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Trabalho apresentado no PLANTAS MEDICINAIS NA ESCOLA - UM INCENTIVO AO DIÁLOGO ENTRE PIBID DIVERSIDADE, CIÊNCIAS DA NATUREZA E SABERES POPULARES

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Academic year: 2021

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Trabalho apresentado no

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PLANTASMEDICINAISNAESCOLA-UMINCENTIVOAODIÁLOGO ENTREPIBIDDIVERSIDADE,CIÊNCIASDANATUREZAESABERES

POPULARES

Ronei Jaciel Ulbrich (Licenciatura em Educação do Campo – PIBID Diversidade/UFSC)

Débora Maria Sampaio (Licenciatura em Educação do Campo – PIBID Diversidade/UFSC)

Rubiane Ulbrich (Licenciatura em Educação do Campo – PIBID Diversidade/UFSC) Néli Suzana Britto (Licenciatura em Educação do Campo – PIBID Diversidade/UFSC)

Evani Sobzak (Escola Estadual Básica Hercílio Buch- PIBID Diversidade/UFSC)

Resumo

O seguinte trabalho tem como objetivo divulgar a sistematização do projeto “Plantas medicinais na escola”, realizado pelo grupo de estudantes da Licenciatura em Educação do Campo – formação na área de Ciências da Natureza e Matemática (bolsistas PIBID Diversidade), iniciado em 2013, na Escola Estadual Básica “Hercílio Buch”, localizada no município de Mafra/SC. Esse trabalho ressaltou a importância do PIBID diversidade na formação docente, uma vez que os licenciandos tem contato com a realidade escolar muito antes do trabalho profissional, o que facilita a aproximação e a melhor compreensão do cotidiano escolar.

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Introdução

Inicialmente cabe contextualizarmos que esse trabalho se insere entre as ações e projetos que vem sendo desenvolvida pelos licenciandos do curso de Licenciatura em Educação do Campo – Formação na Área de Ciências da Natureza e Matemática da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A experiência em foco é uma das atividades resultantes das ações previstas no Subprojeto de Ciências da Natureza no PIBID Diversidade.

A escolha do tema “plantas medicinais na escola’’ se justifica ao reconhecermos que as plantas medicinais são utilizadas há muito tempo, desde as civilizações antigas até hoje. Sendo que suas diversas funções e a enorme variedade de usos possíveis fazem com que elas sejam tão importantes nas nossas vidas. Por sua vez a relevância de integrar as discussões e conhecimentos escolares.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 80% da população mundial fazem uso de algum tipo de plantas medicinais, na busca de alívio de sintomas dolorosos ou desagradáveis. Inclusive o Ministério da Saúde aprovou no dia 03 de maio de 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), entre as várias diretrizes do decreto, uma estabelece que devam ser adotadas medidas que possibilitem tornar disponíveis plantas medicinais ou fitoterápicas nas unidades de saúde de forma complementar, utilizando como um dos produtos as plantas medicinais, sejam manipulados ou industrializados

A importância das plantas medicinais não é novidade para ninguém, mas o que nos levou a realizar um projeto sobre elas não foi a sua importância, mas o seu “esquecimento”. As propriedades terapêuticas e uso consciente que essas plantas oferecem são diversos, e o conhecimento a respeito disso sempre foi passado de geração em geração.

Ao mesmo tempo, quando estabelecemos contato com a escola para pensar junto com a professora supervisora do PIBID, observamos que a geração de crianças e jovens que estão atualmente na escola tem muito pouco ou nenhum conhecimento a respeito das plantas medicinais. Foi então que decidimos problematizar a realidade de um grupo de alunos e realizar com eles um resgate cultural dos saberes populares perdidos sobre essa temática, principalmente quando considerarmos que

O desenvolvimento adotado pela política local pode determinar a conservação cultural e ambiental das plantas medicinais, ou levar ao

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extermínio dos ecossistemas naturais e das formas tradicionais de manejo dos recursos vegetais, que são progressivamente desprezadas por formas modernas, altamente destrutivas e orientadas à produção para o mercado capitalista. (CABALLERO,1983, p. 25-28)

Organizamos esse trabalho em três partes, a primeira apresenta o diagnóstico da realidade local e a decisão do projeto, a segunda parte consiste na realização do projeto e a última é o relato da experiência do PIBID como colaborador na vida acadêmica de futuros professores.

Realidade local e a decisão do projeto

A escola EEB “Hercílio Buch”, na qual estamos realizando o projeto, situa-se na localidade de Bela vista do Sul, interior do município de Mafra SC, e oferece atendimento do ensino fundamental e médio para crianças e jovens da comunidade e outras do entorno. Analisando a realidade local, percebemos que a maioria das famílias dos alunos trabalha com agricultura, mas precisamente com o cultivo de fumo para indústrias multinacionais de tabaco. Nesse contexto podemos afirmar que essa escola está no campo e atende sujeitos do campo, condicionantes que vem ao encontro do entendimento de que

Os cursos de licenciatura do campo devem incrementar o diálogo entre os vários saberes, incentivando, sempre com respeito, os saberes presentes em todas as culturas, seja a tradicional ou a técnico-científica. Dessa forma, o conhecimento pela experiência de vê ser reconhecido, pois a experiência é fonte de conhecimento [...] (MENEZES NETO, 2011, p. 35)

Com base no questionário elaborado e respondido pelos alunos, identificamos que o cultivo e/ou uso de plantas medicinais ainda é uma prática bastante presente nas casas de vários alunos. Porém o conhecimento empírico de sua aplicabilidade não está sendo repassada às gerações mais jovens, ou seja, é uma forma de ruptura do saber popular que de geração em geração era repassado e que agora esta se perdendo. Notamos que quanto mais idosos residem nas casas mais plantas medicinais existem e quanto mais novos os moradores menor é o cultivo das plantas medicinais.

Podemos atribuir o fato a diversos fatores, sem estabelecermos juízo de valor sobre quem seria responsável por essa situação, pois todos temos responsabilidade por esse processo de invisibilidade e perda do saber popular. Primeiro, o avanço das tecnologias farmacêuticas, o que promoveu um maior uso de medicamentos e um

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“esquecimento” das plantas medicinais. Segundo, o trabalho das famílias na cultura do fumo pode ser relacionado com a falta de tempo para cultivar as plantas medicinais e o terceiro, a falta do conhecimento dos saberes populares em escolas e universidades, o que acompanha o descrédito do mesmo, elevando o conceito do remédio industrializado como sendo o mais eficaz, pois já vem pronto com as indicações de uso.

Diante do exposto, decidimos realizar nosso projeto com o tema “plantas medicinais na escola”, com o intuito de resgatar a cultura que vem aos poucos se perdendo e utilizar um espaço que a escola possuía e estava sem utilidade, no sentido de dialogar entre os saberes técnico-científicos sobre o reconhecimento e propriedades das plantas e a riqueza dos saberes tradicionais.

A realização do projeto

Antes de falarmos sobre o projeto propriamente dito vale esclarecermos que o nosso curso de Licenciatura em Educação do Campo tem uma organização curricular orientada pela pedagogia da alternância, a qual prevê tempos alternados entre semanas com aulas e semanas que voltamos para as comunidades onde moramos, onde desde a primeira fase vamos investigando aspectos sócio-políticos-econômicos referente aos aspectos da educação, saúde, trabalho, etc sobre o município e uma escola, onde concentramos nossas atividades de estágio docência a partir da 5ª fase.

[...] A licenciatura em Educação do Campo tem uma dinâmica que prevê [...] um processo contínuo de ação-reflexão-ação entre os tempos universidade e comunidade, num percurso de consolidação do Projeto Político Pedagógico (PPP) comprometido com as populações do campo. Pautada nos princípios da Educação do Campo, a matriz curricular do curso está organizada pela Pedagogia da Alternância que define tempos/espaços distintos alternados, os quais se denominam Tempo universidade [TU] e Tempo Comunidade [TC]. Os Tempos Universidades compreendem aulas presenciais e em tempo integral, organizadas, predominantemente em estudos concentrados no campus universitário; os Tempos Comunidades são os períodos em que @s estudantes realizam as viagens a campo, balizadas pelo plano de estudos/trabalho e pela ação investigativa sobre as realidades, preferencialmente nos municípios de origem, sob acompanhamento e orientação d@s professor@s. (Britto, 2013, p. 114)

O motivo de desenvolvermos uma proposta dentro dessa escola está vinculado ao fato de que dois estudantes fazem o TC nessa comunidade, e estudaram nessa escola, entretanto isso não foi algo tão rápido, pois a princípio éramos vistos como “mais um grupo da universidade que vem prá escola observar, pesquisar e julgar o que é certo ou

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errado”. Diante dessa situação foi importante o envolvimento da professora1 supervisora do PIBID, pois enquanto integrante da escola há alguns anos, sua participação foi determinante para efetivação do projeto, nos orientando intermediando e conquistando a colaboração da direção e de outros professores da escola.

O trabalho começou a se efetivar de fato, quando em uma visita a escola, tivemos o conhecimento que a professora de artes pretendia transformar uma parte do pátio que não estava sendo aproveitado, ( era depositado lixo), em um local de estudo e de lazer da escola. Pensamos juntos e vimos que a nossa colaboração poderia se dar pela via de um projeto que consistisse em fazer canteiros de plantas medicinais numa parte desse espaço ocioso do pátio da escola, pois poderíamos criar com a participação dos alunos um espaço de estudo com uma preocupação lúdica e estética onde seria garantido o diálogo entre o conhecimento técnico-cientifico e o conhecimento popular a respeito, inicialmente sobre as plantas medicinais.

Partimos para ação, começando por uma pesquisa com os alunos, envolvendo informações sobre suas moradias e costumes familiares a respeito das plantas medicinais, assim como sobre o conhecimento sistematizado referente a classificações, propriedades e nome usual e cientifico. Feito isso iniciamos a outra etapa que foi elaboração dos canteiros para o cultivo das plantas medicinais mais tradicionais e citadas que ocorrem na região.

O trabalho de pesquisa sobre os conhecimentos do nome popular e o nome científico, bem como suas propriedades e o uso correto da utilização das plantas medicinais, foi realizado no laboratório de informática, esse estudo contribuiu, posteriormente para a confecção de placas com as respectivas identificações e benefícios das plantas cultivadas nos canteiros. Trabalhando desse modo buscamos evidenciar alguns cuidados necessários na utilização de plantas medicinais, por exemplo, conhecer bem suas propriedades e formas de uso. Pois certas plantas medicinais , quando em forma de chás, devem ter instruções da quantidade a ser ingerida e a forma de ser preparada. Levando em consideração estes cuidados, iniciamos o nosso trabalho com a pesquisa sobre as propriedades das plantas medicinais listadas pelo levantamento sobre as mais usadas, as explicações dadas pelo conhecimento

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Essa professora foi recomendada para assumir a função de professora supervisora e integrar o grupo de bolsista do PIBID Diversidade, pelas boas lembranças escolares que seus ex-alunos mantinham e entendiam que deveria ser melhor incentivado e socializado para além da escola.

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popular, bem como sua identificação pelas folhas, flores, cheiro ou pelo sabor adocicado ou ácido.

A continuidade desse projeto tem como objetivo realizar trabalhos com os alunos envolvendo outras disciplinas escolares, como por exemplo, em matemática (área, volume, perímetro, quantidade, formas geométricas, etc); em ciências (as propriedades das plantas medicinais e a importância delas para os seres vivos e ecossistema), em língua portuguesa (linguagem verbal e não verbal; gêneros textuais, etc), em geografia (os solos apropriados; a influência lunar e plantio, a vida dos sujeitos do campo); em história (a historicidade do conhecimento produzido sobre o uso das plantas medicinais, como a prática dos alquimistas e dos indígenas), e assim realizar um projeto voltado para uma abordagem interdisciplinar.

[...] Considera-se que a aprendizagem contextualizada e interdisciplinar está associada á preocupação de retirar o aluno da condição de espectador passivo, em produzir uma aprendizagem significativa e em desenvolver o conhecimento espontâneo em direção ao conhecimento abstrato.

Nessa perspectiva, é necessário um ambiente escolar propicio á essa interação, capaz de promover discussões coordenada que substituem os objetivos individuais por metas comuns. [...] (LEANDRO; ZANON, 2013, p. 37)

Dessa maneira nossa caminhada vem em direção da construção de uma prática educativa na escola, que precisa a ajuda e o comprometimento de um número mais expressivo de envolvidos neste trabalho, uma experiência construtiva e coletiva, e essencialmente articulada pela realidade dos alunos do campo.

A experiência via PIBID como incentivo na vida acadêmica aos futuros professores

Ao longo da elaboração e da realização desse projeto, nós estudantes temos vivenciado uma experiência muito importante para nossa vida acadêmica, a qual tem promovido o estudo e participação da vida escolar associada as praticas, e a nossa futura profissão: professores de Ciências da Natureza e Matemática da Educação Básica nas escolas do/no campo. O que é bem diferente de um curso de formação docente que se restringe a estudos teóricos no âmbito acadêmico, tornando impossível estabelecer uma ideia sobre a complexidade do que é cotidiano escolar e o exercício da docência na Educação Básica seja pelas suas dificuldades ou pelo êxito de muitas ações educativas, apesar das muitas adversidades. Vivências que conseguimos observar e/ou participar na

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escola, antecipando aquilo que só viríamos conhecer quando fossemos exercer a profissão de docente.

O projeto também nos auxiliou na realização de nossos estágios de docência, porque quando entramos em sala de aula para realizá-los, já tínhamos um pouco de experiência, devido as etapas que tivemos que fazer em sala de aula, em relação ao início do projeto, o que nos auxiliou e muito neste momento.

Vale ressaltarmos que a proposição do PIBID vem ao encontro do compromisso da Licenciatura em Educação do Campo em propiciar uma formação docente marcada pela articulação teoria/ prática e também pela aproximação universidade/ escola/ comunidade. Por esse motivo o curso tem uma organização curricular e encaminhamentos de estágio que também facilita este processo de interação desde o primeiro ano do curso quando são alternados períodos de aulas na universidade (TU) com períodos de vivência e pesquisa na comunidade (TC). No segundo ano da faculdade os alunos tem como foco a escola, neste período os estudantes fazem pesquisas para entender melhor o funcionamento da mesma, no terceiro ano começam as observações e investigação temática no ensino fundamental, que resulta em um tema para as aulas do estágio de docência realizado no mesmo ano. Enfim no último ano se realiza um estágio no ensino médio e um projeto comunitário que visa o estreitamento nas relações entre a prática docente do futuro professor com a realidade da comunidade local.

Assim sendo, tanto o projeto PIBID quanto a Licenciatura em Educação do Campo, visam formar um professor consciente da realidade em que vai atuar futuramente, incentivando-os ao exercício de práticas docentes que o auxiliarão no seu planejamento e seleção dos conteúdos escolares e das atividades que favoreçam a realização de um melhor aprendizado. E com isso, poderá enfrentar dificuldades e obstáculos que possam impedir o sucesso do educador e do educando. É evidente que existirão sempre desafios para quem está iniciando a carreira, mas o fato é que estaremos um pouco mais preparados quando isso ocorrer.

Referências

MENEZES NETO, Antonio J. de. Formação de professores para Educação do Campo: projetos sociais em disputa. In: MARTINS, Aracy Alves; ANTUNES – ROCHA, Maria Isabel (Orgs.). Educação do Campo – Desafios para a formação de professores. Belo

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Horizonte: Autêntica Editora, 2009, P. 25-38. (Coleção Caminhos da Educação do Campo 1).

CABALLERO, Javier. Perspectiva para el quehacer etnobotânico em México. In: Barrera, A. (Ed.). La etnobotânica: três puntos de vista e una perspectiva. Xalapa: Instituto Nacional de Investigaciones sobre Recursos Bióticos. p.25-28. 1983.

LEANDRO, Cleiton S.; ZANON, Dalcimeire A. V. Interdisciplinaridade: um desafio para a pratica docente. In: CURSINO, Luzmara; COSTA, Moab L. da (Orgs) Caderno PIBID-UFSCar- Relatos de experiências de formação docente. São Carlos: Suprema Gráfica e Editora, 2013. p. 35-45.

BRITTO, Néli S. Prática docente em Ciências da natureza em Educação do Campo- desafios, diálogos, reflexões e ações educativas. In: DUSO, Leandro; HOFFMANN, Marilisa B. (Orgs) Docência em Ciências e Biologia: Propostas para um continuado reiniciar. Ijuí:Editora Unijuí, 2013. P. 107-132 (Coleção de Educação em Ciências)

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