• Nenhum resultado encontrado

O FUTURO É O PRESENTE? PERSPECTIVAS FUTURAS DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO EM MORRETES-PARANÁ

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O FUTURO É O PRESENTE? PERSPECTIVAS FUTURAS DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO EM MORRETES-PARANÁ"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

O FUTURO É O PRESENTE?

PERSPECTIVAS FUTURAS DOS ESTUDANTES DO

ENSINO MÉDIO EM MORRETES-PARANÁ

Luís Fernando da Costa Júnior Correio1

1Instituto Federal do

Paraná-Câmpus Paranaguá. e-mail: lfjr2012@gmail.com

São muitos os desafios na vida de um jovem estudante: família, estudos, trabalho, entre outros, são fatores estruturais e decisivos na transição para a fase adulta. Este estudo tem o objetivo de identificar as perspectivas futuras dos estudantes do Ensino Médio (anos finais) em Morretes – Paraná. A pesquisa aconteceu no ambiente estudantil abordando as questões como: moradia, escolaridade de seus responsáveis e, também, do futuro pós-médio no âmbito dos estudos, trabalho e profissão. Realizou-se por meio de questionário qualitativo e quantitativo, análise de dados primários e secundários. Os resultados mostraram a tendência para o ingresso dos jovens em cursos superiores considerados “tradicionais”. Percebeu-se um equilíbrio em relação ao jovem que apenas estudava e o que estudava e trabalhava, porém o trabalho sem registro assinalou um elevado percentual de informalidade, a exploração do trabalho jovem compreende a realidade da lógica oferta xdemanda.

Resumo

(2)

INTRODUÇÃO

Na vida acadêmica do estudante de nível médio é o campo onde há o início do florescer das ideias e projetos para a transição da juventude à vida adulta como um tipo de ponte intangível, pouco delimitada, porém necessária e presente.

Em aspectos sociais o jovem, quase sempre, passa por um processo de escolha nada convencional; e em relação aos passos para o futuro pós-ensino médio isso também ocorre, principalmente, em locais considerados com baixa oferta de inserção no ensino superior ou no mercado de trabalho.

A dependência de fatores familiares (financeiros, sociais, tradicionais, etc.) torna a escolha truncada por um ‘futuro’, que nem sempre é a melhor do ponto de vista do cidadão ou da cidadã, ora estudantes do ensino médio.

Terminei o ensino médio e agora... O que eu faço? Estudo, trabalho ou constituo família... O que fazer? Há emprego em minha cidade? Estudar para que?

O estudo buscou investigar as expectativas dos jovens em relação ao futuro intangível que os esperam ao concluírem o ensino médio, considerando a sua inserção e realidade local.

O estudo derivou das atividades do Projeto de Extensão Alternativas de Inclusão Produtiva aos Jovens do Litoral do Paraná; foi desenvolvido entre 201 3 e 201 5 com a pesquisa de estudantes nos estabelecimentos de ensinos estadual (rural e urbano) em todos os sete Municípios do Litoral do Paraná, sendo Morretes uma etapa do estudo.

Breve descrição do Município de Morretes

Segundo o Perfil dos Municípios, o aspecto agrícola é preponderantemente, fato é o considerável percentual de moradores rurais; grau de urbanização de 45,67%, sendo que na região litorânea a média é de 90,48% corroborando assim com a identidade oriunda da atividade agrícola local e o povoamento do rural (IBGE, 201 0, citado por IPARDES, 201 4).

Possui característica econômica baseada nos atrativos: turístico, artesanal, histórico e gastronômico. A indústria não figurava entre os principais modais de emprego. Segundo o IPARDES (201 4), a “capital agrícola” da região tem potencial histórico e de relevante exploração turística e ecoturística durante todo o ano, possui população estimada de 1 6.381 hab. com perspectiva de crescimento geométrico de 0.29%. O índice de desenvolvimento humano (IDH-M) de 0,686 é considerado médio, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNAD.

REVISÃO DA LITERATURA

Abramo (1 997, citado por Raitz e Petters, 2008) pondera a juventude como um problema social de fase difícil, perturbadora e turbulenta da vida em função dos sentimentos que desencadeiam nos jovens, como transgressão e rebeldia, portanto, necessitam de amparo dos adultos.

Frigotto (2004, citado por Raitz e Petters, 2008) referindo-se a “juventude, trabalho e educação”, analisados por vários ângulos, a temática apresenta muitas controvérsias, há uma dificuldade em obter um conceito unívoco de juventude, sejam por razões históricas ou sociais e culturais.

Para Raitz e Petters (2008) “em cada momento histórico, cada geração traz marcas próprias dentro do contexto social, portanto os sujeitos são influenciados pela sociedade em que vivem e, por isso, comportam-se, pensam e agem de maneira diferenciada” ou igualmente reprodutiva a um determinado modo de vida – propagação de costumes.

(3)

Ao traçar um histórico da juventude, Raitz e Petters (2008, p. 409), sobre a preocupação do indivíduo como adolescente e sua separação social afirmam que as principais mudanças ocorridas na sociedade (comércio da mão de obra) como afirmação da classe burguesa e o surgimento da área educacional no início do século XIX, caracterizaram o dualismo e a seletividade.

Para Rodríguez (201 2, p. 1 08), em relação ao emprego e nesta longa etapa (as últimas seis décadas) as respostas oferecidas pelas políticas públicas foram mudando, mas continuamos sem encontrar soluções satisfatórias. Na segunda metade do século XX, o diagnóstico explicava os altos níveis de desemprego e subemprego juvenil pelos baixos níveis de capacitação e a escassa experiência de trabalho das novas gerações.

METODOLOGIA

Análise quanti-qualitativa das informações captadas, baseadas em dados primários e secundários.

O levantamento das informações foi realizado em dezembro de 201 3. Foram pesquisados os seguintes aspectos: sexo, idade, naturalidade, residência, nível de instrução, questões sobre trabalho, família, ramo da atividade produtiva, capacitação técnica, qual a profissão desejada, o que fazer após o ensino médio, participação em programas de transferência de renda, instrução e profissão dos pais ou responsáveis.

Entrevistados 276 estudantes do segundo e do terceiro anos do ensino médio e do quarto ano de curso de formação docente (anos finais). Sendo 221 (80%) do Colégio Estadual Rocha Pombo (CERP) localizado no centro da cidade e 55 (20%) do Colégio Estadual Osny David Fraga (CEOF) localizado na Marta, região rural a 1 3 km do centro.

Os dados foram trabalhados no programaSphinxLéxica2000.

RESULTADOS E ANÁLISES

O perfil dos estudantes entrevistados

Mais da metade dos estudantes entrevistados eram natos, 55% nasceram em Morretes, 32% nasceram em outro Município fora da região litorânea e 1 3% nasceram em outros Municípios da região. 56% (1 54) são do sexo feminino, 43% (1 1 9) do sexo masculino e 1 % (3) não responderam. 54% (1 50) cursam o segundo ano, 38% (1 06) cursam o terceiro ano e 8 % (20) cursam o quarto ano de formação docente em dois períodos: 55% matutino e 45% noturno.

Quanto à faixa etária, examinando ambos os sexos nota-se a polarização entre as idades de 1 6 a 1 8 anos que somadas correspondem a 74%. Do total 36% (1 00) estavam na faixa etária dos 1 7 anos, 26% (73) na faixa dos 1 6 anos e 1 4% (38) na faixa dos 1 8 anos, outras idades somam 24%.

Considerando a faixa etária média nos anos finais de estudos apenas 1 /3 dos estudantes estavam dentro dos patamares esperados de idade/ano escolar (média dos 1 7 anos) em relação aos anos finais no ensino médio.

Do total dos entrevistados, mais de 35% estavam acima da idade regular para o ano-letivo ao qual cursavam. (RAITZ e PETTERS, 2008).

Sobre a residência familiar: 58% (1 60) residem com os pais, 1 2% (32) somente com a mãe, 7% (1 9) com o esposo ou esposa, 6% (1 6) com mãe e irmãos, 4% (1 1 ) com avós, 1 3% (38) outras formas de residência familiar.

Em relação à escolaridade dos responsáveis (pais) 34% dos pais (homens) e 31 % das mães não concluíram o ensino fundamental, já 3% dos pais e 8% das mães possuíam algum estudo pós-ensino médio.

(4)

Preparação para o mercado de trabalho: 26% responderam que estavam habilitados para o mercado de trabalho, possuíam cursos técnicos (administrativo, informática, etc.), nesse quesito há equilíbrio entre ambos os sexos.

Relação estudosversustrabalho

No campo do trabalho observou-se um equilíbrio: a maioria desenvolveu algum tipo de atividade com remuneração (52%); estudavam e trabalhavam sem registro 33%, estudavam e trabalhavam com registro 1 6% e estudavam e faziam estágios 3%; 48% apenas estudavam.

Dos estudantes que também trabalhavam (com ou sem registro) 1 0% deles possuíam dependentes da sua renda. Mais se destacavam na pesquisa os que trabalhavam como vendedor/a (8,3%), garçom/garçonete 7,6% e na agricultura 3%.

Importante ressaltar o grave problema da informalidade no meio jovem, de todos os que tinham alguma remuneração 63% dos estudantes não possuíam registro em carteira, esse dado corrobora para ações exploratórias e de desvalorização da mão de obra dessa camada da sociedade seguindo a lógica da oferta x demanda e de submissão devido à necessidade de sobrevivência e ao enfrentamento da dura realidade, em alguns casos.

Singer (2005, citado por Raitz e Petters, 2008) afirma, em se tratando de questões econômicas que“a juventude parece, pois, condenada à submissão ou ao desespero”.

Confrontando as características de empregos mais visíveis no Município a exemplo da ocupação na agricultura e no trabalho em restaurantes, no universo de dez trabalhadores na atividade “garçom/garçonete” três teriam registro; para a atividade “agricultura” um apenas teria registro em carteira.

Trabalho sem registro por atividade produtiva

Dentre as principais respostas relacionando a atividade produtiva: 1 00% dos estudantes trabalhavam sem registro como “doméstico/a”, 89% na “agricultura”, 83% na “construção civil”, 71 % como “garçom/garçonete”, 67% como “balconista” e 61 % como “vendedor/a”.

O percentual de mão de obra empregada na informalidade é problemático, o caso mais indigno era dos ocupados na atividade produtiva “doméstico/a”, nenhum deles possuía registro. Os seis ramos das atividades produtivas, citadas acima, correspondem a 56% do total de estudantes que trabalharam sem registro em carteira no período.

O futuro dos estudantes: Suas perspectivas

Quanto às perspectivas pós-ensino médio, 39% responderam como principal ação “estudar”, 34% “trabalhar”, 1 3% “mudar de cidade”, 1 0% “permanecer no litoral”, 3% “constituir família”e 1 %“outros”.

No final de 201 3 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou um estudo sobre os jovens brasileiros que não trabalhavam nem estudavam: A chamada “geração nem-nem”. (GAZETA DO POVO, 201 3).

O que chamou a atenção foi a quantidade desses jovens estudantes (38,6%) que após concluírem o ensino médio pararam, ou seja, nem ingressaram no mercado de trabalho, nem continuaram seus estudos no ensino superior.

No estudo em Morretes, 27% dos entrevistados poderiam ser considerados prováveis ingressantes na “geração nem-nem”, embora aja um equilíbrio nas respostas para ações “estudar”e/ou “trabalhar”.

(5)

Apostar nos jovens, em sua «capacidade de agenciamento» (nas palavras do PNUD) será, definitivamente, apostar no próprio desenvolvimento humano de nossos países. Vivemos um momento marcado pelo crescimento econômico e pela disponibilidade de recursos para tentar atingir esse desenvolvimento humano. Por isso, seria imperdoável não aproveitarmos esta chance a partir de uma ampla e decidida vontade política e do desenvolvimento de estratégias pertinentes e sustentáveis. (RODRÍGUEZ, 2012, p. 121). Na comparação entre os sexos é notável a tendência das mulheres para os estudos (60%) e para o trabalho (53%). No aspecto para a provável mudança de município (58%) e em “não” constituir família (35); já os homens estão mais propícios a constituir família (65%); em relação à permanência no litoral há equilíbrio entre ambos os sexos.

A percepção da ação da mulher moderna explica-se pela inserção no mercado de trabalho com capacitação e foco na afirmação equitativa presente na sociedade atual, essa realidade se fortalece nos estudos intermediados pelos saberes e direitos.

É relevante o avanço geracional comparando-se os estudantes que visavam continuar seus estudos (39%) com o desempenho estudantil dos seus responsáveis; em média apenas 5,5% deles (pai e mãe) prosseguiram com seus estudos após concluírem o ensino médio. Isto significa um acentuado interesse pelos estudos da atual geração, um aumento cerca de 700%.

Branco (2005, citado por Raitz e Petters, 2008) ratifica a ideia da importância educacional como base para as atividades profissionais “uma vez que uma das motivações ou razões mais importantes para se estudar está relacionada à obtenção futura de boa inserção ocupacional no sistema econômico”.

Em outra questão revelou a tendência acadêmica e profissional dos estudantes para os cursos tradicionalmente constituídos, consequentemente, os mais concorridos que corresponderam a 29% de todas as citações pelos estudantes (Medicina, Direito, Psicologia, Medicina Veterinária, Engenharia Civil).

Considerando um cenário de conquista de vagas nos cursos disponíveis em todas as instituições de ensino superior no litoral paranaense, publicas ou privadas (oferta e local), apenas 34% permaneceriam na região (docência, direito, administração, biologia, tecnologia da informação, ciências contábeis, turismo e gestão ambiental).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma das tendências de emprego local em Morretes, por estar caracterizada na produção agrícola onde cerca de duas mil pessoas se ocupava no município (aproximadamente 1 /3 do total), pode colaborar para a exploração da mão de obra ao revelar que cerca de 90% dos jovens com trabalho remunerado na “atividade agricultura” estavam atuando na informalidade. Tendencialmente condiciona boa parte dos jovens a exercerem “bicos” durante a formação colegial nessa área, pois há disponibilidade de empregos no campo, entretanto precários.

Faltam perspectivas em se tratando dos estudos em nível superior? Na cidade não há alguma Faculdade ou Universidade. A correlação da identidade do indivíduo com a escolha de “cursos-chave” considerados tradicionais (engenharias, direito, medicina, etc..) com o panorama real de ingresso em instituições públicas estabelecidas no Litoral do Paraná (as instituições não ofertam cursos em questão) caracteriza o deslocamento desse indivíduo para fora da região – inevitável.

Quanto às escolhas por cursos superiores, salientam-se três situações: 1 ) percebeu-se o desconhecimento em relação à oferta de cursos já existentes na região; 2) ou a escolha

(6)

REFERÊNCIAS

INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPARDES).

Cadernos Municipais. Disponível em:

<http://www.ipardes.gov.br/cadernos/MontaCadPdf1 .php?Municipio=83350&btOk=ok>. Acesso em: 20/1 1 /201 4.

______. Perfil Avançado dos Municípios. Disponível em:

<http://www.ipardes.gov.br/perfil_municipal/MontaPerfil.php?codlocal=1 4&btOk=ok>. Acesso em: 1 3/03/201 5.

GAZETA DO POVO. País tem 9,6 milhões de jovens sem estudar ou trabalhar. Curitiba, 29

nov. 201 3. Disponível em:

<http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1 &id=1 429322&ti t=Pais-tem-96-milhoes-de-jovens-sem-estudar-ou-trabalhar>. Acesso em: 24/03/201 5. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNAD). Atlas do

Desenvolvimento Humano dos Municípios. Disponível em:

<http://www.pnud.org.br/IDH/Default.aspx?indiceAccordion=1 &li=li_AtlasMunicipios>. Acesso em: 20/1 1 /201 4.

RAITZ, T. R.; Petters, L. C. F. Novos desafios dos jovens na atualidade: Trabalho, educação e família. Revista Psicologia & Sociedade, v. 20, n. 3, p. 408-41 6, 2008.

RODRÍGUEZ, E. Emprego e juventude: muitas iniciativas, poucos avanços. Um olhar sobre a América Latina. Revista Nueva Sociedad, n. 232, 34, p. 1 041 21 , jun. 201 2, ISSN: 0251 -3552.

Referências

Documentos relacionados

The results of this research explained all aspects of work environment factors that influence training transfer, and these results provide empirical evidence to the

Com isso, encerrou-se de vez uma discussão aberta por algumas empresas, como a Gol, que à época pretendiam lançar seus gastos com IPO no Ativo Diferido, para evitar ter que lançá-

É, precisamente, neste âmbito que se apresentam quatro áreas que, dada a sua forte vertente estratégica, poderão influenciar significativamente as organizações, a

O novo acervo, denominado “Arquivo Particular Julio de Castilhos”, agrega documentação de origem desconhecida, mas que, por suas características de caráter muito íntimo

Essa classificação não leva em consideração vários fatores prognósticos, como instabilidade (colapso do escafoide), necrose do fragmento pro- ximal, presença de artrose

The brain cortex was the organ most affected by glycemia, and this effect had a non-linear pattern, as shown by the rel- ative difference in SUVmax between the groups with

Desta Conferência e da Workshop que se lhe seguiu (Programa e síntese em anexo, pp. 403-411) ressaltou uma forte chamada de atenção para a necessidade de articulação

Aqui, naturalmente, não se pode ignorar que a organização do ambiente educativo para uma criança em idade de creche (0-3), de jardim-de- -infância (3-6), de 1.º ou 2.º ciclos