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Língua, linguagem, interação e variação linguística

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Academic year: 2021

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Língua , linguagem, interação e

variação linguística

OBJETIVO: CAPACITAR O ALUNO A COMPREENDER A LINGUAGEM COMO UM ESPAÇO DE INTERAÇÃO; DEMONSTRAR QUE HÁ VARIEDADES LINGUÍSTICAS, ENTRE AS QUAIS A NORMATIVA, QUE MERECE DESTAQUE NO DISCURSO JURÍDICO; ENFOCAR AS RELAÇÕES ENTRE O VOCABULÁRIO CULTO E O POPULAR PARA IMPEDIR O PRECONCEITO LINGUÍSTICO, MAS SUSCITAR O DESEJO DE ACESSAR A VARIANTE PADRÃO DA GRAMÁTICA.

AUTOR(A): PROF. MARCIA DE MATTOS S MACEDO

O que é língua?

Língua é uma convenção linguística imposta a uma

nação que teve a sua cultura modificada por povos

invasores. A língua portuguesa no Brasil decorre de

fatores históricos, culturais e sociais. No início da

colonização brasileira, os portugueses tiveram de criar

uma língua geral, também conhecida como nheengatu

(Nheeng significa ‘falar’ e katu, ‘boa’), uma espécie de

fusão entre o tupi-guarani e o português de Portugal.

Até meados do século XIX, essa era a língua utilizada na

comunicação entre os europeus e os índios. O

Nheengatu foi, por imposição de Portugal, proibido e

decretou-se a língua portuguesa da colônia como língua

oficial do Brasil.

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O nheengatu, língua indígena da família tupi-guarani modificada por influências europeias, foi durante algum tempo e até o século XIX a mais utilizada no Brasil, tanto pelos portugueses como pelos nativos. A presente obra é um ensaio sobre esta língua, com um vocabulário vernaculizado para o português falado em São Paulo, um esboço etnográfico dos grupos indígenas da região e uma análise da influência desses povos na cultura paulista. A edição, póstuma, inclui uma biografia do autor, indigenista e grande conhecedor da história da cidade de São Paulo.

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http://www.brasiliana.com.br/brasiliana/colecao/obras/71/Vocabulario-Nheengatu

ASSISTA AO VíDEO EM QUE Há UM CANTO EM

NHEENGATU DE UMA TRIBO INDíGENA:

http://www.youtube.com/watch?v=k8NhNvNXz9w

Linguagem e interação

Em virtude da necessidade da comunicação, o homem cria diferenciadas linguagens para realizá-la, fazendo uso de recursos como cor, gestos, expressão corporal, ícones, símbolos. Se o recurso utilizado é a palavra – escrita e falada –, a linguagem é a verbal.

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CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM Linguagem é expressão do pensamento, de ideias e sentimentos

-Essa concepção de linguagem assume a ideia de que a linguagem é a reprodução fiel do que se pensa. Uma breve análise de nossas interações cotidianas aponta-nos para o engano: nem sempre expressamos o que pensamos, mas o que é mais conveniente naquele contexto de interlocução.

Outro fator que denuncia o engano dessa concepção de linguagem é a distinção entre a gramática do pensamento e a gramática da linguagem falada. Enquanto a primeira tende à síntese e à predicação, porque o contexto já é pressuposto; a segunda tende à extensão dos períodos, considerando-se as regras gramaticais.

Essa concepção de linguagem é a origem de muitos preconceitos linguísticos. Quem por ela se orienta acredita que quem não fala bem não pensa bem.

Linguagem é comunicação

-Relacionada à teoria da comunicação, que defende a ideia de que um processo comunicativo só se efetiva se estiverem contemplados os seis elementos que compõem o sistema

comunicativo, quais sejam: o emissor, o receptor, a mensagem, o canal, o código e o referente, essa concepção de linguagem deposita no emissor o poder absoluto sobre o processo

comunicativo, uma vez que é ele que organiza a mensagem a ser veiculada. Ao receptor cabe, passivamente, receber a mensagem do emissor. Por essa lógica, a mensagem, se bem

formulada pelo emissor, chegará até ao receptor tal e qual foi enunciada. A análise das interações contradiz a passividade do receptor e, consequentemente, a linearidade na compreensão. Em grande parte das vezes, o que observamos é que o receptor empreende um trabalho de interpretação sobre a mensagem recebida para dar continuidade ao processo comunicativo. Além disso, o receptor atua sobre o emissor antes mesmo que a mensagem seja enunciada, pois toda ela só constrói tendo em vista a imagem que o emissor faz de seu receptor.

Linguagem é interação

-Para essa concepção de linguagem, o texto é produto de uma interação em que estão implicados não só um emissor e um receptor, mas o contexto em que a interlocução se realiza. Há, pois, um trabalho de significação que se elabora mediante a conexão entre a mensagem e o contexto em que ela foi enunciada. Assim, um mesmo texto pode receber diferentes interpretações a depender do contexto em que a mensagem se insere.

Enfatizando o valor do contexto, essa concepção de linguagem opõe-se a toda forma de preconceito linguístico, porque compreende que o uso que o produtor de texto faz da linguagem está social e culturalmente situado. isto é, a linguagem é componente fundamental do processo de significação da mensagem.

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Em princípio, quando há uma referência à norma culta ou à língua padrão associa-se, inevitavelmente, a linguagem verbal, tanto na modalidade escrita quanto na falada, à rigidez dos compêndios gramaticais. No entanto, sabe-se que os falantes de uma determinada língua já possuem uma estrutura gramatical internalizada, isto é, são capazes de conhecer o funcionamento da língua materna. Nem sempre a gramática está relacionada à norma padrão, pois trata-se de um conjunto de regras que organiza as ‘línguas’ humanas. Por isso, pode-se afirmar que tanto as crianças, em suas primeiras manifestações orais, quanto os indivíduos não letrados são capazes de se comunicar como falantes de sua própria língua.

Na norma culta, a língua-padrão ou o prescritivismo são expressões que designam o falar’ e o ‘bem-escrever’. Historicamente, isso quer dizer que o domínio dessa modalidade de linguagem sempre pertenceu à minoria na sociedade, cuja produção verbal está atrelada à língua do poder político, econômico e social. Daí dizer que a língua-padrão é um processo social coercitivo, isto é, impõe as formas linguísticas de uma determinada classe social (a elite) àqueles que não a dominam. Eles, por sua vez, sentem-se, erroneamente, incapazes, incompetentes de atuar no mundo dos letrados. Na verdade, a língua-padrão é mais uma das muitas variações linguísticas que permeiam a sociedade. Assim, não se pode atribuir a nenhum falante ou a nenhuma região do país a competência linguística sob o ponto de vista do prescritivismo, ou seja, não se deve afirmar que em determinada região usa-se a ‘melhor’ língua portuguesa que em outras localidades. Há sim, situações comunicativas que dependerão do maior ou menor grau de escolaridade do falante, que recebem ou receberam diversas influências linguísticas, sociais e econômicas. Essas diferenças constituem as variações linguísticas.

Na língua portuguesa, percebe-se claramente o surgimento de variações linguísticas devido às mais variadas causas:

Geográficas:

linguagem urbana (registro formal / informal) linguagem rural (registro informal)

Socioculturais : sexo idade raça profissão posição social grau de escolaridade classe econômica região

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Históricas:

 referem-se às transformações por que uma língua passa e evolui através do espaço e do tempo. O exemplo clássico é o pronome de tratamento você. Esse pronome, anteriormente, vossa mercê, que era usado formalmente para dar um atributo ou qualidade inerente a uma pessoa considerada ‘nobre’, popularizou-se, sofreu alterações fonológicas e foi simplificado, dando origem a outras formas vossemecê, vossancê, você e cê.

Nas variantes linguísticas, incluem-se também os níveis de gramática: a internalizada, aquela que o falante adquire em contato com sua comunidade e a formal, padrão indicada como “certo” e “errado”, a partir dos ditames da gramática normativa. Essa última é usada tanto na escrita quanto na oralidade, geralmente em situações mais específicas como nas defesas jurídicas, nos discursos em congressos e em seminários.Nas variantes linguísticas, incluem-se também os níveis de gramática: a internalizada, aquela que o falante adquire em contato com sua comunidade e a formal, padrão indicada como “certo” e “errado”, a partir dos ditames da gramática normativa. Essa última é usada tanto na escrita quanto na oralidade, geralmente em situações mais específicas como nas defesas jurídicas, nos discursos em congressos e em seminários. Isso significa que, na produção de um texto, além da intenção comunicativa, a concretização desse ato entre escritor/falante e leitor/ouvinte só ocorre se este apreender os sentidos do enunciado. Para isso, esse processo comunicativo dependerá do grau de “conhecimento de mundo” de cada um dos envolvidos (crenças, valores morais, religiosos, políticos e sociais, entre outros).

Nessa dinâmica, relaciona-se o uso da linguagem com aquele que recebe a mensagem. Assim, a comunicação se concretiza quando este compreende a significação do enunciado, pois não é um agente passivo, uma vez que adota uma postura de “coautor”, ou seja, assume papel ativo na compreensão da mensagem: refuta, apoia, faz inferências, reescreve, complementa novas ideias, executa determinadas ordens entre outras ações.

Nesse processo interacional, a construção dos “sentidos” se realiza por meio da interação ativa entre autor-texto-leitor, em que

Objeto disponível na plataforma

Informação:

Objeto disponível na plataforma

Informação:

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o autor tem por objetivo comunicar-se e, para isso, utiliza-se de estratégias a fim de angariar a adesão do leitor;

o leitor é um partícipe ativo na construção de sentido, pois interage a partir de “pistas” deixadas, no texto, pelo autor. Este jamais diz tudo, sempre fica algo a desvendar. Ocorre a metáfora do iceberg, ou seja, há muitos mistérios submersos a serem desvendados, que não são revelados na superfície.

Assim, o conhecimento de mundo – aliado a outros fatores, incluindo-se o conhecimento partilhado – colaborará para a construção de sentidos se

A - o autor, para concretizar o ato comunicativo, adaptar o vocabulário de seu texto ao seu público-alvo. Por exemplo: A linguagem técnica de um advogado só deverá ser usada, se a quem ele se dirigir, também, puder entendê-la. Caso a empregue àqueles que partilham do mesmo conhecimento, a interação ocorrerá com sucesso;

Um exemplo, muito conhecido, é o vídeo de Plínio Marcos sobre a Aids, exibido na Casa de Detenção, em São Paulo, realizado pela agência Adag e pela TV Cultura. Todo o texto foi adaptado para o público-alvo em questão. Ouça Plínio Marcos

 

http://www.coletivoaction.com/curtas/o-santista-plinio-marcos-falando-a-real-sobre-a-aids

B - a escolha do nível de linguagem estiver de acordo com o público a quem a mensagem se dirige. O nível formal de linguagem vincula-se à norma padrão, e o informal, à coloquialidade, a qual é usada no âmbito da afetividade, da amizade, cujos falantes não estão somente despreocupados com a normatividade, mas também querem obter êxito nesse tipo de situação comunicativa;

C - o objetivo do autor for a adesão do leitor a um posicionamento de ideias. Nesse caso, o uso de estratégias argumentativas deve deixar pistas, por meio de estruturas sintático-semânticas, capazes de obter êxito na intenção comunicativa. As pistas podem indicar a orientação argumentativa por meio de conjunções que relacionam ideias; do uso do tempo e do modo verbal; da escolha lexical que indica o posto e o pressuposto no texto (é o dito pelo não dito, ou seja, as intenções não estão explícitas, mas implícitas e são inferidas pelo leitor/ouvinte).

A construção da imagem de quem escreve/fala e de

quem lê/ouve

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As identidades sociais, os sujeitos sociais e as posições dos sujeitos projetam, na cena comunicativa, a imagem de quem fala/escreve e a de quem ouve/lê;As

As relações sociais entre as pessoas, por meio das escolhas linguísticas, podem estabelecer com o interlocutor uma interação de colaboração ou de conflito.

 

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Observe a conversa entre os jovens Paulo, que nasceu e morou em

Brasília, e Gustavo, em Recife, Pernambuco. Ambos estão em São Paulo

há mais de dois anos e mantiveram os sotaques e a linguagem coloquial

de suas regiões.  

- E aí, véi? Vamu levá um de rocha? - perguntou Paulo para Gustavo.

- De rocha? Vixe, o que é isso? Tu parece um tabacudo!

- Se liga na fita, manu! De rocha, lá em Brasília, é levar um papo sério,

de verdade. E esse troço de tabacudo? É palavrão? - ironizou Paulo.

- Meu véio, isso significa um cara alesado, bobão...

- Ah, tá! Cara! Vamu pegá o baú... Já sei, aqui em São Paulo é busão.

Depois vamu curti um peso e, mais tarde, jogá uma pelada, Gustavo?

- Ôxe, mais uma que não sei! Curti um peso??

- É, véi, significa ouvir um rap. Bom, quando a gente chegá em casa

também vamu bater um rango. Essa você conhece, né?

- Bora lá, meu. Vai sê massa!

Leia as afirmações e, em seguida, assinale a alternativa que melhor as

analisa: 

I- Paulo e Gustavo devem adotar a variante utilizada em São Paulo, pois

ela é tomada como referência para as interações públicas em todas as

regiões do país.

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A. a) Apenas as afirmações IV e V estão corretas. B. b) Apenas as afirmações IV, V e VI estão corretas. C. c) Apenas as afirmações I e III estão corretas. D. d) Apenas as afirmações II e VI estão corretas. 

REFERÊNCIA

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. Atualizada pelo novo Acordo Ortográfico. São Paulo: Nova Fronteira, 2012.

CUNHA, C. e CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Lexikon Editorial, 2009.

KOCH, I. V. Concepções de língua, sujeito, texto e sentido. In: Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003.

MACEDO, I. F., et. al. Lições de gramática aplicadas ao texto jurídico. Rio de Janeiro, Forense, 2007. NASCIMENTO, E. D. Linguagem forense. São Paulo: Saraiva, 2009.

PRETI, D. Sociolinguística: os níveis de fala. São Paulo: Edusp, 2000.

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Referências

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