DO MÉTODO PILATES
Luciana Araújo dos Reis *
Claudio Henrique Meira Mascarenhas **
Joalise Eliote Lyra ***
RESUMO Objetivo: Avaliar a qualidade de vida em idosos
praticantes e não praticantes do Método Pilates Métodos: Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo com abordagem quantitativa tendo como amostra trinta idosos de ambos os sexos, com idade equivalente ou superior a 60 anos, divididos em dois grupos de 15 idosos (praticantes de Pilates- GP e não praticantes do Pilates- GC). O instrumento de coleta foi constituído por um questionário com questões
sócio-demográficas e saúde, e um segundo
instrumento, o Questionário Whoqol-Old, validado e traduzido, o qual mede a Qualidade de Vida em idosos. Os dados foram analisados no Programa Estatístico SPSS versão 13.0 através de análise descritiva. Resultados: Em relação ao sexo, verificou-se uma maior frequência do sexo feminino em ambos os grupos, sendo 66,67% para GP e 80% para o GC. Em relação à ocupação e escolaridade, verificou-se que no GP 80,00% dos idosos eram aposentados e 66,67% possuíam 2º grau completo, já o GC constatou-se que 66,67% eram aposentados e 53,33% tem o 2º incompleto. Já na avaliação da Qualidade de Vida, dentre as facetas do Whoqol-Old verificou-se que o GP apresentou médias mais elevadas na maioria das facetas exceto na faceta “Morte e Morrer” em relação ao GC. Conclusão: A prática do Pilates parece ser um método que pode influenciar a Qualidade de Vida dos idosos praticantes.
Palavras-chave: Atividade Física. Idoso. Qualidade de Vida.
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* Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. e-mail: cianareis@hotmail.com. ** Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; Fisioterapeuta, especialista em Saúde Pública, docente do Curso de Fisioterapia da UESB, mestrando em Enfermagem e Saúde. e-mail: claudio12fisio@hotmail.com *** Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Fisioterapeuta.1 INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é um fenômeno progressivo e irreversível,
sendo caracterizado por diversas
alterações morfológicas, fisiológicas, funcionais e bioquímicas. Dentre as alterações fisiológicas, destacam-se a diminuição da massa magra, força e flexibilidade, os quais associados resultam em diminuição do equilíbrio, postura, desempenho funcional dificultando a realização das Atividades de Vida Diária (AVD’s) do idoso, consequentemente aumentando o risco de quedas e comprometendo a Qualidade de Vida (QV) (PAPALÉO NETTO, 2002; PIRAÍ, 2003).
Estas mudanças fisiológicas
decorrentes do envelhecimento podem ser atenuadas ou até revertidas pela
realização de atividade física. Os
principais motivos relacionados com o início da atividade física regular em idosos são o controle ou perda de peso,
diminuição dos riscos de doenças
crônicas comuns a esta faixa etária, melhoria da capacidade funcional, melhor contato social, resultando em uma maior autonomia do idoso (ALMEIDA, 2005).
A atividade física mais correta para esta faixa etária tem que ser de baixa a média intensidade, baixo impacto e longa
duração. As mais indicadas são
caminhada, natação, hidroginástica,
dança e ultimamente vêm surgindo um grande interesse pelo Método Pilates (SACCO et al., 2005).
O Método Pilates é uma boa alternativa na prática de atividade física em idosos porque tem como objetivo principal o fortalecimento e alongamento
simultaneamente da musculatura,
despertando a consciência corporal.
Alguns especialistas referem-se ao Pilates como a condição de ginástica mais eficiente de todos os tempos (SACCO et al., 2005; MATSUDO; MATSUDO; LEITE, 2001).
Os benefícios do Método Pilates para os idosos incluem aumento da densidade óssea, melhoria da flexibilidade nas articulações e postura, aumento da capacidade respiratória e cardiovascular,
proporcionando satisfação total aos
praticantes que desejam obter melhoria da QV (BLUM, 2002; MUSCOLINO, 2004).
Embora o conceito de QV varie de acordo a época, país, cultura, classe
econômica e até estado de humor 9, existem algumas definições “como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (PASCHOAL, 2004).
Os principais fatores que afetam a QV nos idosos são: alterações cognitivas,
depressão, aumento ou diminuição
excessivo da massa corpórea, baixa freqüência de contatos sociais, baixo nível de atividade física, percepção de saúde deficiente, tabagismo, distúrbios visuais (KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987; SOUZA; ARAÚJO; MARCHIORI, 2000).
O envelhecimento é uma fase marcada por doenças, seqüelas e perdas funcionais importantes resultando em dependência e perda da autonomia, ocasionando implicações diretas no bem-estar e qualidade de vida do idoso. A terceira idade representa o grupo etário que mais sofrem com as diferenças físicas, mentais, sociais e psicológicas, tornando as medições da QV mais vulneráveis (KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987; PIRAÍ, 2003).
A relevância em analisar a QV em idosos, neste estudo, surge diante da
necessidade de dados que fundamentem medidas governamentais e populacionais para que haja mudanças no sistema de saúde. Neste contexto, o fisioterapeuta deve estar qualificado quanto ao uso de técnicas apropriadas para atender as necessidades desta faixa etária e as
patologias que mais acometem,
favorecendo uma condição adequada de vida (KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987; CAMARANO, 2002).
Com base no exposto acima, este estudo tem por objetivo avaliar a QV em idosos praticantes e não-praticantes do Método Pilates, com o intuito de verificar a influência do Método Pilates na QV dos idosos praticantes.
2 MÉTODOS
Trata-se de um estudo de caráter descritivo com abordagem quantitativa (CERVO; BERGAIN, 1996). A população dos idosos praticantes do Método Pilates cadastrados nas clínicas de Fisioterapia de Jequié/BA que oferecem este serviço totalizava 29 indivíduos durante o período de Dezembro de 2009 a Abril de 2010.
Considerando o parâmetro de amostragem equivalente a seleção de
cinqüenta por cento mais, selecionou-se 15 idosos praticantes do Pilates (GIL, 2002), sendo adotado como critério de inclusão ter o Pilates selecionou-se como única atividade física, por pelo menos um mês.
Para compor o grupo Controle -GC- idosos não praticantes do Método Pilates- selecionou-se 15 indivíduos cadastrados
na Unidade de Saúde Almerinda
Lomanto, desde que estes não
praticassem nenhuma atividade física no último mês. A amostra do estudo foi selecionada de forma aleatória simples e com reposição.
Para ambos os grupos considerou-se ainda como critério de inclusão:
aqueles com idade equivalente ou
superior a 60 anos, de acordo com o critério adotado pela Organização Mundial de Saúde, lúcidos e orientados, de ambos os sexos, que concordaram e tiveram
disponibilidade para participar da
pesquisa (INSTITUTO BRASILEIRO..., 2000).
Não foi verificado nenhum
protocolo para idosos nas clínicas de Jequié que oferecem este serviço. Para a coleta de dados, primeiramente utilizou-se uma entrevista estruturada composta
pelos dados sociodemográficos (sexo, idade, ocupação e nível de escolaridade) e de saúde (problemas de saúde, tipo de problema de saúde, uso de medicação). Em seguida, foi aplicado o questionário WHOQOL-OLD desenvolvido para avaliar a QV em idosos, considerando que os instrumentos utilizados em jovens não são apropriados para esta faixa etária.
O Questionário genérico
WHOQOL-OLD (WORLD HEALTH...,
c2003) desenvolvido pelo grupo de QV da OMS e que tem por finalidade medir a percepção dos indivíduos a respeito do impacto que as doenças causam em suas vidas. Este Questionário consta de 24 itens, com resposta por escala tipo Likert de 1 a 5, divididos em seis facetas. Cada faceta é composta por quatro itens, gerando, então, escores que variam de 4 a 20 pontos. Os escores das seis facetas, combinados com as respostas aos 24 itens, geram um escore total. Tais facetas
são: funcionamento dos sentidos;
autonomia; atividades passadas,
presentes e futuras; participação social; morte e morrer e intimidade. A obtenção do escore total deriva da soma dos 24 itens e não depende do agrupamento por facetas.
A faceta “Funcionamento do
Sensório” avalia o funcionamento do
sensorial e o impacto da perda das habilidades sensoriais na QV. A faceta “Autonomia” refere-se à independência na velhice. A faceta “Atividades presentes, passadas e futuras” descreve a satisfação das conquistas na vida e as coisas que anseia. A faceta “Participação Social” delineia a participação em atividades do cotidiano. A faceta “Morte e morrer”
relaciona-se com as preocupações,
inquietações e temores sobre a morte e a
última faceta “Intimidade” avalia a
capacidade de se ter relações íntimas e pessoais.
Cabe destacar que a escala é auto-aplicável, no entanto, alguns idosos
envolvidos neste estudo receberam
auxílio dos pesquisadores para
responderem tal instrumento, pois
apresentavam limitações físicas como tremores das mãos, diminuição da acuidade visual e auditiva.
Os procedimentos de coleta de
informações foram instituídos após
aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB (Protocolo nº
155/2008), obedecendo à
Resolução196/96 que trata das pesquisas realizadas em seres humanos. Para participar da pesquisa voluntariamente o idoso ou seu responsável assinaram um
Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
Os dados coletados foram
organizados em banco de dados
eletrônicos por meio de digitação em planilha do Programa Estatístico SPSS
versão 13.0, sendo posteriormente
realizada análise estatística descritiva por meio de média, desvio padrão, intervalo de confiança, mediana e freqüência relativa.
3 RESULTADOS
Foram avaliados 30 idosos, sendo divididos em 2 grupos: GP (praticantes de Pilates, 15 idosos) e GC (não-praticantes de Pilates, 15 idosos). Dos idosos praticantes de Pilates houve uma maior distribuição de idosos do sexo feminino (66,67%), aposentados (80,00%) e com 2º grau completo (66,67%). Nos idosos não praticantes do Pilates encontrou-se uma maior freqüência do sexo feminino (80,00%), aposentados (66,67%) e com 2º incompleto (53,33%).
Tabela 1- Distribuição dos idosos praticantes e não praticantes do Pilates segundo as variáveis sociodemográficos. Jequié/BA, 2010.
Idosos Praticantes do Pilates Idosos não Praticantes do Pilates n % n % Sexo Masculino 5 33,33 3 20,00 Feminino 10 66,67 12 80,00 Ocupação Aposentad o 12 80,00 10 66,67 Dona de casa 1 6,67 5 33,33 Professora 1 6,67 Funcionária pública 1 6,67 Grau de Escolarida de Analfabeto 4 26,67 1º completo 2 13,33 2 13,33 2º incompleto 2 13,33 8 53,33 2º completo 10 66,67 1 6,67 3º grau em andamento 1 6,67 Total 15 100,00 15 100,00
Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
Em relação às condições de saúde, verificou-se que a maior parte dos idosos
praticantes de Pilates apresentava
problemas de saúde (60,00%), sendo as patologias mais freqüentes a Hipertensão arterial sistêmica/HAS e distúrbio da tireóide (40,00%) e apenas 33,33% faziam uso de medicação controlada. Os idosos não praticantes de Pilates em sua maioria possuíam problemas de saúde
(86,67%), sendo a HAS a patologia de maior distribuição e 80,00% faziam uso de medicação controlada.
Tabela 2 - Distribuição dos idosos praticantes e não praticantes do Pilates segundo as condições de saúde. Jequié/BA, 2010.
Idosos Praticantes do Pilates Idosos não Praticantes do Pilates n % n % Problema s de Saúde Sim 9 60,00 13 86,67 Não 6 40,00 2 13,33 Tipos de problemas HAS 6 40,00 8 53,33 Artrose 1 6,67 2 13,33 Cardíaco 1 6,67 1 6,67 Não 1 6,67 2 13,33 Distúrbio na tireóide 6 40,00 2 13,33 Uso de medicaçã o Sim 5 33,33 12 80,00 Não 10 66,67 3 20,00 Total 15 100,00 15 100,00
Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
Na distribuição da pontuação dos domínios do Whoqol-Old os idosos praticantes de Pilates apresentam maior comprometimento da qualidade de vida no domínio autonomia (60,00%).
Tabela 3 - Distribuição dos idosos praticantes do Pilates segundo os domínios do WHOQOL-Old. Jequié/BA, 2010. n % Funcionamento do sensório ≥ 37,50 pontos 8 53,33 < 37,50 pontos 7 46,67 Autonomia ≥ 81,25 pontos 6 40,00 < 81,25 pontos 9 60,00
Atividades passadas, presentes e futuras ≥ 75,00 pontos 8 53,33 < 75,00 pontos 7 46,67 Participação social ≥ 68,75 pontos 8 53,33 < 68,75 pontos 7 46,67 Morte e morrer ≥ 12,50 pontos 9 60,00 <12,50 pontos 6 40,00 Intimidade ≥ 75,00 pontos 9 60,00 <75,00 pontos 6 40,00 Total 1 5 100,0 0 Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
A maioria dos idosos não
praticantes do Pilates apresentou menor comprometimento em todas as facetas do Whoqol-Old.
Tabela 4 - Distribuição dos idosos não-praticantes do Pilates segundo os domínios do WHOQOL-Old. Jequié/BA, 2010. n % Funcionamento do sensório ≥ 43,75 pontos 8 53,33 < 43,75 pontos 7 46,67 Autonomia ≥ 56,25 pontos 1 0 66,67 < 56,25 pontos 5 33,33 n % Atividades passadas, presentes e
futuras ≥ 62,50 pontos 1 1 73,33 < 62,50 pontos 4 26,67 Participação social ≥ 62,50 pontos 8 53,33 < 62,50 pontos 7 46,67 Morte e morrer ≥ 25,00 pontos 1 2 80,00 < 25,00 pontos 3 20,00 Intimidade ≥ 56,25 pontos 1 0 66,67 < 56,25 pontos 5 33,33 Total 1 5 100,0 0 Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
Quanto à pontuação do
Whoqol-Old, constatou-se que os idosos
praticantes do Pilates apresentaram
maiores médias nas facetas da qualidade de vida do que os idosos não-praticantes, com exceção do domínio Morte e Morrer em que os idosos não-praticantes de Pilates apresentaram média maior (29,16 pontos).
Tabela 5 - Distribuição dos idosos não-praticantes do Pilates segundo os domínios do WHOQOL-Old. Jequié/BA, 2010. n Mé dia Desvio-padrão IC(9 5%) Idosos praticantes de Pilates Funcionamento do Sensório 1 5 45, 83 11,96 39,2 Autonomia 1 5 115 ,83 141,47 37,4 9 Atividades passadas, presentes e futuras 1 5 110 ,41 142,86 31,2 9
n Mé dia Desvio-padrão IC(9 5%) Participação Social 1 5 109 ,58 143,16 30,3 Morte e Morrer 1 5 11, 25 8,25 6,68 Intimidade 1 5 72, 08 9,1 67,0 4 Idosos não-praticantes de Pilates Funcionamento do Sensório 1 5 31, 67 12,38 24,8 1 Autonomia 1 5 57, 50 15,88 48,7 Atividades passadas, presentes e futuras 1 5 57, 50 15,88 48,7 Participação Social 1 5 59, 58 23 46,8 4 Morte e Morrer 1 5 29, 16 10,99 23,0 7 Intimidade 1 5 59, 16 13,74 51,5 5 Fonte: Dados da Pesquisa (2011)
4 DISCUSSÃO
A atividade física é associada com
aumento da expectativa de vida,
diminuição do risco de doenças cardíacas, controle da pressão arterial, diabetes, obesidade e melhoria da qualidade de vida (ANDERNSEN et al., 2000; GARCIA; CARVALHO, 2003). Porém, existe uma escassez de artigos que abordem a influência da atividade física na QV em idosos utilizando um instrumento validado e confiável, o que limita a análise comparativa dos resultados destes artigos com os obtidos no presente estudo (GORGIA et al., 2007).
Neste estudo verificou-se, em relação ao sexo, que há uma prevalência do sexo feminino em ambos os grupos. Este fato é confirmado pelos estudos de Garcia e Carvalho (2003) e Zaitune et al (2006), que no Brasil há uma maior quantidade de mulheres na faixa etária idosa e que esta diferença acentua-se
com o avanço da idade, sendo
considerada proporção de 118 mulheres para cada 100 homens entre 65 até 69 anos e de 141 para 100 na faixa etária de 80 anos acima. Esta superioridade em números das mulheres idosas pode ser atribuída à maior tendência para o auto-cuidado, menor exposição aos fatores de risco como tabagismo e uso de álcool e fatores ocupacionais e maior assistência médica.
Em relação à ocupação, verificou-se que a maioria dos idosos deste estudo é aposentada, sendo encontrada em quantidade mais expressiva no GP. Estes dados são corroborados com os dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o qual relata que cerca de 40% da renda familiar do Nordeste é proveniente de aposentadoria. A literatura afirma haver uma correlação entre renda e QV, sendo que os idosos com menor
poder aquisitivo tendem a apresentar
piores condições de saúde e
consequentemente um comprometimento da QV (GORGIA et al., 2007; SOUZA; GALANTE; FIGUEIREDO, 2003).
Em relação à escolaridade, foi verificado que apenas uma pequena parcela dos idosos entrevistados é analfabeta. Sendo este fato contraditório com a realidade do Nordeste brasileiro
que constata taxas elevadas de
analfabetismo entre os idosos.
Coincidentemente, os idosos analfabetos fazem parte do grupo que não pratica Pilates-GC (INSTITUTO BRASILEIRO, 1998).
Observou-se, no presente estudo, que existe uma maior prevalência de HAS e uso de medicamento no grupo que apresenta menor grau de escolaridade e que não pratica o Método Pilates. Os estudos de Silva e Rezende (2006) e
Vargas, Ingram e Gillum (2000)
apontaram que indivíduos com menor escolaridade estariam mais propensos à depressão, estresses pelas dificuldades do cotidiano, aumentando os níveis de catecolaminas e com isso a freqüência cardíaca e pressão arterial.
No estudo de Zaitune et al (2006), relatou que idosos hipertensos e com maior nível de escolaridade reconhecem que modificações no estilo de vida como atividade física e dieta interferem no controle da HAS, resultam em uma inclusão de atividade física no seu cotidiano.
Observou-se na literatura, que além de reduzir a HAS, a atividade física também exerce influência no uso ou dose de medicamentos utilizados (SOUZA;
GALANTE; FIGUEIREDO, 2003). Os
indivíduos sedentários podem conseguir a redução da pressão arterial se realizarem atividade física, porém não é consenso o
tipo e quantidade de exercícios
necessária para exercer tal efeito
(GARCIA; CARVALHO, 2003).
A Hipertensão arterial foi a
patologia de maior frequência em ambos os grupos, porém mais acentuada no GC, sabe-se que HAS constitui um fator de risco para doenças cardiovasculares e é associada à incapacidade e dependência destes idosos, refletindo negativamente na QV (ZAITUNE et al., 2006; SOUZA;
GALANTE; FIGUEIREDO, 2003). A
atividade física está associada à melhora da saúde, à redução da morbidade e da
mortalidade. Ela aumenta a capacidade funcional e repercute positivamente num
dos fatores mais preocupantes do
envelhecimento: a dependência funcional (GARCIA; CARVALHO, 2003).
O GP teve desempenho superior na maioria das facetas do questionário Whoqol-Old, exceto na faceta “Morte e Morrer” em relação ao GC, demonstrando que a atividade física influencia no estado emocional, melhora a auto–estima e ainda proporcionam a oportunidade aumentar relações sociais (MONTEIRO; D. FILHO, 2004; CUSTÓDIO et al., 2009).
As facetas que apresentaram
maiores médias do GP em relação ao GC foram Autonomia, Atividades passadas, presentes e futuras e participação social. Estes resultados são consistentes com os dados da pesquisa de Tribess e Virtuoso (2004), que mostraram a importância da atividade física na melhora da QV e independência dos idosos.
A média da faceta “Morte e morrer” do GP foi a faceta mais insatisfatória. Esta faceta avalia as inquietações e medos sobre a morte e o morrer. Porém, a forma de encarar a morte é algo muito pessoal e pode sofrer influência da Fé que cada
idoso apresenta. Este achado foi também verificado no estudo de Dornelas (2007).
As facetas menos favoráveis do GC em relação ao GP foram Autonomia e Participação Social, sendo justificada pela dependência e tendência de isolamento dos idosos podendo ser associada às limitações impostas pelo envelhecimento (CUSTÓDIO et al., 2009; ARAÚJO; COUTINHO; CARVALHO, 2005).
No estudo realizado por Laukkanen et al citado Matsudo et al 6, que avaliou o nível de atividade física de idosos com 75 a 80 anos de idade por 5 anos, observaram claramente que os indivíduos fisicamente ativos apresentaram melhores
condições de saúde e capacidade
funcional que os que não praticavam atividade física, refletindo em uma melhoria da qualidade de vida.
Para avaliar a QV, é preciso conhecer as
variáveis que interferem direta ou
indiretamente na mesma. Por isso, relata-se que este estudo aprerelata-senta como limitações: escassez de estudos que abordem a mesma temática, falta de conhecimento do perfil socioeconômico, medidas antropométricas, hábitos de vida como tabagismo e consumo de álcool. Desta forma, sugere-se que novos
estudos sejam realizados com o conhecimento destas variáveis, com intuito de melhor caracterizar a qualidade de vida de idosos praticantes e não praticantes do método Pilates.
4 CONCLUSÃO
O fato de que neste estudo, o grupo de Pilates ter apresentado maiores médias na maioria das facetas do questionário aplicado, fomenta a hipótese de que o Pilates pode ter influenciado
neste resultado, o que repercute em uma melhora na Qualidade de Vida como um todo.
No entanto, as pesquisas que controlem um maior número de variáveis pertinentes ao conhecimento do cotidiano dos idosos estudados aliadas à avaliação da QV e com uma amostra maior são necessárias para confirmar os resultados deste estudo e para que medidas efetivas possam ser tomadas.
AVALIATION OF THE QUALITY OF LIFE IN ELDERLY PRACTIONERS AND NO PRACTIONERS OF THE PILATES METHOD
ABSTRACT Objective: Evaluate the Quality of Life in elderly practitioners and non practitioners of the Pilates Method Methods: This is about a descritive character research with quantitative approach with a sample of thirty elderly men and women, aged more than or equal to 60 years, separeted in two groups of 15 old-aged (practitioners of Pilates-GP and non-practitioners-GC ). The collection tool was a questionnaire consisting of questions with health and socio-demographic, and a second tool, the Whoqol-Old Questionnaire, validated and translated, which measures the quality of life in the elderly. The data were analyzed with SPSS version 13.0 statistical program through descriptive analysis. Results: In relation to gender, there was a predominance of females in both groups, being 66.67% for GP and 80% for the GC. In relation to occupation and education, found that the GP 80.00% of the old-aged are retired and 66.67% have complete high school GC has found that 66.67% and 53.33% have incomplete high school. Already in the quality of life among the facets of the Whoqol-Old it was found that the GP had the highest average in most aspects except in the face "Death and Dying" in the GC. Conclusion: The practical one of the Pilates seems to be a method that can influence the Quality of Life of the elderly practitioners.
Keywords: Physical Activity. Elderly and Quality of Life. Artigo recebido em 09/11/2010 e aceito para publicação em 02/11/2011
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