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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DE PUBALGIA EM JOGADOR DE FUTEBOL PROFISSIONAL: ESTUDO DE CASO

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DE PUBALGIA EM JOGADOR

DE FUTEBOL PROFISSIONAL: ESTUDO DE CASO

PHYSIOTERAPEUTIC TREATMENT OF PUBALGY IN A PROFESSIONAL

SOCCER PLAYER: CASE STUDY

Newton da Silva Pereira Júnior¹, Renata Peixoto Ferreira Cunha², Rodrigo Peçanha Brito Garcia³, Andressa Pitanga Serafim da Silva4

1 - Acadêmico do 8° período do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. Governador Valadares - MG. E-mail: ft.jr@hotmail.com

2 - Acadêmica do 8° período do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. Governador Valadares - MG. E-mail: renata.fisio@hotmail.com

3 - Acadêmico do 8° período do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. Governador Valadares - MG. E-mail: rodrigo_pecanha2@hotmail.com

4 - Orientadora Professora Mestre da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. Governador Valadares - MG. E-mail: andressapitanga@gmail.com

Resumo

A pubalgia ou osteíte púbica caracteriza-se por uma síndrome inflamatória dolorosa envolvendo ossos do púbis, sínfise e estruturas musculares de etiologia variada. Representa de 4 a 7% de todas as lesões esportivas, sendo que nos jogadores de futebol encontra-se o maior índice de casos (50%). O objetivo deste estudo foi analisar o impacto da intervenção fisioterapêutica em um jogador de futebol profissional apresentando sintomatologia de pubalgia crônica. Foi realizado um estudo de caso com um jogador de 22 anos atuante na posição de meia atacante. O atleta foi avaliado e tratado durante 10 sessões no Centro de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. As sessões, compostas de exercícios de alongamentos, fortalecimento muscular, analgesia e mobilização articular da pelve, foram realizadas duas vezes por semana. O jogador apresentou ganho de flexibilidade nos músculos isquiotibiais, abdominais, adutores de quadril, íliopsoas, quadríceps, paravertebrais e músculos da cadeia posterior no final das dez sessões. Houve também ganho de força muscular em abdominais superiores e inferiores, aumento da mobilidade articular na região pélvica e diminuição do quadro álgico. Concluiu-se que o tratamento proposto para esse indivíduo foi capaz de aumentar a flexibilidade, força muscular e a mobilidade da região pélvica, além de diminuir a dor na região do púbis, o que possibilitou seu retorno à sua função profissional.

Palavras-chave: pubalgia. fisioterapia. futebol. Abstract

The pubalgy or pubic osteitis is a painful inflammatory syndrome involving pubic bones, symphysis and muscle structures of assorted etiology. It represents 4% to 7% of all sports injuries, this pathology has the largest index of cases among soccer players (50%). This study objectives was analyze the impact of physiotherapeutic intervention in a professional soccer player abducing symptomatology of chronic pubalgy. A study of case was conducted with a 22 years old player in the midfielder position. The athlete was evaluated and treated during 10 sessions in the Physiotherapy Center of the

Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. The sessions were held twice a week and consisted of

stretching exercises, muscle strengthening, analgesia and joint mobilization of haunch. The player presented gain of flexibility of muscles ischiotibial, abdominal, adductors of haunch, iliopsoas, quadriceps femoris, paravertebral and muscles of posterior chain. There were also gain in muscle strength in upper and lower abdominals, increase of joint mobility in haunch region and pain decrease. It is concluded that the treatment made for this athlete was able to increase flexibility, muscle strength, haunch region mobility and decrease the pain in pubis region, which made possible the return of the athlete to his professional function.

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1. INTRODUÇÃO

A pubalgia ou osteíte púbica caracteriza-se por uma síndrome inflamatória dolorosa evolvendo ossos do púbis, sínfise e estruturas musculares de etiologia variada (MOUSSALLE et

al., 2007). Normalmente é uma patologia

limitante que pode irradiar-se para o púbis, abdômen, face anterior interna da coxa, os testículos e até mesmo o períneo. Em um estágio mais avançado, tais dores poderão ser sentidas também na articulação do púbis, em abdominais inferiores, causando dificuldade para caminhar, subir uma escada, agachar e correr (DUREY, BOIDA, 1989; SOUSA et al., 2005).

No cenário mundial a pubalgia representa de 4 a 7% de todas as lesões esportivas, sendo que nos jogadores de futebol encontra-se o maior índice de casos (50%) (COHEN et al., 1997; RENSTRÖM, 2000; PEREIRA, 2007). É uma síndrome que representa uma causa importante de afastamento dos atletas profissionais de suas atividades físicas nas diversas modalidades esportivas, acarretando danos financeiros e desfalque ao elenco do clube responsável (SOUSA et al., 2005).

O tratamento recomendado para pubalgia inclui o repouso da atividade física, uso de medicamentos anti-inflamatórios e exercícios de alongamentos e fortalecimento (HOLT et al., 1995). A terapêutica nas lesões do púbis pode ser dividida em três fases gerais: A fase aguda ou fase inicial, a fase de reabilitação e fase de retorno ao esporte (BUSQUET, 2001). A hidroterapia tem um importante trabalho durante a fase inicial, pois sem ação da carga da gravidade, pode-se trabalhar diversas técnicas para atingir os objetivos como a flexibilidade e o fortalecimento muscular (SILVA, 2005).

Sendo assim, o fisioterapeuta assume um papel importante na equipe multiprofissional na melhor preparação do atleta e prevenção de lesões. Por meio de uma avaliação pormenorizada das alterações biomecânicas, ele identifica qualquer perturbação prejudicial à prática do esporte, podendo estabelecer intervenções adequadas ao quadro atual do atleta (PEREIRA, 2007). Portanto, o que justifica a realização desse trabalho é a avaliação dos resultados proporcionados pela aplicação do procedimento fisioterapêutico, em sua capacidade de aliviar os sintomas da pubalgia. Essa investigação contribui para o entendimento e enfrentamento do problema da pubalgia, já que poderá dar subsídios para nortear novas investigações acerca do assunto.

Baseado no exposto, a questão cerne desse estudo problematiza-se da seguinte forma: qual é o impacto de uma intervenção fisioterapêutica em um jogador de futebol profissional que apresente quadro clínico de pubalgia crônica? Visando encontrar resultados que contribuam para a resolução dessa problemática, realizou-se um estudo de caso com um jogador de futebol profissional que apresentava sintomas de pubalgia crônica com o objetivo de analisar o impacto da intervenção fisioterapêutica no mesmo.

2. METODOLOGIA

A pesquisa constou do estudo de caso de um jogador de futebol profissional com 22 anos, atuante na posição de meia atacante que apresentava sintomatologia de pubalgia crônica. O estudo foi realizado nas dependências do Centro de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) em Governador Valadares – MG e apresentou como variáveis: a mobilidade articular da coluna vertebral e quadril; a força

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muscular dos abdutores, adutores de quadril, quadríceps, íliopsoas, glúteo máximo, paravertebrais lombares, abdominais inferiores e superiores; a flexibilidade dos paravertebrais lombares, íliopsoas, reto femural, isquiotibiais, adutores de quadril e abdominais e a sintomatologia de dor na região pélvica.

Para esse estudo de caso foi realizada uma avaliação por um examinador calibrado. A avaliação era composta de anamnese, para obtenção de informações referentes ao quadro clínico, análise postural, mensuração dos membros inferiores, análise da flexibilidade, força muscular, perimetria e palpação. Os procedimentos terapêuticos foram realizados por outro examinador devidamente treinado. A análise dos dados foi realizada por um terceiro examinador.

A avaliação postural foi realizada através do protocolo baseado nas técnicas e pontos referenciais determinados por Kendall, McCreary e Provance (1995). O jogador foi observado na posição ortostática em vista anterior, vista posterior e perfil com auxílio do quadro postural simetrógrafo. Foram analisadas as seguintes estruturas: cabeça, cintura escapular, membros superiores, coluna vertebral, caixa torácica, abdômem, cintura pélvica, joelho e pés.

A mensuração dos membros inferiores foi realizada através da técnica de Alves e Camargo (2000), com o indivíduo em decúbito dorsal mantendo a posição anatômica. Foi utilizada uma fita métrica para a realização das medidas real e aparente.

A avaliação da flexibilidade foi realizada através da técnica de goniometria seguindo os critérios apontados por Marques (2003), exceto para análise de flexão de coluna lombar quando foi utilizado o teste de Schober (MAGEE, 2005). Os movimentos articulares analisados foram

flexão de quadril com os joelhos em extensão, abdução de quadril, extensão de tronco. Foram realizados alguns testes específicos para detectar encurtamentos musculares, são eles: Teste dos Isquiotibiais, Teste de Thomas (Íliopsoas), Teste do Reto Femural, Teste do quadrado lombar e Teste de flexibilidade dedo-solo (ALVES, CAMARGO, 2000). Foi realizado o teste de encurtamento de fáscia da região lombar, o qual não apresentou alteração (PRENTICE, 2002).

A força muscular foi avaliada segundo a escala de força descrita por Kendall, McCreary e Provance (1995).

A palpação do púbis foi realizada para observar desníveis da sínfise púbica ou aumento da dor. Além disso, foi avaliada através da palpação a mobilidade articular da coluna lombar e pelve (ALVES, CAMARGO, 2000).

A conduta fisioterapêutica foi norteada pela avaliação. Foram realizadas duas sessões semanais com duas horas de duração cada, durante cinco semanas consecutivas, totalizando 10 sessões. Ao final de todas as semanas foi realizada uma reavaliação com o indivíduo para acompanhar o impacto do tratamento no mesmo. Os critérios para a reavaliação foram os mesmos utilizados na avaliação.

Foram alongados os músculos

detectados encurtados na avaliação. Para os isquiotibiais e tríceps sural, o alongamento foi realizado com o indivíduo deitado em decúbito dorsal, o quadril fletido a 90º, encostado na parede. Com o auxílio de uma corda na face plantar do pé e mantendo os joelhos em extensão, o jogador puxou a corda com as próprias mãos promovendo a dorsiflexão dos pés. Para os músculos paravertebrais lombares, o indivíduo em decúbito dorsal, realizava flexão de quadril e joelho, puxando o joelho em direção

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ao tronco com auxílio do pesquisador. Todos os alongamentos foram realizados em 4 séries de 40 segundos cada, sendo realizados bilateralmente.

Foi realizado um trabalho de fortalecimento muscular dos abdominais através de exercícios ativo-resistidos com auxílio de Estimulação Elétrica Funcional (FES) com os seguintes parâmetros: frequência 80 Hz; largura do pulso 250 us; tempo on 4 segundos; tempo off 8 segundos e intensidade 50 mA (LOW; REED, 2001). Os eletrodos foram posicionados no músculo abdominal inferior do indivíduo em decúbito dorsal. Realizou-se a flexão de quadril com os joelhos estendidos durante 2 segundos e retornou a posição inicial nos 2 segundos restantes do tempo de ativação (Tempo On). Uma caneleira de 1 kg foi colocada em cada tornozelo para a realização desse exercício. Foram realizadas 3 séries com 10 repetições.

Para alívio da dor e ação antinflamatória foi utilizada a Laserterapia com os parâmetros: intensidade 3 J/cm²; tempo 12 segundos; modo contínuo e foi aplicado na região da sínfise púbica (LOW; REED, 2001).

Foram realizados exercícios no banco de mobilidade pélvica. O indivíduo sentado no banco realizou o movimento de anteversão e retroversão pélvica durante 3 minutos e movimentos látero-laterais da cintura pélvica por 3 minutos (VIEIRA, 1996).

O tratamento fisioterapêutico foi complementado com a hidroterapia. A série foi composta de alongamentos ativos dos músculos adutores de quadril, reto femural, íliopsoas e abdominais visando a flexibilidade e ganho de amplitude de movimento. Os adutores de quadril foram alongados com o indivíduo realizando a abdução do quadril com os joelhos estendidos e apoiando lateralmente na borda da piscina. O

reto femural e o íliopsoas foram alongados simultaneamente com o indivíduo de frente para a borda da piscina realizando a extensão do quadril com os joelhos semifletidos. Todos os alongamentos foram realizados com o auxílio de um isopor aquático espaguete posicionado no pé do indivíduo. Os abdominais foram alongados com o indivíduo em pé realizando extensão da coluna lombar com as mãos apoiadas na cintura. Os alongamentos foram compostos de 4 séries de 40 segundos cada, bilateralmente.

Foi realizado exercício de fortalecimento muscular isométrico para abdominais. O indivíduo flutuando com uma bóia e o auxílio do pesquisador realizava flexão de tronco e mantinha durante 10 segundos por 10 repetições.

Foram realizadas técnicas de

mobilização articular e técnicas de relaxamento muscular, para promover alívio do quadro álgico e ganho de mobilidade articular, com o pesquisador movimentando a pelve do indivíduo flutuando sobre a água durante 5 minutos.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE protocolado sob o nº TCC 017/10-08 e o jogador assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes da execução do trabalho.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As alterações posturais podem contribuir para o aparecimento da pubalgia crônica. A hiperlordose lombar que aumenta as tensões da sínfise púbica e a dismetria dos membros inferiores, alteram as características biomecânicas da pelve, por isso, são considerados como fatores de risco na pubalgia crônica (CUGAT, 1997; MORELLI, SMITH, 2001; MONTES, 2002; SILVA, 2005).

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Na avaliação do jogador, observou-se anteversão pélvica na vista lateral direita e esquerda e escoliose dorso-lombar convexa a direita, segundo o teste de Adams. Não foi notada diferença de medidas entre os membros inferiores.

A pubalgia crônica é caracterizada por sinais e sintomas ao nível do púbis. Esse quadro é resultante dos efeitos provocados pelos encurtamentos musculares das cadeias miotensivas do tronco e dos membros inferiores, que diminuem ou bloqueiam os movimentos do púbis. O encurtamento da musculatura posterior da coxa, comumente encontrada em jogadores de futebol, origina um processo inflamatório de difícil regeneração que pode levar à cronicidade (TRIBASTONE, 2001; GAL, 2001; IDE, CAROMANO, 2002). Segundo Busquet (2001), Canavan (2001) e Vercesi (2001) é necessário o alongamento de isquiotibiais, reto e oblíquo abdominal e adutores visando uma boa flexibilidade para as arrancadas e os chutes.

Na avaliação inicial observou-se que no Teste dos Isquiotibiais, o atleta alcançou 88º através da goniometria à direita e esquerda. Na primeira e segunda reavaliações manteve-se esse valor. Na terceira reavaliação, o jogador apresentou 89º bilateralmente. E na quarta e quinta reavaliações, o sujeito apresentou 92º para o lado direito e 90º para o lado esquerdo (Tabela 1A). Para os músculos abdominais, foram analisados os dados da goniometria de extensão de tronco, que permite analisar a flexibilidade dos abdominais. Na avaliação, o atleta apresentou 28º de extensão de tronco. Este valor permaneceu na primeira reavaliação. Na segunda reavaliação o atleta apresentou 30º. Da terceira à quinta semana, o atleta apresentou 31º para o movimento de extensão de tronco (Tabela 1A). Para os músculos adutores de

quadril, foram analisados os dados da goniometria da abdução de quadril que na avaliação apresentou 37º à direita e 32º à esquerda. Na primeira reavaliação, os dados permaneceram os mesmos. Na segunda reavaliação, o indivíduo apresentou 39º à direita e 38º à esquerda. Na terceira reavaliação, o atleta apresentou 40º à direita e 38º à esquerda. Na quarta e quinta reavaliações, o jogador apresentou 40º bilateralmente (Tabela 1A).

Aval. reav. reav. reav. reav. reav. Teste dos I.T. D 88º 88º 88º 89º 92º 92º E 88º 88º 88º 89º 90º 90º Abdomi-nais 28º 28º 30º 31º 31º 31º Aduto- res D 37º 37º 39º 40º 40º 40º E 32º 32º 38º 38º 40º 40º

Tabela 1A - Impacto dos exercícios de alongamentos em isquiotibiais, abdominais e adutores de quadril.

Observou-se, portanto, através desses dados que o tratamento proposto foi capaz de aumentar a flexibilidade dos músculos isquiotibiais, abdominais e adutores de quadril.

Para Azevedo, Pires e Carneiro (1999); Verderi (2005) e Silva (2005) uma boa flexibilidade dos músculos abdutores de quadril, quadríceps, íliopsoas, glúteo máximo e médio, tensor da fáscia lata, sartório e pectíneo que relacionam-se com o osso púbico, mobilização da articulação sacro-ilíaca, correção de desbalanceamento de força dos calçados e campos de treinamento adequados são os princípios básicos da prevenção da pubalgia, pois eliminam os fatores predisponentes. O ideal, portanto, é que o atleta tenha um adequado equilíbrio dinâmico da pelve, pois esse é essencial para o bom desenvolvimento do tratamento.

Na avaliação do atleta, nota-se que no teste específico de Thomas, que avalia o músculo Íliopsoas com o indivíduo em decúbito dorsal realizando a flexão de quadril e joelho de

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um dos membros e observando-se o joelho contralateral para detectar a elevação do mesmo da superfície, o jogador apresentava 4cm do lado direito e 3,5cm do lado esquerdo. Na primeira reavaliação, as medidas foram mantidas. Da segunda reavaliação a quinta reavaliação, o atleta apresentou 3,5cm a direita e 3cm a esquerda, indicando aumento bilateral da flexibilidade do músculo testado (Tabela 1B). No teste específico do Reto Femural, em que o indivíduo encontra-se em decúbito dorsal com os joelhos fora da superfície de apoio, é solicitado que realize flexão do quadril e joelho de um dos lados enquanto é observado o membro contralateral. É de se esperar que o membro contralateral se afaste da cama. O jogador apresentou bilateralmente na avaliação 3,5cm. Na primeira reavaliação esses valores não alteraram. Na segunda reavaliação, o indivíduo apresentou 4cm a direita e 3,5cm a esquerda. Na terceira reavaliação, o atleta apresentou bilateralmente 4cm. Nas quarta e quinta reavaliações, passou para 3cm em ambos os lados, demonstrando melhora da flexibilidade do reto femural (Tabela 1B). No teste específico de Schober, é delimitado no indivíduo na posição ortostática um ponto nas espinhas ilíacas póstero superiores, no nível de S2 da coluna vertebral. Com o auxílio de uma fita métrica é marcado 10cm acima deste ponto. O indivíduo realiza flexão de tronco e o aumento de 5cm sobre o valor anterior é considerado como comprimento muscular normal. Neste teste, para os músculos paravertebrais lombares, o indivíduo apresentou na avaliação e primeira reavaliação 16cm. Da segunda a quinta reavaliações, o jogador apresentou 15 cm (Tabela 1B). Portanto, o indivíduo não apresentou encurtamento da musculatura paravertebral lombar, pois em todas as reavaliações, o jogador alcançou o valor

considerado normal. O teste dedo-solo é realizado com o indivíduo em flexão máxima de tronco sem flexão de joelhos e com a cabeça relaxada, com uma fita mede-se a distância do terceiro dedo ao solo. Este teste também foi utilizado, sendo que na avaliação e primeira reavaliação o indivíduo apresentou 2cm de distância dedo-solo. Da segunda a quinta reavaliações o atleta encostava o dedo no solo (Tabela 1B). Aval. reav. reav. reav. reav. rea v. Teste de Thomas (Iliop.) D 4,0 4,0 3,5 3,5 3,5 3,5 E 3,5 3,5 3,0 3,0 3,0 3,0 Teste do Reto Femural D 3,5 3,5 4,0 4,0 3,0 3,0 E 3,5 3,5 3,5 4,0 3,0 3,0 Teste de Schober (Parav.) 16 16 15 15 15 15 Teste dedo-solo 2,0 2,0 - - - -

Tabela 1B – Impacto dos exercícios de alongamentos em Íliopsoas, Quadríceps e Paravertebrais (medida em cm).

Portanto, percebe-se que também para

os músculos íliopsoas, quadríceps,

paravertebrais e músculos da cadeia posterior no atleta houve um ganho de flexibilidade após a intervenção fisioterapêutica.

A pubalgia é uma patologia de origem mecânica na maioria das vezes causada por: falta de força muscular em abdominais, aumento da força e encurtamento dos retos inferiores ou por uma disparidade de força muscular dos músculos adutores. Todas essas causas irão gerar um desequilíbrio na região pélvica, fazendo com que haja um tracionamento maior de um lado, do que do outro, produzindo movimento anormal dos ossos do púbis, fazendo com que a sínfise púbica passe a apresentar o desnível (SILVA, 2005; LEITE, CALVACANTI NETO, 2003). O trabalho de fortalecimento nos

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músculos isquiotibiais, quadríceps, adutores e abdutores de coxa, íliopsoas, reto abdominal e oblíquo é fundamental na estabilização do tronco no momento do chute e durante os dribles (BUSQUET, 2001; CANAVAN, 2001; VERCESI, 2001).

Na avaliação de força muscular, para os músculos abdutores e adutores de quadril, paravertebrais, quadríceps, íliopsoas, glúteo máximo e isquiotibiais foi notado grau 5 de força muscular segundo a escala de Kendall, que se manteve até o final da intervenção fisioterapêutica. Para os abdominais superiores na avaliação inicial, o jogador apresentou grau 4, permanecendo com este valor até a quarta reavaliação. Na quinta reavaliação, o jogador apresentou grau 5. Para os músculos abdominais inferiores, na avaliação inicial e primeira reavaliação o jogador apresentou grau 3. Da segunda até a quinta reavaliação, o indivíduo alcançou grau 4 (Tabela 2).

Aval. sem sem sem sem sem Abdutores quadril Dir 5 5 5 5 5 5 Esq 5 5 5 5 5 5 Adutores quadril Dir 5 5 5 5 5 5 Esq 5 5 5 5 5 5 Abdominais superiores 4 4 4 4 4 5 Abdominais Inferiores 3 3 4 4 4 4 Paravertebr ais 5 5 5 5 5 5 Quadriceps Dir 5 5 5 5 5 5 Esq 5 5 5 5 5 5 Iliopsoas Dir 5 5 5 5 5 5 Esq 5 5 5 5 5 5 Glúteo Máximo Dir 5 5 5 5 5 5 Esq 5 5 5 5 5 5 Isquiotibiais Dir 5 5 5 5 5 5 Esq 5 5 5 5 5 5

Tabela 2 – Impacto da intervenção dos exercícios de fortalecimento muscular.

Portanto, percebe-se que segundo a escala utilizada para os músculos abdominais

superiores e inferiores, houve um ganho de força muscular após a intervenção fisioterapêutica.

Em um estágio mais avançado, dores poderão ser sentidas na articulação do púbis em abdominais inferiores, causando no atleta uma marcha antálgica ou bamboleante, dificuldade para subir uma escada, agachar e correr, em virtude de espasmos dos adutores. No jogador de futebol, estas dores podem levar a alteração funcional, ocasionando a diminuição da força muscular, perda de agilidade e redução na potência do chute (DUREY, BOIDA, 1989; CANAVAN, 2001; DEANGELIS, BUSCONI, 2003). A escala visual analógica (EVA) é utilizada na quantificação da dor no paciente. É importante para a verificação do tratamento sendo efetivo ou não, dependendo da resposta do paciente quanto à escala. A EVA varia de zero a dez, e pode ser utilizada no início e no final de cada atendimento. Para o uso da EVA é questionado ao paciente quanto a seu grau de dor sendo que zero significa ausência de dor e dez o nível de dor máxima suportada pelo paciente (SOUSA, 2002).

Na avaliação inicial, o indivíduo apresentou dor 3 segundo a escala de EVA, permanecendo este valor na primeira e segunda reavaliações. Na terceira e quarta reavaliações, o indivíduo apresentou grau 2. Na última reavaliação o jogador apresentou grau 1 segundo a escala de EVA.

Foi realizado teste de volante para analisar a mobilidade dos ossos Ilíacos. O teste é realizado com o paciente na posição ortostática e um membro inferior em adução e relaxado. O fisioterapeuta posiciona as duas mãos sobre o osso ilíaco deste membro inferior e mobiliza para frente e para trás. Na avaliação inicial foi observado diminuição de mobilidade em Ilíacos direito e esquerdo. Da primeira até a quinta

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reavaliação foi observado ganho de mobilidade na articulação do jogador.

4. CONCLUSÃO

Diante dos resultados apresentados para o indivíduo em questão, o tratamento fisioterapêutico proposto ofereceu ganho de flexibilidade em isquiotibiais, abdominais, adutores de quadril, íliopsoas, quadríceps, paravertebrais e músculos da cadeia posterior. Houve ganho de força muscular de abdominais superiores e inferiores. Aumento da mobilidade articular em ilíacos direito e esquerdo e diminuição da sintomatologia de dor, trazendo-o de volta às suas atividades profissionais.

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Referências

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