O AROMA DOS VINHOS
Anadia, 13 Maio de 2008
Goreti Botelho Escola Superior Agrária de Coimbra
PARTE 1
Estação Vitivinícola da Bairrada
14º Curso Intensivo de Análise Sensorial
TEMAS A ABORDAR
Parte 1. Aromas nos vinhos (ponto de vista químico, bioquímico e enológico)
Parte 2. Compostos responsáveis por qualidade Parte 3. Compostos responsáveis por defeitos Parte 4. Métodos instrumentais acoplados à detecção
humana aplicados ao estudo do aroma dos vinhos (demonstração)
O Flavour do Vinho
O que é o flavour dum vinho?
• Definição pessoal: “Conjunto de sensações
olfactivas e gustativas que o vinho transmite ao
consumidor, resultante dos diferentes compostos químicos voláteis, semi-voláteis e não voláteis”. De onde resulta?
• De uma longa sequência bioquímica e tecnológica, com uma origem e composição complexa.
O aroma dos vinhos
Compostos Odorantes
- compostos voláteis
- baixo peso molecular
- famílias químicas muito diversas
Compostos não odorantes
Limiar de detecção
quantidade mínima do estímulo sensorial necessário para provocar uma sensação
Limiar de identificação/reconhecimento
quantidade mínima do estímulo sensorial que permite a identificação da sensação
50% dos elementos de um grupo de provadores
Descritor de aroma
O aroma do composto é relacionado com um aroma conhecido (ex. frutos, flores, especiarias etc.)
Algumas definições…
Potencial de aroma
• Substâncias odorantes
(livres e voláteis)• Precursores não voláteis e não odorantes
(glicosídeos, derivados de cisteína, etc.)
• Compostos odorantes ou não, que podem
dar origem a outros compostos odorantes
(terpenóides, norisoprenóides em C13)
Classificação dos Aromas dos Vinhos
• Aromas varietais ou primários
• Aromas pré-fermentativos
• Aromas de fermentação ou secundários
• Aromas de estágio ou envelhecimento
Principais famílias químicas a abordar…
• Compostos terpénicos • Norisoprenóides em C13 • Pirazinas • Ésteres • Álcoois • Ácidos • Lactonas• Compostos carbonílicos: aldeídos e cetonas • Compostos sulfurados • Fenóis voláteis
Aroma varietal
• Compostos terpénicos
OHLinalol OH Geraniol OH Nerol OH Hotrienol OH -Terpineol OH Citronelol • Provém da uva
• Biossíntese natural na planta
• Susceptíveis de serem odorantes: - monoterpenóides (C10) - sesquiterpenóides (C15) Compostos terpénicos rosa alfazema lilás limão OH Nerol OH
Linalol OH -Terpineol OH Hotrienol OH Geraniol tília OH Citronelol LDS 0,4-0,5 / 0,13 LDS 0,11 LDS 0,05-0,10 LDS 0,4-0,5 LDS 0,018 LDS (mg/L)
Origem dos norisoprenóides em C
13• UVAS
precursores não voláteis carotenóides
glicosídeos
• VINHO
hidrólise dos precursores
(catalisadoou não por enzimas)
• Evolução dos vinhos
violeta eucalipto tabaco O -ionona O Vitispirano O HO 3-Hidroxi- -damascona LDS ng/L 120 em água / 800 em sol. Hidroálcoólica 800
---Pirazinas
• Identificadas em UVAS e VINHOS • Origem: – Metabolismo dos aminoácidos – Origem microbiana – Reacções de Maillard N N R OCH3 R: CH2CH(CH3)2 R: CH(CH3)2 R: CH(CH3)CH2CH3 2-metoxi-3-isobutilpirazina 2-metoxi-3-isopropilpirazina 3-metoxi-3- secbutilpirazinaPirazinas
batata vegetal pimento verde erva N N R OCH3 R: CH2CH(CH3)2 R: CH(CH3)2 R: CH(CH3)CH2CH3 2-metoxi-3-isobutilpirazina 2-metoxi-3-isopropilpirazina 3-metoxi-3-secbutilpirazina LDS (ng/L) 2 2---Ésteres – sua origem
UVAS
• pouco representativos
(antranilato de metilo, cinamato de etilo)VINHOS
• actividade metabólica das leveduras
(fermentação) esterificações químicas catalisadas por enzimas• fenómenos físico-químicos durante a evolução
Ésteres
Acetato de etilo Hexanoato de etilo Octanoato de etilo Acetato de feniletilo Lactato de etilo Cinamato de etilo ou acetato de hexilo 160; 30 em água; 40 em sol. hidroalcoólica 0,24 sol. hidroalcoólica; 0,9 em cerveja 0,70 sol. hidroalcoólica; 3,8 em cerveja ---3,5 em cerveja LDS mg/L / Leite azedo nota picante, verniz, colaÁlcoois
• Etanol
Constituinte muito abundante
Resulta da fermentação alcoólica dos açúcares do mosto
Papel importante na solubilização de compostos fenólicos e compostos de aroma
Álcoois
• Outros álcoois
Álcoois superiores
Os que possuem mais de 2 átomos de carbono Resultam da actividade metabólica das leveduras
Álcool isobutílico exemplo: 2 e 3-metil-1-butanol
Biossíntese dos aminoácidos
Degradação dos aminoácidos por mecanismo de Ehrlich
Álcoois aromáticos
Álcool benzílico Álcool feniletílico ou 2-feniletanol
Álcoois
herbáceo Rosa / mel OH OH Álcool benzílico Álcool feniletílico Doce, floral CH3CH2CH2CH2CH2CH2OH CH3CH2CH2CHCHCH2OH CH3CH2CHCHCH2CH2OH 1-hexanol Trans-2-hexen-1-ol Cis-3-hexen-1-ol LDS (mg/L) 4 em cerveja; 4,8 em água 15 em cerveja; 6,7 em água 13 em água; 0,07 em água ---10 em sol. etanólicaÁcidos
Ácido acético acetil-CoA ou oxidação do acetaldeído Restantes ácidos: - produtos intermediários da biossíntese lipídica- ou desaminação dos aminoácidos seguida pela descarboxilação dos oxoácidos homólogos
Ex.: ác. isobutírico valina
ác. isopentanóico leucina Ácido isopentanóico CH3 l CH3CHCH2COOH Ácido isobutírico CH3 l CH3CHCOOH Ácido butírico CH3CH2CH2COOH Ácido propiónico CH3CH2COOH Ácido acético CH3COOH Nome Comum Fórmulas
Origem dos Ácidos
vinagre cabra queijo manteiga rançosa Ácido acético Ácido propiónico Ácido butírico Ácido isobutírico LDS (mg/L) 200 em sol. hidroalcoólica ---10 em sol. hidroalcoólica 200 em sol. hidroalcoólica 3 em sol. hidróalcoólica 2,20 15 em sol. hidroalcoólica Aroma doce Ácido hexanóico Ácido octanóico Ácido decanóico
Lactonas
O O O O OH O O HO O O O O -butirolactona pantolactona lactona mevalónica 3-metil-2-(5H)-furanona di-hidro-4-metil-2(3H)-furanona• Esterificação interna entre uma função ácida e um álcool • UVAS - pouco representativas (furaneol, homofuraneol)
Lactonas
cereja coco, amêndoa morango garrafa frutos secos 4-etoxicarbonil- -butirolactona -nonatalactona furaneol solerona sotolon O OH O H3C H3C O CH3 O HO H3C LDS (mg/L) 0,4 0,065 ---1,6 0,010Compostos carbonílicos: aldeídos e
cetonas
Diacetilo CH3COCOCH3 Acetoína CH3CHOHCOCH3 Butanona CH3CH2COCH3 Octanal CH3(CH2)6CHO Hexanal CH3(CH2)4CHO Acetaldeído CH3CHO Nome do Composto EstruturaCompostos carbonílicos
Diacetilo leite Amêndoa amarga /cerejaManteiga / couve fermentada
Acetoína Benzaldeído LDS (mg/L) ---4,5-12 em vinhos
---Compostos sulfurados
• Alguns existem nas uvas (tióis) aroma varietal
• Outros existem naturalmente no vinho sulfureto de dimetilo (DMS)
• Mas outros resultam de anomalias defeitos olfactivos
• Metabolismo das leveduras SO42- SO32- S
2-• Reacções do sulfureto de hidrogénio:
METIONINA CISTEÍ NA H2S + CH3CH2OH CH3CH2SH + H2O H2S + 3CH3CHO H3C C H S 3 3CH3CH2SH 6H+ Etanol Etilmercaptano Acetaldeído Etilmercaptano
Compostos sulfurados
Acetato de 3-mercaptohexanol 3-mercaptohexano-1-ol Maracujá / toranja Giesta Alho-porro cozido Café torrado citrinos 4-mercapto-4-metilpentano-2-ona 3-mercapto-3-metilbutano-1-ol 2-furanometanotiol 4-mercapto-4-metilpentano-2-ol LDS (ng/L) 2,3-4,2 60 0,8 1500 0,4 55Compostos sulfurados resp. por defeito
Sulfureto de hidrogénio Bis (2-hidroxietil)dissulfido 2-mercaptoetanol 2-[[(metiltio)metil]tio]etanol 3-(metiltio)-1-propanol Ovos podres alho Couve-flor Batata crua LDS (mg/L) 0,001 0,001 1,0-10 0,1-1,0---Fenóis voláteis
• Nas uvas (em pequenas quantidades)
• Na actividade das leveduras e das bactérias lácticas
Ex. 4-etilfenol e 4-etilguaiacol
• Hidrólise dos precursores glicosídicos(em pequenas
quantidades)
• Conservação dos vinhos em madeira (em ambiente oxidativo)
OH R CH CH COOH OH R CH CH2 Ácidos hidroxicinâmicos R= H (ácido p-cumárico) R= OCH3 (ácido ferúlico)
Vinilfenóis em vinhos R=H (4-vinilfenol) R=OCH3 (4-vinilguaiacol)
Fenóis sem aroma Fenóis voláteis com aroma
cinamato descarboxilase CO2
Formação de vinilfenóis em vinhos brancos:
Fenóis voláteis
Especiarias Fumo / queimado medicamento Cavalo / estrebaria Tinta / “fenólico” Vanilina 4-vinil-2-metoxifenol Eugenol 4-metil-2-metoxifenol 4-etil-2-metoxifenol m-cresol 2-metoxifenol 4-etilfenol Fenol LDS (mg/L) 0,32-0,4 0,38-0,44 0,1-0,5 0,065 0,07-0,15 0,38 0,075-0,095 1,1-1,2 25-351
Qualidade do Aroma nos Vinhos
Anadia, 13 Maio de 2008
PARTE 2
Goreti Botelho Escola Superior Agrária de CoimbraEstação Vitivinícola da Bairrada
14º Curso Intensivo de Análise Sensorial
Das uvas ao consumidor…
DAS UVAS AO VINHO…
Composição do vinho e sua complexidade…
2
Perfil do aroma dos vinhos…
Fonte?????
Interpretação química do aroma dos vinhos
A base do aroma dos vinhos
Comunicação oral de Vicente Ferreira, WAC 2008
• Possui 22 compostos químicos
• Existem em todos os vinhos
• A níveis superiores aos limiares de detecção
• Têm um aroma típico (vinoso) no qual nuances
de aromas/odores individuais não podem ser
reconhecidas
O aroma do vinho
• Compostos de impacto: uma molécula
única que tenha concentração suficiente;
• Famílias de impacto: um grupo de
moléculas similares (homólogas);
• Largo grupo de moléculas ou famílias
diferentes.
3
Classificação dos compostos químicos do aroma dos vinhos
1. Impacto ou compostos altamente activos; podem transmitir o seu aroma específico ou característico a certos vinhos;
2. Famílias de compostos de impacto; Podem transmitir
notas características ao aroma dessas “famílias”;
3. Compostos de base; são apenas parte do total e
formam o total.
Comunicação oral de Vicente Ferreira, WAC 2008
Compostos de impacto odorante
Linalol Óxido cis-rosa 4-metil-4-mercaptopentanona 3-mercaptohexanol Acetato de 3-mercaptohexilo Acetato de isoamilo Lactona do whiskey Diacetilo Sotolon
Comunicação oral de Vicente Ferreira, WAC 2008
Alguns exemplos…
Famílias com impacto
O vinho contém grupos de compostos
químicos que partilham características
químicas e de aroma, que podem provocar
efeitos concertados no aroma dos vinhos –
sinergético ou aditivo
Famílias com impacto…
Compostos relacionados com a baunilha: vanilina,
vanilato de etilo, vanilato de metilo, acetovanilona
Açúcar queimado e caramelo: furaneol, maltol,
homofuraneol, sotolon
Fenóis voláteis: guaiacol, eugenol, isoeugenol,
2,6-dimetoxifenol…
Ésteres etílicos de ácidos gordos Acetatos de álcoois superiores
4
Exemplificando….
• Família das ?-lactonas
• ?-octalactona
• ?-nonalactona
• ?-decalactona
• ?-undecalactona
• ?-dodecalactona
Aroma a coco, pêssego
Compostos intensificadores de aroma num vinho….
• ß-damascenona • ß-ionona • DMS (sulfureto de dimetilo) • Furaneol™ • Homofuraneol • metional
Em geral, intensificam as notas a frutado e adocicado
e suprimem as notas fenólicas.
Compostos odorantes e sua concentração
O efeito da presença de um composto para o
aroma global de um vinho depende da sua
concentração
Não esquecer que…
Os compostos apresentam diferentes odores
consoante a concentração em que se encontram
nos vinhos
A nota floral (vinhos brancos)
Mais simples Mais complexa
Linalol > 200 ppb Linalol a-terpineol Nerol > 50 ppb Terpenóides (> 20 ppb) Cinamato de etilo Acetato de ß-feniletilo Terpenóides Cinamato de etilo Acetato de ß-feniletilo Vanilina ?-Lactonas Moscatel
5
O efeito depende da concentração
0 3 1 2 4 5 7 6 10 100 1000 10000 Concentração µg/L In te n s id a d e o d o ra n te Concentração natural nos vinhos Adicionado ao vinho Caso do Linalol D o c e -f lo ra l (C o rr ig id a ) D o c e -f lo ra l (s o z in h o ) F lo ra l M o s c a te l M o s c a te l m u it o in te n s o
Aumento do aroma frutado (vinhos tintos)
Escudero et al., J. Agric. Food Chem. 2007
Água/etanol Aroma frutado Suave Aroma a frutos vermelhos 13 ésteres Aroma frutado Água Aroma a maçã intenso
Vinho tinto Sem alteração
Vinho tinto Aroma a frutos vermelhos e cerejas + 0,8 ppb ß-Damascenona + 0,1 ppb a-ionona + 100 ppb DMS +
(1) Muscat varieties (2) Non-muscat aromatic varieties (3) Neutral varieties Canada Muscat
Gewurztraminer Muscat of Alexandria Muscat of Frontignan Muscato Bianco del Piemonte Muscat Hamburg Muscat Ottonel Moscato Italiano Traminer Huxel Kerner Morio-Muskat Müller-Thurgau Riesling Achurebe Schonburger Siegerebe Sylvaner Wurzer Aryan Bacchus Bobal Cabernet Sauvignon Carignan Cencibel Chardonnay Chasselas Chenin Blanc Cinsault Clairette Dattier de Bevrouth Doradillo Forta Merlot Nobling Rkaziteli Ruländer Sauvignon blanc Semillon Shiraz Sultana Terret Trebbiano Verdelho Viognier
Castas neutras e castas aromáticas (Mundo)
Castas neutras e castas aromáticas
Conclusões de trabalhos realizados em Portugal: Aragonez (Tinta Roriz) (casta neutra)
Trincadeira (casta neutra) Touriga Nacional (casta aromática) Alvarinho (casta aromática)
6
Vinho e madeira
O contacto/estágio do vinho com madeira Tradicionalmente – barricas de madeira
Recentemente – fragmentos de madeira
Vinho e madeira
O contacto/estágio do vinho com madeira Provoca o enriquecimento do vinho em: Alguns exemplos…
Composto Descritor
Siringol Fumo
Eugenol Especiaria, cravinho, dentista
Vanilina Baunilha
ß-metil-?-octalactona Coco
Vinho e fragmentos de madeira
Factores de selecção:
Espécie botânica Forma/Tamanho
Realização de ensaios à escala laboratorial
Seleccionar as características dos fragmentos comerciais em função do perfil sensorial pretendido para o vinho
Vinho e fragmentos de madeira
O tipo de vinho seleccionado condiciona o efeito dos fragmentos durante o envelhecimento
Os teores de cis -metil- -octalactona nos vinhos são um indicador da espécie de Quercus dos fragmentos A utilização de fragmentos comerciais induz no vinho características de envelhecimento em madeira de carvalho
7
Das uvas ao consumidor…
VINHO = FLAVOUR + IMAGEM
FLAVOUR = ATRIBUTOS SENSORIAIS (APARÊNCIA, AROMA, SABOR,…) IMAGEM = RÓTULO, GARRAFA, MARKETING…
1
Defeitos sensoriais em vinhos
Anadia, 13 Maio de 2008
PARTE 3
Goreti Botelho Escola Superior Agrária de CoimbraEstação Vitivinícola da Bairrada
14º Curso Intensivo de Análise Sensorial
Defeitos sensoriais de vinhos
•Defeitos associados à uva
• Defeitos associados às fermentações
• Defeitos associados ao estágio
• Defeitos associados ao envelhecimento em garrafa
Defeitos associados às uvas
Dois grandes grupos de possíveis defeitos:•Defeitos associados à maturação
•Defeitos associados às doenças criptogâmicas
Defeitos associados às uvas
IBMP3-isobutil-2-metoxipirazina
• Aroma a pimento verde e gosto herbáceo • Limiar de detecção:
2 a 8 ng/L vinhos brancos 2 a 16 ng/L vinhos tintos
2
Defeitos associados às uvas
1-HexanolÁlcool com 6 carbonos
• Aroma a erva cortada, folhas verdes ou secas
Defeitos associados à maturação
Defeitos associados às uvas
Como prevenir a formação de compostos em C6?• Vindimar com a maturação adequada
• Evitar ao máximo a dilaceração (etapa-chave: prensagem) • Conseguir rapidamente um mosto límpido
Defeitos associados à maturação
Defeitos associados às uvas
Geosmina2MIB
2-Metil-isoborneol
IPMP
2-isopropil-3-metoxi-pirazina
Odores com origem nas uvas alteradas
Defeitos associados às uvas
Geosmina• Gosto/aroma a terra húmida, a beterraba cozida, a húmus
3
Defeitos associados às uvas
2MIB 2-Metil-isoborneol • Odor a terra • Limiar de detecção: • Na água 29 ng/L • No vinho 30 ng/LOdores com origem nas uvas alteradas
Defeitos associados às uvas
IPMP2-Isopropil-3-metoxipirazina
• Odor a terra ou a vegetal •Limiar de detecção: Na água 2 ng/L
Odores com origem nas uvas alteradas
Defeitos associados às uvas
Quais são os factores que favorecem oaparecimento destas moléculas?
• Chuvas intensas
• Fragilidade da película das uvas • Ataque pelos fungos Botrytis cinerea
Defeitos associados à maturação
Defeitos associados às uvas
O odor a fungos• 1-octeno-3-ona •1-octeno-3-ol •2-octeno-1-ol
4
Defeitos associados às uvas
Odores a fungos?• Compostos produzidos por Botrytis cinerea e outros fungos • Muito difíceis de eliminar (carvão)
Defeitos associados à maturação
Desvios de origem
pré-fermentativa ou pré-fermentativa
Ácido acético
• Odor a vinagre, sabor acre
•Limiar de detecção: 750 mg/L
Desvios de origem
pré-fermentativa ou pré-fermentativa
Acetato de etilo
• Aroma a vinagre, cola, verniz das unhas •Limiar de detecção: 160 mg/L
Desvios de origem
pré-fermentativa ou pré-fermentativa
Compostos de enxofre
Sulfureto de hidrogénio Etanotiol Metionol 3-metiltio-1-propanol •Limiar de detecção: 160 mg/L5
Desvios de origem
pré-fermentativa ou pré-fermentativa
-50 -61 6 35 35 46 0.7 16,3 5,1 10,8 2 2,4 0,4 0,3 0,7 0 1,4 1,7 Etéreo Ovo Podre Água choca Cebola Marmelo, trufa, borracha Borracha 0,8 0,3 0,1 5 Sulfureto de carbonilo Sulfureto dehidrogénio Metanotiol Etanotiol Sulfureto de dimetilo (DMS) Dissulfureto de carbono Ponto ebulição Vinho redução µg/L Vinho limpo µg/L Descritores Limiar de detecção µg/L SubstânciasOs compostos de enxofre “leves”intervêm nos odores de redução
Desvios de origem
pré-fermentativa ou pré-fermentativa
Sulfureto de hidrogénio H2S
Aroma a ovos podres Limiar de detecção: 0,8 µg/L
Nos vinhos reduzidos, o seu conteúdo é muito superior ao limiar de detecção
Formação durante a FA e autólise das leveduras
Desvios de origem
pré-fermentativa ou pré-fermentativa
Etanotiol
Aroma a cebola, alho ou a gás natural Limiar de detecção: 1,1 µg/L
Oxidação em sulfureto de dietilo (limiar de detecção 4,3 µg/L)
Desvios de origem
pré-fermentativa ou pré-fermentativa
Metionol
3-metiltio-1-propanol
Aroma a couve flor e batatas cruas cortadas Limiar de detecção: 1200 µg/L
6
Defeitos de origem fermentativa
associados ao metabolismo bacteriano
DiacetiloAroma: notas a manteiga ou a avelã Limiar de detecção: na ordem dos mg/L
Defeitos associados ao envelhecimento e
conservação dos vinhos
Fenóis voláteis
especiarias 4-etil-catecol
Cravo-da-índia, cravos 4-etilguaiacol
Couro, cavalariça, suor de cavalo 4-etilfenol
DESCRITOR COMPOSTO
Defeitos associados ao envelhecimento
TCA : 2,4,6-tricloroanisolTeCA: 2,3,4,6-Tetracloroanisol
Moléculas responsáveis pelo gosto e aroma a mofo Limiares de detecção:
TCA: 5 ng/L TeCA: 20 ng/L
Defeitos associados ao envelhecimento
2-Amino-acetofenona(ATA)
Responsável pelo envelhecimento atípico de vinhos brancos secos
Odor a pano molhado, verniz para móveis, naftalina Limiar de detecção: 0,7 a 1 µg/L
7
Defeitos associados ao envelhecimento
TDN
Trimetil-dihidroxinaftaleno
Aparece durante o envelhecimento em garrafa
•Aroma: odor a Querosene •Limiar de detecção: 20 µg/L
•Característico em vinhos velhos de Riesling
Resumindo…
Contaminação fúngica das uvas:
•Produtos fermentativos de tipo láctico:
terroso, mofo MIB
pimento IBMP
espargo, vegetal, terra IPMP terroso Geosmina DESCRITOR COMPOSTO manteiga 2,3-pentanodiona manteiga acetoína manteiga diacetilo DESCRITOR COMPOSTO
Resumindo…
Moléculas presentes em vinhos oxidados:
Moléculas presentes em vinhos reduzidos: Pano molhado, naftalina Amino-acetofenona
Caril, noz verde Sotolon
Maçã cortada Acetaldeído
DESCRITOR COMPOSTO
Cebola, alho, gás natural Etanotiol
Batatas cruas, couve flor Metionol Ovos podres H2S DESCRITOR COMPOSTO
Resumindo…
Moléculas presentes em vinhos com desvios fenólicos: Especiarias 4-etil-catecol Cravo-da-índia, cravos 4-vinilguaiacol Couro, cavalo 4-etilfenol DESCRITOR COMPOSTO
1
A CARACTERIZAÇÃO DO AROMA
DAS UVAS E VINHOS POR MÉTODOS
OLFACTOMÉTRICOS
(Demonstração)
Anadia, 13 Maio de 2008
PARTE 4
Goreti Botelho Escola Superior Agrária de CoimbraEstação Vitivinícola da Bairrada
14º Curso Intensivo de Análise Sensorial Análise dos compostos voláteis em uvas e vinhos
Matriz muito complexa
Famílias químicas diversas
Compostos livres e glicosilados
Gama variada de teores
DETERMINAÇÃO DO AROMA EM UVAS E VINHOS
Extracção/Concentração Separação Identificação Quantificação
Avaliação do Impacto Sensorial Câmara de Provadores
GC-Olfactometria
CROMATOGRAFIA EM FASE GASOSA
OLFACTOMETRIA (GC-O)
2
Equipamento GC-O
EVOLUÇÃO DA TÉCNICA DE
GC-OLFACTOMETRIA
3
(Fuller et al., 1964)
ANÁLISE OLFACTIVA DO EFLUENTE DA COLUNA DE GC
INTRODUÇÃO DE UMA CORRENTE DE AR HÚMIDO NO EFLUENTE DA COLUNA DE GC Efluente GC Efluente GC Ar húmido Ar húmido Porta de olfacção DILUIÇÃO INTENSIDADE POSTERIOR FREQUÊNCIA DE DETECÇÃO
Métodos de GC-Olfactometria
TEMPO-INTENSIDADEMétodo de intensidade posterior
? Extractos não diluídos
? Grupo de cheiradores
? É necessário treino
4
Método de intensidade posterior na
Estação Vitivinícola Nacional (IP-INRB)
ESCALA
2 3 1 4 5 0Método de intensidade posterior
min 20 40 60 15 uV 0 5 10 15 20 25 30 35 AIB2 B, (GORETI\3TMV2A04.D) min 20 40 60 pA 0 5 10 15 20 25 30 35 FID1 A, (GORETI\3TMV2A04.D) Aromagrama Cromatograma
MOSTO DE TRINCADEIRA
min 20 40 60 15 uV 0 5 10 15 20 25 30 35 AIB2 B, (GORETI\3CMV1A06.D) min 20 40 60 pA 0 5 10 15 20 25 30 35 FID1 A, (GORETI\3CMV1A06.D) Aromagrama CromatogramaMOSTO DE ARAGONEZ
5
min 32.5 33 33.5 34 34.5 15 uV 0 5 10 15 20 25 30 35 AIB2 B, (GORETI\3TMV2A04.D) 3 2 .3 2 5 3 3 .8 1 3 FID1 A, (GORETI\3TMV2A04.D) 3 2 .2 7 3 3 2 .8 0 6 3 2 .9 5 3 3 3 .0 3 5 3 3 .2 0 1 3 3 .4 3 2 3 3 .5 2 1 3 3 .7 5 8 3 3 .9 1 4 3 4 .0 8 4 3 4 .2 8 2 3 4 .6 7 4 3 4 .7 7 2 3 5 .0 0 0SINAL FID VERSUS SINAL ODP
floral ß-damascenona álcool benzílico min 49 50 51 52 15 uV 0 5 10 15 20 25 30 35 AIB2 B, (GORETI\3TMV2A04.D) 5 2 .7 3 1 5 2 .9 7 1 FID1 A, (GORETI\3TMV2A04.D) 5 2 .0 7 5 52.2 7 6 5 2 .9 5 7 5 2 .6 6 8 FID1 A, (GORETI\PADERPC1.D) vanilina baunilha
SINAL FID VERSUS SINAL ODP
TR Descritores Trincadeira Aragonez
5,44 indefinido n.d. 1 6,55 herbáceo, relva n.d. 1 7,13 herbáceo, palha 1 1 10,85 herbáceo, relva n.d. 1 13,43 caramelo, queimado 2 n.d. 17,40 herbáceo n.d. 1 20,29 vinagre 2 n.d. 21,76 herbáceo n.d. 1 22,76 indefinido n.d. 1 25,92 borracha, queimado 3 3 26,55 quente 1 n.d. 27,88 chulé 4 3 28,47 adocicado 1 2 28,95 vegetal n.d. 2 29,28 indefinido 1 1 31,01 indefinido 1 n.d. 32,06 adocicado 1 3 32,32 floral 2 n.d. 33,24 floral n.d. 1 33,79 farmácia 2 2 35,33 rosas, floral 4 3 ß-Damascenona
TR Descritores Trincadeira Aragonez
38,02 floral 4 4 38,54 adocicado, floral 1 1 39,01 caramelo 3 1 40,00 animal 1 2 41,25 floral, adocicado n.d. 1 42,54 floral 1 n.d. 42,66 floral 3 3 43,50 floral 1 2 43,64 especiarias 2 2 44,69 frutado n.d. 2 45,14 adocicado 1 n.d. 45,28 químico n.d. 1 45,38 floral, farmácia 2 1 47,95 indefinido n.d. 1 51,95 químico n.d. 1 52,68 baunilha 3 3
53,04 flores secas, floral 3 2
54,60 desagradável n.d. 1
Nº Odorantes detectados 25 32
Vanilina
6
Obrigada
Goreti Botelho