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III semana de pesquisa em artes 10 a 13 de novembro de 2009 art uerj processos artísticos contemporâneos

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Estudo do processo de criação de artistas contemporâneos capixabas

Renata Ribeiro dos Santos

Licenciatura em Artes Visuais – UFES

Projeto com bolsa da Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – FAPES O presente texto é um relato de experiência do Projeto: Estudos dos documentos do processo de criação dos artistas plásticos contemporâneos capixabas, realizado entre dezembro de 2008 e agosto de 2009, centrando posteriormente os estudos nos artistas plásticos Melina Almada e Luciano Cardoso.

Crítica genética; Arte contemporânea; Crítica de processo.

The present paper is a report of experience of the Project: Study of the documents of the creation process of the contemporary artists from Espírito Santo, accomplished between December 2008 and August 2009, focusing afterward in the studies on the artists Melina Almada e Luciano Cardoso.

Genetic criticism; Contemporary art; Critical process.

Introdução

O estudo do processo de criação, centrado nos documentos gerados pelo artista durante a produção de sua obra está fundamentado na crítica genética. Como tal, parte da constatação que uma obra é resultado de um trabalho exaustivo de escolhas e reflexões que passam por transformações sucessivas. Ela, a obra, surge a partir de investimento de tempo, dedicação e disciplina por parte do artista, entretanto, passa por um processo de correções, pesquisas, esboços. Este período e os documentos produzidos neste momento são o interesse da Crítica Genética,

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movimento no qual está embasada esta pesquisa. Surgido na França no século XX, a Crítica Genética (sendo assim batizada em 1979 pelo crítico Louis Hay) indaga a obra de arte a partir de sua gênese. Seu objetivo é buscar compreender e elucidar partes de como são criadas as obras de arte, através da investigação científica de documentos de criação, vindos da mão do próprio artista.

Segundo Salles (1998) documentos do processo são todo tipo de vestígio deixado pelo artista durante o processo de criação de uma obra ou de um conjunto delas.

Assim, este estudo busca compreender nuances do processo de criação entre os artistas contemporâneos do Espírito Santo e está vinculado ao Projeto MEMÓRIA

e CULTURA NO PROCESSO DE CRIAÇÃO: seleção, digitalização, transcrição e análise crítica de documentos de processo de artistas capixabas e suas interfaces com a arte contemporânea, coordenado pelo professor Doutor Aparecido José Cirilo.

Partindo de uma lista primeira de aproximadamente 40 artistas plásticos atuantes na cena capixaba, foram realizados os primeiros contatos, onde se confirmava a existência destes documentos em seu processo. Sendo cada contato singular e por formas distintas (e-mail, telefone, conversas), partia-se então para encontros onde eram registrados e/ou coletados o material disponibilizado.

Até a presente etapa, foram coletados documentos de processo dos seguinte artistas: Nenna B, Luciano Cardoso, Melina Almada Sarnaglia, Jô Name, Juliana Morgado, Mônica Nitz, Ricardo Maurício, Piatan Lube e João Wesley de Souza. Abaixo segue listado abaixo uma caracterização do artista, a maneira de abordagem e o teor e a quantidade de documentos coletados.

Nenna B: Artista atuante na cena capixaba desde a década de 70 foi um dos primeiros a introduzir os conceitos da arte contemporânea no Espírito Santo. Transitou por instalações, esculturas, vídeos, produção de eventos culturais etc. Em 1985 lancou o livro “Vereda Tropicália”, mesclando poesia com roteiro e em 2004 “Bíblia”, uma retrospectiva de sua obra.

Foram realizados dois encontros com o artista e a partir do contato com sua produção foi feita a coleta de todo material disponibilizado: 23 arquivos digitais, projetos futuros, divididos em 4 pastas: Escultura, Gravuras, Ocean Paik e R2010.

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Luciano Cardoso: Durante sua orientação ao Ateliê Ocupação na Galeria Homero Massena, Vitória – ES, foram realizados diversos encontros e conversas informais com o artistas. A partir deste contato com seu processo de produção em pintura neste espaço, foram cedidos 8 cadernos de artista, de datas variadas. Alguns possuem projetos, outros são somente de desenhos e outros mesclam desenhos e texto. Todo o material foi digitalizado, totalizando 444 arquivos.

Melina Almada Sarnaglia: Foram realizados vários encontros e conversas informais na casa da artistas, onde foi levantado seu material de processo (arquivos digitais). O conjunto é formado 498 documentos, projetos (realizados ou por realizar), fotografias e textos de reflexivos.

Jô Name: Artista e professor com formação em Comunicação Social têm seu universo ligado intensamente à fotografia e vídeo (disciplinas que leciona). Possui várias exposições coletivas e individuais, a maioria dedicada a fotografia, mas nos últimos anos trabalha com conceitos de instalação, site-specific e intervenção urbana, como nas exposições “Suspensão” (2002), projeto Vitrine Efêmera no Ateliê DZ9 e no projeto “Atenção Arte” (2008) participante da VIII Bienal do Mar em Vitória – ES.

Nos dois encontros realizados com o artistas foi realizada o levantamento e coleta do material disponibilizado, sendo estes todos documentos de processo de realização do projeto “Atenção Arte”. Foram 302 arquivos digitais, projetos e fotografias do local antes da intervenção e posteriores com sua interação na cidade.

Juliana Morgado: Artista e professora dos cursos de Design e Artes Plásticas e Visuais, sua pesquisa centra-se, sobretudo, nas práticas de apropriação na arte contemporânea, bem como seus efeitos de sentido e, produz, como artista plástica, instalações e intervenções que se apropriam da linguagem publicitária e das práticas cotidianas.

Depois de contatos telefônicos e por e-mail, foi disponibilizado material para digitalização. São ao todo 124 documentos divididos em documentos avulso (protótipos, amostras e orçamentos) e fotografias.

Mônica Nitz: Sua pesquisa gira entorno do desenho, pintura e vídeo. Realizou duas exposições coletivas no último ano, “Construção” um trabalho que ocorre no espaço/tempo da exposição, centrada no processo de produção da pintura e

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“Anagrama” realizada entre maio e agosto na galeria Casarão em Viana, ES.

Desta última exposição citada, fazem parte todos os documentos de processo cedidos pela artista. São 9158 documentos, constando basicamente de arquivos digitais (fotos e vídeos) divididos em pastas pela própria artista afim de melhor “organizar” seu processo.

Ricardo Maurício: Artista e professor, tem sua pesquisa e produção voltada para o desenho, performance. Possui ampla produção literária e exposição coletivas e individuais.

A partir de contatos via e-mail, foram realizados dois encontros e posteriormente disponibilizado também via e-mail, 16 documentos, estudos de desenhos realizados pelo artista na década de 70.

Piatan Lube: Tem sua produção voltada para a intervenção urbana e site-specific, participou com o projeto “Caminho das Águas” da VIII Bienal do Mar de Vitória, ES e a continuação deste projeto foi selecionado no Edital Arte e Patrimônio de 2009.

Após três encontros e conversas informais, foi disponibilizado via e-mail, material referente à realização do projeto para o Edital Arte e Patrimônio; além de fotografias feitas pela fotógrafa Luara Monteiro, durante a realização da obra “Caminho das Águas” na Bienal do Mar.

João Wesley de Souza: Artista e professor, sua produção e pesquisa está centrada na escultura e instalação. Atua também como crítico e curador.

Depois de três encontros e conversas informais, foi cedido material de processo. Trata-se de um caderno de artista de 30 páginas, fotografado pelo artista, contendo projetos e estudos a realizar.

A pesquisa a partir deste ponto continuará colhendo outros dados e informações a cerca dos processos de criação de outros artistas capixabas contemporâneos, por meio de entrevistas. Será feito um levantamento de todo o material coletado e a catalogação dos mesmos. Todo o material digitalizado será arquivado, objetivando a criação de um banco de dados, para uso em pesquisas futuras.

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Documentos de processo de Melina Almada – projeto e fotografias do trabalho Marí(n)timo.

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1 - Melina Almada e Luciano Cardoso: um recorte da arte contemporânea capixaba No desenvolvimento da pesquisa apresentada, faz-se necessário o estudo mais específico do processo de criação dos artistas contemporâneos no Espírito Santo. Assim, a fase atual da investigação, que resulta neste artigo, buscar entender as tendências e intencionalidades do projeto poético de dois artistas em particular: Luciano Cardoso e Melina Almada.

1.1 - Melina Almada: Artista capixaba, nascida em 1982 vem firmando seu trabalho nos últimos anos. Já participou de inúmeras exposições coletivas em Vitória e teve seu trabalho “Marí(n)timo” incluído na última Bienal do Mar (2008). Possui um trabalho de caráter altamente conceitual, produzindo sempre a partir de variados estudos, pesquisas, rascunhos, o que faz do estudo de seus documentos de processo de criação, ferramenta fundamental para resgate e melhor compreensão de sua poética. Formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo, cursa agora o Mestrado em Artes na mesma instituição.

Em uma primeira leitura, os documentos coletados da artista demonstram a presença em sua produção deste caráter conceitual e fundamentalmente ligado a escrita. Tratam-se em sua maioria de textos de projetos, reflexões sobre leituras e também fotografias que mostram o processo de construção de trabalhos realizados.

1.2 - Luciano Cardoso: Nascido em Vitória, 1971, formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Arteterapia na UCAM / Vitória. Realizou trabalho de docência em várias instituições de ensino fundamental e superior e como educador social em Artes nos últimos anos. Tem uma produção de arte intensa e farta, que toca as mais diversas especificidades artísticas: pintura, objetos, instalações, vídeos etc. Realizou várias exposições individuais e coletivas e no último ano foi professor orientador do Ateliê Ocupação, da Galeria Homero Massena.

Uma das características mais notáveis, em uma inicial leitura dos documentos de processo, é a multiplicidade de meios utilizados pelo artista. Apesar de percebermos uma forte influência da pintura e desenho nos documentos coletados, também é

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Documentos de processo de Luciano Cardoso – Caderno 07, imagem 004 e Caderno 05, imagem 007.

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importante a presença de estudos de projetos de instalação e outros objetos utilizando os mais variados materiais. Além disso percebe-se a presença constante de reflexões e trechos de textos lidos, que fazem parte, as vezes do próprio desenho de seus projetos. 2 – Algumas considerações sobre este estudo e seus desdobramentos

A partir dos documentos levantados até agora, buscaremos recortar seu conjunto em busca de constituir o prototexto que permitirá aprofundarmos no estudo de cada um desses artistas.

O estudo desses casos, em particular, buscará entender um pouco da mente criadora desses artistas, tentando revelar nuances que a obra terminada nunca evidencia. No caso desses artistas, essa revelação pode evidenciar o caráter processual de seus trabalhos.

Concluindo, destacamos que este é ainda um texto preliminar, cuja meta é apresentar o estágio atual desta pesquisa importante para a construção de uma história da arte e da cultura contemporânea no Espírito Santo.

Referências bibliográficas

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CIRILLO, José. Pela Fresta: memória como matéria no processo de criação de Shirley Paes Leme. Farol. Vitória: Ufes, n.3, ano 3, p. 61-73, 2002

COLOMBO, Fausto. Os Arquivos Imperfeitos. São Paulo ; Perspectiva, 1991

CONTAT, Michael; FERRER, Daniel. Porquoi la critique génétique? Paris: CNRS Editions, 1998. HAY, Louis. Pour une sémiotique du mouvemente. Gênesis, n. 10, 1996

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Referências

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