• Nenhum resultado encontrado

ADENOCARCINOMA MAMÁRIO METASTÁTICO EM FELINO DOMÉSTICO: RELATO DE UM CASO RESUMO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ADENOCARCINOMA MAMÁRIO METASTÁTICO EM FELINO DOMÉSTICO: RELATO DE UM CASO RESUMO"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

ADENOCARCINOMA MAMÁRIO METASTÁTICO EM FELINO DOMÉSTICO: RELATO DE UM CASO

(Metastatic mammary adenocarcinoma in domestic felines: a case report)

Kilder Dantas FILGUEIRA1*, Nikolay Kiev Saraiva de ARAÚJO1& Sthênia Santos Albano AMORA2

1 Universidade Federal Rural do Semi-Árido; 2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias/FAVET/ UECE RESUMO

O adenocarcinoma mamário felino é considerado uma importante causa de mortalidade em fêmeas idosas, com elevado potencial metastático e de prognóstico desfavorável. O presente artigo objetiva a descrição de um caso de adenocarcinoma mamário metastático, na espécie felina. Um felino doméstico, fêmea, sem raça definida, 10 anos de idade, apresentou anorexia, dificuldade respiratória e tumores na mama. O animal veio a óbito e foi encaminhado para a realização de necropsia. As amostras coletadas durante este exame foram submetidas ao processamento histopatológico de rotina. Os principais achados necroscópicos corresponderam à presença de massas tumorais nas glândulas mamárias inguinais, com áreas de necrose e infiltrações para os tecidos adjacentes. Também foi observada na base do coração massa tumoral semelhante. Na cavidade torácica, constatou-se hidrotórax e no parênquima pulmonar foram detectadas inúmeras nodulações difusas. No abdômen, foi constatada hepatomegalia associada a nódulos no parênquima hepático esplênico. No exame histopatológico das neoformações mamárias constatou-se um quadro compatível com adenocarcinoma mamário ductal de padrão tubular. As análises microscópicas, dos nódulos presentes nos pulmões, coração, fígado e baço, revelaram a presença do adenocarcinoma mamário ductal de padrão tubular, com achados similares aos encontrados no tecido mamário, sugerindo assim a ocorrência de metastatização, a partir da neoplasia mamária, para os demais órgãos mencionados. PALAVRAS-CHAVE: glândula mamária, adenocarcinoma, metástase, felino.

ABSTRACT

Feline mammary adenocarcinoma is considered an important cause of mortality in elderly females, with raised metastatic potential and a poor prognosis. The aim of this study was to describe a metastatic mammary adenocarcinoma, in the feline species. A domestic feline, female, without defined breed, 10 years of age, presented anorexy, respiratory difficulty and mammary tumors. The animal died and was sent for necropsy. The samples collected during this examination were submitted to the classic histopathological process. The main findings of necropsy corresponded to the mammary tumors, with areas of necrosis and infiltrations for adjacent tissues. In the thoracic cavity, hydrothorax was evidenced and in the lungs innumerable diffuse nodulations were detected. At the base of the heart, there was a neoformation. In the abdomen, an associated hepatomegalywas evidenced with multiple nodules in the liver. The spleen demonstrated the presence of three well delimited nodulations. The histopathological examination of the mammary tumors diagnosed a standard to tubular duct mammary adenocarcinoma . Microscope analysis of the nodules presentin thelungs,

* Autor para correspondência

Rua Campos Sales, 1273, CEP 59611-050. Bairro Santo Antônio, Mossoró-RN. e-mail: kilderfilgueira@bol.com.br Ciência Animal, 16(2)95-99, 2006

(2)

heart, liver and spleen disclosed the presence of the standard to tubular duct mammary adenocarcinoma , with similar findings to those found in the mammary tissue, thus suggesting the occurrence of metastasis, from mammary neoplasia, for the other organs mentioned.

KEYWORDS: mammary gland, adenocarcinoma, metastasis, feline.

Figura 1. Macroscopia do adenocarcinoma

INTRODUÇÃO

Atualmente, na clínica de felinos, tem-se verificado um aumento da longevidade dos pacientes, podendo este fato ser explicado por melhorias na qualidade de vida dos gatos. Entretanto, o aumento da expectativa de vida está associado ao aparecimento de doenças crônicas, como as neoplasias (FILGUEIRA & BRASIL, 2002). Dentre os tumores que ocorrem na espécie felina, destacam-se aqueles relacionados à glândula mamária, correspondendo a 17% de todas as neoplasias da gata (CRYSTAL, 2004). Os adenocarcinomas mamários (neoplasias malignas originadas a partir dos componentes epiteliais da glândula mamária) equivalem a 60% dos tumores da mama dos felinos. Estas neoplasias são consideradas importante causa de mortalidade em fêmeas de meia-idade a idosas, uma vez 80 a 93% dos adenocarcinomas são altamente malignos, com rápido crescimento, elevado potencial metastático e um prognóstico bastante desfavorável (FERREIRA & AMORIM, 2003). O estudo do adenocarcinoma mamário felino tem ganhado bastante importância, uma vez que o seu caráter altamente invasivo associado à escassez de receptores hormonais e as recidivas após a excisão cirúrgica tem sugerido o felino como um modelo de estudo para o câncer mamário humano de prognóstico desfavorável (FERREIRA & AMORIM, 2003; DE MARIA et al., 2005). Em virtude do exposto, o presente artigo descreve um caso de adenocarcinoma mamário metastático, na espécie felina.

RELATO DO CASO

Um felino doméstico, fêmea, sem raça definida, 10 anos de idade, foi apresentado com

há alguns dias. Foi também revelada a realização de inúmeras administrações de contraceptivos e a presença de tumores na mama da gata. O animal foi submetido ao exame clínico de rotina, porém após sua conclusão, o felino veio a óbito. Posteriormente, a gata foi encaminhada para a realização de necropsia, a qual foi executada de acordo com a técnica de Vasconcelos (1988). As amostras coletadas foram fixadas em solução de formol a 10%, por um período superior a 24 horas, e submetidas ao processamento histopatológico de rotina e analisadas sob microscopia óptica, nos aumentos de 75, 150 e 600×.

RESULTADOS E DISCUSSÃO No exame clínico foram observadas neoformações nas glândulas mamárias inguinais (Fig.1). As nodulações mamárias possuíam cerca de 4 cm de diâmetro, consistência firme, ulcerações e aderências aos tecidos adjacentes. Além disto, o felino demonstrava uma acentuada taquipnéia e dispnéia.

Os principais achados necroscópicos corresponderam a neoformações mamárias, que revelavam áreas de necrose e infiltrações para o

(3)

tecido adiposo e muscular adjacente. Na cavidade torácica, constatou-se hidrotórax, constituído por líquido amarelo, límpido, seroso e inodoro. No parênquima pulmonar foram detectadas inúmeras nodulações difusas, com cerca de 0,5 cm de comprimento. Observou-se que na base do coração, também havia uma massa tumoral (Fig. 2), com cerca de 4 cm comprimento. No abdômen, constatou-se hepatomegalia associada a múltiplos nódulos no parênquima hepático (Fig.3), os quais se revelaram firmes, elevados e com uma depressão central (aspecto “crateriforme” ou “umbilicado”), além de focos de hemorragia. O fígado também possuía acentuação do padrão lobular (aspecto de “noz - moscada”). O baço

demonstrou hipertrofia, congestão dos vasos superficiais e a presença de três neoformações, bem delimitadas e salientando-se da superfície esplênica.

No exame histopatológico, observou-se que as massas tumorais mamárias apresentaram infiltrações celulares características de neoplasia epitelial maligna com padrão morfológico compatível com origem ductal, cujas células estavam dispostas em arranjo tubular. A neoplasia era bem diferenciada, com discreta elastose, invasão angio-linfática e cutânea por células neoplásicas e presença de áreas de necrose multifocais. De acordo com este quadro morfológico, o tumor foi classificado como um adenocarcinoma mamário ductal de padrão tubular (Fig. 4). As análises microscópicas, dos nódulos presentes nos pulmões, coração, fígado e baço, revelaram o mesmo tipo celular encontrado nas massas tumorais das mamas, caracterizando a ocorrência de metastatização, a partir da neoplasia mamária, para os demais órgãos mencionados.

A patogênese de tumores mamários em gatos pode estar envolvida com influências hormonais, podendo esta etiologia ser relacionada com o caso em questão, uma vez que foram realizadas administrações regulares e sucessivas de progestágenos sintéticos durante toda a vida reprodutiva do felino. O tratamento anticoncepcional, à base de progestágenos, promove em longo prazo, a formação de alguns nódulos mamários hiperplásicos, onde tais alterações podem predispor o tecido a uma transformação maligna (ZUCCARI et al., 2001). É hipotetizado que os progestágenos modulem a diferenciação e proliferação dos tumores de mama, com a produção local de hormônio do crescimento e fator de crescimento semelhante à insulina (MOL et al., 1996). A utilização regular dos progestágenos sintéticos em felinos aumenta em três vezes o risco de aparecimento de carcinomas mamários (FERREIRA & AMORIM, 2003).

Conforme Cardoso et al. (2004), a maior incidência de tumores de mama em gatas ocorre em animais sem raça definida, com idade

Figura 2. Estrutura metálica indicando a neoformação cardíaca, compatível com metástase do adenocarcinoma mamário felino.

Figura 3. Hepatomegalia e múltiplas infiltrações neoplásicas decorrentes de metástases do adenocarcinoma mamário felino.

(4)

entre sete e quinze anos de idade, onde as glândulas mamárias mais acometidas correspondem as inguinais. Os adenocarcinomas podem se apresentar como nódulos firmes e múltiplos, e induzirem a uma reação inflamatória, fístulas e necrose local (FERREIRA & AMORIM, 2003). Esses achados estão de acordo com os encontrados no caso em questão. Foi constatado que gatas acometidas por adenocarcinoma mamário de diâmetro maior do que 3 cm possuíam um prognóstico desfavorável, com um período médio de sobrevivência entre quatro a doze meses. Esta correlação entre o tamanho do tumor como indicador de prognóstico é explicada pelo fato de ser necessária uma maior massa tumoral para que ocorra um maior número de mutações celulares, favorecendo assim a progressão das neoplasias malignas (VISTE et al., 2002).

Observa-se que alguns dos pacientes felinos chegam à consulta cinco meses após o início do desenvolvimento do tumor mamário, onde o animal encontra-se em um estado avançado da doença, apresentando tosse, letargia, anorexia, perda de peso e dispnéia em decorrência de metástase pulmonar (CARLTON & McGAVIN, 1998; FERREIRA e AMORIM, 2003). Por ocasião da eutanásia ou morte natural, 80% dos felinos com neoplasias da glândula mamária demonstram metástases (CRYSTAL, 2004). Os pulmões são os órgãos mais

acompanhamento ou não de efusão pleural (FERREIRA & AMORIM, 2003). FORREST e GRAYBUSH (1998), ao analisarem o padrão pulmonar metastático em felinos, verificaram que a maioria apresentou um padrão difuso ou nodular pouco definido, para neoplasias metastáticas (ou secundárias) no parênquima pulmonar. Para estes casos, o tumor primário correspondeu ao adenocarcinoma da glândula mamária. O hidrotórax (ou efusão pleural) do presente relato poderia estar relacionado com o aumento da pressão hidrostática intravascular, devido à compressão vascular ocasionada pelas neoplasias pulmonares e da base do coração. O envolvimento pulmonar e torácico (em virtude de uma carcinomatose e efusão pleural) causa uma insuficiência respiratória onde a metástase pulmonar é a principal causa da morte nestes casos (FERREIRA e AMORIM, 2003).

A pleura, o fígado, o diafragma, as glândulas adrenais, o baço, os rins, os ossos, o útero e os ovários, através das vias hematogênica e linfática, também podem ser acometidos por metástases (FERREIRA e AMORIM, 2003). As neoplasias metastáticas no fígado são comuns, sendo observadas em 23,6% dos casos de tumores mamários felinos, e podem infiltrar o parênquima hepático difusamente, produzindo hepatomegalia e acentuação do padrão lobular na superfície de corte, conferindo assim o aspecto de fígado em “noz-moscada”. Este padrão é atribuído à degeneração hepatocelular centrolobular devido à anemia e, às vezes, à acumulação zonal de células neoplásicas (CARLTON e McGAVIN, 1998; JOHNSTON et al., 2001). Em decorrência da extensão das lesões hepáticas, no animal em questão, poderia estar instalado um quadro de hipoproteinemia, o que teria provocado um decréscimo da pressão oncótica plasmática e consequentemente a acentuação do quadro de efusão pleural.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDOSO, D. P.; OLIVEIRA, L. O.; OLIVEIRA, R. T.; DRIEMEIER, D.; COSTA, J. C. A. C.; MELLO, F. P. S. Análise do tumor de mama em gatas atendidas no hospital de clínicas veterinárias da Figura 4. Microscopia do adenocarcinoma mamário

ductal de padrão tubular, em felino doméstico (HE, 150x).

(5)

UFRGS. Anclivepa Brasil, n.2, p.75, 2004.CARLTON, W.W.; McGAVIN, M. D.

Patologia veterinária especial de Thomson. 2 ed.

Porto Alegre: Artmed, 1998. 672p.

CRYSTAL, M.A. Neoplasia da glândula mamária. In: NORSWORTHY, G.D.; CRYSTAL, M.A; GRACE, S.F.; TILLEY, L.P. O paciente felino. Barueri: Manole, 2004. p. 393-397.

DE MARIA, R.; OLIVERO, M.; IUSSICH, S.; NAKAICHI, M.; MURATA, T.; BIOLATTI, B.; DI RENZO, M. F. Spontaneous feline mammary carcinoma is a model of HER2 overexpressing poor prognosis human breast cancer. Cancer Research, v. 65, p.907-912, 2005.

FERREIRA, A.M.R; AMORIM, F.V. Neoplasia mamária. In: SOUZA, H.J.M. Coletâneas em

medicina e cirurgia felina. Rio de Janeiro: L.F. Livros

de veterinária, 2003. p.327-337.

FILGUEIRA, K. D.; BRASIL, A. F. Neoplasias mamárias em cadelas e gatas. In: CICLO DE ATUALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS, 3, 2002, Fortaleza. Anais... Fortaleza, 2002.

FORREST, L. J.; GRAYBUSH, C. A. Radiographic

patterns of pulmonary metastasis in 25 cats. Veterinary

Radiology and Ultrasound, v. 39, p. 4-8, 1998.

JOHNSTON, S. D.; KUSTRITZ, M. V. R.; OLSON, P. N. S. Canine and feline theriogenology. Philadelphia: W.B. Saunders, 2001. 592p.

MOL, J.A.; GARDEREN, E.V.; RUTTEMAN, G.R.; RIJNBERK, A. New insights in the molecular mechanism of progestin- induced proliferation of mammary epithelium: induction of the local biosynthesis of growth hormone (GH) in the mammary gland of dogs, cats and humans. Journal Steroid

Biochemical and Molecular Biology, v. 57, p.67-71,

1996.

VASCONCELOS, A. C. Necropsia e remessa de

material para laboratório em medicina veterinária.

MEC/ABEAS: Brasília, 1988. 74p.

VISTE, J. R.; MYERS, S. H.; SINGH, B.; SIMKO, E. Feline mammary adenocarcinoma: tumor size as a prognostic indicator. Cancer Veterinary Journal, v.43, p.33-37, 2002.

ZUCCARI, D.A.P.C.; SANTANA, A.E; ROCHA, N.S. Fisiopatologia da neoplasia mamária em cadelas.

Clínica Veterinária, v.2, p.50-54, 2001.

Referências

Documentos relacionados

https://sites.google.com/view/detetivesdoclima/p%C3%A1gina-inicial , onde se descreve o projeto e onde se publicaram os mapas obtidos e a respetiva descrição, com a abordagem sob

dissimuladoras que eles engendram. Ou seja, um código-poder que desvendasse, em sua própria constituição, a força que está em seu fundamento, seria autodestrutivo. Nesse sentido,

Espécies bacterianas identificadas por meio de suabe da superfície de ovos de Caiman yacare incubados naturalmente (OCy) comparadas às isoladas de diferentes regiões (O =

O ciclo de vida dos documentos, ou teoria das três idades, é um dos princípios que norteiam a Gestão Arquivística dos documentos. Nele, são atribuídas fases

The boys and men displayed similar characteristics whilst hopping at the slowest frequency, but the men hopped with significantly shorter ground contact times at the preferred and 3.0

Este é um estudo inédito, que comparou dois protocolos para diagnóstico de anquiloglossia em bebês, o “Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês” [15],

Palavras-Chave: Atraso Global do Desenvolvimento; Cercica; CerMov; Dificuldade Intelectual e Desenvolvimental; Estágio; Funcionalidade; Intervenção; Meio Aquático;

Outras futuras opções de escoamento da safra por ferrovias no MATOPIBA estão em fase de estudo, licitações ou em obras, sendo a Ferrovia