Testes de Impacto em Laboratório Para Tomate de Mesa (Lycopersicon
esculentum Mill.) Cultivar Débora
4.
Gustavo Garcia.Toledo Camargo1; Marcos David Ferreira1; Caroline Andreuccetti1
1UNICAMP/FEAGRI – Depto. de Pré-Processamento de Produtos Agropecuários - C.P. 6011, 13083-875 –
Campinas, SP, marcos.ferreira@agr.unicamp.br.
RESUMO
O Brasil é o nono produtor mundial de tomate, exportando cerca de 7.783 toneladas do fruto até julho de 2001. As perdas são mais significativas na pós-colheita, causadas por injúrias mecânicas, armazenamento impróprio, manuseio, transportes inadequados e grande tempo de exposição no varejo. O presente trabalho avaliou os danos físicos ocorridos no tomate (LYCOPERSICON ESCULENTUM MILL), relacionando a aceleração (G m/s²) e a variação da velocidade(∆v) com a mudança de altura de queda do fruto. No ensaio utilizou-se frutos de tomates, híbrido ‘Débora´, de durabilidade normal Para os testes em laboratório para simulação de danos físicos em tomates foi desenvolvido um equipamento apropriado para isso. A partir de quatro diferentes alturas (10, 20, 30, 40cm), os frutos foram lançados , em uma superfície rígida de aço carbono. As variáveis utilizadas para a avaliação foram: Injuria Interna (Internal Bruising), Perda de Peso (%), Sólidos Solúveis Totais (°Brix), Acidez titulável total, pH e vitamina C. Observou-se que com o crescente aumento das alturas, os danos físicos se tornaram mais severos. Sendo que para uma altura de 40cm, 25% dos frutos apresentaram um nível de dano 3 (severo).
PALAVRAS-CHAVE: Dano físico, Aceleração (G m/s²), Velocidade (m/s). ABSTRACT
Impact tests in fresh market tomatoes (Lycopersicon esculentum MILL), cv Débora.
Brasil is one of main tomato producer in the world, exporting about 7.783 tons until July 2001. The losses are more significant in post-harvesting, caused by mechanical injury, improper storage, handling , inadequate transportation and great time of exposition in the retail. This study evaluates the mechanical injury occurred in the tomato (Lycopersicon esculentum MILL). Relating the aceleration (G m/s²) and the velocity variation (∆v) with the changes of height of fall of the fruit . In the experiment, hibrid ´Débora´ tomatoes with normal resistence to mechanical injury were used .For the simulation of mechanical injury in tomatoes during laboratory tests,
proper equipments were developed. The fruits were lauched from four diferent heights (10, 20, 30, 40cm) on a rigid steel carbon surface. The variables used for the evaluation were Internal Bruising, Weight Loss(%),Total Soluble Solids (°Brix), Total Acidity, pH and vitamin C. It was observed that with the increase in height the mechanical injury became more severe. At a height of 40 cm, 25% of the fruits had a mechanical injury of level 3(severe).
KEYWORDS: Mechanical Injury, Acceleration(G m/s²), Velocity (m/s).
As alterações no tomate durante o processo da colheita até o consumidor são principalmente do tipo mecânica, fisiológica ou patológica. Danos mecânicos ocorrem durante o manuseio do produto (colheita, seleção, embalagem, transporte e exposição). Danos mecânicos devidos a impactos, compressão, vibração, cortes e rachaduras estão relacionadas com alterações fisiológicas, metabólicas, de aroma, sabor e qualidade em diferentes produtos hortícolas tais como maçãs, pepinos, batatas e tomates (Moretti & Sargent, 2000). O dano mecânico pode ser ocasionado por uma pequena força, por impacto com outro fruto ou em uma superfície dura (Mohsenin, 1986). Testes de impacto em laboratório para simulação de danos físicos ocorridos na pós-colheita de frutas e hortaliças podem ser realizados de diferentes formas. Em geral, a simulação é feita utilizando um sistema controlado de lançamentos de frutos, em uma superfície rígida ou recoberta com material emborrachado.(Bajema & Hyde, 1995; Ferreira , 1994). Quanto à ocorrência de danos físicos vários fatores influenciam o aparecimento e a incidência destes. Halsey (1955) em testes de laboratório para impacto descreve que frutos de menor tamanho eram seriamente mais prejudicados do que os de maior tamanho. A superfície de impacto do fruto também em muito influencia o nível de dano físico. Danos físicos também afetam significativamente composição química e física do pericarpo e tecido locular no tomate. (Moretti et al., 1998). O objetivo deste trabalho foi o de avaliar em ensaios em laboratório a influencia na qualidade em frutos de tomate, ‘Débora´ submetidos a queda em estrutura de aço carbono em diferentes alturas (10, 20, 30, 40cm).
MATERIAL E MÉTODOS
Para os testes em laboratório para simulação de danos físicos em tomates foi desenvolvido um equipamento apropriado para isso, a seguir descrito. O equipamento para simulação dos testes de impacto foi utilizado para que o fruto não adquira aceleração ou rotação no momento do lançamento, sendo semelhante ao já utilizado por Brusewitz et. al., (1991) e Sober et al., (1989), sendo composto pelas seguintes partes: 1) Aspirador de pó portátil com 1000 watts de
potência; 2) Mangueira de plástico, diâmetro 34mm; 3) Registro de esfera PVC de 1 polegada ; 4) Suporte de lançamento de chapa de aço carbono, com 60cm de altura; 5) Ajuste regulador da altura de queda; 6) Bucal para segurar os frutos, constituído por uma ventosa de plástico com uma incisão circular no centro para a passagem do vácuo; 7) Superfície de chapa de aço carbono de 3,25mm de espessura. Uniu-se a mangueira ao bucal, adaptando um tubo de PVC de 34mm. O vácuo era proveniente do aspirador de pó, proporcionando o mesmo efeito de uma bomba de vácuo, sendo economicamente viável e menos suscetível a sujeiras. A mangueira foi conectada ao aspirador, ao registro, e ao bucal, passando pelo ajuste de altura do suporte. O registro acionou a queda do fruto, o seu fechamento proporcionou uma diminuição da pressão a vácuo no bucal, gerando a queda do fruto. No ensaio utilizou-se frutos de tomates, híbrido ‘Débora´, de duração normal. Os frutos foram colhidos em propriedade rural no estádio salada (CEAGESP, 2000), na região de Sumaré, Estado de São Paulo e acondicionados em caixas de papelão e transportados cuidadosamente envoltos em espuma para o Laboratório de Tecnologia Pós-Colheita, Faculdade de Engenharia Agrícola, FEAGRI/UNICAMP, Campinas, SP. A partir de quatro diferentes alturas (10, 20, 30, 40cm), os frutos foram lançados através do equipamento de simulação dos testes de impactos , em uma superfície rígida de aço carbono. Essa superfície foi coberta com pó de giz, no intuito de localizar a área impactada do tomate para futuras análises. Para todas as alturas (10, 20, 30, 40cm) utilizou-se 30 tomates. As variáveis utilizadas para a avaliação foram: Injuria Interna (Internal Bruising), Perda de Peso (%), Sólidos Solúveis Totais (°Brix), Acidez titulável total, pH e vitamina C.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A avaliação de Injúria Interna de Impacto “Internal Bruising”, foi realizada segundo a metodologia descrita por Sargent et al., 1992b, e os resultados para cada tipo de dano ocorrido estão apresentados percentualmente para cada altura, como mostrados no gráfico 1. Observou-se que com o aumento da altura de queda, ocorreu um incremento na incidência de danos físicos internos, sendo que em 40cm, 25% do total de frutos analisados apresentaram nível de dano 3 (severo). Através do gráfico 1, pôde-se se ter uma melhor de visualização de como impactos se distribuíram. Notou-se que os impactos, para alturas de queda maiores, foram mais significativos, sendo localizados na região 3 (gráfico1), caracterizando uma menor resistência a danos físicos.
Gráfico 1 – Comparação percentual dos danos causados por altura. Híbrido ´Débora´.
Nas análises para a avaliação da qualidade do produto observou-se que com o aumento da altura, houve aumento da perda de peso, diminuição de vitamina C, (12,2%); ligeira diminuição de Acidez Total e pH; e ligeira variação do Brix.
Tabela 1 – Análises para a avaliação da qualidade do produto. Apresentação dos valores de perda de peso (%), acidez total(g de ácido anidro/100ml), vitamina C (mg/100g) sólidos solúveis(°brix) e pH para cada altura de queda.
Altura
(cm) Perda de Peso(%)
Acidez Total
(g
ac./100ml) Vitamina C(mg/100g) Sólidos Solúveis(°Brix) pH
Referência 2,03 0,298 29,43 4,987 4,34
10 2,24 0,330 28,83 4,987 4,21
20 1,93 0,290 22,93 5,238 4,25
30 2,09 0,253 25,45 4,656 4,29
40 2,49 0,279 25,83 4,907 4,31
Comparativo dos Danos Físicos
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 0 1 2 3 Tipo de Impacto In cid ên cia( %) 10cm 20cm 30cm 40cm
Observou-se que com o aumento na altura de queda uma maior incidência em danos físicos e alterações na qualidade dos frutos. Experimentos estão sendo conduzidos com outras cultivares nacionais visando comparar a diferente sensibilidade entre estas a danos físicos. AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, e ao PIBIC/CNPQ/ UNICAMP
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA :
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