CMJ, a hméd 0-15, a hméd 15-30 se relacionaram de forma significativamente estatística com o T400, ou seja, à medida que o sujeito consegue manifestar mais força no teste 30”CMJ, consegue também correr os 400m mais rapidamente, pelo que se conclui que existe relação entre a Resistência à força elástico explosiva e o resultado na corrida de 400m.

 Novos estudos

Ainda que com este nosso trabalho, tenhamos conseguido dar resposta a algumas questões, outras se levantam para novas investigações, as quais em última análise terão sempre como propósito, os objectivos que norteiam a avaliação da força, a saber: verificar a importância relativa da força no rendimento desportivo, desenvolver o perfil do desportista e controlar o processo de treino (Sale, 1995; Reiß,1992; G. Badillo & Gorostiaga, 1999).

Desta forma, embora este estudo tenha demonstrado que existe uma forte correlação inter-sujeito entre a Resistência de Força explosiva e o resultado na corrida de 400m. Demonstrou também que no que se refere ao mesmo sujeito, não existe relação entre a Força explosiva e o rendimento na referida corrida. Com efeito, diversos estudos com corredores de velocidade parecem sugerir uma estreita relação entre estas duas variáveis (G. Badillo & Gorostiaga, 1999; Hennessy & Kilty, 2001; Miguel, 2002).

Assim, parece que a Força explosiva pode servir para discriminar sujeitos de nível diferenciado de rendimento na corrida de 400m. Ou seja, parece importante evidenciar um determinado nível de Força explosiva sob o qual se desenvolverá a Resistência de força.

Siff & Verkhoshansky (2000), referem-se às diferentes necessidades de força à medida que se alcança a maestria desportiva. Por outro lado, G. Badillo (2000) sugere que com diferentes níveis de manifestação de força pode conseguir-se o mesmo resultado, pelo que poderão existir outras qualidades ou capacidades a influenciar o rendimento. Sugere o mesmo autor que há que saber para cada caso (actividade ou atleta) quanta força desenvolver, por forma a que tenha o efeito desejado na execução técnica competitiva.

Na sequência do que anteriormente referimos, colocam-se as seguintes questões: - Como evoluem as manifestações de força ao longo da temporada com outros atletas?

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- Que relações entre as manifestações de força e o rendimento em 400m com uma amostra de grupo(s) (transversal)? E intra-individual com outros atletas (longitudinal)?

- Até que ponto desenvolver a Força explosiva?

- Será mais importante um nível médio de Força explosiva e um nível elevado de Resistência de força, ou vice-versa?

- Dependerá este último ponto, de atleta para atleta? - Que perfil de atleta desenvolver para correr os 400m?

- Que perfil para corredores de nível internacional (sub 47”) e de nível médio elevado (sub 49”)?

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VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1 - Características dos sujeitos que constituíram a amostra e respectivos recordes pessoais aos 400m (em 2001)

Sujeito Idade (anos) Altura (cm) Peso (kg) Rec400 (seg.)

A 20 182 72 47.15

B 19 180 71 49.47

53.15 (400barr)

C 18 178 66 49.83

Tabela 2 – Resultados médios e respectivos desvios obtidos pelos sujeitos em estudo

SA-2001 SA-2002 SB SC

Média SD Média SD Média SD Média SD

400m 47,83 0,59 48,26 0,33 49,79 0,11 50,72 1,13 CMJ (cm) 56,48 1,71 56,26 1,93 50,66 0,64 46,58 0,75 Força Reactiva Hmáx (cm) 45,34 4,25 41,18 4,10 50,20 1,95 40,06 2,22 Pmáx (watt/kg) 65,89 1,83 64,53 1,49 84,48 3,07 72,98 2,67 Hméd (cm) 41,19 4,67 38,93 3,81 47,29 1,83 36,84 2,68 Pméd (watt/kg) 61,09 1,34 59,15 1,23 77,66 2,21 66,04 1,90 Resistência de Força Hmed30CMJ (cm) 41,57 1,22 39,97 0,93 39,06 0,82 33,82 0,58 Hméd 0-15 (cm) 44,23 1,68 42,48 0,81 41,36 0,57 36,52 1,00 Hméd 15-30 (cm) 39,01 1,19 37,60 1,19 36,85 1,10 31,15 0,44 Pmed30CMJ (watt/kg) 28,73 0,55 28,72 0,68 27,85 1,16 27,12 0,89 Pméd 0-15 (watt/kg) 30,63 0,47 30,62 0,70 29,41 1,45 29,58 1,07 Pméd 15-30 (watt/kg) 26,83 0,83 26,86 0,76 26,29 1,03 24,85 1,06 Índice Resistência (%) hmed30/hCMJ 74,05 3,87 71,08 1,85 77,45 1,20 72,63 1,09 h(0-15)/hCMJ 78,80 4,70 75,57 2,27 82,03 0,40 78,41 1,95 h(15-30)/h(0-15) 88,27 3,31 88,50 2,13 89,07 2,01 85,34 2,15

Índice Fadig.- Perca Pot

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Figura 1 – Sequência fotográfica do Teste CMJ

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CMJ 40 45 50 55 60

Abril Maio Junho Jul.(0-15) Jul.(15-30) (cm)

Suj A 01 Suj A 02 Suj B 01 Suj C 01

Figura 3 – Evolução da capacidade de salto (no teste CMJ) dos três sujeitos em estudo, durante os anos de 2001 e do Sujeito A no ano de 2002

Sujeito B 50 60 70 80 90 100 1-Abr 16-Abr 1-Mai 16-Mai 31-Mai 15-Jun 30-Jun 15-Jul 30-Jul 2001 (Watt/kg)

Figura 4 – Evolução da Potência Reactiva do Sujeito B durante a época de 2001

Sujeito A R2 = 0,8288 38,0 39,0 40,0 41,0 42,0 43,0 44,0 47,00 47,20 47,40 47,60 47,80 48,00 seg. cm

Figura 5 – Relação entre a elevação média do c.g. obtida no teste de 30”CMJ e a performance em competições de 400m pelo Sujeito A (p<0.05)

Referências

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