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TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES

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Academic year: 2021

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TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES

- Obrigações: nem tudo o que parece ser obrigação o é no mundo jurídico (Ex: dever de fidelidade do casamento não é uma obrigação → não se tem como valorar). Obrigação, segundo Washington de Barros, possui alguns elementos, quais sejam: • Elementos Constitutivos:

1) Sujeitos (Ativo = posição de exigência do crédito – credor / Passivo = sobre quem recai o ônus de ter que cumprir o débito = devedor);

2) Vínculo Jurídico (relação jurídica ou liame de direito que configura o direito do credor de exigir o cumprimento da obrigação);

3) Objeto da Obrigação: não é sinônimo da coisa e sim da prestação – conduta humana de dar (+), fazer (+) ou não fazer (-). O objeto deve preencher alguns requisitos: a) ser lícito (de acordo com a lei, com a moral e com os bons costumes); b) possível (de fato e de direito); c) determinado ou determinável (aquele que está especificado desde o início, ou aquele que não se tem as características no início mas que até o cumprimento final da obrigação será reconhecido); d) e que seja passível de valoração pecuniária (o contrato de um casamento, contudo, se houver cláusula de fidelidade, poderá ser valorado, surtindo efeitos).

- Obrigações são direitos pessoais (entre pessoas) – relação pessoa – pessoa. A natureza das obrigações, portanto, é pessoal, e apresenta caráter transitório (tem um fim).

NASCEM DESENVOLVEM EXTINGUEM

Vínculo jurídico Dar Fazer Não Fazer Amigável ou Judicialmente

- a execução não é pessoal, e sim patrimonial - deriva da Lei Petélia Papiria, do século IV a.C (desde o advento desta Lei o inadimplemento não visa mais atingir à pessoa – se não pagasse a obrigação era “paga” com o próprio corpo). No Direito Romano, a obrigação era chamada de nexum. Obrigação= a diferença está no inadimplemento: a execução é patrimonial (não recai sobre o aspecto pessoal).

Fontes das Obrigações:

1) Contratos: acordos bilaterais de vontade.

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3) Ato ilícito (dever de reparar) – podem ser dolosos ou culposos (imprudência, negligência ou imperícia).

4) Lei: Ex – dever de prestar alimentos. Classificação das Obrigações:

• Quanto aos Elementos:

1) Simples: (1 credor, 1 devedor e 1 objeto) → o vínculo será sempre jurídico – está subtendido, não precisando estar explicitado.

2) Complexa ou Composta: apresenta pluralidade de objetos (prestações) e/ou pluralidade de sujeitos.

• Será cumulativa ou conjuntiva: é aquela em que os objetos apresentam-se cumulados, somados (Ex: “A” deve entregar a “B” uma casa e um carro);

• Alternativa ou Disjuntiva: Ex: “A” tem que entregar a “B” a casa ou o carro. Ligados pelo conectivo “ou”. O devedor se libera entregando qualquer um dos objetos. O direito de escolha, em regra, é do devedor (direito de concentração) – caberá ao credor quando estiver expresso no título da obrigação. É complexa. Mais favorável ao credor (desde que esteja previsto expressamente no contrato); extinto um dos objetos, a relação permanecerá em relação aos objetos remanescentes.

• Obrigação Facultativa: é aquela onde há faculdade de substituição do objeto principal por um objeto acessório, e o direito de substituir cabe apenas ao devedor. Ela será sempre uma obrigação simples (única prestação – o objeto principal) – em caso de inadimplemento, o credor somente poderá exigir o cumprimento do objeto principal. Se ocorrer a extinção do objeto principal (sem culpa do devedor), extingue-se o acessório (não segue a regra do direito civil onde o acessório segue o principal) – a obrigação extingue-se, e a relação jurídica inicial retorna ao “status quo ante”. É mais favorável ao devedor.

- Impossibilidade por todos os objetos por culpa do devedor = perdas e danos (a culpa é elemento pessoal → só responde quem tiver dado causa) → se o direito de escolha pertence ao devedor: pagamento de perdas e danos c/c entrega do valor do objeto que último se impossibilitou. Se o direito de escolha pertencia ao credor: valor de qualquer um dos objetos c/c perdas e danos.

- Impossibilidade por todos os objetos sem culpa do devedor: não terá pagamento de perdas e danos → resolve-se / extingue-se a obrigação, retornando a relação jurídica ao “status quo ante”.

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Obrigação Complexa por Pluralidade de Sujeitos: - pode ser: 1) divisível; 2) indivisível; ou 3) solidária.

- nas obrigações divisíveis e nas indivisíveis, observa-se o objeto e verifica-se se o mesmo é ou não passível de divisão. Ex: dinheiro é divisível.

1) Obrigação Divisível: formam-se tantas obrigações autônomas e independentes entre si quanto o número de sujeitos (cada um com a sua parte). Ex: “A” deve R$ 40.000,00 a “B” e “C” – paga R$ 20.000,00 para “B” e não pagou “C” – este não poderá reaver de “B” a metade → Art. 257 do CC/2002 (Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores).

2) Obrigação Indivisível: Ex: “A” e “B” devem entregar a “C” um cavalo de R$ 2.000,00 – o objeto é o cavalo; os R$ 2.000,00 são a liquidez (expressada monetariamente) – os dois (“A” e “B”) são co-devedores (não se tem como dividir o cavalo sem a alteração de sua natureza jurídica) – cada devedor deve apenas a sua parte → ou seja, R$ 1.000,00 cada; mas em razão da natureza, um dos dois deverá entregar o todo. A indivisibilidade do objeto pode resultar: a) Pela sua própria natureza; b) Pela vontade das partes; c) Por motivo de ordem econômica (inovação do CC/2002); d) Da Lei.

- Pluralidade de Devedores: R$ 30.000,00 D1

CREDOR

R$ 30.000,00 D2

Casa R$ 60.000,00 = objeto

- se o devedor exige de D1 a casa e o mesmo entrega, ele sai da relação jurídica. D1 poderá exigir de D2 os R$ 30.000,00 a mais que pagou → é a sub-rogação, onde o D1 passa a ser credor de D2 (uma vez que ele cumpriu o objeto por inteiro) – Art. 259, §único do CC/2002 (Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados).

- Pluralidade de Credores: R$ 30.000,00 C1

DEVEDOR

R$ 30.000,00 C2

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- cada credor tem direito à sua parte (R$ 30.000,00) – o devedor se libera do vínculo obrigacional de duas formas: a) ou paga a todos os credores conjuntamente; b) ou entrega a casa para um dos credores e exige entrega de caução de ratificação (garantia) – Art. 260 do CC/2002 (Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores).

3) Obrigações Solidárias: a solidariedade sempre estará expressa na lei ou pela vontade das partes (contrato) → Art. 264 do CC/2002. A solidariedade é dos sujeitos e não do objeto (Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda).

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R$ 30.000,00 D1

CREDOR R$ 60.000,00 solidariamente

R$ 30.000,00 D2

- cada devedor é devedor do todo; a solidariedade é uma ficção jurídica aplicada por meio do princípio da Unidade da Prestação (Objeto). Cada devedor responde pelos R$ 60.000,00; se houvessem mais de 1 credor, cada um poderia exigir o todo dos devedores.

- a solidariedade se dá no âmbito das relações externas (entre o pólo ativo e o pólo passivo). No exemplo em tela, se o credor exigir de D1 os R$ 60.000,00 e o mesmo efetuar o pagamento, o CREDOR sairá da relação, extinguindo-se a solidariedade – D1 e D2 resolvem dentro do mesmo plano a situação jurídica entre eles – D1, que se sub-rogou, cobrará de D2 os R$ 30.000,00.

- A obrigação solidária é favorável ao credor (se interpõe-se ação com só 1 devedor solidário não se perderá o direito de demandar face o outro devedor).

- A solidariedade pode ser estabelecida de modo que a seja pura e simples em relação a um dos co-devedores ou co-credores e a termo (a prazo) condicional em relação ao outro (co-devedor ou co-credor), ou ainda estabelecer lugar diverso de pagamento para eles → Art. 266 do CC/2002 (Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro).

- O CREDOR pode exigir, por exemplo, R$ 10.000,00 de D1 e R$ 50.000,00 de D2 (regra de que quem pode mais, pode menos) – é uma prerrogativa do CREDOR.

Remissão = perdão da dívida (Cuidado: não confundir com Remição = resgate hipotecário – remido). Figura do remitente (quem perdoa) e remitido (perdoado). Quem tem a prerrogativa de perdoar dívida é o credor - abre mão do seu crédito para beneficiar o devedor. A remissão poderá ser total (todos os devedores são perdoados)

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ou parcial (alguns dos devedores podem ser perdoados). A remissão poderá ocorrer em qualquer tipo de obrigação.

- A remissão é diferente da exoneração (esta é da solidariedade → renúncia da solidariedade – apenas o credor pode renunciar a solidariedade – abre mão da solidariedade em benefício do devedor - poderá ser total, ou seja, abrengendo todos os devedores solidários, extinguindo-se a solidariedade; ou parcial, abrangendo apenas um ou alguns dos devedores). A Exoneração só ocorre nas obrigações solidárias.

Remissão em Obrigação Divisível: não se estende além da quota-parte do devedor remitido.

R$ 30.000,00 D1

CREDOR

R$ 30.000,00 D2

- São relações independentes entre si. Se há remissão dos R$ 30.000,00 de D1, D2 continuará no pólo passivo da demanda devendo os seus R$ 30.000,00.

Remissão em Obrigação Indivisível: R$ 30.000,00 C1

DEVEDOR (D) casa=R$ 90.000,00

R$ 30.000,00 C2

R$ 30.000,00 C3

- se C3 remite a dívida de “D”, está abrindo mão dos seus R$ 30.000,00 – C3 sai da relação jurídica, sendo que C2 e C1 continuam querendo receber a casa no valor de R$ 90.000,00 – “D” entrega conjuntamente a C1 e C2 a casa que vale R$ 90.000,00 – co-credores terão que devolver (indenizar) “D” pelo que receberam a mais (R$ 30.000,00).

- Opera-se a figura do Desconto nas Obrigações Divisíveis e a figura da Indenização nas Obrigações Indivisíveis.

Remissão em Obrigações Solidárias:

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R$ 30.000,00 C1

DEVEDOR (D) R$ 90.000,00 solidariamente

R$ 30.000,00 C2

R$ 30.000,00 C3

- C1 remitiu a dívida de “D” – ele pode abrir mão dos R$ 90.000,00 em relação ao devedor – este credor solidário que perdoou a dívida toda sozinho terá que reembolsar os demais credores).

Passiva: pluralidade no pólo passivo

R$ 30.000,00 D1

CREDOR (C) R$ 90.000,00

R$ 30.000,00 D2

R$ 30.000,00 D3

- Exceção: “C” remitiu de D1 – o credor deixa de receber o todo → estará remitindo apenas a quota parte de quem remitiu (no caso, R$ 30.000,00) – demais co-devedores continuarão solidários ao pagamento do saldo remanescente de R$ 60.000,00 (podendo-se exigir tanto de D2 quanto de D3).

Exoneração:

R$ 30.000,00 D1

CREDOR (C) casa=R$ 90.000,00

R$ 30.000,00 D2

R$ 30.000,00 D3

- se o credor abre mão de D1, está abrindo mão da solidariedade → o devedor passará a dever apenas a sua parte (R$ 30.000,00) – os demais devedores continuam sendo devedores solidários pelo saldo remanescente de R$ 60.000,00. D1 permanecerá devendo, diferentemente na Remissão da Obrigação Solidária Passiva.

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• Conversão em Perdas e Danos: havendo conversão, a obrigação que era divisível permanecerá divisível; a obrigação que era indivisível passará a ser divisível; e a obrigação que era solidária continua sendo solidária.

OBRIGAÇÃO DIVISÍVIEL --- OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL OBRGAÇÃO INDIVISÍVEL --- OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA --- OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA

- se a culpa se deu apenas por um dos devedores, somente este pagará perdas e danos.

Ex: Cavalo D1

CREDOR cavalo = R$ 2.000

Cavalo D2 (solidariamente)

- se a culpa foi de D1, o CREDOR poderá exigir o valor do cavalo de qualquer um dos co-devedores – perdas e danos poderá exigir somente daquele que agiu em culpa (D1) – Art. 279 do CC/2002 (Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado).

Morte / Falecimento dos sujeitos: não se extingue a obrigação – ela transmite-se aos sucessores do “de cujus”. Em obrigação divisível, a obrigação permanecerá divisível entre os sucessores do “de cujus”, que exigirão ou responderão apenas pela quota do seu quinhão hereditário.

R$ 30.000,00 C1

DEVEDOR (D) R$ 60.000,00

R$ 30.000,00 C2

- C1 falece → Herdeiros c1 e c2 → c1 exigirá R$ 15.000,00 e c2 R$ 15.000,00.

- Em obrigações indivisíveis, em caso de morte, não haverá alteração jurídica na obrigação. Só ocorre alteração do objeto na obrigação indivisível quando o objeto perecer / culpa (perdas e danos).

R$ 30.000,00 C1

DEVEDOR Carro = R$ 60.000,00

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- C1 falece – c1 e c2 (herdeiros) funcionam como se fosse C1 – aquele que receber o todo repassará aos demais.

• havendo morte em obrigação solidária, como regra geral, cessa a solidariedade – a obrigação deixa de ser solidária, repartindo-se o objeto entre os sucessores do “de

cujus”, que exigirão (credor) ou responderão (devedor) apenas pela quota do seu

quinhão hereditário. Exceções: 1) quando o "de cujus” tiver deixado um só herdeiro; 2) quando todos os herdeiros agirem conjuntamente; 3) quando o objeto intrínseco na obrigação solidária for indivisível – não cessará a solidariedade.

Quanto ao Objeto:

DAR E FAZER → condutas positivas NÃO-FAZER → conduta negativa - A obrigação de dar pode ser:

1) de dar coisa certa (coisa individualizada) 2) de dar coisa incerta

- certeza não é sinônimo de liquidez; líquido= coisa expressa monetariamente.

- quando a obrigação for de dar coisa certa, analisa-se de a conduta humana de dar consiste em:

I) Entregar = é sempre o dono da coisas

II) Restituir = é sempre quem devolve para o dono.

- pode ocorrer que antes da tradição ocorra o descumprimento da obrigação de dar, mediante o perecimento ou deteriorização da coisa. O perecimento importa em perda total da coisa, e a deteriorização importa em uma perda parcial.

- deve-se analisar se o perecimento ou a deteriorização se deram com ou sem culpa do devedor. Se o perecimento ou a deteriorização se deu com culpa do devedor:

pagamento de perdas e danos. Se o perecimento ou a deteriorização se deu sem culpa do devedor: resolve-se a obrigação e a relação jurídica retornará ao status quo ante.

- Obrigação de Dar Coisa Certa:

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• Deteriorização com culpa: credor poderá exigir: i) o bem no estado em que se encontra c/c perdas e danos; ou ii) o valor do objeto (R$) c/c perdas e danos.

• Perecimento sem culpa: o credor nada poderá exigir do devedor → extingue-se a obrigação e retorna-se ao “status quo ante”.

• Deteriorização sem culpa:

- Obrigação de Entregar: Ex – quer-se comprar uma camiseta e percebe-se, na hora de pagar, que a mesma tem uma mancha: I) credor poderá aceitar o bem no estado em que se encontra e pedir um desconto / abatimento do preço; ou II) resolve-se a obrigação e retorna-se ao “status quo ante”.

- Obrigação de Restituir: Ex – empresto o carro para “X” → o mesmo vai para São Paulo e o carro é invadido por uma enchente: O credor deverá aceitar o bem no estado em que se encontra sem nada poder exigir (não pode exigir ressarcimento pelos prejuízos → somente poderia exigir caso houvesse um contrato entre as partes).

Obrigação de Dar Coisa Incerta:

- é aquela em que está faltando determinado elemento – QUALIDADE da coisa. - a obrigação contém necessariamente espécie e quantidade.

- Art. 243 do CC/20021: gênero e quantidade (expressão equivocada do Código Civil). Ex: “A” deve entregar a “B” 100 sacas de feijão (falta a qualidade do feijão); Se fosse pelo Código Civil: “A” deve entregar a “B” 100 sacas de cereal – qual? Seria impossível, pois não dá para cumprir um contrato feito pelo gênero – necessita-se da espécie. - o direito de escolha da qualidade (chamado direito de concentração) cabe ao credor (desde que expressamente constante no título da obrigação). Se houver silêncio do título da obrigação sobre a quem cabe escolher, caberá ao devedor. Se o direito de escolha couber ao devedor, este deverá entregar a coisa que possua uma qualidade mediana de mercado (nem a pior, nem a melhor). Uma vez eleita (escolhida) a qualidade, a obrigação passará a ser certa, regendo-se pelas normas específicas das obrigações de dar coisa certa.

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- Art. 246 do CC/20022 – é uma exceção. Se houver impossibilidade do cumprimento da obrigação, sendo por perecimento ou deteriorização, ainda que por fato fortuito ou força maior, o devedor não se desobrigará (não se exime do cumprimento da obrigação). Aplica-se este dispositivo aos contratos de obrigação de dar safra futura.

Obrigação de Fazer:

- consiste numa realização pessoal de algo a ser produzido pelo devedor. Não se fala que se fará coisa certa ou incerta (somente nas obrigações de dar). Este fazer será: 1) Fazer Imaterial: algo que não é palpável → baseado nas aptidões pessoais do devedor, sendo que somente ele poderá fazer. Também é chamada de obrigação

personalíssima ou infungível.

2) Fazer Material: aquela em que qualquer um pode fazer. Também chamada de

não-personalíssima ou fungível.

Descumprimento:

1) Recusa: ato voluntário do devedor (volitivo);

2) Impossibilidade: ato alheio à vontade do devedor; algo ocorreu que lhe impediu de cumprir a sua obrigação.

- se ocorreu recusa, analisa-se se a obrigação era em obrigação de fazer personalíssima ou não-personalíssima. Se for personalíssima: credor exigirá o pagamento de perdas e danos. Se não-personalíssima: credor poderá exigir que um

terceiro cumpra a obrigação de fazer, tendo as custas arcadas pelo devedor + o

pagamento de perdas e danos. (** no CC/1916 não era possível a cumulação com perdas e danos). Em caso de urgência, o terceiro poderá cumprir a obrigação sem a necessidade de autorização judicial → em juízo pleiteia-se pelo ressarcimento.

- se for por impossibilidade: analisa-se se isso ocorreu com ou sem culpa do devedor. • Com culpa = pagamento de perdas e danos.

• Sem culpa = resolve-se / extingue-se a obrigação, retornando-se ao seu “status quo

ante”.

Obrigação de Não-Fazer:

- é uma abstenção da conduta humana.

2 Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por

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- Ex: não se pode construir prédios maiores do que 06 andares. - Em caso de descumprimento, o credor poderá exigir:

1) o desfazimento do ato, sob pena de que um terceiro desfaça, correndo as custas pelo devedor c/c perdas e danos;

2) se não for possível de se desfazer o ato, somente poderá pleitear por perdas e danos.

Outras Espécies de Obrigações:

• Obrigação Civil: aquele que encontra respaldo na lei. É aquela que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação. É a grande maioria das obrigações.

• Obrigação Natural: é aquela em que o credor não tem o direito de exigir o crédito, nem o devedor está obrigado a prestar o débito. Cumpre-se a obrigação voluntariamente, somente a cunho moral. Ex: dívida de jogo, dívidas prescritas, entre outros. Se o devedor pagou voluntariamente uma obrigação natural, ele não terá

direito à Repetição do Indébito (exigir de volta o que pagou). As hipóteses do Código Civil não são taxativas (são “numerus clausus”). A jurisprudência também

considera o “couvert” (neste caso, excetua-se o caso de contratos, mesmo que consentidos tacitamente).

• Obrigações PROPTER REM: também são chamadas de obrigações híbridas ou reais (misturadas). Aquela que apresenta uma mistura de direito pessoal e de direito real. (direito pessoal + direito real). A obrigação nasce em razão da pessoa ser titular de direito real. Ex: pagamento da taxa de condomínio; pagamento de IPTU, entre outros. Nasce a obrigação independentemente da vontade do devedor → basta ser titular de direito real. Deixa-se de ter a obrigação quando perde-se o direito real.

• Obrigações Pura e Simples: não é sinônimo de obrigação simples (esta apresenta singularidade de elementos). É aquela que não apresenta condição, termo ou encargo. • Obrigação Condicional: aquela em que a eficácia do negócio jurídico está subordinada ao acontecimento de evento futuro e incerto. Ex: se “X” se formar em Direito, ganhará um carro. Os efeitos estão subordinados a evento futuro e incerto. - Obrigação Condicional Suspensiva: os efeitos da obrigação estão suspensos até o acontecimento do evento futuro e incerto. Quando ocorrer o evento, a obrigação começa a surtir efeitos.

- Obrigação Condicional Resolutiva: aquela em que o negócio jurídico está produzindo todos os seus efeitos, e quando ocorrer evento futuro e incerto, extingue-se a

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obrigação. Ex: até a formatura em Direito, “X” poderá ficar com o carro de seu pai → quando ocorrer a formatura, devolve-se o carro, ou seja, extingue-se a obrigação. • Obrigação a Termo: termo é data, prazo, fim. É aquela em que a eficácia do negócio jurídico está subordinada a evento futuro e certo. Ex: “X” deve entregar o carro em 05/12/2006. A questão da morte também é tratada como certa → Ex: darei o carro a “X” quando “Y” morrer. A morte de uma pessoa é evento certo, enquanto a morte de uma pessoa antes da outra é negócio incerto.

• Obrigação Modal ou Com Encargo: aquela em que o beneficiado da relação creditória tem que cumprir um ônus. Recebe-se o objeto juntamente com um encargo.

Pagamento (solução): toda obrigação necessariamente terá um fim - são transitórias.

- o pagamento é a fase final de uma obrigação. Ocorre uma inversão dos sujeitos da obrigação → aquela que era Sujeito Passivo passará a Ser Sujeito Ativo, e vice-versa. Mudam-se os nomes dos sujeitos → o devedor da obrigação passará a ser chamado de SOLVENS (solvente) ou TRADENS (tradente – aquele que fez a tradição = pagamento). O sujeito passivo da obrigação não será mais chamado de Credor → passará a ser denominado de ACCIPIENS ou ACCIPIENTE.

- quem deve pagar: Art. 304 do Código Civil de 20023 → qualquer interessado na dívida pode pagá-la. Existem 2 categorias de SOLVENS:

1) Interessado: é aquele que tem o seu patrimônio como garantidor da dívida (patrimônio comprometido com o adimplemento obrigacional). A primeira pessoa que terá o patrimônio será sempre o devedor. Pode-se ter um 3º interessado: não é credor, nem devedor, mas seu patrimônio está garantindo a dívida. Ex: fiador, adquirente de imóvel hipotecado, herdeiro → se o 3º interessado efetua o pagamento, há a SUB-ROGAÇÃO.

2) Não-Interessado (§ único): somente pode ser terceiro. É não-interessado porque o seu patrimônio não está comprometido com a obrigação. Se for uma obrigação moral, afetiva (Ex: namorado que paga a dívida da namorada), o 3º não-interessado poderá efetuar o pagamento de 2 formas:

I – Em nome do devedor: é como se tivesse sido o próprio devedor que realizou o pagamento – é parecido com uma doação (não haverá direito de reembolso).

3 Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos

meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.

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II – Em nome próprio: o 3º resguardará o direito de reembolso.

** OAB: pagamento feito por terceiro não-interessado NÃO gera direito de Sub-Rogação → no máximo haverá direito de reembolso quando feito em nome próprio.

Quem deve receber:

- Accipiens → Art. 308 do Código Civil de 20024: o pagamento deverá ser feito ao credor ou a quem de direito o represente. Credor ou Representante (ou sucessor do credor – seja inter-vivos, nas hipóteses de cessão e sub-rogação; ou causa mortis, nas hipóteses de herança ou legado).

- O ato de pagamento deverá ser o ato da quitação (recibo, etc). o ato de pagamento deve ser feito ao credor capaz de dar quitação de forma válida.

- Existem 2 hipóteses em que o pagamento feito a credor não libera o devedor do vínculo obrigacional: (a regra é que quem pagou mal, paga novamente)

1º) Credor Incapaz - aquele que está faltando a capacidade de fato (incapaz para a realização dos atos da vida civil).

Exceções: se o credor era absolutamente incapaz, o pagamento pode ter validade

desde que o SOLVENS prove que o pagamento se reverteu ao Absolutamente Incapaz; se relativamente incapaz: i) se o SOLVENS provar que o pagamento se reverteu em benefício do relativamente incapaz, pode vir a ter validade; ii) se o SOLVENS provar que desconhecia a incapacidade relativa e tenha agido de boa-fé; iii) se o assistente do relativamente incapaz venha a ratificar o pagamento.

2º) Quando o Devedor for intimado de Penhora ou de Oposição por Terceiros (protesto, notificação ou interpelação) – devedor deverá pagar em juízo. Ex: “A” deve R$100,00 a “B” que deve a mesma quantia a “C” – “C” entra em juízo para que “A” pague diretamente a ele, sendo que desta forma “A” pagará diretamente em juízo.

Pagamento a Terceiro:

I) Quando o pagamento feito a 3º se reverte a benefício do credor; II) Se o credor ratificar o pagamento;

III) Se tratar-se de Credor Putativo (aquele que parece ser o credor, mas não o é): terá validade quando: a) SOLVENS tenha agido de boa-fé; b) que o erro praticado pelo

4 Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só

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SOLVENS seja escusável (desculpável – não pode se tratar de erro grosseiro). SOLVENS deverá provar os 2 requisitos.

Tempo do Pagamento: como regra, o tempo do pagamento se dará no vencimento

(nas obrigações a termo). Se a obrigação for condicional, será quando ocorrer o evento futuro e incerto – quando ocorrer o implemento da condição; se pura e simples, o vencimento se dará imediatamente, desde logo (aplica-se o princípio da satisfação imediata, desde que respeitado o chamado prazo moral = aquelas obrigações que dependam de tempo ou lugar diverso para cumprimento).

- é necessário que o credor dê ciência ao devedor da necessidade de efetuar o pagamento (nas obrigações condicionais e nas obrigações pura e simples), para que possa colocar em mora o devedor.

Lugar do Pagamento: regra geral → o pagamento deverá ser feito no domicílio do

devedor. Exceção: no domicílio do credor ou aonde este estiver estipulado quando as partes convencionarem em que o local do pagamento será outro que não o domicílio do devedor, ou quando as circunstâncias do negócio ou a natureza da obrigação demonstrar que o local d pagamento é outro que não o domicílio do devedor; ou mesmo a lei poderá determinar (Ex: dívidas fiscais).

** OAB: nome das dívidas:

• Domicílio do Devedor: dívida QUERABLE ou QUESÍVEL (credor busca o pagamento no domicílio do devedor).

• Domicílio do Credor: dívida PORTABLE ou PORTÁVEL (Portare = levar → devedor porta – leva o pagamento ao domicílio do credor).

- Novo Código Civil:

1) Se houver mais de 2 lugares designados para o pagamento do título da obrigação, quem escolhe o local é o credor → Art. 327, § único5.

2) Art. 3296 – havendo motivo grave, o devedor poderá efetuar o pagamento em local diverso do contratado desde que isso não cause prejuízo ao credor.

3) Art. 3307 – o pagamento reiteradamente feito em local diverso do contratado faz presumir a renúncia do local inicialmente contratado.

5 Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem

diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.

6 Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o

devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.

7 Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor

(15)

Extinção da Obrigação: a extinção da obrigação poderá se dar:

1) Por Pagamento Direto: execução voluntária da execução – o devedor cumpre sua obrigação conforme foi acordado / contratado pelas partes.

2) Por Pagamento Indireto: poderá ocorrer por meio de Dação em Pagamento, Consignação em Pagamento, Novação, Sub-Rogação, Imputação, Remissão, Compensação e Confisco.

3) Sem o Pagamento: em caso de prescrição, impossibilidade do cumprimento da obrigação sem culpa do devedor (exceto se for de obrigação de dar coisa incerta).

4) Por Execução Forçada, através de sentença judicial: atinge-se o patrimônio d devedor judicialmente.

Pagamento Indireto:

I) Dação em Pagamento: credor de determinada prestação não pode ser obrigado a aceitar prestação diversa, ainda que de maior valor (mais valiosa), salvo a anuência do credor. Consiste na substituição da prestação contratada por outras prestações, mediante a anuência do credor, com a finalidade de extinção da obrigação. No CC/1916, o objeto não poderia ser dinheiro para haver a alteração da prestação. o Novo Código Civil entende que a Dação em Pagamento tem natureza de contrato de compra e venda.

• Evicção: perda total ou parcial de determinado bem para 3º mediante sentença → se for alegada a Evicção em Dação em Pagamento → a relação jurídica retorna ao seu “status quo ante” e a quitação torna-se sem efeito – a relação jurídica se decompõe. II) Consignação em Pagamento: consignar = depositar pagamento. Pode ocorrer a consignação em pagamento judicialmente (através de Ação de Consignação em Pagamento, podendo ser objeto apenas as obrigações de DAR, seja de coisa certa ou incerta. Não se pode consignar obrigações de FAZER ou NÃO-FAZER. Pode-se depositar bem móvel, imóvel, coisa incerta – desde que eleita a qualidade da coisa) ou

extrajudicialmente (em estabelecimento bancário oficial – somente para depósito de

prestação em dinheiro. Recorre-se à Consignação em Pagamento somente quando o devedor quer pagar e encontra dificuldades concretas para realizar o pagamento.

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- As hipóteses do Art. 335 do CC/20028 são apenas exemplificativas (o rol não é taxativo).

8 Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o

pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Referências

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