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Influência dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento integral da criança de 5 anos

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CAMPUS SANTA ROSA

INFLUÊNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA DE 5 ANOS

MICHELI NATÃNA LORENSET

SANTA ROSA, RS 2014

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MICHELI NATÃNA LORENSET

ORIENTADORA: Prof.ª. Ms. CLEIA INES RIGON DORNELES

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Curso de Educação Física da Unijuí-Campus Santa Rosa, como exigência parcial para obtenção do título de Licenciatura em Educação Física.

Santa Rosa, RS 2014

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A Deus, ser supremo do universo, a quem detenho toda minha fé; a minha mãe e meus irmãos que são as pessoas mais importantes para mim e aos meus ilustres Professores: Profª. Ms. Cléia Ines Rigon Dorneles e Profº. Dr. Leomar Tesche, que foram sublimes em suas orientações. A todos vocês, meu MUITO OBRIGADA!

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Agradeço primeiramente a Deus, que em toda sua sublime grandeza me protegeu e me guiou durante toda a minha caminhada acadêmica, reforçando a minha fé e me dando serenidade.

A minha mãe Inês, a quem eu tenho um amor incondicional, que é minha melhor amiga, minha confidente, a mulher forte, guerreira, batalhadora e amorosa que nunca mediu esforços para me proporcionar uma educação de qualidade, sempre acreditando no meu potencial e incentivando-me a seguir em frente para tornar-me uma vencedora.

Aos meus irmãos Claudete e Claudinei e ao meu sobrinho José Roberto, que são os meus amores, meus alicerces, meu orgulho. Amo vocês!

Ao meu pai Gentil, anjo da minha vida, que lá do céu está sempre me cuidando e abençoando.

A minha grande amiga/mãe e colega de trabalho Lourdes, com quem aprendi muito e construí um laço de afeto muito forte.

A todos os professores que foram mediadores de algum conhecimento e que despertaram em mim o desejo de ir além e superar obstáculos. Principalmente a minha Professora Orientadora Profª. Ms. Cléia Ines Rigon Dorneles que aceitou de imediato meu convite, bem como minha proposta de trabalho e que foi sublime em suas orientações; também ao solícito Profº. Dr. Leomar Tesche. Vocês deram um brilho especial ao meu trabalho.

A todas as Instituições que abriram suas portas para que eu demonstrasse meu trabalho durante minha vida acadêmica.

Sem citar nomes, a todos os meus amigos queridos, que de alguma forma, colaboraram para que este sonho se tornasse realidade. A todos vocês meus sinceros agradecimentos, sem o apoio e a dedicação de vocês nada disso seria possível!

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RESUMO

A infância é um estágio muito peculiar e extremamente importante no desenvolvimento humano. É neste período que a criança passa de uma fase de total dependência de uma pessoa adulta, na maioria das vezes a figura materna, para uma dependência parcial. Sabe-se que tanto os jogos quanto as brincadeiras são atividades cotidianas da infância. Ambos apresentam o fator lúdico e estimulam a criança a pensar, a conhecer o próprio corpo, a vivenciar inúmeras experiências no meio em que está inserida e, consequentemente, ser autor da sua própria história. Desse modo, o objetivo desta pesquisa foi investigar a influência dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento integral de crianças de 5 anos de uma escola privada e de uma escola pública do município de Horizontina – RS.

Quanto ao tipo de pesquisa, este se caracteriza como sendo uma pesquisa quase-experimental que segundo Gressler, (2004, p.63) é conceituada como o próprio nome já expressa uma investigação em condições que não possibilitam um completo controle sobre todas as variáveis. É o caso, por exemplo, de se estudar o efeito de métodos de ensino em turno e séries já organizados pela estrutura escolar. Participaram desta pesquisa 12 alunos, sendo que destes 6 são meninas e 6 são meninos, da turma da pré-escola da Educação Infantil com faixa etária de 5 anos, estudantes do Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann da cidade de Horizontina e alunos da pré-escola da Escola Municipal de Educação Infantil Paraíso da Criança da cidade de Horizontina no Estado do Rio Grande do Sul. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados da pesquisa foram os testes motores (descritos acima), observação das filmagens feita com uma câmera digital e o protocolo de análise dos padrões fundamentais proposto por Gallahue e Ozmun (2001).

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ABSTRACT

Childhood is a very important stage in human development. In this stage the child passes from total dependence from an adult, most often the mother figure, for a partial dependence. It is known that games are everyday childhood activities. These activities stimulate the child how to think, know their own body and live in the social environment, therefore, be the author of their own story. The objective of this research was investigating the influence of games in the intellectual development of children up to five years old at a private school and a public school in Horizontina – RS. Regarding the type of research, this is characterized as a quasi-experimental research which according Gressler, (2004, p.63) is defined as an investigation under conditions that do not allow control over all variables. For example, to study the effect of teaching methods in classes already organized by the school structure. The study gathered twelve students, of these, six girls and six boys, from kindergarten to age up to five years old, students of the Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann college, and the Escola Municipal de Educação Infantil Paraíso da Criança college, both from Horizontina. Both the pre-test and post-test involve fundamental motor skills stabilization (body bearing and balance on one foot), locomotion (running and jumping in horizontal distance) and handling (dribbling and kicking). The instruments used to collect survey data were the motor tests (described above), maintaining footage shot with a camera and the analysis protocol of fundamental standards proposed by Gallahue and Ozmun (2001).

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CAPÍTULO I ... 13

Conceituando a Infância ... 13

1. DESENVOLVIMENTO INFANTIL ... 14

1.2 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E MOTOR ... 15

1.2.1 Desenvolvimento Cognitivo ... 15

1.2.2 Estágios do Desenvolvimento Cognitivo ... 16

1.2.3 Características do desenvolvimento cognitivo ... 17

1.2.4 DESENVOLVIMENTO MOTOR ... 17

1.2.5 Características do desenvolvimento físico e motor ... 18

Figura 1 ... 19

TABELA 1 ... 20

TABELA 2 ... 21

TABELA 3 ... 22

1.2.6 DESENVOLVIMENTO AFETIVO... 23

1.2.7 Características do desenvolvimento afetivo ... 24

2. Lúdico no desenvolvimento infantil ... 25

3. Função Pedagógica do Jogo ... 29

4. O Educador e o Lúdico ... 31

5. Uma Proposta Pedagógica para uma Escola Lúdica ... 32

6. Teorias Pedagógicas e o Jogo ... 34

7. Educação Física na Educação Infantil e o Jogo ... 37

CAPÍTULO II ... 39 8. METODOLOGIA ... 39 8.1 Sujeitos da pesquisa ... 39 8.2 Procedimentos metodológicos ... 39 8.3 Instrumentos ... 41 8.4 Limitação do estudo ... 41 CAPITULO III ... 43

9.ANALISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ... 43

TABELA 1 ROLAMENTO CORPORAL ... 43

TABELA 2 EQUILÍBRIO EM UM SÓ PÉ ... 45

TABELA 3 CORRIDA ... 46

TABELA 4 SALTO EM DISTÂNCIA HORIZONTAL ... 48

TABELA 5 CHUTAR ... 49

TABELA 6 DRIBLAR ... 50

TABELA 1 ROLAMENTO CORPORAL ... 51

TABELA 2 EQUILÍBRIO EM UM SÓ PÉ ... 52

TABELA 3 CORRIDA ... 53

TABELA 4 SALTO EM DISTÂNCIA HORIZONTAL ... 54

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TABELA 6 DRIBLAR ... 57

ANÁLISE COMPARATIVA DAS ESCOLAS ... 58

ANÁLISE DOS PLANOS DE ESTUDO ... 59

Plano de Estudo da Escola Municipal de Educação Infantil Paraíso da Criança ... 59

Plano de Estudo da Educação Infantil do Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann ... 59 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 60 REFERÊNCIAS ... 61 ANEXOS ... 63 ANEXO A: Planilha 1 ... 64 ANEXO B: Planilha 2 ... 65 ANEXO C: Planilha 3 ... 66 ANEXO D: Planilha 4 ... 67 ANEXO E: Planilha 5 ... 68 ANEXOF: Planilha 6 ... 69

PLANOS DE AULA PARA TURMA DA PRÉ-ESCOLA ... 70

PLANO DE AULA Nº: 01 ... 70 FOTOS: ... 71 PLANO D AULA Nº: 02 ... 72 FOTOS: ... 73 PLANO DE AULA Nº: 03 ... 74 FOTOS: ... 75 PLANO DE AULA Nº 04 ... 76 FOTOS: ... 77 PLANO DE AULA Nº: 05 ... 78 FOTOS: ... 79 PLANO DE AULA Nº 06 ... 80 FOTOS: ... 81 PLANO DE AULA Nº: 07 ... 82 FOTOS: ... 83 PLANO DE AULA Nº: 08 ... 84 FOTOS: ... 84 PLANO DE AULA Nº: 09 ... 86 FOTOS: ... 87 PLANO DE AULA Nº: 10 ... 88 FOTOS: ... 89 PLANO DE AULA Nº 11 ... 90 FOTOS: ... 91

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A infância é um período muito peculiar e extremamente importante no desenvolvimento humano, pois neste período por trás de cada movimento há uma descoberta e através dela a criança se descobre, se desenvolve e se relaciona com o mundo.

O ambiente e as pessoas que constituem o círculo social onde a criança está inserida a estimulam e interferem diretamente o desenvolvimento integral da criança, bem como a ludicidade que está presente nos jogos e nas brincadeiras da criança.

Sabe-se que tanto os jogos quanto as brincadeiras são atividades cotidianas da infância. Ambos apresentam o fator lúdico e estimulam a criança a pensar, a conhecer o próprio corpo, a vivenciar inúmeras experiências no meio em que está inserida e, consequentemente, ser autor da sua própria história.

Para Froebel, a brincadeira é a fase mais alta do desenvolvimento da criança – do desenvolvimento humano neste período; [...] a criança que brinca muito com determinação se auto ativa, perseverantemente, até que a fadiga proíba, assim, certamente, será um homem (mulher) determinado.

O ato de brincar consiste em uma ação saudável que gera benefícios para o corpo e para a mente da criança, pois proporciona bem estar, diversão e amadurecimento. Devido a estas considerações sobre o ato de brincar abordamos a temática sobre a Influência dos Jogos e das Brincadeiras no Desenvolvimento Integral da Criança de 5 Anos. As vivências proporcionadas pelas ações lúdicas são essenciais na autoconstrução da infância. Quando joga e brinca a criança salta, pula, corre, imagina, arremessa, imita, inventa e reinventa tudo isso de forma alegre e satisfatória.

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Sendo assim, a pergunta norteadora desta pesquisa é questionar: Por que é importante permitir que a criança vivencie experiências lúdicas e como o fator lúdico que está presente nos jogos e nas brincadeiras influencia no desenvolvimento integral da criança?

Tanto os jogos quanto as brincadeiras apresentam-se de maneira muito marcante e intensa na infância. Quando joga, a criança dá significado às suas ações, estimulando e desenvolvendo seu desejo. Em detrimento disso, tornam-se conscientes de suas escolhas e decisões. As crianças são especialistas em brincar, e é nas atividades e expressões lúdicas, que elas desenvolvem seus aspectos afetivo, cognitivo e motor.

O aspecto cognitivo que está presente nas atitudes e ações da criança é indissociável dos elementos sócios afetivos e psicomotores. Os jogos e as brincadeiras, bem como qualquer outra atividade lúdica que seja planejada, estarão sempre atuando em benefício do desenvolvimento destes elementos simultaneamente.

Precisamos pensar no jogo como um pilar construtivo do desenvolvimento sócio afetivo, cognitivo e motor da criança. No jogo o corpo vive, e essa vivência permite a criança experienciar situações que foram elaboradas de acordo com as necessidades momentâneas de cada criança.

Portanto, destacamos como hipótese desta pesquisa que as vivências lúdicas através dos jogos e das brincadeiras são fatores que influenciam o desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor das crianças em diferentes ambientes sociais e culturais.

Desse modo, o objetivo desta pesquisa é investigar a influência dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento integral de crianças de 5 anos de uma escola privada e de uma escola pública do município de Horizontina – RS. Elaboramos objetivos específicos que nos auxiliaram na investigação de verificar se um programa de aulas influencia na progressão do desenvolvimento da criança; Identificar se houve progressão no desenvolvimento das crianças que participaram e que não participaram do programa de aulas; Analisar os planos de

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estudos das duas escolas: privada e municipal e quais os eixos trabalhados com as turmas de crianças de 5 anos; Observar as metodologias adotadas nas duas escolas e a influência da mesma no desenvolvimento de crianças de 5 anos.

Justificamos a necessidade de investigar este tema tendo em vista que os jogos e as brincadeiras fazem parte da infância da criança, independente do contexto social em que ela está inserida. Ambos estimulam a criança a aprender valores que contribuirão na formação de seu caráter e convívio social, além de proporcionar que ela expresse seus sentimentos e emoções através do seu corpo e do movimentar-se.

O desenvolvimento infantil se dá através de interações da criança com o mundo, com os objetos e com as pessoas do seu convívio. Desta forma, no agir ludicamente, o tempo, o corpo e o espaço interagem simultaneamente, favorecendo a sistematização dos comportamentos e das atitudes da criança.

Ao longo da minha caminhada acadêmica e passando pelas vivências de estágios fui provocada a refletir a respeito das aprendizagens que os jogos e as brincadeiras proporcionam para a criança. Reitero que o ato de brincar não pode ser visto apenas como um mero passatempo da criança sem proveito algum para sua vida.

De acordo com Kishimoto (1993) “O poder do jogo, de criar situações imaginárias, permite a criança ir além do real o que colabora para o seu desenvolvimento. No jogo, a criança é mais do que ela é na realidade permitindo-lhe o aproveitamento de todo o seu potencial”.

Esta pesquisa foi organizada em três capítulos. O primeiro capítulo apresenta o referencial teórico que descreve as questões referentes à infância, ao desenvolvimento infantil, desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, ao lúdico no desenvolvimento infantil, às funções pedagógicas do jogo, ao educador e o lúdico, além de uma proposta pedagógica para

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uma escola lúdica, de teorias pedagógicas e o jogo e a educação física na educação infantil e o jogo.

O segundo capítulo apresenta a metodologia utilizada nesta pesquisa, tipo de pesquisa, quem são os sujeitos da pesquisa, procedimentos metodológicos para coleta de dados, instrumentos e limitações da pesquisa.

No terceiro capítulo, analisamos e discutimos os dados a pesquisa, seguido das considerações finais, referenciais e finalizamos com os anexos.

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CONCEITUANDO A INFÂNCIA

Durante séculos a infância foi negada à criança pela sociedade, pois, por muito tempo, a criança era vista como um ser sem necessidades e características próprias, ou seja, seu desenvolvimento era ignorado. Qualquer assunto poderia ser discutido perto das crianças, até mesmo quando se tratava de morte, sexo ou violência. A partir dos sete anos de idade, a criança era considerada um adulto em miniatura que deveria vestir-se como adulto, comportar-se como adulto e trabalhar como tal para auxiliar na vida financeira da família.

Neste período da história, do século XII ao XVII a primeira infância era caracterizada, principalmente, pela ausência da fala e pela realização de movimentos irracionais. Mais tarde, no final da primeira infância, as características se alteram um pouco, pois, nessa fase, a criança perde seus dentes provisórios e ainda não consegue formar perfeitamente as palavras.

De acordo com esse contexto Ariés (1981, p. 10), defende que “a passagem da criança pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignificante para que tivesse tempo ou razão de forçar a memória e tocar a sensibilidade”. A partir deste relato, observa-se então, que a vida infantil não era vista pela sociedade como um período essencial para o desenvolvimento do ser humano como um todo. A infância representava apenas uma etapa da vida que tinha de ser superada.

Somente no século XVII que se iniciou uma mudança de comportamento em relação aos cuidados das crianças, principalmente, com higiene e saúde. Associado a isso, mudanças internas nas famílias começaram a desenvolver vínculo e afeto pelas crianças. ARIÉS (1981) caracteriza esse momento como o surgimento do sentimento de infância.

Diversos estudos e pesquisas, nas mais variadas áreas do conhecimento, abordam discussões sobre a importância da infância. Tais estudos nos mostram a concepção de uma infância que é constituída por fases do desenvolvimento motor. Cada uma delas caracterizada por movimentos, ações e reações bem particulares de cada fase. Todas essas fases funcionam de forma global e indissociável. “O desenvolvimento dos sentidos, da afetividade, da linguagem, da motricidade e da inteligência integram-se e completam-se num processo contínuo de interação” (SANTOS; CRUZ, 2002, p. 11).

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Atualmente a criança, desde seu nascimento, é vista como um ser social, ou seja, um sujeito ativo que é influenciado pela cultura, condições socioeconômicas e religiosas. Agregado a isso, o seu desenvolvimento físico/cognitivo/psicológico é um processo resultante de vivências e relações entre a criança com as pessoas do seu convívio social e com o meio em que está inserida.

Partir do princípio de que a criança é um ser ativo na sociedade e que seu aprendizado se constrói desde o momento do seu nascimento, mostra-se viável ressaltar o papel fundamental que o brincar exerce nessa construção. De acordo com Santos; Cruz (2002, p. 7), “as atividades lúdicas são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento infantil, porque para a criança não há atividade mais completa do que o brincar”.

Na infância, cada fase do desenvolvimento motor é representada por jogos e brincadeiras correspondentes. O brincar para a criança vai muito além de ser uma situação prazerosa, é uma necessidade. A criança brinca mesmo sem estar de posse de brinquedo algum, brinca com o corpo, brinca com a imaginação. Segundo essas mesmas autoras, “a brincadeira é considerada a primeira conduta inteligente do ser humano; ela aparece logo que a criança nasce e é de natureza sensório-motora” (SANTOS; CRUZ. 2002, p. 13).

1.1 Desenvolvimento Infantil

O desenvolvimento infantil se dá desde a concepção até os dez anos aproximadamente. Durante esse período, a criança passa por inúmeras transformações que a constituem como sujeito, ou seja, como um ser autônomo, capaz de pensar e agir por conta própria. Durante todas as fases da vida, o ser humano passa por constantes transformações e evoluções nos mais diversos aspectos: cognitivo, afetivo, social, cultural e psicomotor. A junção de todos esses fatores é fundamental para que o sujeito consiga desenvolver suas tarefas motoras.

Para que esse desenvolvimento transcorra de forma tranquila e adequada, faz-se necessário que a criança faça parte de um ambiente acolhedor, cercado de afeto e rico em estímulos para que ela tenha a possibilidade de vivenciar experiências que contribuirão para esse desenvolvimento. Estímulos como: músicas calmas, hidroginástica, além de vários outros exercícios e contação de histórias infantis são recomendados que a mãe faça desde o período pré-natal.

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Tais estímulos proporcionam momentos prazerosos para a mãe e são excelentes fontes de estimulação para a criança, pois é na primeira infância que a criança desenvolve grande parte do seu potencial mental que utilizará na vida adulta. O bom desenvolvimento das potencialidades da criança influencia diretamente no seu desempenho escolar, na sua autoestima e nas relações com os outros sujeitos.

Desse modo, se o indivíduo apresenta uma herança genética favorável, se ele é encorajado e o meio em que está inserido apresenta condições adequadas, o aprendizado será concretizado mais rapidamente e de forma mais eficaz.

De acordo com Schiavo; Ribó (2007. p. 3),

Todos os estímulos não são desenvolvidos separadamente; é um trabalho integrado que necessita da interação: adulto/criança, criança/criança e criança/objeto, e com o seu meio ambiente, explorando, experimentando e ampliando os seus sentidos, as sensações, os sentimentos e seu agir.

1.2 Desenvolvimento Cognitivo, Afetivo e Motor

1.2.1 Desenvolvimento Cognitivo

O desenvolvimento integral do ser humano abrange três aspectos: afetivo, cognitivo e motor. Esses interagem de maneira conjunta e indissociável e garantem que a criança perpasse por todas as fases do seu desenvolvimento de forma sadia e com a capacidade de concretizar o máximo de aprendizado possível. Os aspectos cognitivo, afetivo e psicomotor assim como os fatores biológicos e ambientais são frequentes temas de múltiplas pesquisas e estudos destinados a entender melhor o desenvolvimento humano em sua totalidade.

O aspecto cognitivo associado ao comportamento motor estabelece a relação entre corpo e mente. Jean Piaget, biólogo por formação, foi o criador da Epistemologia Genética, que se baseava em estudar a inteligência e compreender como o homem constrói o seu conhecimento, seja sozinho ou em sociedade. Piaget acreditava que a criança é o ser que mais constrói conhecimento e que o desenvolvimento cognitivo ocorre através de interações entre o sujeito, no caso a criança, e o objeto de conhecimento.

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1.2.2 Estágios do Desenvolvimento Cognitivo

Para uma melhor compreensão do desenvolvimento da inteligência, Piaget e sua equipe de colaboradores distinguiram quatro estágios de desenvolvimento do conhecimento denominados de sensório-motor (do nascimento aos 2 anos aproximadamente), pré-operatório (dos 2 aos 7 anos), operatório concreto (dos 7 aos 12 anos) e operatório formal( dos 12 anos em diante).

Neste estudo vamos dar maior ênfase aos dois primeiros, sendo ele o estágio sensório-motor e o pré-operatório. O estágio sensório-motor é o período que compreende desde o nascimento até os dois anos de idade. Esse estágio do desenvolvimento cognitivo não utiliza a linguagem, porém faz uso das percepções que estimulam o desenvolvimento das suas estruturas mentais. Nessa fase também a criança percebe que ela é um objeto inserido num determinado espaço e que é capaz de interagir com outros objetos.

Piaget (2007. p. 14) defende ainda que a partir do nível sensoriomotor, a diferenciação nascente do sujeito e do objeto é marcada, simultaneamente, pela formação de coordenações e pela distinção entre elas de duas espécies: por um lado, as que ligam entre si as ações do sujeito e, por outro, aquelas que se referem às ações de uns objetos sobre outros.

O segundo estágio é o pré-operatório: a partir dos dois anos de idade o pensamento se modifica e a linguem começa a surgir, assim como o jogo simbólico e a imitação. Aqui as estruturas mentais desenvolvem-se paulatinamente e de forma considerável, permitindo com que a criança utilize a representação para pensar um objeto por meio de outro. É nessa etapa ainda que a criança adentra ao mundo dos valores, das regras, da construção do caráter, de noções básicas do que é certo e errado.

Segundo Piaget (2007. p. 16), com a linguagem, o jogo simbólico, a imagem mental, etc., as ações que asseguram as interdependências diretas entre o sujeito e os objetos, sobrepõe-se, em certos casos, um novo tipo de ações, o qual é interiorizado e mais precisamente conceitualizado: por exemplo, além do poder de se deslocar de A para B, o sujeito adquire o de representar esse movimento AB, assim como o de evocar pelo pensamento outros deslocamentos.

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1.2.3 Características do desenvolvimento cognitivo

1. Existe uma habilidade crescente de expressar pensamentos e ideias verbalmente.

2. Certa imaginação fantástica leva tanto à imitação de ações quanto de símbolos, com pouca preocupação pela precisão ou pela sequência lógica dos eventos.

3. Há contínua pesquisa e descoberta de novos símbolos que têm, basicamente, referência pessoal.

4. O “como” e o “porquê” das ações da criança são aprendidos pelas quase constantes brincadeiras.

5. Trata-se de uma fase do desenvolvimento do raciocínio pré-operacional, resultando em um período de transição de um comportamento de autossatisfação para comportamentos socializados fundamentais.

1.2.4 Desenvolvimento Motor

De acordo com (GALLAHUE; OZMUN, 2001), os estudos sobre o desenvolvimento motor ganharam força no início do século XX, partindo de uma perspectiva maturacional criada por Arnold Gesell e Myrtle Mcgraw. Esses estudiosos acreditavam que o desenvolvimento motor é resultado de processos biológicos inatos que desencadeiam uma sequência universal na aquisição das habilidades motoras infantis. Em seus estudos, eles também observaram a progressão sequencial do desenvolvimento normal, desde a aquisição dos movimentos rudimentares até o padrão maduro do comportamento motor.

Com relação ao desenvolvimento do movimento humano, há o envolvimento das emoções e dos sentimentos que são expressas através do próprio movimento para o sujeito e para os demais.

De acordo com Gallahue; Ozmun (2001, p. 6), “o desenvolvimento motor é um processo contínuo que se inicia na concepção e cessa com a morte”.

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1.2.5 Características do desenvolvimento físico e motor

1. Meninos e meninas variam de aproximadamente 33 a 47 polegadas (83,8 – 119,4 cm) de altura e de 25 a 53 libras (11,3 – 24,0 Kg) de peso.

2. As habilidades perceptivo-motoras estão se desenvolvendo rápido, mas frequentemente existe confusão na consciência corporal, direcional, temporal e espacial.

3. Um bom controle da bexiga e dos intestinos é geralmente estabelecido por volta do final desse período, mas acidentes ainda ocorrem.

4. As crianças, nesse período, desenvolvem rapidamente uma variedade de habilidades motoras fundamentais. Movimentos bilaterais como pular, entretanto, frequentemente apresentam mais dificuldade do que movimentos unilaterais.

5. As crianças são ativas e energéticas. Preferem correr a andar, mas ainda precisam de períodos curtos de descanso.

6. Habilidades motoras são desenvolvidas até o ponto em que as crianças aprendem a se vestir sozinhas, embora necessitem de ajuda para endireitar ou abotoar certas peças de roupas.

7. As funções e os processos corporais regulam-se bem. Um estado de homeostasia fisiológica (estabilidade) fica estabelecido.

8. As estruturas corporais tanto de meninos quanto de meninas são notavelmente similares. Uma visão da parte de trás de meninos e de meninas não mostra nenhuma diferença estrutural prontamente observável.

9. O controle motor refinado ainda não está totalmente estabelecido, embora o controle motor rudimentar esteja desenvolvendo-se rapidamente.

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10. Os olhos ainda não estão aptos a períodos extensos de trabalhos minuciosos por causa da hipermetropia.

O ser humano está em constante transformação e evolução. Segundo os autores acima citados, todas essas mudanças são caracterizadas pelas fases do desenvolvimento motor que são: fase motora reflexiva, rudimentar, fundamental e especializada.

Ainda segundo Gallahue; Ozmun (2001, p. 6), “os fatores que influenciam o desenvolvimento motor são: individual, ambiente e tarefa”. No entanto, deve-se levar em consideração que cada indivíduo é único e, sendo assim, cada um tem uma época peculiar para a aquisição e progressão do seu desenvolvimento.

O ambiente consiste nas condições específicas do meio em que a criança está inserida e esta condição influencia diretamente no desenvolvimento da criança. O individual está relacionado à herança genética própria que é responsável pelos fatores biológicos. A tarefa está relacionada a fatores físicos que são divididos em: fatores de aptidão física (força, resistência aeróbia, flexibilidade, composição corporal); fatores de aptidão motora (velocidade, agilidade, coordenação, equilíbrio e energia); fatores mecânicos - estes divididos em fatores estabilizadores (centro de gravidade, linha de gravidade e base de apoio) e fatores fornecedores de força (inércia, aceleração e ação/reação) – e fatores receptores de força (área de superfície e distância) como se pode observar na Figura 1.

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Figura 1.2 (Análise operacional da causa no desenvolvimento motor segundo Gallahue; Ozmun, 2001)

Acreditamos ser importante descrever as habilidades motoras fundamentais que se organizam em três categorias de habilidades no processo do desenvolvimento motor da criança. A primeira categoria está relacionada às habilidades motoras de estabilidade que, de acordo com Gallahue; Ozmun (2001) são movimentos em que o objetivo é manter-se em equilíbrio em relação à força de gravidade. Cabe aqui citar exemplos de movimentos como: girar, empurrar, puxar e virar-se.

TABELA 1

PADRÃO DE MOVIMENTO

HABILIDADES SELECIONADAS IDADE APROXIMADA DE

INÍCIO Equilíbrio Dinâmico

Equilíbrio dinâmico envolve manter o próprio equilíbrio, conforme o centro de gravidade se desloca.

Caminhar 1 polegada (2,5cm) em linha reta. 3 anos Caminhar 1 polegada (2,5cm) em linha circular. 4 anos

Ficar em pé sobre trave de equilíbrio baixa. 2 anos Caminhar em apoio de 4 polegadas (10cm) de

largura em curta distância.

3 anos Caminhar na mesma trave, alternando os pés. 3-4 anos Caminhar em trave de 2 ou 3 polegadas (5,1 ou 7,6

cm).

4 anos

Executar o rolamento para frente (forma grossa). 3-4 anos

Executar o rolamento para frente (forma fina)*. 6-7 anos

Equilíbrio Estático

Equilíbrio estático envolve manter o próprio equilíbrio, enquanto o centro da gravidade permanece estacionário.

Colocar-se em pé. 10 meses

Colocar-se em pé sem o apoio das mãos. 11 meses

Colocar-se em pé sem apoio. 12 meses

Equilibrar-se em um pé durante 3-5 segundos. 5 anos Suportar o peso corporal em apoio invertido com 3

contatos.

6 anos

Movimentos Axiais

Movimentos axiais são posturas estáticas que envolvem inclinação, alongamento, giros, rotações e similares.

A habilidade para movimentos axiais desenvolve-se na infância e refina-se, progressivamente, até um ponto em que esses movimentos são incluídos nos padrões de movimentos manipulativos emergentes de lançar, aparar, chutar, bater e outras atividades

2 meses a 6 anos

*A criança tem “potencial” de desenvolvimento para estar no estágio maduro. A conquista real dependerá de fatores como tarefa, o indivíduo e o ambiente.

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TABELA II. I a (Sequência de emergência de habilidades de estabilidade selecionadas segundo Gallahue;

Ozmun,2001).

A categoria dos movimentos locomotores, segundo Gallahue; Ozmun (2001) diz respeito a movimentos que envolvem o deslocamento do corpo em relação a um ponto fixo na superfície. Pode-se citar, como exemplo, correr, caminhar, pular, saltar um ou mais obstáculos.

TABELA 2

PADRÃO DE MOVIMENTO

HABILIDADES SELECIONADAS IDADE APROXIMADA

DE INÍCIO Caminhada

Caminhada envolve colocar um pé na frente do outro, enquanto mantém contato com a superfície de apoio.

Galope ereto rudimentar sem auxílio. 13 meses

Caminhada lateralmente. 16 meses

Caminhada para trás. 17 meses

Sobe degraus com auxílio. 20 meses

Sobe degraus sozinho – passos seguidos. 24 meses Desce degraus sozinho – passos seguidos. 25 meses

Corrida

Corrida envolve um breve período sem contato com a superfície de apoio

Caminhada rápida (mantém contato). 18 meses Primeira corrida verdadeira (fase sem suporte). 2-3 anos

Corrida eficiente e refinada. 4-5 anos Aumento de velocidade de corrida, corrida

madura*.

5 anos

Salto

Salto toma três formas: (1) Salto em distância; (2) Salto em altura; (3) Salto de alguma altura. Envolve um impulso em um ou dois pés

Desce de objetos baixos. 18 meses

Salta de objeto com impulso em um pé. 2 anos Salta do chão com os dois pés. 28 meses Salta em distância (cerca de 3 pés/1m). 5 anos Salta em altura (cerca de 1 pé/30 cm). 5 anos

Padrão de salto maduro*. 6 anos

Saltito

Saltito envolve impulso com um pé em pouso no mesmo pé.

Saltita até 3 vezes no pé de preferência. 3 anos Saltita de 4 a 6 vezes no mesmo pé. 4 anos Saltita de 8 a 10 vezes no mesmo pé. 5 anos Saltita distâncias de 50 pés (15 m) em cerca de 11

segundos.

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Saltita habilmente com alternância rítmica, padrão maduro *.

6 anos

Galope

Galope combina uma caminhada e um salto com o mesmo pé direcionando todo o movimento.

Galope básico, porém ineficiente. 4 anos Galopa habilmente, padrão maduro. 6 anos

Skipping

A elevação dos joelhos combina uma passada e um salto em alternância rítmica.

Skipping com uma perna. 4 anos

Skipping completo (cerca de 20% das crianças). 5 anos

Skipping completo (para maioria das crianças *). 6 anos

*a criança tem “potencial” de desenvolvimento para estar no estágio maduro. A conquista real dependerá de fatores como a tarefa, o indivíduo e o ambiente.

TABELA II. I b (Sequência de emergência de habilidades locomotoras selecionadas segundo Gallahue; Ozmun,

2001).

A categoria dos movimentos manipulativos, segundo Gallahue; Ozmun (2001) abrange os movimentos manipulativos motores rudimentares e movimentos manipulativos motores refinados. Os movimentos manipulativos motores rudimentares são aqueles que envolvem a aplicação de força ou a recepção de força de objetos. Pode-se citar, como exemplos, arremessar, chutar, apanhar, bem como prender e rebater.

Já os movimentos manipulativos motores refinados envolvem uma série de músculos da mão e do pulso. Os autores, acima citados, colocam como exemplos: costurar, cortar com tesouras e digitar.

Esses autores ainda afirmam que vários movimentos, como pular corda, envolvem uma combinação de movimentos estabilizadores (manter o equilíbrio), locomotores (pular) e/ou manipulativos (girar a corda).

TABELA 3

PADRÃO DE MOVIMENTO

HABILIDADES SELECIONADAS IDADE APROXIMADA

DE INÍCIO Alcançar, segurar e

soltar.

Alcançar, segurar e soltar envolvem fazer contato bem-sucedido com um objeto, retendo-o, agarrando-o e soltando-o

Comportamentos de alcance primitivos. 2-4 meses

Captura de objetos. 2-4 meses

Pegar espalmando. 3-5 meses

Pegar pinçando. 8-10 meses

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espontaneamente. Soltura controlada. 14-18 meses

Lançar

Lançar envolve imprimir força ao objeto na direção desejada.

Corpo se vira para o alvo, pés se mantêm estacionários, bola é lançada somente com extensão do braço.

2-3 anos

O mesmo do que acima, mas com a adição da rotação do corpo

3 ½ - 5 anos

Dá um passo a frente com a perna do mesmo lado do braço de lançamento.

4-5 anos

Garotos exibem padrão mais maduro que garotas. 5 anos e acima

Padrão maduro de lançamento*. 6 anos

Pegar

Pegar envolve receber força de um objeto com as mãos, mudando progressivamente de grandes bolas para menores.

Persegue a bola; responde a bolas aéreas. 2 anos Responde a bolas aéreas com movimentos de

braço atrasados.

2-3 anos

Precisa ser avisado como posicionar os braços. 2-3 anos Reação de medo (gira a cabeça). 3-4 anos Utiliza o corpo para apanhar objetos. 3 anos Apanha objetos utilizando somente as mãos. 5 anos Padrão maduro do movimento de apanhar. 6 anos

Chutar

Chutar envolve imprimir força ao objeto como o pé

Empurra a bola; não chuta de fato. 18 meses Chuta com uma perna estendida e discretos

movimentos corporais (chuta na bola).

2-3 anos

Flexiona a perna na sua porção inferior. 3-4 anos Grande balanço para frente e pra trás com

oposição definida dos braços.

4-5 anos

Padrão maduro. 5-6 anos

Bater

Bater envolve súbito contato com objetos com os braços acima da cabeça, braços colocados lateralmente ou abaixo do nível da mão.

Visualiza o objeto e faz um balanço no plano vertical.

Faz o balanço em um plano horizontal e se coloca ao lado do objeto.

Gira o tronco e quadril e leva o peso do corpo para frente.

Padrão horizontal maduro utiliza bola estacionária.

2-3 anos 4-5 anos 5 anos 6-7 anos

*A criança tem “potencial” de desenvolvimento para estar no estágio maduro. A conquista real dependerá de fatores como a tarefa, o indivíduo e o ambiente.

TABELA II. I c (Sequência de emergência de habilidades manipulativas selecionadas segundo Gallahue;

Ozmun, 2001).

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Relacionado ao estudo do desenvolvimento humano, a área afetiva corresponde aos sentimentos e emoções envolvendo o próprio indivíduo e os demais através do movimento. Para Wallon (1973 apud KREBS, 1995, p. 51), “o movimento é uma fonte de sensações prazerosas, pois através dos músculos e ligamentos, o movimento produz uma excitação similar a de uma carícia”.

A afetividade ocupa um lugar essencial tanto na construção do sujeito, quanto na construção do seu conhecimento. Wallon ainda destaca que existem dois elementos essenciais no desenvolvimento psicológico da criança, que seriam eles o brincar e a imitação. Relacionado a isso Wallon (1973 apud KREBS, 1995, p. 50) diz que:

No seu brinquedo, a criança repete as impressões de eventos que ela tenha recentemente experienciado. Ela reproduz, ela imita. Para uma criança muito jovem, a imitação é a única regra do jogo, durante o tempo em que ela é incapaz de ir além do concreto, para viver um modelo com instruções abstratas... A imitação não ocorre por acaso, a criança é bastante seletiva. Ela imita as pessoas que, aos seus olhos, gozam de maior prestígio... Entre as idades de seis e sete anos, é possível desengajar a criança de sua atividade espontânea e diversificar seu interesse para os outros.

As emoções são elementos chave no desenvolvimento da criança, pode-se considerar que são as emoções que comandam a execução dos movimentos que ela realiza.

1.2.7 Características do desenvolvimento afetivo de acordo com Gallahue; Ozmun (2001)

1. Nessa fase, as crianças são egocêntricas e supõem que todas as pessoas raciocinam da mesma maneira que elas. Como resultado, frequentemente, parecem ser briguentas e relutantes em compartilhar objetos e sentimentos e em se socializar com outras.

2. As crianças frequentemente têm medo de situações novas porque são tímidas, autoconscientes e não desejam deixar a segurança do que lhes é familiar.

3. Elas estão aprendendo a distinguir o certo do errado e começam a desenvolver suas consciências.

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4. Crianças de 2 a 4 anos têm comportamento incomum e irregular, enquanto as de 3 a 5 anos de idade são estáveis e bem-adaptadas.

5. O autoconceito está rapidamente se desenvolvendo. Uma orientação sábia, experiências bem orientadas e encorajamento positivo são especialmente importantes nesses anos.

2. Lúdico no desenvolvimento infantil

É comum ouvirmos a expressão: “É preciso ver o mundo através dos olhos de uma criança!” Essa frase ou expressão não foi criada por acaso, ela nos remete pensar a criança de uma forma carinhosa e vê-la como um ser pensante, atuante e ilimitado. O mundo infantil é um mundo mágico, onde o real é deixado de lado e entra em cena a imaginação infinita, em que o céu além de ser azul, pode ser rosa e, a floresta pode ter árvores coloridas e ainda ser o cenário perfeito para lobos e cordeiros conviverem harmoniosamente.

É através da brincadeira que a criança compreende e explora o mundo exterior, por meio da curiosidade interage e descobre situações novas que trazem consigo novos movimentos e novos aprendizados. De acordo com Almeida (2000, p. 13) .

A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma ação inerente na criança, no adolescente, no jovem e no adulto e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações com o pensamento coletivo.

Toda e qualquer brincadeira utilizada pela criança possui algum tipo de aprendizado intrínseco que em algum momento de sua vida será aproveitado. Dessa forma, não é equívoco dizer que grande parte do que a criança aprende é através da ludicidade. A educação lúdica proporciona para a criança a vivência de experiências que provêm da interação do seu corpo com o mundo de maneira prazerosa e estimulante.

Na fase pré-escolar, os jogos e as brincadeiras entram em evidência como fatores chave para o desenvolvimento integral da criança e o seu desempenho escolar. Nesta fase faz-se o uso da criatividade aguçada - adquiridas nas fafaz-ses anteriores – de sua imaginação e

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ludicidade quando surgem as brincadeiras simbólicas - o faz de conta, em que a criança representa ludicamente a sua realidade cotidiana.

Ainda segundo o autor acima citado (2000, p. 14)

Educar ludicamente tem um significado muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida. Por exemplo, uma criança que joga bolinha de gude ou brinca de boneca com seus companheiros não está somente brincando e se divertindo; está desenvolvendo e operando inúmeras funções cognitivas e sociais; ocorre o mesmo com uma mãe que acaricia e se entretém com a criança, com um professor que se relaciona bem com seus alunos ou mesmo com um cientista que prepara prazerosamente sua tese ou teoria. Eles educam-se ludicamente, pois combinam e integram a mobilização das relações funcionais ao prazer de interiorizar o conhecimento e a expressão de felicidade que se manifesta na interação com os semelhantes.

A infância é um período de muita intensidade na vida do ser humano, em que descobertas, experiências, aprendizagens e, consequentemente, o desenvolvimento se dá de forma muito marcante para o sujeito. Pois tudo o que a criança aprende e o jeito como se dá esta aprendizagem influenciam diretamente no desempenho escolar e, consequentemente, no futuro desta criança.

A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais lato espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio. (ALMEIDA, 2000, p. 57)

As crianças inseridas no ambiente escolar estão cercadas de fatores que contribuem diretamente no seu desenvolvimento motor, social e cognitivo. A função pedagógica apresenta a finalidade de proporcionar estímulos auxiliares às crianças nesta fase, contribuindo de maneira somática para que as crianças adquiram os conhecimentos necessários para o seu pleno desenvolvimento.

Schiavo; Ribó (2007. p. 4) acreditam que:

Os primeiro anos da infância são primordiais para que a criança esteja em um ambiente estimulador, prazeroso e lúdico, com oportunidades para desenvolver seus sentidos e habilidades. Quanto mais ela participa das experiências físicas, afetivas e sociais, maiores serão o enriquecimento e desenvolvimento de sua inteligência.

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Outra questão fundamental a ser compreendida com relação às brincadeiras infantis e a sua função no desenvolvimento da criança é o conceito da “zona de desenvolvimento proximal” citada por Vygotsky (1998, p. 112):

O brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal, que ele define como sendo a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de pessoas mais capazes.

Segundo a publicação do autor acima citado, compreende-se que o nível de desenvolvimento real diz respeito a tudo aquilo que a criança já tem concretizado em seu desenvolvimento e que ela tem condições de realizar sozinha sem o auxílio de um adulto ou de uma criança mais experiente. Enquanto que a “zona de desenvolvimento proximal” são os processos mentais que estão em construção na criança, ou que ainda não está totalmente formado. É um processo de evolução constante, pois aquilo que a criança é capaz de realizar hoje com o auxílio de um adulto, amanhã ela poderá estar realizando sozinha.

Arce (2002, p. 46) coloca que Froebel acreditava no processo de exteriorização, no qual a criança exterioriza o seu interior e, para tanto, ela necessita trabalhar em coisas concretas como a arte e o jogo, excelentes fontes de exteriorização. Uma vez exteriorizando seu interior, a criança passa a ter autoconsciência do seu ser, passa a conhecer-se melhor: é assim que a educação acontece.

Esse processo de exteriorização é compreendido como a maneira de expressar os sentimentos e emoções da criança através do ou com o auxílio dos jogos e das brincadeiras. Dessa forma a criança adquire conhecimentos sobre seu corpo e também sobre o que ele é capaz de desempenhar.

Também é essencial considerarmos que todas as pessoas que constituem o círculo social, no qual a criança está inserida, influenciam diretamente no desenvolvimento e na construção da personalidade da criança, bem como os jogos e brincadeiras em que ela cria e participa. Le Boulch traz em sua literaura que “é através das relações com os outros que o ser se descobre, e a personalidade constrói-se pouco a pouco” (LE BOULCH, 1982, p. 27).

À medida que brinca, a criança se apropria de suas potencialidades, aprende a agir, estimula a curiosidade, adquire autoconfiança, interage com o meio e com os outros e a partir dessa interação ocorre a socialização e a construção do caráter da criança.

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“A criança, nesse processo, passa a ser não somente o sujeito que aprende, mas aquele que aprende junto ao outro, o que seu grupo social produz, isto é, valores, linguagem, símbolos, signos, sinais e o próprio conhecimento” (BASEI, 2008, p. 3). Os jogos e as brincadeiras desenvolvem valores morais e éticos como o respeito, a união, o trabalho em equipe, honestidade, cooperação, entre outros.

Certamente a infância é um período que marca para sempre a vida do ser humano. Pois esta é uma fase em que, a cada dia, surge algo novo, um movimento mais elaborado, uma descoberta sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre o outro.

Para Vygotsky (1998), o curso de desenvolvimento da criança se caracteriza por uma alteração radical na própria estrutura do comportamento; a cada novo estágio, a criança não só muda suas respostas, como também as realiza de maneiras novas, o que gera novos “instrumentos” de comportamento e substitui sua função psicológica por outra.

Ao observarmos os estágios do desenvolvimento da criança, pode-se perceber que, com maior clareza, conforme a criança amplia seu repertório motor, ela adquire novos conhecimentos e altera suas respostas de tal modo que essas passam a ter um nível maior de complexidade do que as respostas anteriores.

Constatamos, dessa forma, que o aspecto cognitivo e motor são indissociáveis nos estágios de desenvolvimento da criança e, que a cada movimento realizado, ela aprimora o mesmo e amplia seu repertório motor. “A cada etapa, a criança aprimora e amplia o seu repertório de ação na construção de esquemas que, integrados, vão estruturando a sua consciência corporal” (MELO, 1997. p. 21).

A motricidade apresenta-se inicialmente como o meio de relação entre sujeito/ mundo. A interação e o convívio com as pessoas que rodeiam as crianças, auxiliam-nas na exploração das possibilidades existentes no mundo exterior para que ela, paulatinamente, possa se conhecer e conhecer o seu corpo.

A criança será altamente beneficiada quando no seu desenvolvimento terá a possibilidade de criar, descobrir e aprender, concomitantemente, com os movimentos que o seu próprio corpo lhe possibilita e, assim, interagirá com o meio.

Atrelado aos fatores acima citados, deve-se considerar também que os jogos fazem parte dessa construção do desenvolvimento e da aprendizagem. Kishimoto (1993, p. 110) ao falar sobre o jogo ‘lenço atrás’ destaca que “esse jogo destina-se ao desenvolvimento integral da criança estimulando habilidades físicas concomitantemente às morais e sociais”.

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Do ponto de vista psicogenético o jogo é uma expressão e condição do desenvolvimento, devido ao fato de que cada etapa está ligada a um tipo de jogo. A atividade lúdica assinala, assim, a evolução mental. Sabem também que do ponto de vista psicanalítico o jogo, como atividade psíquica, assemelha-se ao sonho, pois dá vazão às tensões nascidas da impossibilidade de realização do desejo, tornando-se um canal para satisfação destes desejos. Diferentemente do sonho, no entanto, o jogo transita livremente entre o mundo interno e o mundo real, o que lhe garante a evasão temporária da realidade e confirma a característica antes citada de ser uma atividade que ocorre em um espaço e tempo determinados.

De acordo com as autoras acima citada, podemos concretizar a ideia de que os jogos, bem como as brincadeiras não representam apenas um passatempo infantil. E sim, ferramentas fundamentais que atuam no desenvolvimento dos aspectos cognitivo, afetivo e motor das crianças. É através dessas atividades lúdicas que também as crianças expressam seus mais puros sentimentos.

3. Função Pedagógica do Jogo

Os jogos e as brincadeiras são a principal atividade da criança na infância. Entretanto, essas atividades ainda são vistas por grande parte da sociedade apenas como um mero passatempo, e não como uma rica fonte de aprendizagem e como um pilar fundamental para o desenvolvimento cognitivo, social, cultural e motor.

Essa falta de conhecimento sobre os benefícios que os jogos e a ludicidade proporcionam no desenvolvimento integral das crianças está presente também no meio escolar. De acordo com (ALMEIDA, 2000) é comum ouvir-se no meio escolar que os jogos não apresentam significância nenhuma em outras disciplinas do currículo, a não ser nas aulas de Educação Física. Diz o autor ainda que essa opinião está fortemente atrelada aos pressupostos de uma pedagogia tradicional, que excluía a ludicidade de qualquer atividade educativa.

No que tange às práticas pedagógicas, de acordo com as Diretrizes Curriculares para Educação Infantil:

As propostas pedagógicas para Educação Infantil deverão considerar a criança como sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, p. 12).

Entende-se por isso, então, que a escola em primeiro lugar deve reconhecer e entender a criança como sujeito que está inserida em um determinado contexto social e que ao

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mesmo tempo é sujeito construtor da sua própria história, a partir das experiências vivenciadas no seu cotidiano. A escola, dentro da sociedade, é considerado o ambiente mais propício e preparado para a construção do conhecimento da criança e deverá proporcionar práticas pedagógicas lúdicas que permitam com que ela se desenvolva de forma integral com prazer e satisfação.

Referente à função pedagógica do jogo na escola, Almeida (2000, p. 60) coloca que:

Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conhecimento mais abstrato misturando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma boa dose de brincadeira transformaria o trabalho, o aprendizado, num jogo bem sucedido, momento este em que a criança pode mergulhar plenamente sem se dar conta disso.

Percebe-se claramente que os jogos são meios indispensáveis na construção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento. Seu objetivo é permitir com que os seus praticantes decifrem problemas associados à vida humana em seu cotidiano sem que isso seja uma atividade penosa e massacrante, pelo contrário, propiciam-lhes momentos de entusiasmo, alegria e satisfação.

O jogo ganha espaço e torna-se uma ferramenta fundamental no processo de ensino/aprendizagem, pois oferece aos alunos estímulos que contribuirão para o melhor desenvolvimento das capacidades mentais e tornarão a aprendizagem mais significativa. Segundo Antunes (1999, p. 38), “Os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo conhecimento e, principalmente, despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória”.

É através dos jogos que as crianças começam a compreender e fazer uso das regras, as quais serão usadas no processo de ensino/aprendizagem e, favorecem, assim, a aproximação entre o aluno, os conhecimentos escolares e sociais. Froebel, considerado o Pedagogo dos Jardins de Infância, via a brincadeira como algo sério e pedagógico. Segundo esse autor, a brincadeira é um elemento fundamental de aprendizagem e através dela é possível conhecer a criança, saber como pensa e sente o mundo no qual está inserida. (ARCE, 2002).

Já Kishimoto acredita que:

Prevalece a ideia de que o jogo é fundamental para a educação e o desenvolvimento infantil. Quer se trate do jogo tradicional infantil, reduto da livre iniciativa da criança, marcado pela transmissão oral, ou o jogo educativo, que

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introduz conteúdos escolares e habilidades a serem adquiridas por meio da ação lúdica. O jogo e a criança caminham juntos desde o momento em que se fixa a imagem da criança como um ser que brinca. Portadora de uma especificidade que se expressa pelo ato lúdico, a infância carrega consigo as brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração (KISHIMOTO, 1993, p. 11).

Os jogos simbólicos fazem com que a criança se torne produtora de linguagem, criadora das regras do jogo quando sentem tal necessidade. Além disso, o jogo desperta a curiosidade e é desafiador o que gera maior interesse da criança/aluno em participar dessas atividades. Em uma fase em que o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo ocorre de forma muito intensa, é justamente a atividade do jogo que proporciona a criança/aluno manifestar-se de forma completa, o que a satisfaz.

4. O Educador e o Lúdico

Pensar em uma proposta lúdica para as escolas perpassa, primeiramente, pela formação de professores. O reconhecimento e a valorização do educar ludicamente devem iniciar na caminhada acadêmica dos futuros professores e professoras através de intervenções práticas e trabalhos de pesquisa, para que propostas pedagógicas convincentes sejam postas em prática no trabalho cotidiano das escolas. Almeida (2000, p. 63) defende que:

O sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantido se o educador estiver preparado para realiza-lo. Nada será feito se ele não tiver um profundo conhecimento sobre os fundamentos essenciais da educação lúdica, condições suficientes para socializar o conhecimento e predisposição para levar isso adiante.

Com educadores conscientes e devidamente capacitados para atuar nas escolas de Educação Infantil, esses docentes terão mais subsídios para ministrar suas aulas com o enfoque em uma educação lúdica de qualidade. Porém, o educar ludicamente só não basta, o professor, mediador do conhecimento, deve conhecer e respeitar a individualidade de cada aluno que está sob sua responsabilidade.

Sem conhecer a realidade dos alunos, não é possível que o vínculo de confiança se estabeleça entre ambas as partes. É dever do professor também ultrapassar o viés de ser apenas um mediador do conhecimento. A missão ser professor é despertar no aluno o desejo

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de ir além, de buscar o novo a partir do que foi desenvolvido e estimulado em sala de aula. Almeida (2000, p. 64) deixa isso muito claro quando traz em sua literatura que:

Temos consciência também de que, quando um professor desperta na criança a paixão pelos estudos, ela mesma buscará o conhecimento e fará tudo para corresponder. Isso ocorre não só com crianças nos níveis de pré-escola, primeiro e segundo graus, mas também no nível superior. Quando o aluno descobre que a maior e melhor escola é aquela que existe dentro de si mesmo, ninguém mais o segura [...] ele mesmo se encarregará de buscar os infinitos conhecimentos e experiências que existem e esperam por ele. Isso tudo se resume numa questão: saber despertar, conscientizar e confiar.

Nas escolas de Educação Infantil, o professor é a pessoa mais experiente, ou seja, é o responsável por fazer deste um local acolhedor, alegre, prazeroso e estimulante. E que a criança se sinta à vontade para expor suas experiências de vida e se socializar com outros sujeitos provenientes de outras realidades. Por ser a pessoa mais experiente nesse ambiente, é o professor que irá conduzir e orientar os jogos e brincadeiras para que a aprendizagem das crianças/alunos seja mais significativa.

A ludicidade precisa ser mais explorada nas escolas de Educação Infantil como instrumento pedagógico e de formação para as crianças. Pois é através dela que a criança se desenvolve, conhece e compreende o mundo a sua volta. De acordo com (ANTUNES, 1998, p. 17) “O jogo, em seu sentido integral, é o mais eficiente meio estimulador das inteligências. O espaço do jogo permite que a criança realize tudo quanto deseja. Quando entretido em um jogo, o indivíduo é quem quer ser, ordena o que quer ordenar, decide sem restrições”.

O brinquedo e o brincar constituem a essência da infância. Portanto, quando nos referimos à Educação Infantil, a ludicidade não pode ser vista apenas na hora do brinquedo ou como passa tempo nos intervalos entre uma ou outra atividade e sim como carro chefe que norteia os planos de estudos dos educadores, das escolas de Educação Infantil.

5. Uma Proposta Pedagógica para uma Escola Lúdica

A Escola Lúdica de Educação Infantil possui como objetivo principal, na sua Proposta Pedagógica, buscar através da educação lúdica alternativas para que a criança desenvolva suas potencialidades, integrando todos os aspectos (social, cognitivo, afetivo,

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cultural e motor), para que através das suas vivências a criança construa sua própria identidade e compreenda o ambiente em que está inserida.

Almeida (2000, p. 71) caracterizou a Escola Lúdica de Educação Infantil como um local onde o aluno sente prazer em frequentar, onde aprende coisas novas relacionadas a sua realidade, onde desenvolve sua linguagem escrita, sua capacidade de solucionar cálculos, formular conceitos relacionados à saúde, natureza e família e tudo isso de maneira envolvente, alegre, participativa e desafiadora.

Ainda segundo este mesmo autor (2000, p. 69), “gostar da escola, gostar de estudar, gostar de buscar o conhecimento são pontos essenciais da proposta da escola lúdica”. A escola tem o papel fundamental de ser socializadora, promover interações como: criança/criança, professor/criança, funcionários/criança e criança/objetos. Para isso, toda esta rede precisa estar em harmonia para que a criança se sinta o mais confortável e acolhida possível para ser estimulada a desenvolver-se e construir o seu conhecimento.

Para que esse desenvolvimento ocorra de forma sadia, faz-se necessário que o tempo que cada criança leva para construir e acomodar o seu conhecimento seja respeitado pelo professor. Ao seguir uma proposta pedagógica lúdica, o professor deverá ser o guia da criança, que a auxilia perante as suas limitações e a estimula a buscar o conhecimento.

Para Almeida (2000, p. 72), em uma escola lúdica “o que mais se preserva é o respeito ao desenvolvimento da criança e a sua condição de felicidade – poder sorrir, brincar e aproveitar essa melhor fase de sua vida”. Aqui as escolas não são depósitos de crianças e os alunos não são sobrecarregados de atividades para que mostrem aos pais a qualquer custo que é desenvolvido na escola.

Uma Escola Lúdica de Educação Infantil também demanda professores qualificados para atuar nesse tipo de Instituição. A relação professor/aluno deverá ter como base o respeito à realidade do aluno e ao seu tempo de desenvolvimento motor e cognitivo. O professor será estimulador, a pessoa mais experiente que irá animar e desafiar as possibilidades da criança (ALMEIDA, 2000).

O vínculo de afeto estabelecido entre professor/aluno só trará benefício para ambos os lados. Para o professor que verá seu trabalho de qualidade ser reconhecido pela comunidade escolar e para os alunos, que terão o professor como um amigo e como uma incessante fonte de conhecimento.

Almeida (2000, p. 72) ainda nos coloca que “é fundamental que os professores redescubram seu papel de pesquisadores, buscando conhecimentos novos por meio de leituras,

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cursos, entrevistas, palestras, ações que lhes darão embasamento e coragem para enfrentar o novo e um caminhar seguro”.

Importante ressaltar também que todo o conhecimento a ser desenvolvido em uma Escola Lúdica de Educação Infantil não poderá ser trabalhado isoladamente, e sim, em caráter interligado. Isso deve abranger todas as áreas do conhecimento nos mais variados aspectos, sejam eles: a linguagem, psicomotricidade, pensamento lógico e curiosidade e os valores éticos e morais.

Para que todo esse trabalho seja bem sucedido é preciso um ambiente alegre, acolhedor e confortável para a faixa etária do público que se pretende atender. Para uma Escola Lúdica de Educação Infantil, o ambiente deverá ser adaptado com mesas onde as crianças poderão sentar-se em grupos, murais com informações, espaço com revistas e livros para “leitura” e espaço para o brinquedo livre.

A decoração da escola deverá ser realizada pelos próprios alunos, com os desenhos e trabalhos confeccionados em sala de aula, que estarão expostos em lugares visíveis para que todos tenham conhecimento do que é trabalhado. Os espaços deverão ser amplos, arejados e identificados com letras grandes. O ambiente externo abrange parque com brinquedos, área com gramado livre e um espaço destinado para as crianças auxiliarem no preparo de canteiro de flores e hortaliças.

Deverá haver também um espaço destinado para a ludoteca, em que cada aluno poderá doar um brinquedo ou jogo pedagógico. Durante os intervalos ou nas aulas vagas, os alunos terão acesso a esse ambiente para usufruir dos materiais que lá se encontram ou até mesmo poderão levar um brinquedo ou jogo pedagógico para casa, fazendo a devolução alguns dias depois.

“A finalidade da ludoteca é estimular o aluno a desenvolver habilidades psicomotoras e intelectuais, ou seja, instruir brincando” (ALMEIDA, 2000, p. 76).

6. Teorias Pedagógicas e o Jogo

A brincadeira e o jogo atualmente são temas de muita ênfase na área da Educação Infantil, que teve Froebel como um de seus precursores. O autor foi um dos primeiros a atrelar a educação ao desenvolvimento infantil. Estudante de Filosofia e Ciências Naturais, Friedrich Froebel estuda a natureza como obra perfeita de Deus.

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Após sua formação, tornou-se professor em Frankfurt, mesmo sem jamais ter lido nenhum livro de pedagogia, porém sua metodologia de trabalho era baseada pela prática. Segundo Arce (2002, p. 43)

Froebel entendia que as crianças deveriam ser deixadas livres para expressarem toda sua riqueza interior, fruto da sua essência humana. Essa exteriorização deveria ocorrer através das artes plásticas e do jogo, pois esta seria uma atividade naturalmente infantil e fonte de expressão natural da criança.

Froebel agregou a sua pedagogia às ideias educacionais de Pestalozzi e uma delas seria que o fundamento da educação do homem, na primeira infância, ocorresse através da percepção. A percepção seria a base para o conhecimento do mundo e da linguagem e isso representaria os objetos do mundo externo e a relação entre eles. Outra ideia que Froebel incorporou de Pestalozzi foi que, se a percepção fosse o início da educação, a mulher/mãe seria fundamental na educação infantil, pois seria dever dela desenvolver atividades que explorassem o potencial do bebê no que abrange a percepção do mundo exterior (ARCE, 2002).

Froebel classifica também a liberdade e a atividade como pilares do movimento escolanovista e “coloca o professor como observador e auxiliador do processo de aprendizagem” (ARCE, 2002, p. 55), ou seja, todo o trabalho elaborado pelo professor seria baseado nos conhecimentos que o aluno já apresenta.

Para a construção do autoconhecimento através da liberdade, Froebel coloca o jogo como ferramenta que, agregada aos brinquedos, intermediaria o autoconhecimento por meio da exteriorização e interiorização da essência divina da criança.

Segundo Arce (2002, p. 60),

Froebel foi o pioneiro em reconhecer o jogo e a brincadeira como as formas que a criança, utiliza para expressar como vê o mundo, além de serem geradores do desenvolvimento na primeira infância. Por isso, Froebel considera a brincadeira uma atividade séria e importante para quem deseja realmente conhecer a criança.

O Pedagogo dos Jardins de Infância ainda criou os “dons”. Esses dons eram brinquedos ou materiais educativos utilizados pelas crianças para que descobrissem seus dons. Através desses brinquedos Froebel fez importantes descobertas a respeito do jogo. Em suas observações, Froebel percebeu que o jogo só funciona se as regras são compreendidas e que

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