Carlos Rodrigues
Presidente do Conselho de Administração Banco BiG
Cenário macroeconómico nacional e
internacional, despesa pública e
crescimento
Orçamento Estado para 2015
OE2015 Enquadramento | Banco BiG, 5 Novembro 14 2 / 26
OE 2015 – Enquadramento Internacional vs Nacional
Sumário Executivo
1. Enquadramento Internacional
1.1. Crescimento Global 1.2. Ajustamento Periferia
1.3. Arrefecimento económico – Core
1.4.1. Desiquilíbrios Europa – Custos de Financiamento 1.4.2. Desiquilíbrios Europa – Fragmentação Financeira 1.4.3. Desiquilíbrios Europa – População & PIB
2. Política Monetária
3. Enquadramento Portugal
4. Despesa & sobredimensão do Estado
4.1. Despesa Pública 4.2. Despesa Social 4.3. Esforço de Consolidação 5. Endividamento Excessivo 6. Debilidade Estrutural 7. Fiscalidade
7.1. Receita Pública & Incremento Fiscal 7.2. Carga Fiscal & Tabela de Taxas
7.3. Fiscalidade – Carga fiscal sobre contribuintes 7.4. Instabilidade do Sistema Fiscal
8. Reality Check 8.1. Portugal vs Espanha 8.2. Análise Corporativa 8.3. PT vs Telefonica 8.4. Sector Bancário 9. Reflexões Finais
1.1 Enquadramento Internacional – Crescimento Global 0 2 4 6 8
Estimativas Tx. Crescimento PIB (%)
Estimativa Actual 2014 Estimativa Prévia 2014 Estimativa Actual 2015 Estimativa Prévia 2015
-0,5 0,5 1,5 2,5
Alemanha França Itália Espanha Portugal Grécia
Estimativa Tx. Crescimento PIB
Estimativa Actual 2014 Estimativa Prévia 2014 Estimativa Actual 2015 Estimativa Prévia 2015
FMI reduz estimativas de crescimento económico global
Corte nas projecções de crescimento incide essencialmente sobre economias avançadas
Na Zona-Euro, o outlook económico mostra-se mais cauteloso para as Economias Core/semi-core
1.2 Enquadramento Internacional - Ajustamento Periferia -16 -12 -8 -4 0 2010 2011 2012 2013
Saldo Orçamental ( % PIB)
Europa non-core Europe Core Portugal
-12 -8 -4 0 4 8
mar-10 set-10 mar-11 set-11 mar-12 set-12 mar-13 set-13 mar-14
Balança Comercial ( % PIB)
Europa non-core Europe Core Portugal
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg
Ajustamento na Periferia motivou correcção de desiquilíbrios, mas...
Saldo orçamental regista melhoria relevante, não obstante mix de consolidação de menor qualidade
Trajectória espectacular do saldo Comercial regista forte convergência com a média Europeia
1.2 Enquadramento Internacional - Ajustamento Periferia 55 75 95 115 135 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Evolução Debt/ GDP
Europe Core Europa non-core Portugal
-1 1 3 5
Evolução CPI
Europe Core Europa non-core Portugal
...riscos deflacionistas agravam perspectiva de suavização do endividamento
Alargamento do perímetro de consolidação eleva dívida pública (%PIB) para níveis historicamente elevados
Riscos deflacionistas manifestam-se de forma assinalável sobre toda a Periferia
1.3 Arrefecimento Core – PIB vs PMI
40 45 50 55
dez-11 jun-12 dez-12 jun-13 dez-13 jun-14
Evolução PMI
Zona Euro França Alemanha
-6 -3 0 3 6
mar-10 set-10 mar-11 set-11 mar-12 set-12 mar-13 set-13 mar-14
Evolução PIB
Zona Euro França Alemanha Portugal
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg
Desaceleração económica incide essencialmente sobre países Core
Indicador (avançado) de Manufactura industrial na Z.E. regista clara quebra em 2014
Recuperação do PIB em Portugal contrasta com marcado arrefecimento dos países Core
1.4.1 Desiquilibrios Europa – Custos Financiamento
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg
A problemática do endividamento Público num bloco assimétrico
Sustentabilidade da dívida pública na Europa depende da alavanca do crescimento e de condições de financiamento favoráveis
Diferencial de taxas implícito na curva de rendimento da dívida Pública Europeia revela condições desiguais -1 0 1 2 3 4 5 3M 1Y 3Y 5Y 7Y 10Y 30Y Yield Curve
Portugal Alemanha Spain Italy França 0
40 80 120
Alemanha França Itália Espanha Portugal
Evolução Debt/ GDP
1.4.2 Desiquilibrios Europa – Fragmentação Financeira
Fonte : ECB Fonte: Bloomberg
Progressos na União Bancária não impede actual fragmentação financeira
Esforço de recapitalização da Banca Europeia não propiciou aumento da concessão de crédito
Débil procura (Empresas) em função do cenário macro e desequilíbrios do lado da Oferta (Bancos) motivam restrições de financiamento
-5 0 5 10 15 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Evolução concessão de crédito
Particulares Empresas não financeiras
2 2,5 3 3,5 4 4,5 2010 2011 2012 2013 2014
Custo empréstimos a empresas não financeiras
1.4.3 Desiquilibrios Europa – População e PIB 28% 29% 29% 29% 22% 22% 22% 22% 17% 17% 16% 16% 11% 11% 11% 11% 22% 22% 22% 22% 8700 9200 9700 2010 2011 2012 2013
Evolução PIB nominal
Alemanha França Itália
Espanha Outros PIB Nominal Total
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg
Política de forças Europeia gravita no eixo Alemanha vs França/Itália/Espanha
Mais de 51% da população total da Zona Euro reside em França, Itália e Espanha
“Motor” Alemão reforça importância no PIB da Zona Euro e ascende a quase 30% vs 49% afectos aos outros 3 países
25% 24% 24% 24% 19% 19% 19% 19% 18% 18% 18% 18% 14% 14% 14% 14% 24% 25% 25% 25% 325 330 335 2010 2011 2012 2013 Evolução População
Alemanha França Itália Espanha Outros Zona Euro
2 Política Monetária - Global
Desaceleração macro e riscos deflacionistas forçam actuação do BCE
Taxas de juro sem risco atingem mínimoshistóricos, em particular na Europa
Perspectiva de normalização monetária nos EUA contrasta com a necessidade do BCE reforçar o seu balanço para níveis máximos no auge da crise
0 100 200 300 400 500 600 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Evolução Balanço Bancos Centrais
BCE FED BOJ 0
1 2 3 4
out-11 abr-12 out-12 abr-13 out-13 abr-14 out-14
Bunds vs Treasury
Bunds 10Y Treasury 10Yr
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg
3 Enquadramento Portugal Finanças Públicas Insustentáveis Endividamento Excessivo Crescimento Anémico e Falta de Produtividade
Desequilíbrios macroeconómicos e problemas estruturais acumulados por
4.1 Despesa & Sobredimensão do Estado – Despesa Pública
Crescimento significativo da despesa pública num contexto de estagnação
Diferencial de crescimento (Despesa vs PIB)agrava-se a partir da década de 2000
Verificou-se um retrocesso ligeiro da Despesa Pública (%PIB) nos anos da Troika, mantendo-se ainda assim a níveis historicamente elevados
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg 50 100 150 200
Evolução Despesa Pública vs PIB
PIB Despesa Pública
41 44 47 50 53 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Despesa pública (% PIB)
4.2 Despesa Social
Despesa Social regista aumento exponencial nas décadas pré-crise
Incremento substancial da Despesa Social leva aque a mesma represente já mais de 50% da despesa Pública (vs 30% em 1990)
Portugal é o País Europeu que registou o maior incremento da despesa Social nos anos 2000
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg 3,8 2,4 8,5 0,2 1,4 4,2 1,6 4,2 -2,2 2,8 6,4 -1,8 -2,4 5,8 0,8 0,6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
Incremento das Prestações sociais (%PIB)
1999-2013 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 0 10 20 30 40 50 60 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2013E
Evolução Despesa Social vs Despesa Pública (%PIB)
4.3 Esforço de Consolidação
Austeridade Troika 2011-14
EUR 26 mil mn
16% PIB 55% Despesa 45% Receita
Corte na despesa mostrou/(a)-se insuficiente no esforço de consolidação
OE 2015 continua a espelhar as dificuldades estruturais no corte efectivo da Despesa Pública que (não) se realizou no período da Troika336 216 -1389 691 -698 1250 -2000 -1500 -1000 -500 0 500 1000 1500
5 Endividamento Excessivo
Explosão do endividamento externo ao longo da década de 2000
Défice comercial persistentemente acima de10 p.p. do PIB até 2010
Agravamento das necessidades de financiamento do sector público e privado
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg -16 -13 -10 -7 -4 -1 3 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Balança Corrente (% do PIB)
Portugal Zona Euro
155 176 192 225 222 48 56 64 84 129 103 113 136 177 170 69 69 69 80 95 0 50 100 150 200 250 300 350 400 2000 2003 2006 2009 2013
Endividamento e Dívida Pública (% PIB)
Endividamento Portugal Divida Pública Portugal Endividamento Zona Euro Divida Pública Zona Euro
6 Debilidade Estrutural
Rigidez da economia e fraco nível de competitividade penalizam crescimento
Crescimento do PIB em Portugal muito inferiorao observado na Europa
Apesar dos progressos durante o período de crise, a competitividade da economia Portuguesa mantém-se abaixo da média Europeia
Fonte: Bloomberg; Banco Central Europeu Fonte: Bloomberg -4 -2 0 2 4 1 9 99 2 0 00 2 0 01 2 0 02 2 0 03 2 0 04 2 0 05 2 0 06 2 0 07 2 0 08 2 0 09 2 0 10 2 0 11 2 0 12 2 0 13 2 0 14
Crescimento PIB Real (%YoY)
Portugal Zona Euro
80 90 100 110 120
mar-10 set-10 mar-11 set-11 mar-12 set-12 mar-13 set-13 mar-14
Competitividade p/custo unit. trabalho (%)
7.1 Fiscalidade – Receita Pública & Incremento FIscal
Receita fiscal em p.p. do PIB regista incremento exponencial nos anos 2000
-25% -20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% -25% -20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% C h ile P o rt u ga l Ic e la n d It aly C ze ch R e p u b lic G re ec e G e rm a n y Fr an ce H u n g ar y Sw it ze rla n d N ew Z e al a n d B e lg iu m U n it e d K in gd o m N o rw ay Sl o ve n ia Sp a in A u st ria De n m a rk Lu xe m b o u rg E st o n ia Fin la n d Ir e la n d Is ra el Sw ed e n U n it e d St a te s C an ad a Slo va k R e p u b lic
Incremento receitas fiscais em p.p. do PIB (1998-2012) Portugal regista um dos maiores incrementos da receita fiscal entre os países da OCDE
Evolução da Receita Pública em % PIB regista forte aproximação à média Europeia
36 39 42 45
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Receita pública (% PIB)
7.2 Fiscalidade – Carga Fiscal & Tabela de Taxas
Carga fiscal em Portugal mostra-se excepcionalmente elevada
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg
Carga fiscal em Portugal – ajustada ao efeito riqueza – é a mais elevada na Europa
As taxas das diferentes categorias de impostos mostram-se claramente mais elevadas face à média Europeia 40 60 80 100 120 140 160 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Z ona E ur o = 1 0 0
Evolução Carga Fiscal/PIB per Capita
Portugal Espanha Itália Grécia Irlanda Alemanha França 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Taxas Portugal vs Zona Euro
7.3 Fiscalidade – Carga fiscal sobre Rendimento & Consumo
Criação sucessiva de novas Taxas (IRS) exponenciou absurda carga fiscal
O inferior rendimento doméstico não inviabiliza o prémio de 11 p.p. suportados pelo trabalhador dependente Português face à média Europeia A persistência de taxas adicionais sobre o trabalhoamplifica a intromissão do Estado na esfera individual e limita incentivos à inovação
56,5% 75,0% 11,0% 7,5% 48,5% 69,8% 13,3% 8,0% 0% 20% 40% 60% 80%
Carga Fiscal Portugal vs Zona Euro
Portugal Zona Euro 73% 3,5% 2,5% 11% 8% 48% 75% 3,5% 5,0% 11% 7,5% 0% 20% 40% 60% 80%
Carga Fiscal sobre Rendimento & Consumo
7.4 Instabilidade do Sistema Fiscal
Alterações fiscais persistentes e falta de transparência retiram atractividade
As constantes alterações promovidas nosistema fiscal revelam-se, para além do elevado nível de taxas, igualmente perversas para a atractividade do sistema
A falta de transparência associada a alguns impostos “escondidos” retiram igualmente atractividade
8.1 Reality Check - Portugal vs Espanha
Desempenho da Economia Portuguesa revela-se decepcionante
Evolução bolsista e criação de riqueza (PIB)espelha divergência entre Portugal-Espanha
Percepção de risco de crédito sobre as duas economias Ibéricas afigura-se distinto
Ba1 BB Baa2 BBB Baa3 BBB-BB+ Moody's S&P Rating Portugal Espanha 32% 36% 68% 54% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Market Cap PIB
Variação Portugal vs Espanha 2004-2014
8.2 Reality Check – Análise Corporativa
Evolução do sector empresarial cristaliza debilidades estruturais
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg
Principais cotadas Portuguesas espelham significativa destruição de valor que...
...contrasta de forma óbvia com o incremento da avaliação das principais empresas Espanholas
61.007 42.200 36.519 20.584 15.670 55.773 91.241 56.228 25.385 25.385 0 20000 40000 60000 80000 100000
TEF SAN BBVA REP ELE
Evolução MKT CAP. Top 5 Espanha: 2004-2014
2004 2014 11.414 6.900 6.547 4.215 2.822 1.494 12.633 5.616 675 1.243 0 3000 6000 9000 12000 15000 PTC EDP BCP BES CPR
Evolução MKT CAP. Top 5 Portugal: 2004-2014
8.3 Reality Check - Portugal Telecom vs Telefónica
Divergência espectacular entre PT-Telefonica revela-se paradigmático
Maior debilidade operacional e graves falhas de Governação determinam colapso da PT Capitalização bolsista da Telefonica supera em50x a da Portugal Telecom (vs 6x em 2004) 11.414 1.007 6.316 10.767 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000
MKT CAP 2004 MKT CAP Actual Dividendos Acumulados Resultados Acumulados Portugal Telecom 0 10 20 30 40 50 60 0 50 100 150 200 250 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 R ác io M K T C A P R e ce it as
Evolução Receitas - PT vs Telefonica
8.4 Reality Check - Sector Bancário
Sector Bancário em Portugal regista implosão significativa
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg
Aumentos de Capital dos Bancos em Portugal assumem dimensão extraordinária no esforço de recapitalização – situação agravada pelo forte nível de prejuízos acumulados
Geração de resultados em Espanha e menor diluição de capital espelha uma realidade do sector Bancário Espanhol claramente distinta
82.238 52.269 41.917 22.673 7.195 5.060 0 20000 40000 60000 80000 100000 Santander BBVA
Evolução Banca Espanha: 2008-Actual (Valores em Eur mn)
MKT CAP Res. Liquido Aumentos Capital 4.990 0 2.249 -2135 -2626 427 4.302 3.255 550 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 BCP BES BPI
Evolução Banca Portugal: 2008-Actual (Valores em Eur mn)
9 Reflexões Finais
Reflexões Finais – Riscos OE 2015: Vertentes Internacional e Nacional
VERTENTE INTERNACIONAL
VERTENTE NACIONAL
Riscos deflacionistas na Europa comprometem suavização do elevado nível de dívida pública; Arrefecimento nos países Core acarreta um
efeito negativo sobre o modelo de crescimento das exportações Portuguesas; Diferencial de taxas na curva de rendimento
da dívida Pública Europeia revela condições desiguais e requer acção mais forte do BCE; Progressos da União Bancária mostram-se
insuficientes para debelar restrições de financiamento e/ou dirimir o cenário vigente de fragmentação financeira na Europa.
Novo choque na curva de taxas de juro e crescimento económico tépido compromete sustentabilidade da dívida pública;
Dificuldade estrutural do corte da despesa do Estado revelha ineficiência da máquina pública vs ajustamento já realizado pelo sector privado (desemprego/salários/exportações);
Nível extraordinariamente elevado da carga Fiscal – mais alto na Europa – resulta da fraca eficiência do aparelho público;
Factores recentes (BES/PT) denigrem reputação nacional e afastam recuperação do IDE - decisivo face ao elevado endividamento privado.
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