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Modelo papel & caneta do formulário RULA

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Academic year: 2021

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Modelo papel & caneta do formulário RULA

Mateus Zanatta & Fernando Gonçalves Amaral.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

RESUMO

Este artigo está inserido no contexto da utilização educativa da Ferramenta de Avaliação Rápida dos Membros Superiores (Rapid Upper Limb Assessment – RULA) e, consequentemente, a aplicação da mesma na avaliação dos locais de trabalho. O objetivo é desenvolver um formulário para preenchimento simplificado de uma avaliação RULA, podendo ser utilizado tanto como recurso didático como para avaliação de postos de trabalho. O modelo foi desenvolvido com um programa computacional de desenho vetorial, usando setas direcionais que indicam a sequência de preenchimento através de quadros com imagens que ilustram as diferentes posturas de trabalho. O resultado é um formulário com apenas uma página, o que pode ser facilmente utilizado como um recurso de ensino para utilização na sala de aula. Além disso, pode ser usado por profissionais de ergonomia no local de trabalho e pode ser preenchido apenas com auxílio de uma caneta ou de um lápis.

Palavras-chave: Ergonomia. Avaliação Rápida de Membros Superiores. Técnicas de

aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO

Distúrbios musculoesqueléticos estão atualmente entre as patologias ocupacionais mais comuns, representando perdas sociais e econômicas. A postura adotada pelos trabalhadores é comumente associada a esses distúrbios, principalmente quando estática e acompanhada de movimentos repetitivos. Existem diversas ferramentas para avaliação da postura de trabalhadores, e entre as mais utilizadas para posturas tipicamente estáticas está a Análise Rápida de Membros Superiores (Rapid Upper Limb Assessment – RULA) de Mcatamney & Corlett (1993).

No estudo de Chiasson et al. (2012), no qual oito ferramentas de análise postural foram comparadas, a ferramenta RULA é apontada como fácil de usar, e não apresenta risco de viés dado o fato de não levar em conta as percepções dos trabalhadores. No estudo de Chen et al. (2014), RULA é apresentada como apropriada para análises posturais, independentemente da quantidade de experiência do avaliador neste tipo de análise, necessitando apenas uma sessão de formação de curta duração (10 – 20 min). Dempsey et al. (2005) investigando o uso de ferramentas por ergonomistas certificados, apresenta que 51,6% destes já utilizaram RULA em suas análises, e apenas 24,1% destes afirmaram não estar familiarizados com a ferramenta. Também é possível evidenciar a larga utilização destas ferramentas nas publicações internacionais. Em uma busca padronizada com auxílio do mecanismo de busca Web of Science

(https://www.webofknowledge.com/), foram encontrados 56 registros de estudos relacionados

com o tema, publicados apenas nos últimos cinco anos. Em sua maioria, os artigos apresentam estudos de caso, onde as ferramentas auxiliam no entendimento da situação de trabalho para direcionar melhorias do local de trabalho. Quanto aos setores de aplicação, estes estão direcionados principalmente aos profissionais da indústria (Berberoglu & Tokuc, 2013; Bhattacharyya & Chakrabarti, 2012; Vignais et al., 2013), da saúde (Craven et al., 2013; Pérez-Duarte et al., 2014; Roll et al., 2014) e de postos de trabalho informatizados (Dockrell et al.,

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2012; Kaliniene et al., 2013; Taieb-Maimon et al., 2012). Contudo, a aplicação da ferramenta não se restringe apenas a estes setores, tendo sido encontrados artigos que aplicam o método em escolas (Dockrell et al., 2010; Hashim et al., 2012; Kelly et al., 2009; Paraizo & de Moraes, 2012), ambiente doméstico (Apostoli et al., 2012) entre outros.

A ferramenta RULA fornece uma pontuação geral que leva em conta a carga postural em todo o corpo, com especial atenção para o pescoço, tronco, ombros, braços e pulsos. A pontuação geral também leva em conta o tempo que a postura é mantida, a força utilizada e a repetitividade do movimento.

O objetivo desse estudo é desenvolver um formulário para preenchimento simplificado de uma avaliação RULA no espaço de apenas uma página, podendo ser utilizado tanto como recurso didático como para avaliação de postos de trabalho.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O formulário foi desenvolvido com base no original, desenvolvido por Mcatamney & Corlett (1993), e no software da Osmond Ergonomics (Osmond Group Limited), disponivel no site http://rula.co.uk. Foram analisados os pontos positivos de cada um desses, como base para geração de uma alternativa com apenas uma página.

O formulário foi desenvolvido usando técnicas de desenho com auxílio de uma ferramenta de desenho vetorial.

O resultado foi testado e validado com uma aula expositiva, com duração de 10 minutos, seguidas de um exemplo de aplicação e finalmente um exercício, aplicado a um grupo composto de 32 estudantes de engenharia.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram considerados pontos positivos das ferramentas analisadas: 1) a utilização de figuras representativas das posturas de trabalho; 2) a utilização de tabelas para marcação da pontuação e expressão dos resultados; e, 3) preenchimento dos formulários na sequencia desejada. As figuras utilizadas no modelo original Mcatamney & Corlett (1993), bem como as adaptadas do software da Osmond Ergonomics permitem ao usuário comparar a postura analisada com a postura correspondente na ferramenta RULA.

As tabelas utilizadas na ferramenta original de Mcatamney & Corlett (1993) permitem o calculo simplificado da avaliação RULA enquanto na ferramenta online da Osmond Ergonomics o calculo é feito pelo software, oculto ao utilizador. As tabelas utilizadas no modelo original de Mcatamney & Corlett (1993) permitem também que o analista interprete de forma prática o quanto que uma intervenção em algum dos elementos do trabalho pode interferir na pontuação final, como se estivesse visualizando um mapa de ação.

A forma sequencial nem sempre é a forma que o avaliador prefere para o preenchimento. No modelo da Osmond Ergonomics, o usuário pode escolher no menu lateral a sequencia desejada para preenchimento dos formulários individuais (Figura 1). Pontos de interrogação pretos indicam falta de preenchimento e vermelhos indicam preenchimento incompleto. Este recurso também fornece feedback instantâneo do progresso do preenchimento. No modelo original de Mcatamney & Corlett (1993) o analista deve sequir a sequencia indicada, ou avançar e retornar várias vezes por todas as páginas do artigo original.

O resultado final desse estudo está representado na Figura 2. O modelo gerado é representado em uma única página, composta de imagens ilustrativas das posturas adotadas pelo trabalhador nos postos de trabalho, bem como as tabelas para cálculo da pontuação final e indicação das ações de melhoria necessárias. A sequência de preenchimento é indicada por setas, que tornam o preenchimento rápido e intuitivo.

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A validação do modelo proposto foi realizada com uma turma com 32 estudantes de engenharia, dos quais 27 concluiram a avaliação de forma idêntica ao professor. Dos 5 restantes, os erros foram atribuídos à interpretação das imagens do posto de trabalho, e não no uso da ferramenta.

4 CONCLUSÃO

O modelo proposto foi validado em situação de ensino, mostrando que é um valioso recurso didático. Sua utilização não se restringe à aplicação em sala de aula, podendo ser utilizado como ferramenta de avaliação de situações reais de trabalho.

REFERENCIAS

Apostoli, P., Sala, E., Curti, S., Cooke, R.M.T., Violante, F.S., Mattioli, S., 2012. Loads of housework? Biomechanical assessments of the upper limbs in women performing common household tasks. Int. Arch. Occup. Environ. Health 85, 421–5. doi:10.1007/s00420-011-0690-z

Berberoglu, U., Tokuc, B., 2013. Work-Related Musculoskeletal Disorders at Two Textile Factories in Edirne, Turkey. Balkan Med. J. 30. doi:10.5152/balkanmedj.2012.069

Figura 1 – Ferramenta online de preenchimento de avaliações RULA. Fonte: Osmond Ergonomics, disponível em: http://rula.co.uk

Pontos de interrogação pretos indicam falta de preenchimento e vermelhos indicam preenchimento incompleto. Figuras indicam que a avaliação do formulário individual foi concluída.

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Bhattacharyya, N., Chakrabarti, D., 2012. Design development scopes towards occupational wellness of women workers: Specific reference to local agro based food processing industries in NE India. Work A J. Prev. Assess. Rehabil. 43, 403–409. doi:10.3233/WOR-2012-01476 Chen, J.D., Falkmer, T., Parsons, R., Buzzard, J., Ciccarelli, M., 2014. Impact of experience when using the Rapid Upper Limb Assessment to assess postural risk in children using information and communication technologies. Appl. Ergon. 45, 398–405. doi:10.1016/j.apergo.2013.05.004

Chiasson, M.-È., Imbeau, D., Aubry, K., Delisle, A., 2012. Comparing the results of eight methods used to evaluate risk factors associated with musculoskeletal disorders. Int. J. Ind. Ergon. 42, 478–488. doi:10.1016/j.ergon.2012.07.003

Craven, R., Franasiak, J., Mosaly, P., Gehrig, P.A., 2013. Ergonomic deficits in robotic gynecologic oncology surgery: a need for intervention. J. Minim. Invasive Gynecol. 20, 648– 55. doi:10.1016/j.jmig.2013.04.008

Dempsey, P.G., McGorry, R.W., Maynard, W.S., 2005. A survey of tools and methods used by certified professional ergonomists. Appl. Ergon. 36, 489–503. doi:10.1016/j.apergo.2005.01.007

Dockrell, S., Earle, D., Galvin, R., 2010. Computer-related posture and discomfort in primary school children: The effects of a school-based ergonomic intervention. Comput. Educ. 55, 276– 284. doi:10.1016/j.compedu.2010.01.013

Dockrell, S., O’Grady, E., Bennett, K., Mullarkey, C., Mc Connell, R., Ruddy, R., Twomey, S., Flannery, C., 2012. An investigation of the reliability of Rapid Upper Limb Assessment (RULA) as a method of assessment of children’s computing posture. Appl. Ergon. 43, 632–6. doi:10.1016/j.apergo.2011.09.009

Hashim, A.M., Dawal, S.Z.M., Yusoff, N., 2012. Ergonomic evaluation of postural stress in school workshop. Work A J. Prev. Assess. Rehabil. 41 Suppl 1, 827–31. doi:10.3233/WOR-2012-0249-827

Kaliniene, G., Ustinaviciene, R., Skemiene, L., Januskevicius, V., 2013. Associations between neck musculoskeletal complaints and work related factors among public service computer workers in Kaunas. Int. J. Occup. Med. Environ. Health 26, 670–81. doi:10.2478/s13382-013-0141-z

Kelly, G., Dockrell, S., Galvin, R., 2009. Computer use in school: its effect on posture and discomfort in schoolchildren. Work A J. Prev. Assess. Rehabil. 32, 321–8. doi:10.3233/WOR-2009-0830

Mcatamney, L., Corlett, E.N., 1993. RULA: a survey method for the investigation of work-related upper limb disorders. Appl. Ergon. 24, 91–99.

Paraizo, C., de Moraes, A., 2012. An ergonomic study on the biomechanical consequences in children, generated by the use of computers at school. Work A J. Prev. Assess. Rehabil. 41 Suppl 1, 857–62. doi:10.3233/WOR-2012-0254-857

Pérez-Duarte, F.J., Lucas-Hernández, M., Matos-Azevedo, A., Sánchez-Margallo, J.A., Díaz-Güemes, I., Sánchez-Margallo, F.M., 2014. Objective analysis of surgeons’ ergonomy during laparoendoscopic single-site surgery through the use of surface electromyography and a motion capture data glove. Surg. Endosc. 28, 1314–20. doi:10.1007/s00464-013-3334-4

Roll, S.C., Selhorst, L., Evans, K.D., 2014. Contribution of positioning to work-related musculoskeletal discomfort in diagnostic medical sonographers. Work A J. Prev. Assess. Rehabil. 47, 253–60. doi:10.3233/WOR-121579

Taieb-Maimon, M., Cwikel, J., Shapira, B., Orenstein, I., 2012. The effectiveness of a training method using self-modeling webcam photos for reducing musculoskeletal risk among office workers using computers. Appl. Ergon. 43, 376–85. doi:10.1016/j.apergo.2011.05.015

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Vignais, N., Miezal, M., Bleser, G., Mura, K., Gorecky, D., Marin, F., 2013. Innovative system for real-time ergonomic feedback in industrial manufacturing. Appl. Ergon. 44, 566–74. doi:10.1016/j.apergo.2012.11.008

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Figura 2 - ZANATTA, M. & AMARAL, F. G. Modelo papel & caneta do formulário RULA. Em: Congresso Brasileiro de Ergonomia - ABERGO 2016, Belo Horizonte: 2016. Este documento foi desenvolvido pelos autores como forma simplificada para aplicação e ensino dos conceitos estabelecidos no estudo original: MCATAMNEY, L., & CORLETT, E. N. (1993). RULA: a survey method for the investigation of work-related upper limb disorders. Applied Ergonomics, 24(2), 91–99. A correta aplicação depende das habilidades do utilizador.

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