• Onerosidade: seu objeto é atividade que sempre busca lucro.
• Dinamismo e agilidade: para acompanhar as relações econômicas.
• Instrumentalidade ou Informalismo: para dar forma jurídica e concretizar as relações econômicas sem excesso de formalismos. • Massificação: pois seus atos são praticados no mercado em larga
e ampla escala.
• Internacionalismo: é influenciado pelo mercado internacional, já que envolve relações entre diversos povos, demandando uniformização de práticas e conceitos.
• Cosmopolitismo: a pratica comercial sempre carregou consigo a necessidade de intercâmbio entre os povos. Esta característica fez com que surgissem usos e costumes comuns a todos os comerciantes, independente de sua nacionalidade.
• Fragmentarismo: o direito empresarial entre si, também é subdividido em: direito societário, títulos de crédito, recuperação de empresas e falência, contratos mercantis.
• Da preservação ou continuidade da empresa: pela importância econômico-social da atividade empresária, como geradora de bens, serviços, empregos, renda etc.
• Da defesa da minoria societária: cria mecanismos de proteção ao acionistas minoritários de uma sociedade anônima, como por exemplo a adoção do voto múltiplo (art. 141 da Lei 6404/76)
Para que possamos adentrar a Teoria Geral da Empresa, temos que, inicialmente, refletir sobre o conceito de “empresa” para melhor compreender a influência do empresário e da sociedade empresária no cenário econômico nacional como responsável pela geração de
empregos, arrecadação de tributos e fomento de riquezas.
O Código Civil de 2002, ao adotar as concepções do direito italiano, não conceituou a empresa, fixando apenas o conceito de empresário. Isto tendo em vista que a empresa é considerada
elemento abstrato, fruto da ação intencional do empresário em promover o seu exercício de maneira economicamente organizada.
Giuseppe Ferri - ensina que a noção econômica de empresa,
sob a qual deve se assentar o seu conceito jurídico, incorpora-se na organização dos fatores de produção, baseada em princípios técnicos e leis econômicas, propondo-se à satisfação de necessidades alheias, vale dizer, do mercado.
Sylvio Marcondes - O conceito econômico de empresa está
na organização dos fatores de produção de bens ou de serviços para o mercado, coordenada pelo empresário, que lhe assume os resultados. Sobre este conceito
Nesse sentido, Barroso aponta três formas de intervenção
estatal na economia:
(i) a intervenção direta;
(ii) o fomento;
(iii)a disciplina.
O Estado pode interferir na ordem econômica mediante uma atuação direta, isto é: assumindo, ele próprio, o papel de produtor ou prestador de bens ou serviços. Essa modalidade de intervenção assume duas apresentações distintas: (a) a prestação de serviços públicos e (b) a exploração de atividades econômicas. Entretanto, cabe não perder de vista que a atuação direta do Estado na economia é excepcional.
De outra parte, o Estado interfere no domínio econômico por via do
fomento, isto é, apoiando a iniciativa privada e estimulando (ou
desestimulando) determinados comportamentos, por meio, por
exemplo, de incentivos fiscais ou financiamentos públicos.
Por fim, o Poder Público interfere com a atividade econômica traçando-lhe a disciplina. O propósito principal dessa forma de intervenção, como já se viu, é a preservação e promoção dos princípios de funcionamento da ordem econômica.
Com o declínio da pesca, com a demissão de milhares de trabalhadores do Estaleiro Verolme (3.500 trabalhadores) e do Porto (600 trabalhadores), com o término das obras da Usina Angra II (4.000 trabalhadores), a Prefeitura estimou, no final do ano de 1999, que “se multiplicarmos o número de desempregados pela média familiar, chegaremos a alarmante conclusão de que quase 40% de população do Município perdeu parte ou toda a renda familiar”
(Extraído do documento “Centro de Formação Profissional da Baía de Ilha Grande” - Carta consulta elaborada pela Prefeitura Municipal de Angra dos Reis e enviada ao Ministério da Educação, 1999:-5).
Em 1982, o Estaleiro Verolme chegou a ter 7291 funcionários, o
que representava 21,78% do total de trabalhadores da indústria
naval no Brasil. Absorvendo 12% da força de trabalho angrense,
a Verolme era a maior fonte de geração de empregos no
município além de contribuir para o surgimento de comércio e
outras atividades ao seu redor.
Como consequência à retração das atividades do Estaleiro
Verolme na década de 90, a população de rua aumentou,
favelas surgiram e o número daqueles que, através da
economia popular, vêm tentando produzir
– por conta própria –
os seus meios de sobrevivência cresceu.
O grupo PSA Peugeot-Citroën inaugurou a unidade de Porto Real no ano 2000 com 400 empregados. Em 2004, já empregava dois mil funcionários. A instalação da fábrica impulsionou a economia do Médio Paraíba, atraindo fornecedores e consolidando o Pólo Metal-Mecânico na região. Porto Real foi o município que registrou o maior crescimento do PIB no período 1996-2000 – 234,7%, contra 92,8% do segundo colocado, a vizinha Resende.
O legislador brasileiro optou por não definir “empresa” - esse conceito pode ser obtido a partir da definição de empresário propagada no caput do artigo 966. Será compreendido empresário:
(i) quem produz ou circula bens ou serviços – quem pratica um desses atos;
(ii) de forma economicamente organizada – é preciso ter um mínimo de organização econômica;
(iii) profissionalmente.
O intuito de lucro constitui um dos elementos
caracterizadores da atividade empresarial e
revela a intenção de agir, habitualmente, com vista à obtenção de vantagem econômica. Essa habitualidade no agir econômico caracteriza a profissionalidade exigida pelo Código Civil de 2002.
Desta forma, verificamos que uma sociedade é lucrativa através da previsão obrigatória de distribuição dos lucros entre os sócios (numa Ltda) e dos dividendos (numa S/A).
Entende-se que o ato de empresa (1) poderá ser praticado por duas pessoas:
(i) o EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (pessoa natural) (ii) a SOCIEDADE EMPRESÁRIA (pessoa jurídica)
Já a SOCIEDADE SIMPLES não pratica ATO DE EMPRESA.
Afaste-se, desde já, a ideia de que a sociedade simples não tem intuito de lucro.
Quando o Administrador ou Diretor assina um cheque quem está assinando é a sociedade. Então quem pratica o ATO DE EMPRESA é a sociedade e não o Administrador.
QUEM PRATICA O ATO DE EMPRESA NA
SOCIEDADE?
Analisando o parágrafo único do artigo 966, encontramos uma “exceção dentro da exceção”, pois, ao mesmo tempo que retira do Direito de Empresa a disciplina das atividades intelectuais, de natureza científica, literária ou artística, estipula que esta ressalva não prevalecerá quando “o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. Vale ressaltar que, para melhor auxiliar no entendimento do que é elemento de empresa, vejamos os Enunciados n.ºs 193, 194, 195, 196 e 199 do Conselho da Justiça Federal:
193 – Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa.
194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
195 – Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial
196
– Art. 966 e 982:
A sociedade de natureza simples não tem
seu objeto restrito às atividades intelectuais.
199
– Art. 966
A inscrição do empresário ou sociedade
empresária é requisito delineador da sua regularidade e não da
sua caracterização.
Quando a atividade intelectual (de qualquer natureza) está
absorvida pela estrutura organizacional da empresa, essa
atividade intelectual fará parte dos fatores de produção,
juntamente com o capital, mão de obra e organização,
caracterizando a prática de um ato de empresa.
Neste momento, aplica-se o parágrafo único do art. 966, in fine.
EXCEÇÃO
Como exemplo, podemos citar um HOSPITAL onde trabalham muitos médicos. A prática da Medicina é atividade intelectual de natureza científica, mas o Hospital é sociedade empresária, não porque a estrutura física é grande e luxuosa ou porque tem muitos empregados, mas porque a atividade intelectual de natureza científica está absorvida pela estrutura organizacional. A atividade intelectual é um dos fatores de produção, como hotelaria, estacionamento, laboratório, setor de ambulâncias etc.
Não se pode mais negar a importância da empresa no cenário econômico mundial. A visão de que apenas o interesse e a vontade do empresário são relevantes jurídica e economicamente, sendo ele o verdadeiro produtor de bens ou de serviços e seus empregados meros instrumentos deste, está deveras ultrapassada.
Com base no art. 421 do Código Civil, a liberdade de contratar deve ser exercida nos limites da função social do contrato. Quer dizer, referido instituto obriga as partes a buscarem satisfazer interesses extracontratuais, “que sejam socialmente relevantes, tenham relação com o contrato ou por ele sejam atingidos”.
A função social da empresa exige que as sociedades empresárias guardem observância ao cumprimento de valores éticos, respeito ao
meio ambiente, à livre iniciativa e à livre concorrência, de modo a
não só objetivar a obtenção de lucro, mas também atentando para os possíveis impactos que possam ser trazidos com o exercício da atividade
empresarial.
O art. 966 do Código Civil define os requisitos para a caracterização da condição jurídica de empresário (efetivo exercício profissional da atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços). Ocorre que, além destes requisitos, o Código Civil, em seu art. 972, determina como condição para empresário individual a capacidade. Dessa forma, uma vez adquirida a plena capacidade, a pessoa natural
poderá exercer a atividade de empresário.
• dois tipos de empresários: o individual (pessoa natural) e a sociedade empresária (pessoa jurídica).
• quando a empresa é titularizada por uma pessoa natural, tem-se a figura do empresário individual, além do requisito especial do exercício da atividade em nome próprio, no qual se estabelece, para fins de inscrição do Empresário Individual, a necessidade de informação do seu nome civil, nacionalidade, domicílio e estado civil. Diante disso, o empresário, para que seja considerado regular, deve proceder com a sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, na respectiva sede, antes de dar início às
suas atividades.
O requerimento de registro deverá conter:
a) seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
b) a firma sob a qual exercerá a atividade, com a respectiva assinatura autografa, ou seja, o modo como assinará a firma individual;
c) o capital; d) o objeto; e) a sede.
• Para efeitos de recolhimento de tributos federais, o Decreto n.º 9.580/2018 equipara o Empresário Individual às pessoas jurídicas para fins de Imposto de Renda, impondo a ele a obrigação de se inscrever no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ).
• Da mesma forma, se Empresário Individual for contribuinte do ICMS, também é necessária sua Inscrição Estadual.
Apesar de receber o mesmo tratamento fiscal, não se pode concluir que o Empresário Individual seja pessoa jurídica; na realidade, ele é
pessoa natural com tratamento fiscal de pessoa jurídica, por isso está submetido à inscrição no CNPJ.
Ainda, caso o empresário individual tenha a pretensão de admitir outro(s) sócio(s), entende-se que “(...) fica-lhe facultado requerer, perante o Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação de seu registro de empresário individual para o de sociedade empresária, que, assim, venha a constituir”.
Em regra, uma sociedade se constitui por escrito, com a elaboração do seu ato constitutivo, que será o Contrato Social, no caso de uma sociedade na forma de LIMITADA ou o Estatuto Social, se a forma adotada for de SOCIEDADE ANÔNIMA.
Para ser válido, o ato constitutivo de uma sociedade deve resultar de um consenso, para tanto, é necessária a manifestação de vontade dos contratantes que devem ter capacidade para celebrar um negócio jurídico além de outras exigências legais para evitar a nulidade ou a anulabilidade do contrato.
Especificamente quanto à CAPACIDADE PARA SER SÓCIO, esta deve ser analisada sob a perspectiva de que ser sócio, nada mais é do que ser proprietário de quotas ou ações - bem móvel.
Quando o empresário individual exerce a empresa, o sócio – apesar de viabilizar sua existência – é apenas um quotista ou acionista, ou seja, proprietário de bens móveis, não podendo ser confundido com a figura do empresário.
Entendemos que os meios de proteção oferecidos pelo sistema jurídico são suficientes para garantir, ao incapaz e ao menor impúbere (com menos de 16 anos) ou púbere (maior de 16 e com menos de 18 anos), representado ou assistido, e, desde que o capital social esteja integralizado e não lhes seja atribuída função de administrador, o ingresso em sociedade:
• na condição de herdeiro de sócio falecido
• pela constituição originária de contrato de sociedade ou pela aquisição posterior de quotas ou ações
A proibição legal que atinge os servidores públicos restringe-se à prática da atividade empresarial e não é extensiva à participação dele em sociedade empresária – a vedação se dirige ao exercício da função de empresário. Portanto, o servidor público pode ser quotista ou acionista de sociedade empresária.
Exceção à regra é normalmente disposta nos estatutos profissionais respectivos (geralmente, o que se proíbe é a prática da atividade empresarial e a administração),