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Contribuição de Tamás Szmrecsányi à política cientifica e tecnológica

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Academic year: 2021

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contribuição de tamás szmrecsányi à

política científica e tecnológica

R u i H . P . L . d e A l b u q u e r q u e

Engenheiro, Analista de Ciência e Tecnologia do CNPq, Professor D o u t o r do Departamento de Política Científica e T e c n o l ó g i c a do Instituto de Geociências da UNICAMP

Avaliar a c o n t r i b u i ç ã o do professor Tamás para a temática da Políti¬ ca Científica e T e c n o l ó g i c a e, mais precisamente, para o Departamento de Política Científica e T e c n o l ó g i c a - D P C T , ligado ao Instituto de G e o c i ê n c i a s da Unicamp, é uma tarefa que, c o m prazer, vai-se tentar cumprir. Ela vai permitir percorrer cerca de 30 anos da história do tema no Brasil.

A s s i m , para c o m e ç a r , em 1978 ele já era o o r i e n t a d o r do trabalho de mestrado em e c o n o m i a do autor deste artigo: dissertação a ser defendida j u n t o ao antigo D E P E / I F C H / U N I C A M P (Departamento de E c o n o m i a e P l a n e j a m e n t o E c o n ô m i c o , então l i g a d o ao Instituto de Filosofia e C i ê n c i a s H u m a n a s da U N I C A M P - U n i v e r s i d a d e Esta¬ dual de C a m p i n a s ) . Em j a n e i r o d a q u e l e ano, d e i x e i o r e g i m e de " t e m p o integral" d a U N I C A M P e fui trabalhar c o m o t é c n i c o d o C N P q — C o n s e l h o N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o C i e n t í f i c o e Tec¬ n o l ó g i c o , q u e , na é p o c a , ainda tinha parte de suas diretorias sediada n o R i o d e Janeiro.

N o C N P q - R i o , c o m e c e i a trabalhar n a r e c é m - c r i a d a C o o r d e n a ç ã o de Estudos de Política Científica — C E T , subordinada ao então V i c e -presidente do C N P q , José P e l ú c i o Ferreira. Nessa m e s m a é p o c a , a sede principal d o C N P q j á estava constituída e m Brasília, p o r o u t r o n ú c l e o de t é c n i c o s , s o b a presidência de José D i o n de M e l o Teles, e ali, tam¬ b é m e m 1978, foi criada u m a c o o r d e n a ç ã o d e estudos " c o n c o r r e n t e " da C E T , designada C o o r d e n a ç ã o de Avaliação T e c n o l ó g i c a , q u e trazia para o Brasil, de forma pioneira, a m e t o d o l o g i a do Technology Assessment,

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e x t r e m a m e n t e b e m sucedida n o s Estados U n i d o s1. Esta última era gerenciada p o r A d o l p h o W a n d e r l e y A n c i ã e s e teve a seu c a r g o um estudo e x t r e m a m e n t e importante, que c o i n c i d i a c o m a proposta d e m u d a n ç a da matriz energética brasileira da é p o c a : a "Avaliação Tec¬ n o l ó g i c a d o A l c ó o l E t í l i c o " . E m setembro d e 1978, foi feito, n o R i o d e Janeiro, u m p r i m e i r o workshop c o m especialistas n o tema, c o o r d e -nada p e l o W a n d e r l e y e p o r consultores q u e dariam f o r m a final ao d o c u m e n t o de avaliação de i m p a c t o s sociais, t é c n i c o s e e c o n ô m i c o s d o r e c é m - c r i a d o " P r o g r a m a N a c i o n a l d e Á l c o o l " . Para m i n h a surpre¬ sa, um d o s consultores contratados para avaliar os i m p a c t o s dessa n o v a estratégia t e c n o l ó g i c a , participando c o m o responsável p e l o Technology Assessment do Programa na perspectiva d o s i m p a c t o s no setor a g r í c o -la, era o professor Tamás Szmrecsányi2.

Ao final do ano seguinte, o presidente do C N P q era o matemático M a u r í c i o Mattos P e i x o t o . A i n d a não existia o Ministério de C i ê n c i a e T e c n o l o g i a e o C N P q era o c o o r d e n a d o r do então Sistema N a c i o n a l de Ciência e T e c n o l o g i a , e n v o l v e n d o as Secretarias de Ciência e T e c n o l o g i a de cada um dos Ministérios e t o d o s os órgãos federais que desenvolviam P & D . O Sistema pretendia t a m b é m acompanhar t o d o s os esforços esta-duais (e, aliás, é dessa é p o c a o p r i m e i r o esforço de caracterizar um " o r ç a m e n t o nacional e m C i ê n c i a e T e c n o l o g i a " , que acompanharia t o d o s os investimentos no setor no país). O C N P q e o Sistema estavam, então, ligados ao t o d o p o d e r o s o Ministério do Planejamento.

O n o v o presidente, M a u r í c i o Mattos P e i x o t o , solicitou um Relató¬ rio de Atividades do C N P q para o ano de 1979, que fosse mais do que um relatório burocrático e apresentasse i n f o r m a ç õ e s não apenas do

1 O e s c r i t ó r i o O T A — Office of Technological Assessment, c r i a d o em 1972, l i g a d o ao

C o n g r e s s o A m e r i c a n o , e l a b o r o u m a i s d e 750 e s t u d o s e análises s o b r e o s i m p a c t o s d a m o d e r n i z a ç ã o t e c n o l ó g i c a . F o i f e c h a d o e m 1995, n ã o p o r a c a s o , p e l a m a i o r i a r e p u -b l i c a n a . A l i á s , e m 1995, p e l a p r i m e i r a v e z e m 5 0 a n o s , o s r e p u -b l i c a n o s c o n s e g u i r a m m a i o r i a n o C o n g r e s s o e o f e c h a m e n t o d o O T A c o i n c i d e c o m u m a série d e m e d i d a s c o n s e r v a d o r a s t o m a d a s p e l a i n s t i t u i ç ã o , na é p o c a . V e r O T A — Office of Technological Assessment ( 1 9 7 2 - 1 9 9 5 ) , n o sítio: < h t t p : / / w w w . p r i n c e t o n . e d u / ~ o t a / > . 2 O t r a b a l h o c o m p l e t o f o i p u b l i c a d o n o l i v r o : A N C I Ã E S , W . ( c o o r d . ) , Avaliação

Tecnológica do Álcool Etiílico, E d . C N P q — C o n s e l h o N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o C i e n t i f i c o e T e c n o l ó g i c o , Brasilia, 1979.

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último ano, mas do primeiro q ü i n q ü ê n i o do C N P q — que fora reorganizado em 1974, acumulando t a m b é m o já m e n c i o n a d o papel de S e -cretaria Executiva de t o d o o Sistema. C h a m a d o a c o o r d e n a r um Rela¬ t ó r i o sobre a nova política de ciência e t e c n o l o g i a e sobre o papel do C N P q nela, além de lhe dar a redação final, encontrei novamente o professor Tamás Szmrecsányi.

Esses dois eventos ajudam, então, a c o m p o r uma m e m ó r i a que an¬ tecede a criação do referido Departamento de Política Científica e T e c n o l ó g i c a , seu local de trabalho, na U N I C A M P , nas últimas duas dé¬ cadas. Para se entender m e l h o r c o m o ele se a p r o x i m o u deste Departa¬ m e n t o , vale a pena voltar um p o u c o mais atrás. R e c o r d e - s e que se graduou em Filosofia, na USP, entre 1958 e 1961, t e n d o trabalhado sob orientação direta de Florestan Fernandes e t e n d o c o m o c o l e g a José de Souza Martins, entre outros importantes n o m e s .

F o r m a d o , trabalhou c o m o articulista internacional para a área de e c o n o m i a no j o r n a l O Estado de São Paulo, c o m o assessor direto de R u y Mesquita, e c o m o especialista e m "planejamento e p r o j e t o s " e m várias empresas de engenharia no País. D e i x o u o Brasil em 1965 e seu interesse p o r E c o n o m i a foi sistematizado p e l o s estudos q u e desenvol¬ v e u c o m o aluno regular, entre 1965 e 1967, na New School for Social Research, em N o v a Y o r k , n o s Estados U n i d o s . Tamás v o l t o u ao Brasil em 1967, manteve seu interesse em E c o n o m i a e v e i o a o b t e r o título de Master of Arts p o r aquele centro universitário em 1969. L e m b r e - s e que a New School é, desde 1921, um baluarte do p e n s a m e n t o progres-sista em ciências humanas naquele país. E m a n t é m esta importância até h o j e .

De volta ao Brasil, Tamás r e t o m o u sua atividade profissional c o m o e c o n o m i s t a , trabalhou na área de planejamento e projetos e t a m b é m ministrou aulas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Q u e i r o z — ESALQ, o n d e , j u n t o c o m O r i o v a l d o Q u e d a , escreveu o clássico Vida Rural e Mudança Social, cuja primeira edição foi publicada em 1973. N o s anos 70, trabalhou c o m o p e s q u i s a d o r / d o c e n t e n o Departamento d e E c o n o m i a e Planejamento E c o n ô m i c o — DEPE, que, então, era v i n c u lado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas — IFCH — da U N I -C A M P , no e s c o p o de um grande projeto custeado pela Financiadora de Estudos e Projetos — FINEP, que apoiava as pesquisas daquela Instituição. Foi j u n t o a este Departamento que defendeu seu d o u t o r a d o formal, em

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1976, sob orientação de Jorge L o b o M i g l i o l i , tese que, em 1979, serviu de base para um outro livro clássico O planejamento da agroindústria ca-navieira do Brasil 1930-1975, publicado pela H U C I T E C .

N o s anos 80, teve autorização especial da C o m i s s ã o de T e m p o Inte¬ gral para trabalhar simultaneamente na USP, o n d e tinha ingressado c o m o professor concursado em História E c o n ô m i c a , e t a m b é m na U N I C A M P , universidade que ainda não tinha "quadro institucional" formal e que, na é p o c a , estava em fase de implantação.

A t é aqui, este breve histórico serve para apontar a multiplicidade de experiências profissionais que o "Professor Tamás" desenvolveu no iní¬ c i o de sua carreira, e que, de certa forma, destoam da " d e d i c a ç ã o aca¬ d ê m i c a " exclusiva c o m que f i c o u c o n h e c i d o nos últimos anos.

Circunscrevendo este texto à sua participação na U N I C A M P , de 1977 a 1987 Tamás o r i e n t o u sete dissertações de mestrado e três teses de d o u t o r a d o . Seu primeiro orientando e m mestrado foi M a u r i c i o B o r g e s L e m o s , 1977, c o m o trabalho " U m Estudo Comparativo sobre as Formas de Organização da P r o d u ç ã o de A r r o z no Brasil, 1 9 5 0 - 7 0 " . T a m b é m em 1977, seguiram-se mais duas defesas, de R e n a t o Sergio Jamil Maluf, c o m " A Expansão d o Capitalismo n o C a m p o : a E c o n o m i a d o A r r o z n o M a r a n h ã o " , e de Sandra de Negraes Brisolla, c o m " R e l a ç ã o P r é C a p i -talistas na Agricultura Brasileira: um estudo da cultura do algodão ar¬ b ó r e o no Ceará". Em 1979, terminava a dissertação de Laura C. Guar-n i e r i , " A l g u Guar-n s A s p e c t o s S ó c i o - e c o Guar-n ô m i c o s d o P l a Guar-n e j a m e Guar-n t o Guar-n a Cafeicultura", e, em 1980, de N e l s o n Prado Alves Pinto, " E v o l u ç ã o e Consequências da Política da Borracha no Brasil (A Falência da Borra¬ cha Vegetal)". Em 1981, a dissertação de mestrado do autor deste artigo, R u i H e n r i q u e Pereira Leite de A l b u q u e r q u e , "Capital C o m e r c i a l , In¬ dústria Têxtil e R e l a ç õ e s de P r o d u ç ã o na C o t o n i c u l t u r a Paulista, 1920¬ 5 0 " , e t a m b é m , em 1981, a dissertação de Amilcar Baiardi, "Subordina-ção do Trabalho ao Capital na Lavoura Cacaueira da Bahia" (esta última j u n t o à Fundação Getúlio Vargas, no R i o de Janeiro).

Desse p e r í o d o , vale destacar a orientação de José Francisco Graziano da Silva, d o u t o r a n d o do Instituto de E c o n o m i a em 1980, c o m a tese intitulada "Progresso T é c n i c o e R e l a ç õ e s de Trabalho na Agricultura Paulista", o m e s m o Graziano que viria a ser um dos principais e c o n o ¬ mistas agrícolas do país. Em 1986, o d o u t o r a n d o Amilcar Baiardi, c o m a tese " I n o v a ç ã o T e c n o l ó g i c a e Trabalho Assalariado na Agricultura

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Brasileira", abriu c a m i n h o para seus trabalhos j u n t o à Universidade Federal da Bahia, o n d e h o j e é professor titular.

Objetiva-se, ao m e n c i o n a r os títulos e as pessoas acima, chamar a atenção para o fato de que, e m b o r a esse c o n j u n t o de trabalhos não se desenvolvesse em t o r n o de uma área designada especificamente c o m o sendo de política científica e t e c n o l ó g i c a , os temas diretamente ligados a questões dessa área já eram o o b j e t o principal de suas atividades. Assim, a ênfase nas c o n d i ç õ e s de p r o d u ç ã o da agricultura brasileira, a inovação, a questão da transformação das bases técnicas, de seus impactos produtivos e sociais, a importância da pesquisa e do d e s e n v o l v i m e n t o t e c n o l ó g i c o e o papel das políticas públicas eram uma constante nas atividades que desenvolvia.

Ao m e s m o t e m p o , chama a atenção sua pluralidade, tratando c o m a mesma importância orientandos de matrizes e de ligações institucionais tão distintas: eu era um t é c n i c o do C N P q , sem perspectivas de voltar à U N I C A M P ; Laura Guarnieri v e i o a trabalhar c o m o técnica do B I D , em Washington; Graziano, professor universitário d e d i c a d o à U N I C A M P , A m i l c a r Baiardi, na Universidade Federal da Bahia. C o m t o d o s eles, sua p r e o c u p a ç ã o se dava c o m a exigência da alta qualidade do trabalho: de t o d o s cobrava uma precisão que não dependia da distinta o r i g e m de cada u m , n e m , p o d e - s e afirmar, da respectiva matriz i d e o l ó g i c a3.

O interesse de Tamás n o s temas ligados à área de ciência e tecnolo¬ gia g a n h o u objetividade específica entre 1987 e 1989, q u a n d o assumiu o cargo de C h e f e do Departamento de Política Científica e T e c n o l ó g i ¬ ca, ligado ao Instituto de G e o c i ê n c i a s , e, em seguida, q u a n d o assumiu o cargo d e C o o r d e n a d o r d o C u r s o d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m Política Cien¬ tífica e T e c n o l ó g i c a , no m e s m o departamento, entre 1990 e 1992. Mas essa sua trajetória foi iniciada em m e i o a uma "turbulência" que vale a pena recordar.

3 Sua d e d i c a ç ã o a o s e x a l u n o s i a a l é m das o b r i g a ç õ e s f o r m a i s d e o r i e n t a ç ã o . E m c o n

-versa r e c e n t e c o m M a r c o s Jank, atual p r e s i d e n t e d a Ú N I C A — U n i ã o d a Indústria d a C a n a d e A ç ú c a r , p u d e saber, p e l o p r ó p r i o , q u e , q u a n d o estava f a z e n d o seu m e s t r a d o n a F r a n ç a , entre 1986 e 1988, t r a b a l h a n d o c o m o t e m a d o m e r c a d o d o a ç ú c a r e c o r r e l a t o s , T a m á s — m e s m o s e m ser o r i e n t a d o r — l h e e n v i o u , p e r i o d i c a m e n t e , l o n g a s cartas c o m s u g e s t õ e s s o b r e a p e s q u i s a q u e e l e fazia n a E u r o p a para sua dissertação. S u g e s t õ e s e " o r i e n t a ç ã o d e f a t o " q u e , s e g u n d o M a r c o s , f o r a m decisivas para a b o a q u a l i d a d e d o seu trabalho.

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Tamás, seguindo seu trabalho j u n t o ao Instituto de E c o n o m i a da U N I C A M P , que, na primeira metade dos anos 80, já se desvinculara do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, foi eleito, em 1984, C h e f e do Departamento de Política e História E c o n ô m i c a . T e r m i n o u seu manda¬ to bastante desgastado c o m o caráter centralizador das decisões q u e eram tomadas pela direção geral do Instituto, que não levavam em conta a l ó g i c a departamental. Assim, ao final de 1986, estava fortemente inclina-do a regressar definitivamente à USP e abaninclina-donar a U N I C A M P .

Ora, o Departamento de Política Científica e T e c n o l ó g i c a estava em fase de institucionalização. Constituído inicialmente c o m o N ú c l e o de Política Científica e T e c n o l ó g i c a , havia sido criado, em 1981, c o m o uma área ligada à reitoria da U N I C A M P , c o m a p o i o do reitor Z e f e r i n o Vaz, mas particularmente d e f e n d i d o p e l o então C o o r d e n a d o r Geral dos Institutos e V i c e - r e i t o r Ubiratan d ' A m b r ó s i o . Teve c o m o primeiro c o o r ¬ denador o Professor A m í l c a r Oscar Herrera, que, na é p o c a , já era o diretor do Instituto de G e o c i ê n c i a s . Herrera, g e ó l o g o argentino de p r o j e ç ã o internacional, ligado ao " g r u p o de B a r i l o c h e "4, foi c o n v i d a d o p e l o reitor Z e f e r i n o Vaz para criar, na U N I C A M P , um Instituto de G e o -ciências c o m a perspectiva m o d e r n a de integrar g e o l o g i a às questões ambientais. A c e i t o u o convite, mas tinha d e i x a d o claro ao reitor uma paixão m u i t o especial pela temática de Política de Ciência e T e c n o l o g i a5. Ora, o professor Herrera não c o n h e c i a pessoalmente o professor Tamás, mas tinha dele boas referências. Ao m e s m o t e m p o , o professor Tamás t a m b é m tinha, na prática, um interesse específico p e l o m e s m o tema que apaixonava Herrera. Pronto! U m e n c o n t r o e m u m jantar, u m convite e o professor Tamás a b a n d o n o u a idéia de regressar à USP. Transferiu-se do D e p a r t a m e n t o de Política e História E c o n ô m i c a do Instituto de E c o n o m i a para o Departamento de Política Científica e T e c n o l ó g i c a do

4 O " G r u p o d e B a r i l o c h e " , c o o r d e n a d o p o r A m i l c a r H e r r e r a , j u n t a m e n t e c o m o

C o m i t ê c o n s u l t i v o c o m p o s t o p o r H e l i o J a g u a r i b e , C a r l o s A . M a l l m a n , E n r i q u e O t e i z a , J o r g e S á b a t o e O s v a l d o S u n k e l d e s e n v o l v e r a m u m e s t u d o f i n a n c i a d o p e l o I D R C — C a n a d á , q u e s e c o n t r a p u n h a a o m o d e l o d e d e s e n v o l v i m e n t o d o s países centrais d o s a n o s 7 0 , e d e f i n i a u m a estratégia d e d e s e n v o l v i m e n t o sustentável. V e r :

I D R C , Catástrofe o Nueva Sociedad — Modelo Mundial Latinoamericano 30 anos después,

O t t a w a , 2004

5 O p r i m e i r o l i v r o s i s t e m a t i z a n d o d i s c u s s õ e s s o b r e a s q u e s t õ e s d e p o l í t i c a c i e n t í f i c a

na A m é r i c a Latina é de sua a u t o r i a : H E R R E R A , A m í l c a r O s c a r . Ciencia y política en América Latina, M é x i c o : S i g l o V e i n t e u n o , 1971.

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Instituto de G e o c i ê n c i a s e i n i c i o u u m a trajetória acadêmica em que seus colegas do n o v o Departamento e a área temática da Política Cien¬ tífica e T e c n o l ó g i c a — P C T foram os grandes beneficiários.

Neste p o n t o do artigo, na o p i n i ã o do autor, é possível organizar a contribuição de Tamás Szmrecsányi para a área de política científica e t e c n o l ó g i c a em três "níveis". Um primeiro nível ligado à institucio¬ nalização da área, na U N I C A M P ; um segundo, ligado à f o r m a ç ã o de recursos humanos e às suas pesquisas no tema, e um terceiro, ligado à difusão.

A c o n t r i b u i ç ã o de Tamás para a instituicionalização do D P C T foi fundamental. A s s u m i u sua chefia em 1987, para um mandato de dois anos e, neste p e r í o d o , d e u ao D e p a r t a m e n t o c o r p o institucional, f o r m a l i z a n d o o regimentalmente e c u m p r i n d o todas as n o r m a s da U N I -C A M P . Enfim, c r i o u - o c o m o u m D e p a r t a m e n t o d e fato. Entre 1991 e 1992, c u m p r i u p a c i e n t e m e n t e todas as instâncias burocráticas da C o m i s s ã o Central de P ó s - G r a d u a ç ã o da U N I C A M P , d e p o i s as da CA¬ PES e as do C N P q , e c o n s e g u i u q u e fossem r e c o n h e c i d o s os programas d e mestrado e d o u t o r a d o d o D P C T . U m trabalho d e d i c a d o , paciente, sistemático, q u e l e v o u a c a b o s e m perder de vista a c o n t r i b u i ç ã o para as outras áreas acadêmicas em q u e trabalhava. E, em 1998, dois anos antes de sua aposentadoria formal, v o l t o u a ser C o o r d e n a d o r de P ó s -Graduação d o D P C T .

Para apresentar sua c o n t r i b u i ç ã o para a pesquisa e a f o r m a ç ã o de recursos h u m a n o s em P C T , t o m a m - s e as áreas em q u e o D P C T atua h o j e e q u e p e r m i t e m organizar o seu trabalho6. H o j e , c o m p õ e m esta área c i n c o grandes linhas7: M u d a n ç a T e c n o l ó g i c a , T r a n s f o r m a ç õ e s Sociais e M e i o A m b i e n t e ; Gestão de C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o ; Estratégias de C i ê n c i a e T e c n o l o g i a e A t o r e s Sociais; C i ê n c i a e T e c n o ¬ logia no Processo de D e s e n v o l v i m e n t o ; e História e Teorias da Ciên¬ cia e da T e c n o l o g i a .

6 E m o u t r o s artigos desta revista é p o s s í v e l c o n h e c e r sua i m p o r t a n t e c o n t r i b u i ç ã o

para outras áreas c o m o : D e s e n v o l v i m e n t o A g r í c o l a , H i s t ó r i a E c o n ô m i c a , H i s t ó r i a das E m p r e s a s , H i s t ó r i a d o P e n s a m e n t o E c o n ô m i c o .

7 V e r o s í t i o : < h t t p : / / w w w . i g e . u n i c a m p . b r / s i t e / h t m / 1 4 . p h p ? s e c a o = 5 & a r e a = 1 & l

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Pode-se afirmar que o professor Tamás trabalhou de m o d o mais direcionado para as linhas de "História e Teorias da C i ê n c i a e da T e c -n o l o g i a " e de " C i ê -n c i a e T e c -n o l o g i a -no Processo de D e s e -n v o l v i m e -n t o " . Assim, de forma tópica, tem-se que:

- entre os dois primeiros p e r í o d o s c o m o gestor, precisamente em 1990, desenvolveu u m p ó s - d o u t o r a d o e m O x f o r d , n o tema d e História das Ciências;

- em 1994, t o r n o u - s e Professor Titular da U N I C A M P , na cadeira de História Social da Ciência, j u n t o ao D P C T ;

- desde sua chegada ao D P C T , até depois de sua aposentadoria formal em 2001, foi responsável, c o m o professor da Pós-Graduação, pelas disciplinas M é t o d o s e Técnicas de Pesquisa em Política Científica e T e c n o l ó g i c a e de História Social da C i ê n c i a e da Tecnologia; - c o m o orientador, já professor do D P C T , a p o i o u os seguintes trabalhos

de mestrado, dentro e fora do Departamento: em 1989, de Eduardo Fernandes Pestana Moreira, "Expansão, Concentração e C o n c o r r ê n c i a na Agroindústria Canavieira em São Paulo, 1975-1987" (mestrado e m E c o n o m i a ) ; e m 1991, d e V i c t o r M a n o e l Pelaez Alvarez, " O Pro¬ cesso de Inovação T e c n o l ó g i c a na Indústria de Gorduras Vegetais do Brasil" (mestrado em Política Científica e T e c n o l ó g i c a ) ; em 1994, de Manuel A n t o n i o Valdes Borrero, "Elementos para a Elaboração de uma Política Científica e Tecnológica da Agroindústria Canavieira de C u b a " (mestrado e m Política Científica e T e c n o l ó g i c a ) ; e m 1998, d e Al¬ c e u A r r u d a Veiga Filho, " M e c a n i z a ç ã o da Colheita de C a n a d e -A ç ú c a r no Estado de São Paulo: uma fronteira de m o d e r n i z a ç ã o t e c n o l ó g i c a da lavoura" (mestrado em Política Científica e T e c n o l ó -gica); em 1999, de Luiz O c t á v i o R a m o s Filho, "O Papel da Pesquisa Científica e T e c n o l ó g i c a no D e s e n v o l v i m e n t o da Citricultura Paulis-ta: análise histórica da atuação do IAC, 1920-1960" (mestrado em Política Científica e T e c n o l ó g i c a ) ; em 2001, de Graciela de Souza Oliver,"JoséVizioli e o Início da Modernização Tecnológica da A g r o i n -dústria Canavieira Paulista, 1919-1949" (mestrado em Política Cientí-fica e Tecnológica) e, finalmente, em 2003, já formalmente aposentado desde 2001, o trabalho de Ema Elisabete R o d r i g u e s Camillo, "Moderni¬ zação A g r i c o l a e Máquina de Beneficiamento: um estudo da Lid-g e r w o o d M f Lid-g . C o . Ltd., 1850-1890" (mestrado e m E c o n o m i a ) .

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Nesse p e r í o d o , t a m b é m o r i e n t o u teses de d o u t o r a d o , de alunos for¬ malmente vinculados a o Instituto d e E c o n o m i a , c o m q u e m não tinha p e r d i d o contato, e que o procuravam no D P C T . A primeira delas foi a d e u m dos fundadores, e m c o n j u n t o c o m A m i l c a r Herrera, d a área d e política científica na U N I C A M P , q u a n d o o D e p a r t a m e n t o ainda era o já m e n c i o n a d o N ú c l e o de Política Científica. Trata-se da tese de Rena¬

to P e i x o t o D a g n i n o , "A Indústria de A r m a m e n t o s Brasileira: u m a ten¬ tativa d e avaliação" ( d o u t o r a d o e m E c o n o m i a ) , defendida e m 1989. N a década seguinte, o r i e n t o u as teses: em 1990, de Fausto Saretta, "O E l o Perdido: u m estudo d a política e c o n ô m i c a d o G o v e r n o Dutra (1946¬ 1950)"; em 1991, de Pedro R a m o s , "Agroindústria Canavieira e Pro¬ priedade Fundiária no Brasil"; em 1994, de N e l s o n Prado Alves Pinto, " O Capital Financeiro n a E c o n o m i a C o n t e m p o r â n e a : u m a revisão teó¬ rica e histórica de seu papel no d e s e n v o l v i m e n t o recente dos E U A " ; t a m b é m e m 1994, d e Paulo R o b e r t o Beskow, " O C r é d i t o Rural Públi¬ co n u m a E c o n o m i a em Transformação: estudo histórico e avaliação e c o n ô m i c a das atividades de financiamento agro-pecuário da C r e a i / B B , 1937 a 1965"; e, finalmente, em 1996, de Claudia Heller, " O l i g o p ó l i o e Progresso T é c n i c o n o Pensamento d e Joan R o b i n s o n " .

É interessante lembrar que, m e s m o formalmente aposentado8, t o d o s os seus colegas de D e p a r t a m e n t o r e c e b i a m a cada semana um artigo, u m c o m e n t á r i o , u m livro. P e r m a n e c e u trabalhando ativamente c o m o pesquisador e professor. Paradoxalmente, sem nunca usar c o m p u t a d o r , internet n e m celular, acompanhava c o m paixão todas as mudanças que o c o r r i a m nas suas áreas de interesse, c o n e c t a d o a grupos de pesquisa em t o d o o m u n d o9.

T o m a n d o - s e , agora, o terceiro aspecto acima citado, o da difusão, u m a c o n t r i b u i ç ã o ímpar do Professor Tamás para a área de Política Científi¬ ca, assim c o m o o fez para a E c o n o m i a , foi sua habilidade c o m o editor

8 A p o s e n t o u - s e e m 2 0 0 1 .

9 D e s t a q u e - s e q u e suas cartas e c o m e n t á r i o s , d a t i l o g r a f a d o s na v e l h a " L e t t e r a 2 2 " ,

o u m a n u s c r i t o s , e r a m t r a n s m i t i d o s p o r e-mail p e l a A d r i a n a G a r r u t i T e i x e i r a , f i e l secretária d o D P C T . Era a A d r i a n a q u e t a m b é m i m p r i m i a , a partir d a internet, t o d a s a s m e n s a g e n s , t o d o s o s c o n v i t e s q u e r e c e b i a , t o d o s o s a r t i g o s q u e e l e solicitava para s e m a n t e r a t u a l i z a d o . T a m a n h o f o i o r e c o n h e c i m e n t o p e l o t r a b a l h o d e l a q u e sua e s p o s a , a p ó s seu f a l e c i m e n t o , a p r e s e n t e o u c o m o p a r d e a b o t o a d u r a s q u e p o r m u i t o s a n o s o a c o m p a n h o u .

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e organizador de algumas dezenas de livros, t e n d o sido m e m b r o de seis distintos C o n s e l h o s Editoriais no país e no exterior.

T o m a n d o c o m o e x e m p l o apenas o seu trabalho c o m o Editor da

H U C I T E C1 0, encontram-se, nessa editora, cerca de 26 livros ainda em

catálogo, que foram p o r ele organizados, em 3 séries, a saber, "Obras Didáticas", "Teoria C o n t e m p o r â n e a " e "Teses e Pesquisas"1 1. Dentre essas, destaca-se, c o m o e x e m p l o da série "Obras Didáticas", um livro recente, de 2006, intitulado Economia da Inovação Tecnológica, organizado p o r ele m e s m o e p o r V i c t o r Pelaez. Tamás é o autor do capítulo 5, inti¬ tulado "a Herança Schumpeteriana". A coletânea é de artigos, apresen¬ tando inicialmente leituras teóricas, na segunda parte, várias possibili¬ dades de a b o r d a g e m schumpeteriana, e, na terceira parte, relações entre inovação e desenvolvimento. Organizam-se leituras que Tamás fez de Schumpeter desde a New School (o autor deste trabalho usou algumas vezes um exemplar dele, do Business Cycles, c o m muitas anotações), o que reflete sua admiração p o r Schumpeter, m u i t o antes de ele ter "vi¬ rado m o d a " entre os t e ó r i c o s da inovação.

A i n d a sob esta perspectiva, t e m de ser m e n c i o n a d o seu último es¬ f o r ç o , c o m o m e n t o r d a c o l e ç ã o "Clássicos d a I n o v a ç ã o " . Foram dez livros, publicados pela Editora da U N I C A M P entre 2006 e 2008, c o m a p o i o específico de uma C o m i s s ã o Editorial c o m p o s t a p o r ele, p e l o Diretor Científico da FAPESP (Carlos H e n r i q u e de Brito C r u z , que prefacia os livros na sua contracapa) e p o r professores da U N I C A M P (Sergio Q u e i r o z , R i c a r d o A n i d o , A m é r i c o Craveiro). Tamás foi t a m b é m o c o o r d e n a d o r do C o n s e l h o Consultivo dessa c o l e ç ã o e reviu, pacien¬ temente a tradução de cada um dos dez livros. C o m isso, o leitor em língua portuguesa dispõe, h o j e , de acesso imediato a autores clássicos c o m o Edith Penrose, Nathan R o s e n b e r g , R i c h a r d N e l s o n , Giovanni D o s i e Christopher Freeman, para citarmos alguns. Destaca-se, neste c o n j u n t o , exatamente o ú l t i m o livro, A Economia da Inovação Industrial,

1 0 O a u t o r a p r o v e i t a para l e m b r a r a q u i u m a e x p l i c a ç ã o d a d a r e c e n t e m e n t e p o r F l á v i o

J o r g e A d e r a l d o , f u n d a d o r d a H U C I T E C , s o b r e seu c o m p o r t a m e n t o c o m o e d i t o r . R e c e b e n d o m u i t a s d e z e n a s d e p r o p o s t a s , lia todas a t e n t a m e n t e e recusava a m a i o r i a delas. E o fazia u s a n d o seu h u m o r t í p i c o : " P r e z a d o S r L i c o m a t e n ç ã o e a g r a d e ç o sua sugestão d e p u b l i c a ç ã o . N o entanto, n ã o p u d e m o s aceitá-la. D e v o c o m e n t a r q u e a s ideias o r i g i n a i s d e seu t e x t o n ã o são b o a s . E a s b o a s ideias n e l e n ã o são o r i g i n a i s " .

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de Christopher Freeman e L u c Soete, na última e d i ç ã o revista e am¬ pliada. A primeira, de 1974, transformou-se em um clássico. A última edição, em inglês, de 1997, revista e ampliada, foi a base da tradução e m e r e c e u , para sua publicação pela U N I C A M P , um prefácio especial, escrito p o r Christopher Freeman em 2006, que h o m e n a g e i a o Depar¬ tamento de Política Científica e seu fundador, A m i l c a r Herrera. Este último livro é o mais v o l u m o s o - 813 páginas - e foi o que m e r e c e u mais atenção do Professor Tamás. O autor deste trabalho teve o prazer de levá-lo em m ã o s à sua residência, na quarta-feira, dia 11 de fevereiro de 2009, c i n c o dias antes do seu falecimento. Em u m a reunião que foi c o m o que um último despacho, sentado à sua mesa de trabalho, b e m arrumado c o m o sempre, mas já m u i t o abatido, depois de me sugerir uma série de atividades que deveriam ser executadas nesse mês, pude entregar-lhe o livro recém-impresso. Visivelmente contente, f o l h e o u - o , e disse: " Q u e b o m ! Missão cumprida!" T e r m i n o , então, este texto, usan-do as suas próprias palavras. O l h a n d o em perspectiva, nesta breve resenha, suas atividades, o senhor t e m toda a razão. Prezado professor Tamás József M á r t o n Károly Szmrecsányi: "Missão cumprida"!

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