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Tipos de Expressão Gráfica para a Compreensão do Funcionamento das Habilidades Mentais no Desenho-Projetual

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Academic year: 2021

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IX Salão de Iniciação Científica

PUCRS

Tipos de Expressão Gráfica para a Compreensão

do Funcionamento das Habilidades Mentais

no Desenho-Projetual

Tânia Inês Sulzbacher (bolsista), Luiz Vidal de Negreiros Gomes (orientador), Ligia Medeiros (orientadora)

Design de Produto,Centro Universitário Ritter dosReis- Uniritter

Resumo

Esta pesquisa resume-se em uma série de experiências intelecto-criativas, a fim de verificar quais os tipos de intervenção gráfico-visual-verbal são utilizadas pelos estudantes do curso de Design UniRitter, quando estes se deparam com um pequeno problema de projetação. No primeiro ano, observaram-se questões de traçado para desenvolvimento de uma idéia; conhecimento de tipos de linhas para valorizar o desenho; e modos de organização gráfica para informações à compreensão da idéia (módulo, malha e composição com pontos geométricos e perceptivos). Neste segundo ano, questões relacionadas à cognição, retenção, avaliação, devem ser incluídas, para se perceber se o traçado (habilidades manuais) é alterado com a conscientização do funcionamento básico das habilidades mentais.

Introdução

Projetar é uma das atividades inerentes e fundamentais para engenheiros, desenhistas-industriais e arquitetos, que estão associadas à concepção e criação de novos produtos industriais, sejam estes de consumo, de capital ou de serviço. A capacidade de projetar produtos inovadores é preconizada como condição de êxito no atual contexto social e econômico, entretanto, não está ainda formalizada uma epistemologia ou uma pedagogia instrumental para as atividades projetuais. Isso se deve, em parte, porque os fundamentos e princípios da projetação para a inovação permanecem na chamada “caixa preta” da mente humana. O problema aqui focalizado se traduz na impossibilidade de acesso direto à atividade mental que dá origem à configuração do novo. Para resolver tal dificuldade, diversos estudiosos empregam as representações gráfico-visuais como recurso (A-THAVANKAR,

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1992; CROSS, CHRISTIAANS e DORST, 1996; GOLDSCHMIDT, 1999). Em consonância com tais estudos, adotamos aqui a premissa que o desenho, além de representação um projeto pronto, materializa e estrutura o próprio processo projetual.

O estado-da-arte ou o estado do atual conhecimento sobre o problema é ainda vago e disperso mesmo para os mais experientes profissionais e estudiosos devido, em parte, à própria natureza do tema, mas constitui um tradicional tópico de interesse da Psicologia e das Artes (ARNHEIN, 1986; READ, 1981; KOESTLER, 1964) dos teóricos do Projeto e das Metodologias Projetuais (ARCHER, 1965; JONES, 1970,1992; SIMON, 1969,1999; CROSS, 1984,2000; PUGH, 1991; BOMFIM, 1995; NEIVA DE MEDEIROS, 1995; BAXTER, 1998; PAHL e BEITZ, 1999), das Ciências Cognitivas e da Inteligência Artificial (MILLER, 1956; PIAGET, 1972; SHEPARD, 1973; MARR, 1982; KOSSLYN, 1980,1994; TURIN, NEWELL e SIMON, FODOR, MINSKY), dos interessados no Pensamento Projetual, e nas Representações Visuais (AKIN; ATHAVANKAR; CROSS; DO e GROSS; DORST; GERO; GOEL; GOLDSCHMIDT; KAVAKLI; LASEAU; OX-MAN; PURCELL; ROOZEMBURG; SCHÖN; SUWA; TVERSKY; VAN SOMMERS, MEDEIROS). O conhecimento relativo à técnica de projetar, desenhando é hoje matéria especializada, porém permeada por dados e procedimentos vindos de outras ciências, principalmente das computacionais.

É interessante ressaltar, contudo, que, neste momento em que programas computacionais de auxílio ao projeto e ao seu desenho tornam-se ferramentas indispensáveis, o foco da atenção de vários estudiosos se dirige para expressões tão prosaicas e despretensiosas como os esboços a lápis, sobre papel.

Metodologia

Foram elaborados experimentos inspirados naqueles já organizados por Cross (Open University, Inglaterra), Chris-tiaans (Delft University of Technology, Holanda), Dorst (Israel Institute of Technology, Israel), Gero (University of Sydney, Austrália), e Medeiros (Universidade Federal de Santa Maria, Brasil). Nesses experimentos, foram reunidos voluntários, e foi solicitado que solucionassem em problemas projetuais em condições previamente planejadas. Pedia-se que os participantes “pensassem alto”, a fim de que suas verbalizações fossem registradas. Os materiais produzidos, assim como as fotografias do período de identificação do problema e concepção de primeiras possibilidades para a solução do problema, serão objetos de posterior estudo e análise, tomando-se como referência as teorias já existentes para a compreensão da problemática projetual.

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Em pesquisa para doutoramento realizada por Medeiros (2002) e por Gomes (2004) esses procedimentos foram iniciados e testados, porém é de interesse que agora sejam apurados os seguintes aspectos:

1. Diferenças/semelhanças entre raciocínio projetual inexperiente versus raciocínio projetual experiente (por exemplo, como estudantes projetam e profissionais de desenho gráfico projetam). Neste caso, tentar-se-ia comparar o modo espontâneo de ordenar o pensamento com um modo já adestrado, de alguma maneira moldado por experiências (práticas e teóricas) anteriores.

2. Diferenças/semelhanças do comportamento projetual entre indivíduos com conhecimento de metodologias projetuais comparando-os com aqueles que não detém tal conhecimento, investigando, por exemplo, como e quando o conhecimento de métodos – como os propostos por Jones, Bonsiepe, Baxter; Costa, Bomfim, Back – são eficazes ou bloqueiam o raciocínio projetual.

3. Diferenças/semelhanças do raciocínio projetual entre profissionais de desenho-industrial, arquitetura, engenharia.

A pesquisa está sendo desenvolvida no UniRitter, Porto Alegre, onde foram realizados os experimentos. Por questões éticas, a experiência é realizada em sala aberta para não gerar constrangimento. A sala está mobiliada com mesa de reunião e cadeiras e foram oferecidos diversos tipos de papéis e diferentes tipos de ferramentas de desenho/escrita (lápis, gizes, bastões, carvões, penas, canetas, etc.). A biblioteca está à disposição dos participantes com livros e catálogos técnicos referentes à atividade projetual ou a produtos industriais. Foi utilizada máquina fotográfica para registrar as atividades ao longo do experimento. O desenvolvimento deu-se a partir dos seguintes estágios:

1. Agradecimento pela participação na pesquisa uma vez que ela trouxe informações relevantes para a prática de projeto em desenho industrial. Ressaltou-se que não haverá benefício comercial a partir dos desenhos obtidos no experimento.

2. Uma vez que se deseja compreender a atividade projetual através daquilo que o desenhador está pensando, pediu-se que o sujeito pense em voz alta durante toda a feitura do exercício. 3. A duração do exercício foi de uma (1) hora.

4. Findo o tempo de uma (1) hora, uma entrevista foi realizada com o desenhador, tratando das seguintes questões: Qual o grau de dificuldade do problema proposto; se houve satisfação com os resultados, graficamente, alcançados; quais foram os momentos e decisões chave para se chegar aos resultados; quais os itens constantes no texto de apresentação do problema

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foram essencialmente úteis; o que foi julgado, particularmente, difícil no experimento. Com o material gráfico produzido nos experimentos será feito um cruzamento das categorias do desenho expressional (rabiscos, rascunhos, esboços, diagramas, esquemas e ilustrações), com os aspectos perceptivos das linhas e com as propriedades codificadoras, estruturadoras e geradoras ao longo de um projeto, de acordo com Medeiros (2002); LIN (1993), entre outros.

Resultados (ou Resultados e Discussão)

Ao se cruzarem as imagens produzidas com uma tipologia de grafismos, estes passam a ser vistos, efetivamente, como ferramentas cognitivas (codificadoras, estruturadoras e geradoras). Começa a ficar claro em que instante do raciocínio projetual o indivíduo faz um esquema (simplificação), e quando ele faz uma ilustração (representação com maior riqueza de detalhes próximo ao real). Isso é relevante para o ensino e para a prática do projeto, pois oferece elementos para uma argumentação entre professores, alunos e profissionais, baseada na intensidade e na extensão dos investimentos feitos na expressão gráfica.

Voltando-se aos objetivos gerais desta pesquisa encontram-se aqueles também relacionados com as atividades de ensino, ressaltam-se a organização e o oferecimento à comunidade de cursos de:

1. preparação das habilidades de expressão gráfica para projeto; 2. atualização da expressão gráfica (real/virtual) para desenho;

3. aperfeiçoamento da prática de ensino do desenho, para qualquer nível educacional, voltado para unir a teoria e a prática da expressão gráfica em atividades projetuais;

4.especialização em questões de desenho e desenvolvimento de produtos industriais.

Conclusão

Após o término da etapa de experiências realizadas com estudantes dos cursos de Design de Produto e Design Gráfico do Uniritter, foi possível observar que os alunos apresentam dificuldade em conhecer o processo construtivo. Há deficiência na utilização da seqüência de etapas do desenvolvimento projetual, por falta de conhecimento das propriedades codificadoras, o que acaba prejudicando a habilidade criativa do aluno.

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Referências

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