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Resumo Expandido. Efeito tempo da fecundidade em Belo Horizonte: Um olhar a partir das Regionais Administrativas

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Academic year: 2021

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Resumo Expandido

Efeito tempo da fecundidade em Belo Horizonte: Um olhar a partir

das Regionais Administrativas

Abstract

The Municipality of Belo Horizonte, located in Minas Gerais, Brazil, is composed of nine administrative regions. This paper proposes to analyze the postponement of fertility in Belo Horizonte using the Bongaarts and Feeney model (B-F), and thus verify if there is in fact a transition of postponement among of the administrative regions that make up the city. In addition, it is intended to verify the effect of education on the age at which women have the first child in each administrative region of Belo Horizonte city. To this end, we use data on births by parity order of the Brazilian Demographic Censuses of 2000 and 2010. The B-F model will be used to calculate the Total Fertility Rate (TFR) that would have been observed had there been no change in the fertility tempo. Preliminary results show that, despite the fact that fertility rates are low at all regional levels, there are differences between them that may be determined by different socioeconomic contexts that condition divergences in the stages of postponement of fertility.

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1. Introdução

O adiamento do primeiro nascimento ocorreu na maioria dos países europeus há algumas décadas (D´Albys, 2017). O adiamento muitas vezes era associado com o fato de que mais mulheres iam para a universidade e ocupavam empregos, e que, consequentemente, desejavam ter menos filhos (Becker, 1981). Outros autores como McDonald (2003) argumentam que o adiamento do primeiro nascimento não somente era causado por investimentos educacionais e de carreira, mas também pela incerteza econômica o que levou a uma maior falta de filhos e a um menor tamanho da família na Europa.

O Brasil passou por um rápido e generalizado processo de transição da fecundidade durante a segunda metade do século XX, sem o prenúncio de mudanças sócio-econômicas estruturais e de políticas de planejamento familiar explícita (Ribeiro; Garcia, 2016).

A queda da idade média da fecundidade foi acentuada na década de 1980, principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Na década de 1990 a queda continuou e foi mais acentuada nas regiões Norte e Nordeste. Entre 2000 e 2010, nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste observou-se aumento da idade média da fecundidade, tendência também observada para o Brasil como um todo(Ribeiro; Garcia, 2016).

Não se conhecem estudos que abordaram esta temática no nível microrregional no contexto brasileiro, daí que neste trabalho se analisará o adiamento da fecundidade em Belo Horizonte usando o modelo Bongaarts e Feeney (1998) (B-F), e assim verificar se de fato está ocorrendo uma transição do adiamento entre as nove regionais administrativas1 que compõem a cidade.

Adicionalmente se pretende constatar o efeito da educação na idade em que as mulheres têm o primeiro filho em cada regional administrativa de Belo Horizonte2. Para tal fim, serão empregados os dados sobre nascimentos por ordem de parturição dos Censos Demográficos brasileiros de 2000 e 2010.

1

O município de Belo Horizonte está dividido em nove administrações regionais (Barreiro, Centro-Sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova), cada uma delas, por sua vez, divididas em bairros.

2

Para mais informação do município de Belo Horizonte consultar o site:

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2. Metodologia

Segundo Miranda-Ribeiro (2007) a lógica da definição do “efeito tempo” do modelo(B-F), apesar de conceitualmente diferente, está fortemente relacionada com a idéia de „translação demográfica‟, introduzida por Ryder (1964, 1980).

O conceito de tempo de B-F refere-se somente a medidas de período e diz respeito às variações na idade média da fecundidade, ocorridas durante o período em que a TFT é medida (Miranda-Ribeiro, 2007).

B-F Assumem que a fecundidade pode ser influenciada pelo período, a idade, a parturição e duração desde o último nascimento, mas não pela coorte.

(1) TFR'tTFRt /(1rt)

A fórmula (1) torna possível ajustar a TFT observada em qualquer ano dado pelos efeitos atribuíveis à mudança no tempo da fecundidade. Onde TFR é a TFT t observada em qualquer ano, r é a mudança na idade média em idade fértil na t

ordem i entre o início e final do ano, e TFR'té a TFT que teria sido observada caso não houvesse mudança no tempo.

A priori, a relação entre idade média ao primeiro filho e a fecundidade é negativa, toda vez que uma maior idade em que as mulheres teriam o primeiro filho reduziria o período reprodutivo restante que elas teriam para continuarem tendo filhos. No entanto, trabalhos recentes (Sobotka, 2011; Boongarts; Sobotka, 2012) ressaltam que essa relação inversa pode não ocorrer de forma tão clara, e até mesmo, ambas variáveis se moverem na mesma direção.

Nesse sentido, estes autores (Sobotka, 2011; Bongaarts; Sobotka, 2012) destacam o processo de "recuperação" presumivelmente conduzido por uma coorte em idades mais avançadas, o que pressupõe que as coortes de as mulheres que reduziram a fecundidade em idades mais jovens tentarão "compensar" pelo menos uma parte de seu declínio, a fim de realizar suas intenções de maternidade.

Claramente, o uso de um indicador de período como a TFT pode prejudicar a nossa análise. Por exemplo, um aumento da idade no primeiro nascimento pode muito bem reduzir a fecundidade entre as mulheres jovens, sem necessariamente aumentá-la entre as mulheres mais velhas pertencentes a coortes mais velhas, não afetadas pelo adiamento do nascimento. Isso implicaria uma redução da TFT de período.Como mostrado por D´Albys(2017), a falta de vínculo entre a idade ao primeiro filho e a TFT pode ser devido aos efeitos de uma brecha no efeito tempo

(4)

entre asregiões podendo acontecer que não estejam todas no mesmo estágio em termos de adiamento da fecundidade. Se algumasregiões de alta fecundidade começaram a adiar o nascimento mais cedo do que outras, eles podem mostrar níveis de fecundidade mais altos, simplesmente porque o processo de adiamento começou antes, em comparação com outras onde o processo de adiamento começou mais tarde.

Precisamente, a comparação de dois Censos demográficosconsecutivos (2000 e 2010) possibilitará medir em quais regionais de Belo Horizonte o adiamento começou antes e em quais aconteceu mais tarde.

3. Resultados & Discussão

O panorama atual belorizontino exibe baixas taxas de fecundidade em todas as regionais administrativas (Anexos: Tabela 1). As TEFs deixam claro, a tendência de uma fecundidade menor para as idades jovens e da concentração dos nascimentos nas idades mais velhas do período reprodutivo, especialmente entre 25 e 35 anos3 (Anexos: Gráfico 1).

Não obstante, mesmo sendo observadas baixas taxas de fecundidade em todas as regionais, existem diferenças entre elas que podem estar determinadas por contextos socioeconômicos diferentes que condicionam divergências no que tange às etapas de adiamento da fecundidade. De fato, aquelas regionais de maior desenvolvimento econômico (Centro Sul, por exemplo) apresentam uma idade média da fecundidade mais alta, este fenômeno poderia estar indicando uma maior postergação da fecundidade, diferentemente de outras regionais com menor desenvolvimento socioeconômico nas quais éobservada uma menor idade média, como ocorre no caso da região Norte.

Adicionalmente vemos (na tabela 1 dos anexo) como as regionais que mantiveram um maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)4, também apresentaram as idades médias ao primeiro filho mais altas, este é o caso das Regionais Centro Sul e Pampulha. Este comportamento evidencia que o adiamento da fecundidade seja uma resposta ao desenvolvimento econômico e social de cada Regional Administrativa.

3

Diagnóstico sobre o envelhecimento da população do Município de Belo Horizonte, Cedeplar2017

4

O índice de Desenvolvimento Humano é um un indicador sintético dos ganhos médios obtidos nas dimensiones saúde, educação e renda

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TABELA 1: TFT por ordens de nascimento e ajuste de B-F, Belo Horizonte, 2000-2010

Ordem

TFRi ∆TFRi TFRi

adjust (ri)

TFRi2000 TFRi2010 TFRi2010-

TFi2000 TFRiajust 1º 0,728 0,632 -0,096 0,636 0,007 2º 0,482 0,388 -0,095 0,392 0,010 3º 0,240 0,135 -0,106 0,135 0,003 4º 0,189 0,068 -0,122 0,068 0,008 Total 1,640 1,222 -0,418 1,231 Variação -0,76%

Fonte: Elaboração própria

Para o município de Belo Horizonte em geral o adiamento da fecundidade provocou uma redução menor de 1% na TFT de período, o que estaria nos dizendo que não fossem as mudanças na idade média da fecundidade entre 2000 e 2010 a TFT seria 0,76% maior. Posteriormente serao analisados os resultados para todas as regionais administrativas.

4. Referências Bibliográficas

BECKER, G. Altruism in the Family and Selfishness in the Market Place. Economica, v. 48, n. 189, p. 1-15, 1981. BONGAARTS, J; FEENEY, G.On the quantum and tempo of fertility. Populationanddevelopmentreview, p. 271-291, 1998.

BONGAARTS, J; SOBOTKA, T. Demographic explanation for the recent rise in European fertility. Population and

Development Review, v. 38, n. 1, p. 83-120, 2012.

D'ALBIS, H; GREULICH, A; PONTHIÈRE, G.Education, labour, and the demographic consequences of birth postponement in Europe. Demographic Research, v. 36, p. 691-728, 2017.

MCDONALD, P. Low fertility and the state: The efficacy of policy. Populationanddevelopmentreview, v. 32, n. 3, p. 485-510, 2006.

MIRANDA-RIBEIRO, A de et al. Reconstrução de histórias de nascimentos a partir de dados censitários: aspectos teóricos e evidências empíricas. 2007.

SOBOTKA, T et al. Postponement and recuperation in cohort fertility: Austria, Germany and Switzerland in a European context. Comparative Population Studies, v. 36, n. 2-3, 2012.

DE MIRANDA-RIBEIRO, A; GARCIA, R. Transições da fecundidade no Brasil: uma análise à luz dos diferenciais por escolaridade. Anais, p. 1-17, 2016.

Anexos

GRÁFICO 1 Taxas Específicas de Fecundidade– Tabela 1. Idade Média da Fecundidade e TFT. Regionais Administrativas de Belo Horizonte, 2015

Fonte: SINASC/DATASUS.

Tabela 1: TFR, Idade Média ao Primeiro Filho, Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) – Belo Horizonte por regionais administrativas2000, 2010

Regional TFT (2010) Idade ao primeiro Filho Idade média Fecundidade IDH 2000 2010 2010 2000 2010 Barreiro 1,66 25,44 25,00 27,5 0,66 0,74 C. Sul 1,42 25,35 27,85 30,1 0,85 0,91 Leste 1,27 26,11 25,88 28,3 0,74 0,83 Nordeste 1,7 26,57 28,34 28,3 0,72 0,80 Noroeste 1,35 24,24 26,95 28,3 0,75 0,82 Norte 1,56 23,61 25,41 27,4 0,66 0,75 Oeste 1,62 26,03 26,92 29,5 0,76 0,84 Pampulha 1,24 24,78 28,92 29,9 0,77 0,85 Venda Nova 1,79 25,58 27,19 28,0 0,66 0,76 Fonte:Censo 2000, Censo 2010, PNUD, IPEA e FJP, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 (disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br)

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 15 20 25 30 35 40 45 50 TEF Idade Barreiro Centro-Sul Leste Nordeste Noroeste Norte Oeste Pampulha Venda Nova

Referências

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