Diagnóstico-flash ao mercado
Âmbito
O que se pretende com este artigo é, de forma muito resumida, apresentar alguns dados do mercado da INDIA num formato flash, com foco nas oportunidades para as PME’s portuguesas, que ajude ou facilite a tomada de decisão de quem tem este mercado como destino e/ou prioridade.
Salienta-se que, em termos de PIB (Produto interno Bruto), está entre as maiores 10
economias do mundo com crescimentos expressivos e acima dos 7% nos últimos anos – 2.300 mil milhões de Usd (2017). Destaca-se um mercado interno com 1,4 mil milhões de
habitantes, um território continental e um valor de importação de 470 mil milhões de usd (2016 – com compras de bens/mercadorias a Portugal na ordem dos 129 milhões de euros). Logo muito relevante para o radar da exportação pela sua dimensão, embora quase sem relevância pelo potencial que encerra. Estamos perante a sexta maior economia mundial
em PIB nominal - 3ª em PIB paridade de poder de compra.
Na imagem acima podemos observar os 10 principais clientes das exportações portuguesas em 2016 e 2017 (com enfoque para valores de Janeiro a Junho). A INDIA representou em
2017 um valor próximo dos 150 milhões de euros em compras a Portugal se incluirmos bens e serviços - com a balança bastante deficitária para PORTUGAL. Sendo que o peso dos “Outros”, aonde se inclui o mercado em análise, vale 23,8% sobre o total – a dimensão no comércio internacional de bens e serviços tem pouca expressão actualmente (46º cliente), com um potencial enorme para explorar pelos exportadores portugueses.
Breve resenha histórica
• Lar da Civilização do Vale do Indo, de rotas comerciais históricas e de vastos impérios, o subcontinente indiano é identificado pela sua riqueza comercial e cultural de grande parte da sua longa história
• Anexada gradualmente pela Companhia Britânica das Índias Orientais no início do século XVIII e colonizada pelo Império Britânico a partir de meados do século
XIX, a Índia tornou-se uma nação independente em 1947, após uma luta social pela
independência que foi marcada pela extensão da resistência não violenta
• Em 1498 o navegador português Vasco da Gama chega a Calecute, na costa ocidental do subcontinente indiano, o marco inicial de uma relação luso-indiana que duraria cerca de 500 anos
• Em 1510, o explorador português Afonso de Albuquerque amplia os territórios portugueses com a conquista de Goa, que rapidamente se tornaria a capital do Estado Português da Índia (uma entidade política parte do Império Português)
Situação económica e perspectivas em destaque
• 1339 milhões de habitantes (2017 – 27% abaixo dos 14 anos; e 2/3 entre os 15/35 anos); Capital Nova Deli 12M habitantes; Outras cidades: Mumbai (Bombay) 13M centro financeiro; Kolkata (Calcutta) 5M; Chennai (Madras) 5M; Bangalore 9M; Hyderabad 7M; 70% da população do país é rural
• Democracia mais populosa do mundo; A maioria da população é hindu (80%), existindo também muçulmanos e ainda outras minorias, tais como cristãos e sikhs; língua oficial hindi, sendo a mais falada pela população; O inglês é normalmente utilizado na administração, na área dos negócios e como segunda língua
• Risco geral - BB (AAA = risco menor; D = risco maior) – EIU; Risco Político – BBB; Risco de Estrutura Económica – BB; Risco de credito 3 (1 a 7); Moeda - Rupia indiana (INR) 1 EUR = 77 INR (média mensal - Mar 2018)
• República composta por vinte e nove Estados e sete territórios da União, existindo o reconhecimento constitucional das competências estaduais exclusivas em certas áreas. Sexta maior economia mundial (3ª em PIB paridade de poder de compra),
ultrapassando França e taxas de crescimento médio do PIB acima dos 7% na última década
• Um dos maiores produtores agrícolas do mundo, destacando-se também ao nível do gado bovino e ovino e da produção de peixe em aquicultura; principais produtos agrícolas - o trigo, o painço, o arroz, o milho, a cana-de-açúcar, o chá, a batata e o Algodão; é um dos principais mercados do mundo no que se refere à produção de carvão, sendo a principal fonte de energia do país
• Indústria transformadora - o setor têxtil, a indústria química, os produtos alimentares transformados, os equipamentos de transporte, o cimento, a indústria farmacêutica; indústria relevante em termos de software
• Modelo de crescimento – tem por base o aumento da procura interna, consequência do aparecimento de uma classe média de consumidores em rápida ascensão; O crescimento real das importações de bens e serviços em 2017 foi de 8,7%, sendo o acréscimo previsto para 2018 de 4,3%; A taxa de desemprego tem-se situado entre 8 e 9%, apontando as estimativas para 8,5% em 2018; Taxa de inflação controlada na ordem dos 5%
• Desafios a longo prazo - a redução da pobreza (PIB per capita de 1800usd); sistema ineficiente de geração e distribuição de energia; infraestruturas inadequadas, nomeadamente, em termos de transportes e na agricultura; limitadas oportunidades de emprego fora do setor agrícola; um ensino de qualidade pouco abrangente; e o processo de migração de pessoas das áreas rurais para os centros urbanos
• Entre os cinco maiores mercados farmacêuticos emergentes a nível mundial - encontra-se entre os cinco maiores mercados farmacêuticos emergentes a nível mundial e é líder numa ampla gama de especialidades que envolvem produção, desenvolvimento e tecnologia de medicamentos. A indústria farmacêutica indiana é uma indústria fortemente baseada em R&D
• Indústria de pedras preciosas e jóias é um importante setor na Índia – vários tipos de jóias, incluindo ouro, pedras preciosas coloridas, jóias de fantasia, platina e diamantes, projetando-se que nos próximos 5 anos o mercado poderá vir a duplicar, resultado dos incentivos do Governo a esta indústria, e também pela vantagem competitiva ao nível da mão de obra barata e especializada
• Segundo maior produtor mundial de cimento do mundo - A produção de cimento apresenta uma TCMA de 9.7%, entre 2006 e 2013 -dinamizada nos próximos anos, pelo crescimento perspetivado crescimento das infraestruturas
• Indústria têxtil - desempenha um papel fundamental através da sua contribuição para a produção industrial, geração de emprego e receitas de exportação do país. O setor contribui com cerca de 14% da produção industrial, de 4% para o PIB, e 11% das receitas de exportação do país; É o segundo maior fornecedor de emprego depois da agricultura. A indústria têxtil é impulsionada tanto pelo forte consumo interno, bem como pela exportação. A abundante disponibilidade de matérias-primas como o algodão, a lã, a seda e a juta e mão de obra qualificada faz da Índia um hub neste setor
• 4º maior consumidor mundial de energia (depois da China, EUA e Rússia), e, apesar de dispor de recursos fósseis o país é fortemente dependente da importação de várias fontes energéticas; a principal fonte de energia na Índia é o carvão,
• responsável por 44% da energia consumida, seguindo-se o petróleo com 22%, a biomassa também com 22% de share, e o gás natural, com a quota de 7%. A principal fonte energética para produção de eletricidade é o carvão, que representa 59% da capacidade produtiva instalada para produzir eletricidade
• É um país muito difícil, quer pela dimensão geográfica, quer pela diferença
cultural - talvez por isso a presença portuguesa ainda seja “incipiente”, liderada por
empresas como a Brisa ou a Efacec, ou os maiores produtores de vinho e de azeite – note-se casos VIVAFIT (ginásios); caso SERRATA, VISABEIRA, SONAE SR (Sport Zone com grupo Trent/Tata)
CURIOSIDADES - 8 aeroportos internacionais; +12 grandes portos marítimos; +80.000 km de
via ferróviária – 2ª maior do mundo; 3,5 mihões de kilometros de rede viária – 3ª maior do mundo; Processo de desmonetização em 2016 (eliminação das notas de 500 e 1000 rupias) – combate corrupção (80% do dinheiro em circulação); só 150M com conta bancária com aumento de dezenas de milhões de abertura de novas contas durante o processo que poderia ser critico, com falta de dinheiro a circular; + de 225 universidades - grande número de indianos com bom nível educacional e efetivamente bem treinados - tem se tornado o maior centro internacional para recrutamento de profissionais altamente qualificados, principalmente na área de TI
Principais Clientes
No âmbito das relações comerciais internacionais, segundo os dados da Organização Mundial do Comércio, a Índia ocupava o 20º lugar no ranking mundial de exportadores em 2016; O conjunto dos países da União Europeia representou 17,6% das exportações da Índia em 2016; Portugal foi o 57º cliente da Índia em 2016, correspondendo as suas exportações para o nosso país a 0,24% do montante global (Fonte ITC)
No que se refere ao ranking mundial de importadores, a Índia situou-se no 14º lugar em 2016; O conjunto dos países da União Europeia representou 11,3% das importações da Índia em 2016; Portugal, como fornecedor da Índia, ocupou a 96ª posição em 2016, representando apenas 0,04% do valor global das importações
Operadores portugueses em número
De acordo com os dados publicados pelo INE, o número de empresas portuguesas
exportadoras para a India foi de 627 em 2016; A sua empresa já é ou será uma das +627
empresas? “Se não formos nós a exportar para a India, uma coisa é certa, serão outros!”
Esperamos que esta breve síntese, esteja em que grau de maturidade estiver no mercado, facilite a tomada de decisão seja ela de maior aposta/prioridade ou não. A economia da INDIA tem um valor muito pequeno hoje e encerra várias oportunidades para as empresas
portuguesas - a primeira abordagem comercial de uma empresa ao mercado deve ser
presencial, pois em grande parte dos casos é inútil o contacto via correio electrónico ou por telefone à distância; o responsável da empresa portuguesa deverá deslocar-se à INDIA, com foco em algum estado, e estabelecer o contacto com um eventual parceiro ou agente do mercado
Sectores de oportunidade: Peças e Componentes Automóveis; Maquinaria; Ferramentas e
Equipamentos Mecânicos e Elétricos; Agroalimentar; Médico-hospitalar; Farmacêutico; Energia; Minerais e minérios; Equipamentos de Transporte e Calçado
Foque-se nos seus objectivos de negócio como bem o faria em qualquer outro lugar. Faça previamente o seu trabalho de casa, analisando o mercado e as suas especificidades e seleccionando de antemão potenciais parceiros. Os resultados surgirão de uma boa estratégia de entrada.
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