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Síndrome de burnout e florescimento no trabalho: uma visão a partir de trabalhadores da área da saúde do Município de Augusto Pestana/RS

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Academic year: 2021

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Comunicação

Curso de Administração – Bacharelado – Modalidade Presencial Disciplina - Trabalho de Conclusão de Curso

SUIANE LAÍS DE BIASI ZUCOLOTTO ADRIANE FABRÍCIO

SÍNDROME DE BURNOUT E FLORESCIMENTO NO

TRABALHO: Uma visão a partir de trabalhadores da área da

saúde do Município de Augusto Pestana/RS

Trabalho de Conclusão de Curso

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SÍNDROME DE BURNOUT E FLORESCIMENTO NO

TRABALHO: Uma visão a partir de trabalhadores da área da

saúde do Município de Augusto Pestana/RS

Trabalho de Conclusão de Curso

Trabalho de Conclusão do Curso de Administração da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito à obtenção do Grau de Bacharel em Administração.

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Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades

e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir!

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Este trabalho de conclusão de curso é resultado de todo meu esforço, determinação e dedicação para concretizar um sonho. Hoje estou alcançando um objetivo, porém sozinha não teria chegado até aqui. Sendo assim, expresso minha eterna gratidão a todos os que fizeram parte da minha caminhada acadêmica e colaboraram para que este sonho se tornasse realidade.

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela minha saúde e por eu ter oportunidade de estar próxima da conclusão de mais uma etapa da minha vida, de mais um sonho realizado.

Agradeço aos meus pais, Alexandre e Lisete, meus maiores exemplos de vida. Sou grata por estarem sempre ao meu lado, por investirem em meus estudos, por acreditarem na minha capacidade e principalmente por todo o amor e carinho que sempre recebi.

Agradeço a minha irmã Pérola pelas maquiagens para fotos de formatura, pela paciência e carinho comigo em todos os momentos. Sou grata a minha irmã caçula Aléxia, por contagiar minha vida com muito amor e carinho, sendo meu refúgio para aliviar a mente nos momentos de cansaço.

Agradeço também ao meu esposo Dioni, pela paciência, por ter dedicado um pouco do seu tempo para me ouvir durante cada etapa deste trabalho, me apoiando, dando força e coragem para que eu pudesse fazer o melhor possível.

Aos meus amigos e colegas do início da faculdade Geovani e Silvia, que sempre me incentivaram e ajudaram quando precisava. Esta caminhada não seria a mesma sem eles.

A todos os professores do curso, que deram sua contribuição para minha formação acadêmica, em especial a minha orientadora Adriane Fabrício, que dedicou seu valioso tempo para me guiar em cada passo deste trabalho. Sou grata por todo o carinho, atenção, dedicação e confiança a mim depositados, para a realização deste estudo.

Obrigada a todos que mesmo não sendo citados aqui fizeram parte da minha caminhada acadêmica e contribuíram para a conclusão desta etapa importante da minha vida.

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SÍNDROME DE BURNOUT E FLORESCIMENTO NO TRABALHO:

UMA VISÃO A PARTIR DE TRABALHADORES DA ÁREA DA

SAÚDE DO MUNICÍPIO DE AUGUSTO PESTANA/RS¹

Suiane Laís De Biasi Zucolotto²; Adriane Fabricio³

¹ Trabalho de conclusão de curso

²Aluna do curso de Administração da Unijuí, suianedebiasi@hotmail.com ³Professora do curso de Administração, adriane.fabricio@unijui.edu.br

Introdução

A síndrome de burnout é definida por Maslach (1994 apud LIMA et al. 2008, p.137) como “uma reação à tensão emocional crônica, que afeta de forma negativa os profissionais e suas relações com o trabalho, acarretando no desgaste, estresse e até na desistência do indivíduo de trabalhar ou em caso mais grave de viver”. Apesar da síndrome de burnout ser pouco conhecida entre os profissionais e seus estudos no Brasil ainda serem escassos, as leis brasileiras de auxílio ao trabalhador já consideram esta síndrome como uma doença relacionada ao trabalho. O burnout é constituído de três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. A exaustão emocional caracteriza-se pela sensação de esgotamento físico e mental, onde o sentimento de se ter chegado ao limite toma conta do indivíduo, e o mesmo não dispõe mais de energia para absolutamente nada. A despersonalização refere-se a alterações na personalidade do indivíduo, fazendo com que o mesmo passe a atender seus pacientes de maneira fria e irônica. A baixa realização profissional está associada ao sentimento de insatisfação com as atividades do dia a dia, desmotivação, baixa autoestima, insucesso profissional, fazendo com que na maioria das vezes, o indivíduo deseje sair do seu emprego (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Em contraste com a síndrome de burnout, o florescimento no trabalho é um estado de felicidade, “refere-se a uma circunstância de prosperidade, de desenvolvimento e a um estado progressivo de satisfação e bem-estar no contexto do trabalho (MENDONÇA et al. 2014, p. 172). Keyes e Haidt (2003 apud Paludo; Koller, 2007, p. 10) reforçam que o florescimento “significa um estado no qual os indivíduos sentem uma emoção positiva pela vida”, apresentando “um ótimo funcionamento emocional e social e não possuem problemas relacionados à saúde mental”. Deste modo, tendo em vista estas duas percepções opostas, este estudo tem por objetivo identificar se há relação entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana/RS, bem como: identificar o perfil sócio demográfico dos profissionais analisados; verificar a incidência das dimensões da síndrome de burnout - exaustão emocional, despersonalização e a reduzida realização profissional - nos profissionais pesquisados; verificar a incidência do florescimento no trabalho nos profissionais investigados; identificar a possível relação entre, a síndrome de burnout, o florescimento no trabalho e o perfil e propor ações para que o florescimento no trabalho desabroche fortemente entre os profissionais, prevenindo ou minimizando assim a incidência da síndrome de burnout.

Metodologia

A pesquisa se classifica como aplicada, pois buscou o desenvolvimento de conhecimento específico sobre síndrome de burnout e florescimento no trabalho, fazendo sua aplicação na amostra de trabalhadores da área da saúde do município de Augusto Pestana. Quanto à abordagem, a pesquisa se classifica em quantitativa, pois os dados obtidos a partir do

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perguntas abertas no questionário possibilitaram a compreensão de informações pertinentes, para analisar os fenômenos estudados e permitiu também a discussão dos dados quantitativos. Quanto aos objetivos, a pesquisa é considerada descritiva, pois buscou descrever as características dos profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana e também permitiu identificar possíveis relações entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho, mediante dados obtidos através do questionário. Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa se classifica em bibliográfica, pois é um estudo desenvolvido com base em materiais já publicados. De levantamento (survey), onde foi realizado através de aplicação de questionário com perguntas fechadas e abertas. E também em pesquisa de campo, onde utilizou-se o questionário para buscar dados a fim de responder os objetivos do presente trabalho. Foram alvos da pesquisa, profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana/RS. Entre estes, trabalhadores do Hospital São Francisco, Secretaria de Saúde, Laboratórios de Análises Clinicas, Farmácias, Consultórios Médicos e Odontológicos da referida cidade. Foi entregue um total de 152 questionários impressos, isto é, cada profissional da saúde do município (sujeitos da pesquisa) recebeu um questionário. Destes, 106 foram respondidos, no período de 20 de junho a 27 de julho de 2017. Deste modo, o questionário encontra-se dividido em três partes. Na primeira parte consta o instrumento Maslach Burnout Inventory-Human Services Survey (MBI-HSS). Este é destinado aos profissionais relacionados aos serviços de saúde, sendo utilizado para avaliar as três dimensões do burnout: exaustão emocional, despersonalização e realização profissional. O segundo instrumento utilizado na coleta de dados foi a escala de florescimento no trabalho – EFLOT. Este é utilizado para o desenvolvimento de estudos e diagnósticos organizacionais sobre a saúde e o bem estar dos trabalhadores, estando relacionada diretamente à autoimagem que o trabalhador tem a respeito de suas competências, para o desenvolvimento das atividades laborais. Ambos os instrumento são validados por autores e são compostos por questões de autopreenchimento respondido por escala tipo likert de 7 pontos. A terceira parte do questionário trata-se do perfil dos respondentes. Está composta por 7 questões objetivas e 1 questão descritiva, objetivando coletar informações sobre as características dos mesmos(sexo, idade, escolaridade etc). Além das questões para identificar o perfil da amostra, nesta parte constam ainda 3 questões descritivas a fim de buscar entender os motivos pelos quais os respondentes acham estressante a área da saúde e/ou os motivos pelos quais os mesmos sentem condição de bem estar no ambiente de trabalho. Através destas questões também é possível obter sugestões de melhorias para o ambiente de trabalho, para que os profissionais possam atingir um estado pleno de satisfação e bem estar.

Resultados

A realização da pesquisa buscou atender ao objetivo geral através do desdobramento e alcance dos objetivos específicos. Deste modo, quanto ao primeiro objetivo específico, de identificar o perfil sócio demográfico da amostra, verificou-se que a maioria dos respondentes encontra-se entre a faixa etária de 26 a 35 anos, com 36,8%. Quanto ao gênero, a predominância dos respondentes é feminina, com um total de 85,8%. Com relação ao grau de instrução formal, a maioria dos profissionais possui ensino superior completo com 33,0% e referente aos cursos, pode-se verificar que a prevalência está no curso de farmácia, com 7,5%. Quanto a organização em que atuam, a maioria dos respondentes trabalha no Hospital São Francisco, com 33,0% e o cargo com maior percentual é o de secretária, com 11,3%. Com relação ao segundo objetivo específico, de verificar a incidência das dimensões da síndrome de burnout - exaustão emocional, despersonalização e a realização profissional - nos profissionais pesquisados foram utilizadas medidas descritivas, apresentando a média e desvio padrão obtidos. A dimensão

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dimensões, apenas 1,90% apresentaram nível alto e 6,60% não apresentaram incidência de exaustão emocional. Quanto a despersonalização, 10,40% denotaram nível alto e 23,60% não apresentaram incidência desta dimensão. Noque diz respeito a realização profissional nenhum profissional apresentou nível baixo, denotando apenas pontuações altas e médias para esta dimensão. Com relação ao nível de incidência das três dimensões da síndrome de burnout agrupadas, 58,50% da amostra apresentaram nível baixo de burnout, 39,60% denotaram nível médio de incidência da síndrome e 1,90% não apresentaram incidência da síndrome de burnout. Deste modo, a partir dos resultados apresentados, constata-se que a amostra analisada não possui incidência alta da síndrome de burnout, mas sim, incidência de níveis médio e baixo. Sendo assim, não se pode afirmar que os profissionais não possuem incidência da síndrome de burnout, mas que possuem a mesma em desenvolvimento, visto que o burnout ocorre pela cronificação do estresse, sendo a resposta de um estado prolongado deste, instalando-se silenciosa e progressivamente (BENEVIDES-PEREIRA 2010). Para verificar a confiabilidade ou o grau de consistência interna entre os indicadores de um fator, aplicou-se o alpha de Cronbach. Deste modo, as dimensões de exaustão emocional e realização profissional apresentaram uma boa associação entre as variáveis (EE= α 0,88 e RP= α 0,74). Entretanto, a dimensão despersonalização apontou escala não confiável (DE= α 0,49). Benevides-Pereira (2010) diz que, dentre as dimensões, a despersonalização é a que mais tem sido questionada quanto a consistência interna. Porém, apesar de a despersonalização ter ficado abaixo do esperado, o alpha total apresentou uma consistência considerada aceitável segundo os parâmetros estatísticos. Quanto ao terceiro objetivo específico, de verificar a incidência do florescimento no trabalho nos profissionais investigados, também foram utilizadas medidas descritivas. Deste modo, o florescimento apresentou média geral de 4,89 e desvio padrão de 1,15. Com relação ao nível de incidência do florescimento no trabalho, 61,30% dos profissionais apresentaram nível alto e 38,70% denotaram incidência média de florescimento no trabalho. Segundo Mendonça et al. (2014), um nível alto na escala de florescimento no trabalho indica que os respondentes têm uma autoimagem positiva em relação a alguns aspectos de seu trabalho. Quanto ao alpha de Cronbach, o florescimento no trabalho apresentou um bom índice de confiabilidade do instrumento para a amostra do presente estudo (α 0,87). Com relação ao quarto objetivo específico, de identificar a possível relação entre a síndrome de burnout, o florescimento no trabalho e o perfil, foram utilizadas tabelas cruzadas. Deste modo, quanto ao gênero, idade, estado civil e possuir ou não filhos não foi encontrada relação muito forte com os fenômenos estudados. Com relação ao grau de instrução formal, os profissionais que cursaram ou estão cursando curso técnico foram os que apresentaram maior índice médio de burnout (75,0%), mas também apresentaram alto florescimento (87,5%). Este resultado pode ser justificado pelo fato de os mesmo possuírem cargos intermediários na organização e não possuir muita autonomia na tomada de decisões, além de, na maioria das vezes, serem os que mais precisam fazer diversas atividades durante o turno de trabalho. E o alto florescimento pode-se justificar pelo amor a profissão e as pessoas a quem prestam atendimento. Com relação aos cursos que os mesmos estão graduando ou já graduaram não foi encontrada relação significativa. Quanto a organização em que trabalha, os profissionais da secretaria de saúde foram os que apresentaram maior nível médio de burnout e menor nível alto de florescimento. Este resultado pode ser justificado pela quantidade de pessoas que passam diariamente pela secretaria de saúde e também por este ser um setor que recebe muitas reclamações dos pacientes, o que recai diretamente sobre os profissionais que lhe prestam atendimento. Com relação ao tempo em que atuam na área da saúde, os profissionais que apresentaram maior nível mediano de burnout foram os que atuam entre 11 e 20 anos. Codo e Menezes (1999 apud

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burnout foram: estagiárias, motoristas e agentes de saúde. Já os que possuem menor nível alto em florescimento são: serventes, agentes administrativo, dentistas e agentes de saúde. Quanto a correlação de Pearson, as dimensões da síndrome de burnout e o florescimento apresentaram somente relação fraca e muito fraca, entretanto, o valor encontrado para a correlação de burnout com o florescimento apresentou valor negativo moderado (-0,43). Isso significa que, quanto maior forem os índices de burnout para esta amostra menor será os índices de florescimento. Portanto, respondendo à questão de estudo e o objetivo geral deste estudo, é possível afirmar que, há relação moderada entre os fenômenos estudados. Deste modo, quanto maior forem os índices de burnout menor serão os índices de florescimento nestes profissionais. Para cumprir o quinto e último objetivo específico, de propor ações para que o florescimento no trabalho desabroche fortemente entre os profissionais, prevenindo ou minimizando assim a incidência da síndrome de burnout, a partir da literatura existente sobre os assuntos, a experiência da pesquisadora e sugestões dos profissionais obtidas a partir da questão aberta no questionário, foram propostas ações e práticas de gestão que favoreçam o surgimento ou aprimoramento do florescimento no trabalho e que possam prevenir ou minimizar a incidência da síndrome de burnout nos profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana. Apesar de os profissionais não terem apresentado nível alto da síndrome de burnout, as ações propostas poderão ser muito útil às organizações da área da saúde do município, visto que os resultados deixam explicito que os respondentes possuem incidência em nível médio e baixo da síndrome, isto é, possuem a mesma em desenvolvimento. Deste modo, quanto antes forem realizadas ações para buscar prevenir ou minimizara a incidência da síndrome, melhor.

Considerações finais

O trabalho é extremamente importante para qualquer pessoa, pois, além de ser o meio de o indivíduo se auto sustentar, é a partir dele que se busca a autorrealização tanto pessoal como profissional, proporcionando ao mesmo aprimorar suas competências, dando sentido e garantindo um ritmo temporal à vida. Deste modo, quando o profissional sente bem estar, emoção positiva pela vida, engajamento, propósito e relacionamentos positivos relacionados ao seu trabalho, o mesmo está apresentando indícios de florescimento. Entretanto, quando o trabalho torna-se cansativo e estressante, deixando os profissionais nervosos e facilmente irritáveis, onde o estresse torna-se persistente, fazendo parte do dia a dia do profissional, este está sujeito a desencadear a síndrome de burnout. Neste sentido estes dois temas opostos compõem o objetivo geral deste estudo: identificar se há relação entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana/RS. A fim de atender a tal propósito, primeiramente buscou-se identificar o perfil sócio demográfico dos profissionais analisados. Verificou-se que a maioria dos profissionais encontra-se entre a faixa etária de 26 a 35 anos, havendo predominância do gênero feminino e a maioria dos profissionais são casados e possuem filhos. Com relação ao grau de instrução formal, a maior parte possui ensino superior completo e o curso de farmácia e administração são os predominantes entre os graduandos ou graduados. A maioria dos profissionais trabalham no hospital São Francisco e estão trabalhando na área da saúde de 2 a 5 anos. Os cargos predominantes são de secretária e atendente de farmácia, agente de saúde e técnica de enfermagem. Após, buscou-se verificar a incidência das dimensões da síndrome de burnout nos profissionais pesquisados. Foi observado que a amostra em estudo não possui incidência alta da síndrome de burnout, apresentando somente nível médio e baixo neste construto. Entretanto, este resultado não significa que os profissionais não possuem incidência da síndrome, mas sim que possuem a mesma em desenvolvimento. Em seguida buscou-se verificar

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de atender ao quarto objetivo específico, analisou-se a relação entre os fenômenos estudados e o perfil. Desta maneira, com relação ao perfil sócio demográfico, a relação significativa foi entre os fenômenos estudados e os profissionais que fazem ou fizeram curso técnico e também entre os profissionais que trabalham na secretaria de saúde. Verificou-se relação significativa também entre alguns cargos. Percebe-se que os cargo que apresentam maior índice médio de burnout são: estagiárias, motoristas e agentes de saúde. Já os que possuem menor nível alto em florescimento são: serventes, agentes administrativo, dentistas e agentes de saúde (considerado frequência maior que 1). Quanto ao grau de ralação entre as dimensões da síndrome de burnout e o florescimento no trabalho, encontrou-se somente relação fraca e muito fraca, entretanto, o valor encontrado para a correlação de burnout com o florescimento apresentou valor negativo moderado (-0,43). Portanto, respondente ao objetivo geral deste estudo, pode-se afirmar que para esta amostra, quanto maior forem os índices de burnout, menor será os índices de florescimento no trabalho. Mesmo que a amostra não apresenta nível alto da síndrome de burnout, foram propostas ações para buscar prevenir ou minimizar a síndrome e potencializar o florescimento, onde estas, poderão ser muito útil às organizações da área da saúde do município, visto que os resultados deixam explicito que os respondentes possuem incidência em nível médio e baixo da síndrome, isto é, possuem a mesma em desenvolvimento. Portanto, os resultados deste estudo reforçam a importância da gestão de pessoas nas organizações pois, a busca por uma melhor qualidade de vida no ambiente laboral começa pela organização e seus gestores, sendo imprescindível buscar maneiras de manter o bem estar dos funcionários, melhorando aspectos que os mesmos julgam importantes, na medida do possível, tanto em aspectos físicos, quanto psicológicos, a fim de proporcionar um ambiente de trabalho agradável, prazeroso e humanizado. Entretanto, depende também do profissional colaborar para que as melhorias ocorram. Sendo assim, todos devem cooperar para que a síndrome de burnout não esteja presente no dia a dia da organização.

Palavras-chave: Síndrome de burnout. Florescimento no trabalho. Profissionais da saúde. Referências bibliográficas

BENEVIDES-PEREIRA, A. M .T. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.

CODO, W ; MENEZES, I. V. O que é burnout? Petrópolis, RJ : Vozes, 1999.

KEYES, C. L. M; HAIDT, J. Flourishing: Positive psychology and the life well lived. Washington DC: American Psychological Association, 2003.

LIMA, N. K. N et al. Burnout: Analisando a síndrome no ramo das indústrias alimentícias do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: 2008. Disponível em: <http://www.revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/viewFile/497/1414> Acesso em: 14 de abril de 2017.

MASLACH, C. Stress, burnout and workaholism. Washinton: American Psychological Association, 1994.

MENDONÇA, H. et al. Florescimento no trabalho. In: SIQUEIRA, M. M. M. (Org.). Novas medidas do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2014.

PALUDO, S. S; KOLLER, S. H. Psicologia Positiva: Uma nova abordagem para antigas

questões. Porto Alegre, 2007. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2007000100002> Acesso em: 10 de abril de 2017.

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Quadro 1 - Resumo esquemático da sintomatologia do burnout... 24 Quadro 2- Características essenciais e adicionais para florescer ... 27

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Tabela 1 – Caracterização geral do perfil da amostra ... 37

Tabela 2 – Caracterização da amostra: grau de instrução formal e cursos ... 38

Tabela 3 – Caracterização da amostra: organização em que trabalha e tempo em que atua na área da saúde ... 39

Tabela 4 – Caracterização da amostra: cargo ... 40

Tabela 5 – Estatística descritiva da dimensão exaustão emocional... 41

Tabela 6 – Estatística descritiva da dimensão despersonalização ... 42

Tabela 7 – Estatística descritiva da dimensão realização profissional ... 44

Tabela 8 – Alpha de Cronbach, dimensões da síndrome de burnout ... 49

Tabela 9 – Estatística descritiva do florescimento no trabalho ... 50

Tabela 10 – Alpha de Cronbach, florescimento no trabalho ... 53

Tabela 11 – Relação entre gênero e idade com a síndrome de burnout e o florescimento ... 54

Tabela 12 – Relação entre estado civil e filhos com a síndrome de burnout e o florescimento ... 55

Tabela 13 – Relação entre grau de instrução formal e cursos com a síndrome de burnout e o florescimento ... 56

Tabela 14 – Relação entre a organização em que trabalha e o tempo em que atua na área da saúde com a síndrome de burnout e o florescimento ... 57

Tabela 15 –Relação entre o cargo, a síndrome de burnout e o florescimento ... 59

Tabela 16 – Classificação de fiabilidade do coeficiente de correlação de Pearson ... 61

Tabela 17 – Correlação de Pearson entre as dimensões da síndrome de burnout, o burnout total e o florescimento ... 61

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Gráfico 2 – Nível de incidência da síndrome de burnout na amostra ... 48 Gráfico 3 – Nível de incidência do florescimento na amostra ... 52

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 15 2.1 Apresentação do tema ... 15 2.2 Questão de estudo ... 16 2.3 Objetivos ... 16 2.3.1 Objetivo geral ... 17 2.3.2 Objetivos específicos ... 17 2.4 Justificativa ... 17 3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 19

3.1 Prazer e sofrimento no trabalho ... 19

3.2 Síndrome de burnout ... 21

3.2.1 Prevenção e intervenção da síndrome de burnout ... 25

3.3 Florescimento no trabalho ... 26

3.4 Estudos brasileiros sobre síndrome de burnout e florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde ... 28

4 METODOLOGIA ... 31

4.1 Classificação da pesquisa ... 31

4.2 Sujeito da pesquisa e universo amostral ... 33

4.3 Coleta de dados ... 33

4.4 Plano de análise e interpretação dos dados ... 35

5 APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 37

5.1 Análise do perfil da amostra ... 37

5.2 Análise da incidência das dimensões da síndrome de burnout – exaustão emocional, despersonalização, reduzida realização profissional ... 40

5.3 Análise da incidência do florescimento no trabalho ... 49

5.4 Análise da relação entre os fenômenos estudados e o perfil ... 53

5.5 Ações propostas para que o florescimento no trabalho desabroche fortemente entre os profissionais, prevenindo ou minimizando assim a incidência da síndrome de burnout .... 62

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 70

APÊNDICE I ... 74

ANEXO I ... 76

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1 INTRODUÇÃO

O trabalhador se depara constantemente, durante o seu ato de trabalhar com conflitos, tensões, disputas de poder, ansiedade, estresse, e na maioria dos casos pressão para o cumprimento de metas e prazos e também para a resolução de problemas. Mas, embora o trabalho possa ser percebido muitas vezes como causa de sofrimento, por outro lado, pode ser compreendido como fonte de prazer, onde proporciona ao ser humano a construção de sua própria vida, pois a inserção do homem no mundo laboral permite que o mesmo busque sua realização pessoal e profissional, e não somente a sobrevivência.

Os estudos de Dejours (1992) com foco no prazer e sofrimento no trabalho alegam que, em determinadas condições, o resultado da relação entre o indivíduo e o ambiente de trabalho pode provocar vivências de sofrimento. O autor também ressalta que “o trabalho nem sempre possibilita crescimento, reconhecimento e independência profissional, pois muitas vezes causa problemas de insatisfação, desinteresse, irritação e exaustão” (apud BENEVIDES-PEREIRA, 2010, p. 13).

Neste sentido, torna-se importante salientar os estudos contemplando o tema síndrome de burnout, que começaram a surgir nos anos 70, quando Freudenberger nos Estados Unidos passou a observar certos comportamentos de alguns voluntários com os quais trabalhava. Mudanças graduais no humor eram facilmente percebidas entre os mesmos, provocando mudanças físicas e psicológicas nos trabalhadores. A partir daí, surgiram vários estudos sobre o assunto, a fim de tentar explicar suas causas e também seus efeitos em diversas perspectivas.

Oposto ao burnout, o florescimento no trabalho, surgiu recentemente, como resultado da evidência de que há aspectos positivos sobre os negativos e que os profissionais podem florescer no seu ambiente de trabalho, sentindo prazer, bem-estar, reconhecimento e crescimento dentro da organização em que atua. Deste modo, o assunto florescimento tem conquistado cada vez mais importância no domínio dos comportamentos positivos no trabalho. Tendo em vista os dois temas citados acima, o presente trabalho tem por objetivo geral identificar se há relação entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana/RS. Deste modo, o segundo capítulo refere-se a contextualização do estudo, onde é apresentado o tema, a questão estudada, os objetivos que nortearam o trabalho e também traz a justificativa que leva ao acadêmico aprofundar seus conhecimentos nesta área de estudo. O terceiro capítulo trata-se do referencial teórico, o qual embasa o estudo com autores relacionados à temática, trazendo conceitos dos assuntos que foram investigados no trabalho.

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Após esta apresentação inicial, o quarto capítulo refere-se a metodologia do estudo, o qual traz a classificação da pesquisa, o sujeito da pesquisa e universo amostral, o plano de coleta de dados e o plano de análise e interpretação dos dados. Após, no quinto capitulo, é apresentado, discutido e analisado os resultados obtidos, a fim de responder aos objetivos do presente trabalho. Para finalizar, apresentam-se as considerações finais, as referências bibliográficas, o apêndice e os anexos.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Este capítulo buscou, primeiramente apresentar o tema ou assunto desenvolvido. Posteriormente foi problematizado o assunto, ou seja, exposto de forma clara o problema com que se defronta. Em seguida, foram descritos os objetivos, partindo do objetivo geral para os objetivos específicos, voltado à resposta ao problema. A última parte deste capítulo, mas não a menos importante é a justificativa do estudo, ou seja, a explicação do motivo pelo qual se está buscando respostas para este problema.

2.1 Apresentação do tema

O trabalho é importante e fundamental na vida de qualquer indivíduo, pois é através dele que a pessoa se auto realiza, se relaciona com outras pessoas e desenvolve suas habilidades profissionais. Este meio pelo qual as pessoas ganham seu sustento, muitas vezes é percebido somente como algo obrigatório, ou seja, é necessário, mas não prazeroso.

Sendo assim, a maioria dos indivíduos vê o trabalho somente pelo lado negativo, onde passa-se a semana toda esperando o final de semana ou olhando para o calendário buscando feriados e folgas. Percebe-se assim indícios de insatisfação, desinteresse, desânimo e até mesmo exaustão no trabalho. Deste modo, quando a tensão emocional e o estresse passam a fazer parte do dia a dia do profissional, estes estão sujeitos a desencadear a doença do esgotamento profissional, ou como é mais conhecida, síndrome de burnout.

“A expressão inglesa burnout designa aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia, esgotamento físico, psíquico e emocional, em decorrência da má adaptação do indivíduo a um trabalho altamente estressante e com grande carga tensional” (ANDRADE; CARDOSO, 2012, p. 133). Maslach (1994) define a síndrome como uma reação à tensão emocional crônica que afeta de forma negativa os profissionais e suas relações com o trabalho, ocasionando desgaste, estresse e até desistência do indivíduo de trabalhar ou em casos mais graves de viver (apud LIMA et al. 2008, p. 137).

Mas será que existe somente aspectos negativos no mundo do trabalho? Como comentado anteriormente, a maioria das pessoas veem o trabalho de maneira negativa, porém há muitos pontos positivos que podem ser citados, como por exemplo, bem-estar, sentido, realização, emoção positiva, satisfação, auto estima, prazer, qualidade de vida, entusiasmo, relacionamentos positivos. Sendo assim, através destes aspectos positivos, surge o florescimento no trabalho , que ao contrário da síndrome de burnout, este é um estado de

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felicidade , “refere-se a uma circunstância de prosperidade, de desenvolvimento e a um estado progressivo de satisfação e bem-estar no contexto do trabalho (MENDONÇA et al. 2014, p. 172).

Tendo em vista estas duas percepções opostas, tem-se como tema deste estudo, identificar se há relação entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana/RS.

2.2 Questão de estudo

O fator humano é o bem mais precioso de qualquer organização, pois é através dele que uma empresa se torna bem-sucedida ou não. Deste modo, uma equipe engajada, comprometida e satisfeita com a organização é o melhor combustível que uma empresa pode ter para alcançar seus objetivos.

Do contrário, uma equipe doente traz sérios problemas para a empresa, pois a eficiência no trabalho diminui, o absenteísmo e a rotatividade aumentam, as relações entre colegas tornam-se mais difíceis acarretando o surgimento de conflitos. Sendo assim, estes fatores refletem na produtividade e geram custos para a empresa, tanto com tratamentos de saúde para os funcionários como na contratação e treinamento de novos profissionais (BENEVIDES-PEREIRA, 2010).

Diante do exposto, tem-se como questão de estudo: existe relação entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana/RS?

2.3 Objetivos

Este tópico apresenta o objetivo geral e os objetivos específicos do estudo. O primeiro constitui a ação que conduziu à análise da questão de estudo e, os objetivos específicos representam os passos necessários para se alcançar o objetivo geral. Sendo assim, os objetivos são norteadores do trabalho, ou seja, orientam o acadêmico na realização do mesmo.

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2.3.1 Objetivo geral

Este estudo tem por objetivo geral: identificar se há relação entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana/RS.

2.3.2 Objetivos específicos

- Identificar o perfil sócio demográfico dos profissionais analisados;

-Verificar a incidência das dimensões da síndrome de burnout - exaustão emocional, despersonalização e realização profissional - nos profissionais pesquisados;

- Verificar a incidência do florescimento no trabalho nos profissionais investigados;

- Identificar a possível relação entre a síndrome de burnout, o florescimento no trabalho e o perfil;

- Propor ações para que o florescimento no trabalho desabroche fortemente entre os profissionais, prevenindo ou minimizando assim a incidência da síndrome de burnout.

2.4 Justificativa

O assunto florescimento no trabalho é um termo relativamente novo e pouco conhecido entre os acadêmicos e profissionais de administração. Alguns estudos sugerem (Diehla; Haya; Bergb, 2011; Diener et al. 2010; Diener; Chan, 2011; Silva; Caetano, 2011) que o florescimento surge como resultado do destaque dos afetos positivos sobre os negativos, o que é especialmente relevante para o ajuste emocional, bem como para a saúde em geral das pessoas (apud SIQUEIRA, 2014, p. 172).

Sendo assim, é essencial fazer com que o florescimento desabroche dentro da organização e que os aspectos negativos não tomem conta dos funcionários, pois estes acarretam muitas vezes em problemas que irão afetar tanto a vida profissional como também a pessoal deste indivíduo. Neste sentido, o colaborador passa a ter seu desempenho reduzido, pelo alto nível de estresse que toma conta do mesmo, desencadeando algo que vai além do estresse, a doença do esgotamento profissional ou síndrome de burnout.

Deste modo, visto que estes assuntos podem ser explorados e também tendo em vista a importância do conhecimento destes por parte dos acadêmicos e profissionais de administração, pretende-se fazer este estudo, buscando identificar se há relação entre a síndrome de burnout e

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o florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde do município de Augusto Pestana/RS.

A referida pesquisa é importante para os estudos acadêmicos, pois significa um avanço na área do conhecimento das ciências sociais aplicadas, visto que, não há registros de estudos no Brasil identificando a relação entre o florescimento e a síndrome de burnout em ambientes de trabalho. Deste modo, tendo em vista que ambos os assuntos ainda são muito restritos, inclusive na área da administração, os mesmos podem ser explorados também por outros estudantes que se interessam pelos temas, contribuindo assim para sua qualificação profissional enquanto administrador de empresas.

O estudo torna-se relevante para a acadêmica na medida em que é possível aprofundar dois temas que até então não eram muito conhecidos pela mesma, e além disso, torna-se importante pois a pesquisa aconteceu na área da saúde, em que a mesma atua. Desta maneira, ao buscar conhecimento sobre algo diferente do que é normalmente pesquisado, proporciona à estudante o desafio de compreender e inteirar-se ao tema, a fim de atender suas expectativas referentes ao mesmo e ao estudo proposto.

É importante para as organizações pelo fato de se estar propondo uma pesquisa com seus colaboradores, para evidenciar se há relação entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho. Sendo assim, as empresas alvo desta pesquisa terão conhecimento da situação em que se encontram seus empregados, podendo buscar algumas alternativas para tentar prevenir ou minimizar a incidência da síndrome de burnout e permitir que o florescimento no trabalho desabroche em seus funcionarios.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo é apresentado um embasamento teórico para melhor compreensão dos assuntos que foram explorados na presente pesquisa. Primeiramente, para contextualizar os temas chaves, são expostos os estudos sobre prazer e sofrimento no trabalho segundo a abordagem de Christophe Dejours, com complementação de alguns autores. Em seguida, é discutido o tema síndrome de burnout e são explanadas algumas formas de prevenção e intervenção da referida síndrome. Seguidamente é falado sobre o tema florescimento no trabalho, e para finalizar são apresentados alguns estudos brasileiros sobre síndrome de burnout e florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde.

3.1 Prazer e sofrimento no trabalho

Na antiguidade a definição de trabalho era relacionada a uma visão negativa. “A palavra trabalho vem do termo latino tripalium, um aparelho de tortura formado por três paus aos quais eram atados aos presos, condenados ou animais. Daí sua conotação de tortura, sofrimento, castigo” (ROSSATO, 2001, p. 152).

No final da idade média, o trabalho passou a ter novas concepções. Com a institucionalização da ética protestante, e ainda de maneira mais intensa no século XVIII, com a industrialização e o capitalismo, o trabalho passou a ser valorizado, sendo visto como a base para a criação de valor e riqueza, de prosperidade e também como uma forma de realização e não somente de sobrevivência (DOURADO et al. 2009).

Porém, não foram somente os conceitos que mudaram, “as exigências para com o trabalhador também mudaram”, pois, “se antes o trabalhador sonhava com um emprego seguro, salário mensal e no fim a aposentadoria, agora lhe são apresentadas metas a cumprir”. Deste modo, “a pressão para atingi-las acarreta mais trabalho, jornadas mais longas, estresse e depressão” (ROSSATO, 2001, p. 157).

Dejours (2006, p. 27) insinua em seus estudos que as pessoas tendem a acreditar que o sofrimento no trabalho foi eliminado pela mecanização dos processos, pois a mesma teria abatido o trabalho braçal, principalmente nas indústrias. Porém, o autor ressalta que “por traz da vitrine, há o sofrimento dos que trabalham”, ou seja, o medo, o temor de não ser capaz de cumprir as imposições da organização do trabalho e também, como cita o autor, “a adaptação a “cultura” ou a ideologia da empresa, as exigências do mercado, as relações com os clientes, os particulares ou o público etc”.

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Deste modo, “o elemento decisivo que faz o trabalho propender para o bem ou o mal, no plano moral e político, é o medo”, entretanto “não o medo geral, mas o medo que se insinua e instala na própria atividade do trabalho”. Sendo assim, o autor ressalta que “para poder continuar trabalhando apesar do medo, é preciso formular estratégias defensivas contra o sofrimento que ele impõe subjetivamente”, a fim de evitar que o sofrimento leve o trabalhador ao desequilíbrio mental (DEJOURS, 2006, p. 141).

Dejours (2011, p. 128) afirma que “prazer e sofrimento são vivencias subjetivas”, ou seja, o trabalhador “possui uma história pessoal que se concretiza por uma certa qualidade de suas aspirações, de seus desejos, de suas motivações, de suas necessidades psicológicas, que integram sua história passada”. Desta maneira, estes aspectos conferem a cada pessoa características únicas e pessoais, de modo que em nenhum caso é igual de um indivíduo para outro.

Na mesma linha de pensamento, o autor diz que o empregado “em razão de sua história, dispõe de vias de descarga preferenciais que não são as mesmas para todos e que participam na formação daquilo que denominamos estrutura de personalidade”. Essas descargas citadas pelo autor referem-se às cargas psíquicas do trabalho, que são um regulador da carga total do trabalho. Deste modo, “se o trabalho permite essa descarga, ele é, quando diminui a carga psíquica, um instrumento de equilíbrio para o trabalhador. Do contrário, “uma organização do trabalho autoritária, que não oferece uma saída apropriada a energia pulcional, conduz a um aumento da carga psíquica” (DEJOURS, 2011, p. 24-26-30).

Sendo assim, para que um trabalho fatigante se torne equilibrante, é necessário buscar flexibilizar a organização do trabalho, de maneira que o trabalhador tenha mais liberdade para reordenar sua maneira de realizar as tarefas e para descobrir os procedimentos que lhe causam prazer, fazendo com que haja uma redução da carga psíquica do trabalho, pois “quando não há mais arranjo possível da organização do trabalho pelo trabalhador, a relação conflitual do aparelho psíquico à tarefa é bloqueada. Abre-se, então, o domínio do sofrimento” (DEJOURS, 2011, p. 28).

Em contrapartida, “o prazer e o sentimento de realização que podem ser obtidos na execução de tarefas dão um sentido ao trabalho”, pois “a execução de tarefas permite exercer seus talentos e suas competências, resolver problemas, fazer novas experiências, aprender novas competências, resumindo, realizar-se, atualizar seu potencial e aumentar sua autonomia” (MORIN, 2001, p.16). Complementando a ideia do autor, Maslow (2000, p. 11) diz que, “o caminho para a felicidade humana se encontra relacionado à auto realização conquistada por meio do compromisso com um trabalho importante e que valha a pena”. O autor pressupõe que

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o prazer é responsável pelo crescimento interior do homem em seu processo de auto realização por meio do trabalho.

(...) uma pressuposição bastante segura sobre o crescimento do indivíduo diz respeito ao prazer pela novidade, de novos desafios, de novas atividades e da variedade, em atividades que não são tão fáceis, mas que, mais cedo ou mais tarde, tornam-se familiares e, portanto, desinteressantes e, até mesmo entediantes, de forma que recomeça a busca por variedade, por novidade e por trabalho que exija um nível mais elevado de habilidade (MASLOW, 2000, p. 45).

Segundo Morin (2001, p. 17) o trabalho é também uma atividade que permite às pessoas se relacionar umas com as outras, contribuindo para o desenvolvimento de suas personalidades. O autor também destaca que “um trabalho que tem muito sentido permite ajudar os outros a resolver seus problemas, prestar-lhes um serviço, ter um impacto sobre as decisões tomadas pelos dirigentes, ser reconhecido por suas habilidades e contribuições ao sucesso dos negócios, etc”. Morin ainda ressalta que:

O trabalho também é uma atividade programada, com um começo e um fim, com horários e uma rotina diária. Ele estrutura o tempo: os dias, as semanas, os meses, os anos, a vida profissional. Ele dá sentido aos períodos de férias. É, dessa maneira, uma atividade que estrutura e permite organizar a vida diária e, por extensão, a história pessoal.

Complementando os pensamentos dos autores acima referidos, Motta e Freitas (2000, p. 42-20) destacam que “o trabalho é uma grande fonte de referência para a construção social do homem e sua autoestima, o que significa que esta relação passa pelo afetivo e pelo psicológico”. Sendo assim, segundo os mesmos autores as empresas possuem cada vez mais valor na vida do indivíduo e “as relações estabelecidas no mundo do trabalho tendem a monopolizar a vida social dos sujeitos, desenvolvendo vínculos progressivamente mais estreitos entre a organização e seus membros, vínculos estes que ultrapassam a relação do próprio trabalho.

3.2 Síndrome de burnout

Os estudos sobre a síndrome de burnout se desenvolveram mais especificamente a partir dos anos 70. No Brasil um dos primeiros estudos realizados sobre o tema foi desenvolvido por Tamayo. Conforme o autor:

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O termo burnout foi proposto, pela primeira vez, em 1974, por Herbert Freudenberger, um psicólogo clínico, familiarizado com o estresse apresentado pelos empregados de instituições alternativas, como casas de saúde. O primeiro estudo empírico sobre o assunto foi publicado por Christina Maslach em 1976, baseado em pesquisas desenvolvidas a partir de 1973, com o objetivo de descobrir as dimensões sociais e psicológicas da síndrome de burnout. A autora pretendia identificar os aspectos estressantes comuns nos ambientes de trabalho dos profissionais da saúde e descobrir o que os profissionais faziam para conviver com esses aspectos, que técnicas específicas foram utilizadas para superar o estresse e que efeitos causavam quando buscavam se prevenir (TAMAYO 1997 apud BARBOSA; GUIMARÃES, 2002, p. 3).

“A expressão inglesa burnout designa aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia, esgotamento físico, psíquico e emocional, em decorrência da má adaptação do indivíduo a um trabalho altamente estressante e com grande carga tensional” (ANDRADE; CARDOSO, 2012, p.133). Benevides-Pereira (2010, p. 15) complementa dizendo que a síndrome de burnout é um processo resultante da cronificação do stress, originando impactos negativos tanto na esfera individual como profissional, familiar e social. Segundo a mesma autora, “o burnout passou a ter protagonismo no mundo laboral na medida em que veio explicar grande parte das consequências do impacto das atividades ocupacionais no trabalhador e deste na organização”.

Na mesma linha de pensamento, Harrison (1999 apud Carlotto, 2002, p. 21) define burnout “como um tipo de estresse de caráter persistente vinculado a situações de trabalho, resultante da constante e repetitiva pressão emocional associada com intenso envolvimento com pessoas por longos períodos de tempo”. No entanto, atualmente a definição mais aceita do burnout é a fundamentada na perspectiva social-psicológica de Christina Maslach e Susan Jackson (1977), sendo esta constituída de três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional (apud BENEVIDES-PEREIRA, 2010).

A primeira dimensão, a exaustão emocional, caracteriza-se pela sensação de esgotamento físico e também mental, onde o sentimento de se ter chegado ao limite toma conta do indivíduo, e o mesmo não dispõe mais de energia para absolutamente nada (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Para Limongi-França e Rodrigues (2012, p.53), a exaustão vai além do ambiente organizacional, refletindo consequências também no ambiente familiar, visto que “esse estado costuma deixar os profissionais, pouco tolerantes, facilmente irritáveis, “nervosos”, amargos, no ambiente de trabalho e até mesmo fora dele, com familiares e amigos. A segunda dimensão, a despersonalização refere-se a alterações na personalidade do indivíduo, fazendo com que o mesmo passe a atender seus clientes de maneira fria e irônica (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Limongi-França e Rodrigues (2012, p. 54), complementam dizendo que:

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O contato com pessoas é impregnado por uma visão e atitudes negativas, frequentemente desumanizadas, com a consequência de que em seu trabalho o profissional lido com seres humanos e com perda de aspectos humanitários na interação interpessoal. O profissional que assume atitude desumanizada deixa de perceber os outros como pessoas semelhantes a ele, com sentimentos, impulsos, pensamentos e processos que ele também pode ter. Como resultado do processo de desumanização, o profissional perde a capacidade de identificação e empatia com as pessoas que o procuram em busca de ajuda e as trata não como seres humanos, mas como “coisas”, “objetos”. Tende a ver cada questão relacionada ao trabalho como um transtorno, como mais um problema a ser resolvido, pois que o incomoda e perturba. Assim, o contato com as pessoas será apenas tolerado, e a atitude em geral será de intolerância, irritabilidade, ansiedade.

A terceira e última dimensão, a baixa realização profissional no trabalho está associada ao sentimento de insatisfação com as atividades do dia a dia, desmotivação, baixa autoestima, insucesso profissional, fazendo com que na maioria das vezes, o indivíduo deseje sair do seu emprego (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Limongi-França e Rodrigues (2012, p. 54), dizem que “diante de tal deterioração da qualidade da atividade, a realização pessoal e a profissional ficam extremamente comprometidas”. Deste modo, “com o incremento da exaustão e da despersonalização e todas as suas consequências, não é raro um senso de inadequação e o sentimento de que se tornou outro tipo de pessoa, diferente, bem mais fria e descuidada”, resultando na diminuição da autoestima, podendo chegar a depressão.

Para finalizar a compreensão das três dimensões, Maslach e Leiter (1999 apud França et al. 2014, p. 3541) sintetizam os conceitos dizendo que:

A primeira dimensão a surgir é a da exaustão emocional proveniente das demandas excessivas do trabalho, em seguida ocorre, como resposta defensiva, a fase de despersonalização ou desumanização, caracterizada pelo afastamento psicológico do profissional de sua clientela e relações sociais. E por fim surge a última fase, que é o sentimento de incompetência e inadequação profissional, chamada de redução do sentimento de realização profissional.

Apesar da síndrome de burnout ser pouco conhecida entre os profissionais e seus estudos no Brasil ainda serem escassos, as leis brasileiras de auxílio ao trabalhador já consideram esta síndrome como uma doença relacionada ao trabalho (BENEVIDES-PEREIRA, 2010).

No decreto n°. 3048/99, de 6 de maio de 1996, que dispõe sobre a Regulamentação da Previdência Social, em seu Anexo II, que trata dos Agentes Patogênicos causadores de Doenças Profissionais, conforme previsto no Art. 20 da Lei n°. 8.213/91, ao se referir aos transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho (Grupo V da CID-10), no inciso XII aponta a Sensação de Estar Acabado (“Síndrome de Burn-Out”, “Síndrome do Esgotamento Profissional”) (Z73.0) (BENEVIDES-PEREIRA, 2010, p. 25).

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Deste modo, “o burnout é uma síndrome que tem alertado tanto o meio científico como o organizacional”. Os efeitos da síndrome afetam o indivíduo de maneira negativa “tanto em nível individual (físico, mental, profissional, social), como profissional (atendimento negligente, lentidão, contato impessoal, cinismo),” e também “organizacional (conflito com os demais membros da equipe, rotatividade, absenteísmo, diminuição da qualidade dos serviços)” (BENEVIDES-PEREIRA, 2010, p. 45).

Segundo Benevides-Pereira (2010), existe inúmeros sintomas associados ao burnout que podem ser encontrados na literatura, listados como: físicos, psíquicos, comportamentais e defensivos, elencados no quadro 1.

Quadro 1 – Resumo esquemático da sintomatologia do burnout SINTOMATOLOGIA DO BURNOUT

FÍSICOS

- Fadiga constante e progressiva - Distúrbios do sono

- Dores musculares ou osteomusculares - Cefaleias, enxaquecas

- Perturbações gastrointestinais - Imunodeficiência

- Transtornos cardiovasculares - Distúrbios do sistema respiratório - Disfunções sexuais

- Alterações menstruais nas mulheres

COMPORTAMENTAIS

- Negligência ou excesso de escrúpulos - Irritabilidade

- Incremento da agressividade - Incapacidade para relaxar

- Dificuldade na aceitação de mudanças - Perda de iniciativa

- Aumento do consumo de substancias - Comportamento de alto risco - Suicídio

PSIQUICOS

- Falta de atenção, de concentração - Alterações de memória - Lentificação do pensamento - Sentimento de alienação - Sentimento de solidão - Impaciência - Sentimento de insuficiência - Baixa autoestima - Labilidade emocional - Dificuldade de auto aceitação

- Astenia, desânimo, disforia, depressão - Desconfiança, paranoia

DEFENSIVOS

- Tendência ao isolamento - Sentimento de onipotência

- Perda de interesse pelo trabalho (ou até pelo lazer) - Absenteísmo

- Ímpetos de abandonar o trabalho - Ironia, cinismo

Fonte: Benevides-Pereira, 2010, p. 44

Tendo em vista os sintomas descritos no quadro 1, uma pessoa que apresenta síndrome de burnout não deve necessariamente apresentar todos estes sintomas, pois as manifestações dos mesmos dependem das características pessoais de cada indivíduo (como por exemplo, características genéticas), fatores ambientes (local de trabalho, por exemplo) e também da etapa em que o indivíduo está no processo de desenvolvimento da síndrome (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Deste modo, é de suma importância que os trabalhadores conheçam esta realidade e percebam seus sintomas, para buscar assim a melhor forma de prevenção desta doença que está cada vez mais presente entre os profissionais (WILTENBURG, 2009).

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3.2.1 Prevenção e intervenção da síndrome de burnout

Segundo Garrosa-Hernández et al. (2010, p. 227), desde o ponto de vista psicossocial, “o burnout tem sido entendido como o resultado de um contexto laboral desfavorável, de características individuais, do tipo de enfrentamento utilizados, assim como da relação entre estes elementos”. Sendo assim, cada uma dessas variáveis possui um papel importante no desencadeamento do processo de burnout, de forma independente e relacionada. Deste modo, as intervenções e os programas preventivos buscam destacar três níveis.

O primeiro nível refere-se aos programas centrados na resposta do indivíduo, onde o trabalhador percebe estratégias para enfrentar as situações estressantes. “Desta maneira consegue-se prevenir às respostas negativas associadas aos efeitos do estresse. Focaliza-se as intervenções nas respostas da pessoa diante de situações negativas ou estressantes, sem entrar nos elementos inerentes ao contexto ocupacional” (GARROSA-HERNÁNDEZ et al. 2010, p. 228).

Adquirir hábitos de vida saudáveis, como praticar exercícios físicos regularmente, dormir bem, manter uma dieta equilibrada e usufruir do lazer são necessários para diminuir os efeitos do estresse profissional. Essas medidas podem prevenir o aparecimento da síndrome, ao proporcionar uma fuga do indivíduo em relação ao estresse cotidiano no ambiente de trabalho, além disso, os trabalhadores produzem mais e melhor se estiverem em perfeita harmonia com o corpo e a mente (MORENO et al. 2011, p.143).

O segundo nível diz respeito aos programas centrados no contexto ocupacional, que consiste na necessidade de “mudar a situação em que se desenvolvem as atividades, principalmente nos aspectos relativos à organização, tentando melhorar desta maneira o ambiente e o clima de trabalho” (GARROSA-HERNÁNDEZ et al. 2010, p. 228).

A maneira como o trabalho tem sido organizado necessita ser revista, com ações modificadoras que promovam o bem-estar e previnam o surgimento de doenças, com medidas que se iniciam na cultura institucional até às condições de trabalho, com recursos humanos suficientes, disponibilidade de materiais, autonomia, participação na tomada de decisão, chefias abertas a reivindicações dos trabalhadores, líderes que exerçam o poder do cargo e não a autoridade do cargo, dimensionamento de pessoal com número suficiente de funcionários, avaliações periódicas do modo de produção, implementação de planejamento estratégico que norteiem as metas institucionais, lotação do funcionário em local que melhor se adapte ao seu perfil para realização da atividade com satisfação, resolução de conflitos de forma imparcial e justa, além de incentivo ao trabalhador com abonos salariais à medida que investem em sua capacitação profissional (MORENO et al. 2011, p. 142-143).

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O terceiro e último nível refere-se a programas centrados na interação do contexto ocupacional e o indivíduo, onde busca combinar os dois níveis anteriores, modificando “as condições ocupacionais, a percepção do trabalhador e a forma de enfrentamento diante das situações de estresse ocupacional, tudo isto de modo integrado” (GARROSA-HERNÁNDEZ et al. 2010, p. 228).

É importante que se desenvolvam ações preventivas como reuniões de equipe para discussões e reflexões dos problemas. Sugerem-se palestras/programas que informem os profissionais quanto aos riscos a que estão expostos e a identificação das manifestações da síndrome (MORENO et al. 2011, p. 144).

Sendo assim, cada programa citado pode ser considerado preventivo e interventivo, dependendo da fase de atuação sobre o problema. Se o programa objetiva reduzir os fatores de risco do burnout, esta fase seria considerada prevenção primária. Por outro lado, quando já existe percepção do estresse, mas este ainda não apresenta sintomas, esta fase é chamada de prevenção secundária. Por último, se já existem sintomas efetivos e o indivíduo passou a apresentar perda do bem-estar e da saúde, esta fase é considerada prevenção terciária (GARROSA-HERNÁNDEZ et al. 2010).

De acordo com Garrosa-Hernández et al. (2010, p. 228) “sendo o burnout característico do meio laboral, o ideal seria centrar a prevenção e a intervenção no contexto em que se dá”. Maslach e Leiter (1999 apud GARROSA-HERNÁNDEZ et al. 2010, p. 229) destacam ainda que “é necessário enfocar tanto o trabalhador como seu ambiente de trabalho, salientando que as soluções para o problema devem ser baseadas no contexto social do local de trabalho”, evidenciando que o mesmo pode iniciar tanto pelo indivíduo como pela instituição.

3.3 Florescimento no trabalho

O tema florescimento no trabalho tem conquistado cada vez mais importância no domínio dos comportamentos positivos no trabalho. “O interesse no florescimento, associado não só à carreira, como também ao trabalho e à vida, é consistente com o crescente corpo de pesquisas acerca do comportamento organizacional positivo (CAMERON; DUTTON; QUINN, 2003; SELIGMAN, 2002 apud OLIVEIRA-SILVA; SILVA, 2015, p. 198).

Deste modo, a psicologia positiva encontra-se em desenvolvimento na ciência psicológica, possibilitando uma reconsideração dos talentos e qualidades das pessoas por meio do estudo das condições e métodos que favorecem a prosperidade. “De acordo com essa nova

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visão, o conhecimento das forças e virtudes poderia propiciar o “florescimento” (flourishing) das pessoas, comunidades e instituições” (PALUDO; KOLLER, 2007, p. 10).

A origem do termo florescimento vem da botânica e significa desabrochar, aflorar, brotar, desenvolver e florescer, referindo-se ao surgimento de flores em plantas ou também à época em que as mesmas desabrocham. Sendo assim, florescimento remete a “uma situação de prosperidade, desenvolvimento e a um estado progressivo de satisfação e bem-estar no contexto do trabalho” (MENDONÇA et al. 2014, p. 172).

Keyes e Haidt (2003 apud Paludo; Koller, 2007, p. 10) reforçam que o florescimento “significa um estado no qual os indivíduos sentem uma emoção positiva pela vida”, apresentando “um ótimo funcionamento emocional e social e não possuem problemas relacionados à saúde mental”. Deste modo, “indivíduos considerados em pleno florescimento são aqueles que vivem intensamente mais do que meramente existem”.

Na mesma linha de pensamento, Bono, Davies e Rasch (2011 apud Mendonça et al. 2014, p. 173) dizem que “o florescimento no trabalho está relacionado à prosperidade, a felicidade, ao engajamento, a automotivação, ao sucesso e à aprendizagem”. Fredrickson e Losada (2005, p. 678 apud Leite et al. 2016, p. 94-95) complementam as ideias dos autores acima dizendo que “florescer significa viver dentro de uma faixa ideal de funcionamento humano, que conota bondade, generatividade, crescimento e resiliência”.

De acordo com Diehla, Haya e Bergb (2011 apud Mendonça et al. 2014, p. 172) “para se estabelecer um estado psicológico que favoreça o florescimento é necessário que o indivíduo vivencie três vezes mais afetos positivos do que negativos, demonstrando que os estados emocionais positivos possibilitam distinguir os indivíduos que florescem”. Felícia Huppert e Timothy So (2011 apud Seligman, 2011) trazem a definição de florescimento, no mesmo sentido da teoria do bem-estar: para florescer o homem deve possuir todas as características essenciais e três características adicionais das seis citadas no quadro 2.

Quadro 2 – Características essenciais e adicionais para florescer

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS CARACTERÍSTICAS ADICIONAIS

- Emoções positivas - Engajamento, interesse - Sentido, propósito - Autoestima - Otimismo - Resiliência - Vitalidade - Autodeterminação - Relacionamentos positivos Fonte: Seligman, 2011, p. 38

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De acordo com Seligman (2011, p. 65), para florescer e ter bem-estar é preciso reduzir o sofrimento, mas, além disso, é necessário “ter emoção positiva, sentido, realização e relacionamentos positivos”. Deste modo, o autor ressalta que:

A felicidade e a satisfação com a vida são elementos do bem-estar e são parâmetros subjetivos úteis, mas o bem-estar não pode existir apenas na nossa cabeça. Uma política pública que tenha como objetivo apenas o bem-estar subjetivo é vulnerável a caricatura do Admirável Mundo Novo no qual o governo promove a felicidade apenas drogando a população com um euforizante chamado “soma”. Assim como nós decidimos viver a partir de critérios plurais, e não apenas para maximizar a felicidade, parâmetros de bem-estar verdadeiramente úteis para a política pública precisarão ser um conjunto de medidas subjetivas e objetivas de emoção positiva, engajamento, sentido, bons relacionamentos e realizações positivas (SELIGMAN, 2011, p. 37).

Seligman (2011, p. 40) diz que o sucesso do governo poderia ser mensurado apenas pelo montante de riqueza gerada por ele. Mas para o autor, o objetivo da riqueza “não é apenas produzir mais riqueza, mas produzir florescimento”. Deste modo, pode-se questionar: “a construção desta nova escola vai aumentar o florescimento mais do que a construção deste parque?” Pode-se indagar ainda “se um programa de vacinação contra o sarampo produzira mais florescimento do que um programa igualmente caro de transplante de córneas” ou “o quanto o pagamento aos pais para permanecerem mais tempo em casa cuidando dos filhos aumenta o florescimento”.

Sendo assim, o propósito da psicologia positiva na teoria do bem-estar é analisar e produzir o florescimento no homem. Nesta perspectiva, o alcance deste propósito começa questionando o que realmente faz as pessoas felizes (SELIGMAN, 2011).

3.4 Estudos brasileiros sobre síndrome de burnout e florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde

De maneira geral, toda e qualquer atividade pode provocar o processo de burnout, porém, algumas profissões tornam-se mais vulneráveis pelas características peculiares das mesmas. Sendo assim, as ocupações de maior risco são aquelas cujas tarefas estão dirigidas a pessoas e que envolvem contato muito próximo, principalmente de caráter emocional (BENEVIDES-PEREIRA, 2010).

Deste modo, alguns estudos brasileiros têm comprovado a incidência da síndrome de burnout dentre os profissionais da área da saúde alvos da pesquisa. Os estudos de Albuquerque, Melo e Neto (2012) buscaram avaliar se os profissionais que atuam na estratégia da saúde família em João Pessoa Paraíba apresentam a síndrome de burnout. Foi utilizada uma amostra

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de 337 pessoas, dentre estas estavam médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, auxiliares de consultório odontológico e agentes comunitários da saúde, representando os 2095 profissionais atuantes desta área no município.

Sendo assim, os autores verificaram através do estudo que 37,09% dos profissionais com combinações de índices altos e médios de burnout, já possuem a síndrome desenvolvida e que 5,04%, com combinações de níveis alto, médio e baixo, apresentam a síndrome em desenvolvimento, e 57,86% dos profissionais possuem estratégias de manejo das situações estressoras do trabalho. Deste modo, no total, 42,13% dos profissionais possuem a síndrome de burnout desenvolvida ou em desenvolvimento.

Os autores ainda classificaram a amostra por categoria profissional, demonstrando que entre os avaliados com burnout desenvolvida, 56,67% são médicos, 26,67% são enfermeiros, 33,33% auxiliares de enfermagem, 32,26% são dentistas, 6,45% são auxiliares de consultório odontológico e 42,16% refere-se aos agentes comunitários de saúde. Deste modo, confirmou-se a partir deste estudo que os profissionais atuantes da área apreconfirmou-sentam a síndrome de burnout.

Tironi et al. (2016), em seus estudos, avaliaram 180 médicos que trabalham em unidades de terapia intensiva adulto, pediátrica e neonatal de cinco capitais brasileiras, buscando estimar a prevalência do burnout nestes profissionais. Deste modo, foi constatada a predominância do índice alto em pelo menos uma dimensão, sendo de 56,6% para os médicos que atendiam crianças/recém-nascidos e 63,8% para os que trabalhavam em UTI para adultos.

Quando considerado o índice alto nas três dimensões simultaneamente, o burnout foi observado somente nos médicos que atuam em UTI para adultos (7,1%). Quando analisadas separadamente, a dimensão mais afetada foi a exaustão emocional, com 50,6%, a despersonalização foi a segunda dimensão mais afetada com 26,1% e, por último, a ineficácia com 15%. Deste modo, foi comprovado a partir deste estudo que há elevada prevalência da síndrome de burnout em médicos intensivistas.

Os estudos de Ferreira e Lucca (2015) buscaram avaliar a prevalência da síndrome de burnout em técnicos de enfermagem de um hospital público do estado de São Paulo e sua associação com as variáveis sócio demográficas e profissionais. Deste modo, observou-se que a maioria dos profissionais (69%) teve pelo menos um afastamento do trabalho por motivo de saúde nos últimos dois anos, sendo 23,9% por causas muscoesqueléticas e 4,8% por transtornos mentais. Deste modo, as principais dificuldades apontadas pelos profissionais no trabalho foram: falta de valorização profissional (72%), sobrecarga física (65%), sobrecarga emocional (63%), número insuficiente de colegas trabalhando (61%) e risco de acidente biológico (50%).

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No que se refere aos resultados da avaliação das dimensões da síndrome de burnout, verificou-se que 23,6% dos técnicos de enfermagem apresentaram pontuação elevada para exaustão emocional, 21,9% para despersonalização e 29,9% para baixa realização profissional. Na análise da síndrome de burnout nas três dimensões constatou-se alta pontuação, sendo que 5,9% dos técnicos de enfermagem apresentaram os três domínios sugestivos de burnout.

Sobre o tema florescimento no trabalho, foram encontrados alguns estudos brasileiros que abordam o assunto. Um dos estudos vistos, referem-se à avaliação do nível de florescimento no trabalho dos jovens aprendizes de uma indústria cearense por Leite et al. (2014). Outro estudo, de Oliveira-Silva e Silva (2015) buscou analisar como os comportamentos de carreira podem contribuir para o florescimento profissional, onde a amostra foi composta por profissionais já iniciados no mercado de trabalho.

Entretanto, na área da saúde sobre florescimento no trabalho, ainda não existe estudos brasileiros. Neste sentido, este estudo torna-se relevante visto que a partir deste se está buscando verificar se há relação entre a síndrome de burnout e o florescimento no trabalho em profissionais da área da saúde, contribuindo de forma significativa para o avanço nos estudos deste tema e também de outros que possam ser relacionados.

Referências

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