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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

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F- AGRAVO DE INSTRUMENTO 0029266-76.2013.8.19.0000 1

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0029266-76.2013.8.19.0000 AGRAVANTE: MAURÍCIO WHATELY FORTES

AGRAVADO: ITAÚ UNIBANCO S/A

RELATOR: DES. LÚCIA MARIA MIGUEL DA SILVA LIMA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. Recurso interposto com o escopo de obter a reforma da decisão que rejeitou a exceção de pré-executividade oposta pela empresa agravante, diante da natureza de título executivo extrajudicial da cédula de crédito bancário e da necessidade de dilação probatória. No caso concreto, a exceção tem por objeto a execução do título executivo extrajudicial consistente em cédula de crédito originada em contrato de abertura de crédito. Segundo o agravante, o contrato de abertura de crédito, tal como dispõe o verbete nº 233 da Súmula da Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não possuiria o status de título executivo, razão pela qual a presente exceção de pré-executividade deveria ser acolhida. A magistrada entendeu pela exequibilidade da cédula de crédito bancário em razão da normativa constante na Lei 10.931/2004, que teria conferido exequibilidade ao título. Contudo, entendo que a possibilidade de manejo da via executiva deva ser analisada no caso concreto. Em arguta análise do teor do documento, infere-se que o crédito não goza dos requisitos de liquidez, certeza e exequibilidade, constituindo crédito rotativo, desacompanhado de informações precisas acerca do valor efetivamente utilizado e executado. Precedentes dessa Corte. PROVIMENTO DO AGRAVO. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO, NA FORMA DO ARTIGO 295, V DO CPC.

DECISÃO

(art. 557, caput do CPC)

Trata-se de agravo de instrumento que objetiva a reforma

da decisão que rejeitou a exceção de pré-executividade oposta pelo

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agravante, diante da natureza de título executivo extrajudicial da

cédula de crédito bancário e da necessidade de dilação probatória.

Aduz a agravante, em síntese, que a cédula de crédito

bancário não é título executivo, posto que desprovida de liquidez e

exequibilidade, razão pela qual a presente execução deve ser

extinta.

Dispensadas as informações e contrarrazões, diante da

adequada compreensão da controvérsia através da formação do

instrumento.

É O RELATÓRIO. DECIDO.

O recurso deve ser conhecido, ante a presença dos

requisitos de admissibilidade.

No mérito, entendo que o mesmo deve ser provido,

considerando a ausência de liquidez do título executivo

apresentado, embora se cuide de cédula de crédito bancário.

Destaco, desde logo, que o caso concreto tratado nestes

autos é absolutamente distinto do julgado por esta Relatora quando

da

análise

do

Agravo

de

Instrumento

0037464-39.2012.8.19.0000, invocado, inclusive, pelo juiz a quo para

(3)

A questão, tanto naquele feito quanto neste, diz respeito à

execução da cédula de crédito bancário, que assumiu a condição e

título executivo após o advento da Lei 10.931/2004.

No entanto, para que a referida cédula se revista do caráter

de certeza, liquidez e exigibilidade, ensejadores da execução, se

faz necessário o integral cumprimento da disciplina da lei de

regência, notadamente os artigos 26 e 28.

Analisando a cédula acostada a este feito, malgrado o

contrato objeto da presente execução tenha recebido a alcunha de

Cédula de Crédito Bancário, conforme se verifica às fls. 22/27, após

sua detida análise, constata-se que houve abertura de conta

corrente com limite de crédito de R$.87.752,15 (primeira página do

contrato, no campo características da cédula e do empréstimo),

contudo, à fl. 11, item III

– “Termos e condições desta cédula de

crédito”, consta cláusula contratual expressa determinando o

seguinte:

“O UNIBANCO poderá alterar, a qualquer momento, o valor limite, comunicando à EMITENTE o novo valor limite por intermédio de qualquer sistema de informações bancárias posto à disposição da EMITENTE, inclusive, por meios eletrônicos, sendo certo que tais alterações constarão, ainda, do extrato ou da planilha de cálculo mencionados na cláusula 1.2 (referidos sistemas e meios de informação serão doravante denominados, em conjunto, “Formas de Comunicação”).

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Cotejando a inicial executiva (fl. 20) com a planilha

descritiva de débitos, não há como admitir a exequibilidade da

referida cédula, uma vez que a planilha apresenta valores confusos,

com numerário relativo ao vencimento antecipado de dívida,

restando claro a esta Relatora que se trata de disponibilização de

crédito rotativo, afastando, assim, a característica de título executivo

prevista na Lei 10.931/04.

Corroborando tal digressão, eis as elucidativas ementas

proferidas no âmbito dessa Corte (todas sem os grifos no original):

0051210-38.2012.8.19.0205 - APELACAO - DES. ALEXANDRE CAMARA - Julgamento: 26/06/2013 - SEGUNDA CAMARA CIVEL

Direito Processual Civil. Cédula de crédito bancário. Requisitos previstos no art. 28, § 2º, I e II, da Lei nº 10.931/04. Juntada pura e simples dos documentos mencionados nos aludidos incisos que não é suficiente para o atendimento da exigência legal. Extrato financeiro e

planilha de crédito que devem demonstrar de forma clara o crédito exigido, como, aliás, consta expressamente na lei de regência. Falhas de impressão

dos documentos, somadas a informações extremamente

confusas e incompletas, que não se prestam a franquear o acesso à via executiva. Recurso desprovido liminarmente.

Processo : 0001387-17.2012.8.19.0037

APELACAO DES. CRISTINA TEREZA GAULIA - Julgamento: 26/02/2013 - QUINTA CAMARA CIVEL

Apelação cível. Cédula de crédito bancário. Contrato de abertura de crédito em conta corrente. Indeferimento da inicial por falta de liquidez do título executivo. Título

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deve ser líquido, certo e exigível, à inteligência dos arts. 586 e 618, I da mesma lei. Cédula de crédito bancário que a teor do art. 26 da Lei 10.931/04 consubstancia uma promessa de pagamento em dinheiro. Subversão da natureza típica do título ao estabelecer-se um contrato plúrimo que compreende serviços bancários, abertura de conta corrente e mútuo feneratício na modalidade rotativo. Precedente do TJRJ. Contrato que, mesmo acompanhado dos extratos bancários, não consubstancia uma obrigação de pagar líquida, certa e exigível assumida pelo consumidor, não sendo título hábil a aparelhar processo de execução. Aplicação dos verbetes nº 233 e 247 da súmula do STJ. Sentença de indeferimento da inicial que se mantém. Recurso desprovido.

0343218-51.2010.8.19.0001 - APELACAO

DES. RENATA COTTA - Julgamento: 06/02/2013 - TERCEIRA CAMARA CIVEL - AGRAVO REGIMENTAL RECEBIDO COMO AGRAVO INTERNO. Direito de submeter a decisão ao colegiado. Decisum que negou seguimento ao recurso de apelação, na forma do art. 557, caput, do CPC. PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NA SÚMULA 233 DO C. STJ. MANUTENÇÃO DO DECISUM. É assente no C. STJ o entendimento de que o contrato de abertura de crédito fixo reveste-se dos requisitos de liquidez, certeza e exigibilidade,

necessários à configuração de

um título executivo extrajudicial. Nesse sentido: Resp 789.779/PR, Terceira Turma, Relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ de 26/6/2006; AgRg no AgRg no REsp 286.577/SP, Terceira Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJ de 26/3/2001; Resp 324.884/RS, Quarta Turma, Rel. Ministro Aldir Passarinho, DJ de 4/4/2002. In casu, malgrado o contrato objeto da presente execução tenha recebido a alcunha de Cédula de Crédito Bancário - Abertura de Crédito em Conta Corrente (LIS Limite Itaú para Saque PJ - Pré), conforme se verifica às fls. 10/12, após sua detida análise, constata-se que houve abertura de conta corrente com limite de crédito de até R$ 35.000,00 (subitem 1.3 do contrato), que não se sabia sequer se seria utilizado e, em

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verdadeiro crédito rotativo, motivo pelo qual se aplica o entendimento consolidado na Súmula 233 do C. STJ, verbis: "O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não é título executivo". Logo,

a ausência de executividade decorre do fato de que, quando da assinatura do pacto pelo contratante - ocasião em que a obrigação nasce para a instituição financeira de disponibilizar determinada quantia ao seu cliente - não há dívida líquida e certa, sendo que os valores eventualmente utilizados são documentados unilateralmente pela própria instituição, sem qualquer participação ou consentimento do cliente. Inexistindo,

pois, certeza e liquidez no próprio instrumento, exigências que não são alcançadas mediante a complementação unilateral do credor com a apresentação de extratos bancários, porquanto não lhe é dado criar títulos executivos à revelia do devedor, tem-se que o contrato de abertura decrédito carece realmente de exequibilidade. Nesse ponto, oportuno consignar que a despeito de o contrato de abertura de conta encontrar-se acompanhado de extratos da conta corrente do financiado (fls. 13/31), ele não constitui título hábil a aparelhar processo de execução, podendo servir de início de prova para eventual ação monitória. Nesse sentido, o enunciado 247 do C. STJ: "O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória." Por todo o exposto, patente a nulidade da execução, na forma do art. 618, inciso I, do CPC, razão pela qual irretocável a sentença vergastada. Inexistência de ilegalidade na decisão agravada, não se justificando a sua reforma. Desprovimento do recurso.

Nesse diapasão, diante da ausência de informações

precisas sobre o quantum debeatur efetivamente utilizado pelo

cliente

– informação essa, repita-se imprescindível para o

reconhecimento do caráter executivo do título, uma vez que,

inicialmente era de R$87.752,15, mas, com o vencimento

antecipado alcançou o montante de R$134.051,77, entendo que se

(7)

Ora, se há vencimento antecipado de valores, sem

qualquer

referência

expressa

e

indubitável

do

montante

efetivamente utilizado pelo executado, não há como admitir o

prosseguimento da cobrança através da severa via executiva, nos

termos exaustivamente delineados.

Sendo assim, restou caracterizada a excepcionalidade no

manejo da exceção de pré-executividade, razão pelo qual dou

provimento ao agravo, para extinguir a execução, nos termos do

artigo 557, §1º A do Código de Processo Civil, ao fundamento de

que a cédula de crédito bancário que lastreia a execução não

possui certeza e exigibilidade, indeferindo, por conseguinte, a

inicial, com apoio no artigo 295, V do CPC e súmula 233 do STJ

1

.

Condeno o exequente agravado ao pagamento das

despesas judiciais, arbitrando os honorários advocatícios em

R$10.000,00 (dez mil reais), na forma do artigo 20, §4º do CPC.

Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2013.

LÚCIA MARIA MIGUEL DA SILVA LIMA

DESEMBARGADORA

1

Súmula 233 do STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não é título executivo.

Referências

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