S es sã o 4 – In te g ra çã o n o s p ro ce ss o s d e p ro d u çã o
MESTRADO INTEGRADO DE ENGENHARIA CIVIL
LICENCIATURA EM ENGENHARIA DO TERRITÓRIO
Disciplina: Transporte de Mercadorias e Processos
Logísticos
Prof. Responsável: Rosário Macário
Aulas Teóricas
SESSÃO 4:
Integração dos transportes nos processos de produção
e distribuição
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Integração dos transportes
no processo de produção / distribuição
• Objectivo: Maximização do valor acrescentado nas transformações sob
controle da empresa
• Colocação / Aquisição de produtos em locais diversos implica custos de transporte
e riscos quanto ao momento de disponibilidade, de que resulta necessidade de
stocks
• Maiores dificuldades resultam de
– não linearidade dos custos de transporte com as quantidades
– limiares mínimos de quantidade transportada para activação de uma solução
tecnológica (necessidade de stockagem e consolidação, com custos próprios)
– risco de não pontualidade varia com o modo, itinerário e período do ano
– risco de obsolescência não é idêntico para todos os factores integrantes do produto
final, mas há interdependências desses factores
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Mercados base da Intermodalidade
• Há múltiplos mercados / serviços de transportes susceptíveis de
conversão parcial para a intermodalidade
• Como cada um desses mercados se tinha desenvolvido independentemente, com os seus próprios, agentes, modelos de negócios, tecnologias e regras, as soluções intermodais adoptadas normalmente revelam o mercado de origem • Em todos os casos, a unitização das cargas é essencial
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Principais Segmentos (na Europa)
• Aumento regular das dimensões dos navios oceânicos, redução do nº de portos servidos (limitações físicas e produtividade do navio), aumento da área geográfica continental na influência de cada porto, necessidade de boas ligações terrestres para a servir bem
• Serviços de TMCD muitas vezes sobrepostos com intermodal (transhipment)
• Mais de 90% do transhipment da navegação interior feita em Roterdão ou Antuérpia
• Maior tráfego deep-sea – ferrovia passa nos portos do domínio Hamburgo – Le Havre, com destino aos mercados no centro da Europa
Tráfego
Intercontinental (marítimo)
Tráfego Continental (rodo ou ferro)
Transporte Marítimo Curta
Distância (TMCD / SSS)
Navegação Interior
pouco significativo
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Principais Portos de Contentores na UE
• Grande significado destes portos para transporte
intermodal europeu, mas… – Não há dados claros nem
completos sobre as verdadeiras origens e
destinos, nem sobre os modos usados no hinterland
• Planos de expansão dos portos (grandes ou médios) enfrentam grandes dificuldades de
resposta pelas infra-estruturas terrestres
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Principais Fluxos Intermodais
internos à EU (I)
• Transportes Internos à EU dominados pelo modo rodoviário
– Para que uma alternativa seja competitiva é preciso ter distância elevada de transporte, volumes significativos de carga e sistemas de produção
intermodais eficientes
– O intermodal dos outros modos é (quase) sempre em articulação com o rodoviário
• TMCD e Auto-estradas do Mar
– TMCD competitivo em casos de percurso rodoviário muito mais extenso que o marítimo e ou bens com pouco valor por unidade de peso
• Frequência de serviço ajudada pelos tráfegos de ligação ao “deep-sea” – “Auto-estradas do Mar” procura estender o domínio de competitividade do
TMCD através de melhor integração de toda a cadeia logística do lado terra – Principais corredores: Mar do Norte (entre UK e continente), Báltico
Ocidental (DE, DK, NO, SW) e Oriental (SF, PL, ET, LV, LT), Mediterrâneo Ocidental e Oriental
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Principais Fluxos Intermodais
internos à EU (II)
•
No Transporte Ferroviário internacional na EU, mais de metade do tráfegopassa os Alpes entre Itália e Alemanha –Fluxos importantes também de Itália
para França e Benelux
– Barreiras físicas e limitações regulamentares e portagens no rodoviário favorecem o ferroviário • Alguns volumes domésticos
significativos
• Grandes barreiras por diferentes padrões técnicos nos vários países • Desenvolvimento interessante da
“Estrada Rolante”, sobretudo na Áustria –Transições fáceis, descanso dos
motoristas
– Mas ineficiente na transição modal (processo sequencial)
Fonte: Vrenken, Macharis, Wolters – Intermodal Transport in Europe, European Intermodal Association, 2005
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Uma unidade de carga da UIRR corresponde à capacidade de transporte de um semi-reboque, dois “swap-bodies de menos de 8,30 m e de 16 ton, um swap-body acima de qq destas medidas, ou um veículo na estrada rolante
Estatísticas de tráfego da UIRR
Principais Fluxos Intermodais
internos à EU (III)
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Sistemas de Produ
Sistemas de Produ
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ão Reais: Os Feeders no TMCD
ão Reais: Os Feeders no TMCD
• Os feeders fazem a ligação entre o transporte marítimo inter-continental e
os portos secundários
– Os portos intercontinentais servem de gateway, e os feeders são os primeiros arcos do sistema inter-continental
• Na Europa, os serviços de feeder são quase sempre serviços em linha
– Nas ligações mais curtas, com tráfego mais denso, usam-se navios mais rápidos para obter tempos de ciclo mais curtos para os navios e para os contentores muito poucas paragens em cada ciclo
– À medida que aumentam as distâncias (e diminuem as densidades de tráfego) aumentam o número de paragens. Cada paragem aumenta a taxa de
ocupação mas também a duração do ciclo, a qual faz baixar a atractividade do serviço
– Por vezes há ainda serviços terciários de distribuição ao longo das costas, servindo portos mais pequenos
• Não há uma rede estruturada de serviços (horários combinados), mas os
encadeamentos ocorrem
– para obter melhor ocupação dos navios (e maiores tempos de viagem para os
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Sistemas de Produ
Sistemas de Produ
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ão Reais: O TMCD continental
ão Reais: O TMCD continental
• Formado maioritariamente por serviços Ro-Ro
– Em distâncias curtas, com navios ferry, serviço acompanhado
– Em distâncias mais longas, domina o serviço não acompanhado, com transporte dos semi-reboques (poupar custos com o motorista e o tractor)
• Navios Ro-ro também podem transportar contentores e swap-bodies, mas precisam de equipamento especial
• Movimentação dos semi-reboques nos portos é eficiente e requer pouco
espaço
• Por vezes, os mesmos operadores
oferecem também serviços de
contentores
– Empilháveis, mais do dobro da
capacidade para a mesma dimensão de navio
• Quase sempre serviços vai-vem, ou com
nº muito baixo de paragens
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Sistemas de Produ
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ão Reais:
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Linhas Regulares em Vias Naveg
Linhas Regulares em Vias Naveg
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veis Interiores
veis Interiores
• Organizado para os grandes rios, sobretudo o Reno
– Rio dividido em troços, sistema de cartel em cada um dos troços, com afectação rotativa dos serviços entre operadores
• Navios com cerca de 200 TEUs
• CE tem tentado introduzir competição no sector
• Em cada troço do Reno, cada navio tem 3 a 5 escalas
• Mas nos portos de mar, cada navio pode tocar 10 ou mais terminais – Baixa prioridade para estes navios, tempos de espera longos
– Vêm-se desenvolvendo serviços de distribuição regional a partir de Roterdão e Antuérpia, sobre os rios e canais mais pequenos, com navios menores (100 TEUs ou menos) para evitar congestionamento rodoviário
– Também há um tráfego importante de reposicionamento de contentores (cheios e vazios) entre os portos de Roterdão e de Antuérpia
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Sistemas de Produ
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Servi
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os Ferrovi
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rios (I)
rios (I)
• Duas grandes diferenças em relação ao transporte marítimo:
– A dimensão e composição do comboio pode variar de viagem para viagem – Nas viagens internacionais, os comboios usam infra-estruturas de diferentes
países, com diferentes standards técnicos e operacionais, forçando mudanças (pelo menos) de locomotiva e maquinista nas fronteiras
• Serviços de Vai-vem
– Nestes serviços, a dimensão e composição do comboio são fixos
– Sem reposicionamentos, grande eficiência produtiva, podem ser muito
competitivos para poucas centenas de km, sobretudo para serviços nocturnos – Serviço diário sustentável precisa de pelo menos 100 mil tons/ano, o que só
ocorre em poucos corredores (a intensidade de tráfego diminui com a distância entre as regiões comerciantes)
• Comboios Bloco
– Também serviço directo, mas comprimento e composição variável
• Mais adaptável, mas com custo de reposicionamento de vagões
• Padrão de serviço dominante nas ligações do transporte
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Sistemas de Produ
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Servi
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os Ferrovi
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rios (II)
rios (II)
• Os Vai-vem em Antena e em Y
– Ligam um terminal de um lado do serviço com dois do outro lado.
– No sistema em Y a separação é feita numa gare
intermédia e o transporte requer duas unidades de tracção • Mas pode reduzir tempos de entrega e usar locos mais
ligeiras
• Sistema Hub-and-Spoke
– Pretende combinar pequenos fluxos de vários corredores, cada um servido por sua linha, com frequências ajustadas
– A sustentação económica requer volumes acima de 100 mil tons / ano em cada raio (o que leva a que poucos operadores tenham este sistema)
• ICF chegou a ter um sistema destes em bom funcionamento, cobrindo grande cobertura na Europa, mas foi abandonado no final de 2004 e
substituído por um grande conjunto de ligações em vai-vem e em linha, a partir de vários portos europeus
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Sistemas de Produ
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Servi
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os Ferrovi
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rios (III)
rios (III)
• O Sistema de Gateway
– Com forte presença no sistema ferroviário europeu, devido à compartimentação em redes nacionais
• Cada país com um gateway junto a cada fronteira
– Abertura dos mercados (na sequência dos pacotes ferroviários da CE) está lentamente a permitir penetrações directas
• Alguns operadores internacionais mantêm o conceito, mas já não país a país (por exemplo, um gateway no norte de Itália e outro na Dinamarca, cada um consolidando as cargas das regiões na sua área de influência, e com comboios bloco entre eles)
• A rede de serviços ponto-a-ponto
– Com alguma expressão nas ligações directas entre Alemanha (12 terminais) e outros países vizinhos, sem ter de passar por gateways
• Serviço de muito melhor qualidade, ainda com restrições técnicas
• Serviços em vagão simples
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Sistemas de Produ
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ão Reais:
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Sistemas Trimodais
Sistemas Trimodais
• Serviços envolvendo dois modos além do rodoviário, com
muito pouca expressão na Europa
– E sem organização integrada
• Alguns exemplos
– Transporte combinado rodo-ferro na Alemanha, com ligação aos
portos do Báltico, Ro-Ro a partir daí para a Escandinávia, e rodoviário
nesses países
– Serviços TMCD a partir da Irlanda e Reino Unido para Roterdão, com
ligação ferroviária ou de navegação interna até próximo do destino, e
rodoviário na região de destino
• Os Operadores principais só correm o risco comercial no seu
modo tradicional (rodo-ferro no 1º caso e TMCD no 2º caso)
– Divergência de interesses comerciais tem limitado o lançamento e a
sobrevivência destas experiências
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Sistemas de Produ
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Sistemas Rodovi
Sistemas Rodovi
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rios
rios
• Menor dimensão do veículo favorece flexibilidade
– Mas os serviços de longo curso estão concentrados em poucos operadores e corredores em que cada um opera com presença forte
• Cada corredor de um operador baseado num pequeno número de clientes que asseguram a procura de base para o seu sistema de produção dedicado • Flexibilidade existe sobretudo em relação a horários de partida e chegada, e
pontos a servir no corredor, mas há rigidez em relação aos condutores e tipos de material circulante, restrições de circulação (fins de semana), horários de recepção das cargas pelos clientes, etc
– Padrão base de serviço é o ciclo regular, em vai-vem ou em triangulação • Maior preocupação do operador é a ocupação do veículo no conjunto do
ciclo, evitando retornos vazios
–Desequilíbrio de cargas nos dois sentidos gera assimetria de preços ou necessidade de triangulação
• Ajuste entre capacidades produtivas e necessidades do cliente (por ex. variações sazonais) muito facilitada pelo recurso sistemático à subcontratação
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Sistemas de Produ
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ão Reais:
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Sistemas de Distribui
Sistemas de Distribui
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ão Terminal (Terminal Cartage)
ão Terminal (Terminal Cartage)
•
Serviços no extremo das cadeias cobrem pequenas distâncias mas são
críticos na qualidade e preço da cadeia intermodal
•
Com frequência a responsabilidade dooperador intermodal cessa num terminal e a mercadoria passa a estar sob
responsabilidade do cliente final • Várias configurações
–Sistemas dedicados: grande fluxo,
distâncias curtas entre terminal intermodal e o ponto de consolidação. Cada camião faz 3 a 8 ciclos por dia, cf a distância
–Sistemas abertos: Ligações irregulares, clientes não equipados, ILUs devem ser descarregados e reposicionados após
descarga. Número de ciclos por dia entre 1 e 2, cf as distâncias
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Sistemas de Produ
Sistemas de Produ
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ão Reais por Modo:
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Integra
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ão da Cadeia de Produ
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•
Factor chave do sucesso no transporte intermodal é a escala da produção
– Só assim se consegue ter os compromissos de estabilidade no acesso a infra-estruturas e serviços que permitem a boa articulação destes
• Mas também a rigidez na sua especificação
• A integração só tem sucesso se o percurso de origem a destino for escorreito (seamless), o que requer 3 níveis de integração:
– Integração técnica (física): facilidade e eficiência de transposição das cargas entre modos compatibilidade entre infra-estruturas, veículos, ILUs e equipamentos de transbordo
– Integração organizacional (lógica): responsabilidades bem definidas para todos os fornecedores de serviços, empenho de todos e monitorização do desempenho
tecnologias e protocolos de informação e comunicação, compatibilidade entre aplicações informáticas
– Integração comercial (tarifária): Apresentação clara ao cliente das especificações e preço do serviço por um único interlocutor, que assume perante ele a responsabilidade integral (one-stop shopping) conhecimento profundo dos sistemas logísticos e das várias
componentes do transporte intermodal, capacidade de ajuste recíproco, lealdade na partilha de risco